LIQUIDAÇÃO GLOBAL PENALIZA NY, PÕE DÓLAR EM R$ 4,99 E LEVA BOLSA AOS 108 MIL PONTOS

Blog, Cenário

A onda global de vendas de ativos de risco ganhou ainda mais força na segunda etapa da sessão desta terça-feira. Sob o pano de fundo do recrudescimento da covid-19 na China, da chance de aperto no passo do ajuste monetário nos Estados Unidos e de tensões no Leste Europeu, os índices de ações americanas mergulharam entre 2,38% (Dow Jones) e 3,95% (Nasdaq). Além dos fatores citados, o noticiário corporativo pesou adicionalmente sobre os negócios hoje. Em especial, houve a correção em papéis de empresas controladas pelo bilionário Elon Musk (Tesla cedeu 12,18% e Twitter, 3,91%). Aqui no Brasil, real e Bolsa despencaram e os juros futuros tiveram alta firme. A moeda brasileira foi a que mais foi prejudicada entre os pares emergentes, fruto em boa parte, segundo operadores, da realização de lucros, dado que a divisa brasileira foi a que mais se apreciou neste ano. Estaria ainda em curso desmontagem de posições vendidas no mercado de dólar futuro, além de operações especulativas e saída de investidores estrangeiros. Nesse cenário tão azedo, o BC fez um leilão extraordinário de swap, no total de US$ 500 milhões, no início da tarde. A divisa à vista encerrou o pregão a R$ 4,9905, alta de 2,36%. A curva de juros foi a reboque do câmbio, enquanto o mercado já entra em 'modo Copom', uma vez que a partir de amanhã começa o período de silêncio dos membros do colegiado. A divulgação do IPCA-15 também inspira cautela dos agentes. Na Bolsa, por sua vez, o nível dos 108 mil pontos foi pontualmente perdido nesta tarde. O índice encerrou em 108.212,86 pontos (-2,23%), a sétima perda seguida, igualando em extensão uma sequência vista pela última vez em maio de 2016. Não bastasse o mau humor generalizado, o resultado trimestral do Santander Brasil empurrou para baixo todo o segmento. A Unit do banco espanhol na B3 caiu 4,55%, enquanto a ON do Bradesco cedeu 3,81% e a PN do Itaú perdeu 3,40%.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

•BOLSA

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

À espera de balanços das gigantes da tecnologia, as bolsas de Nova York ficaram no vermelho nesta terça-feira e o Nasdaq se aprofundou no 'bear market', ou seja, com queda de mais de 20% ante pico recente. Resultados trimestrais já divulgados pesaram sobre os índices acionários, com a General Electric, por exemplo, tendo caído pouco mais de 10%. Papéis da Tesla tiveram tombo semelhante, com investidores avaliando os impactos das restrições contra o avanço da covid-19 na China, além da compra do Twitter pelo CEO Elon Musk. Com a maior busca por segurança, os juros dos Treasuries caíram, enquanto o dólar avançou ante rivais e seu índice DXY bateu máximas em mais de dois anos. No dia do encontro entre o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, notícias sugerem que a guerra na Ucrânia não está próxima de acabar. Nesta tarde, a Polônia confirmou que a estatal russa irá cortar o fornecimento de gás natural a partir de amanhã, o que impulsionou o avanço do petróleo nesta sessão.

A General Electric teve prejuízo líquido menor que o esperado no primeiro trimestre do ano, mas viu suas ações caírem 10,34%, diante da projeções de que o fluxo de caixa livre fique na ponta mais baixa do intervalo projetado, em meio à alta inflação americana. A 3M caiu 2,95%, com ganhos por ação 18% menores que igual período do ano passado. A PepsiCo, por sua vez, teve leve baixa de 0,25%, com lucro e receita acima do previsto por analistas para o período, mas sua ação oscilando perto da estabilidade ao longo do dia. Analista da Oanda, Edward Moya afirma que os balanços mostram que os aumentos de preços estão pesando sobre os negócios e os custos já estão sendo repassados para os consumidores.

No fechamento, o Dow Jones recuou 2,38%, a 33.240,18 pontos, o S&P 500, 2,81%, a 4.175,20 pontos, e o Nasdaq teve queda de 3,95%, a 12.490,74 pontos, este encerrando na mínima do dia e na menor pontuação desde dezembro de 2020. A Tesla despencou 12,18%, com as preocupações sobre sua fábrica em Xangai diante da quarta semana de 'lockdown' na cidade e novas restrições em Pequim. Operadores também monitoram uma possível "distração" pelo CEO da Tesla, Elon Musk, diante da compra do Twitter (-3,91%). Alphabet (-3,59%) e Microsoft (-3,74%), que divulgavam seus resultados após o fim do pregão de hoje, também ficaram no vermelho.

Pelas negociações, perpassa o temor de que um 'lockdown' generalizado seja imposto em Pequim, como parte da política de zero-covid da China. Dos 16 distritos da capital chinesa, 11 são submetidos a testes em massa para a doença. A Capital Economics avalia que as restrições estipuladas no país asiático podem tornar os mercados mais turbulentos, com demanda mais fraca por commodities e pressões inflacionárias mais fortes, vindas de gargalos de oferta mais intensos.

Mesmo com a preocupação pela demanda chinesa, os contratos mais líquidos do petróleo subiram no mercado futuro. Nesta tarde, a petrolífera estatal da Polônia, PGNiG, confirmou ter recebido uma carta da estatal russa Gazprom informando a suspensão de fornecimento de gás natural a partir da amanhã. No fim de março, Putin já havia assinado um decreto de que empresas estrangeiras passariam a pagar pelo combustível em rublos russos. Com isso, o petróleo WTI para junho fechou em alta de 3,21% (US$ 3,16), a US$ 101,70 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para o mês seguinte subiu 2,40% (US$ 2,45), a US$ 104,61 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). O ministro da Indústria italiano, Giancarlo Giorgetti, disse que seu país considera nacionalizar a refinaria ISAB, propriedade da Lukoil, caso o banimento ao petróleo russo aconteça, reportou a Reuters. Já o ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, afirmou considerar "administrável" um embargo total ao petróleo russo por seu país.

Depois de encontro com Guterres, Putin disse esperar chegar a um acordo sobre a Ucrânia. Seu ministro de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, no entanto, afirmou que a ameaça de um conflito nuclear "não deve ser subestimada".

Com a cautela predominante no exterior, houve maior busca por Treasuries e os rendimentos caíram. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos tinha baixa a 2,512%, o da T-note de 10 anos, a 2,749% e o do T-bond de 30 anos, a 2,840%. O Wells Fargo afirmou, em relatório, ter se tornado mais 'hawkish' na perspectiva para política monetária pelo Federal Reserve (Fed). Agora, o banco americano espera que haja alta de 50 pontos-base nos juros básicos nas reuniões de maio e junho e observa que o mercado pode ainda não ter recalibrado totalmente as expectativas sobre o Fed.

Porto seguro dos investidores, o dólar se fortaleceu ante rivais. O DXY fechou com alta de 0,54%, a 102,303 pontos. No horário citado, o euro caía a US$ 1,0646 e a libra, a US$ 1,2588 - esta depois de ter alcançado as mínimas deste setembro de 2020. (Ilana Cardial - [email protected])

Volta

CÂMBIO

O dólar emendou na sessão desta terça-feira (26) o terceiro pregão consecutivo de alta firme e ameaçou encostar no patamar de R$ 5,00, registrando máxima a R$ 4,9997 (+2,55%) no fim da manhã. Uma vez mais, o real sofreu com o movimento global de aversão ao risco que levou investidores a abandonar divisas emergentes e bolsas para buscar proteção na moeda americana e nos Treasuries.

O pano de fundo para o tombo dos ativos de risco são as preocupações em torno de uma eventual desaceleração da economia global, em meio à expectativa de alta mais rápida e intensa de juros nos Estados Unidos e preocupações com os impactos de novos lockdowns na China. O Federal Reserve anuncia a nova taxa de juros americana na próxima quarta-feira (04) e a expectativa majoritária é de uma alta de 0,50 ponto porcentual. Uma ala relevante do mercado já aposta em elevação de 0,75 ponto porcentual no encontro do BC americano em junho.

Há também temores de um agravamento das tensões geopolíticas, após a Rússia subir tom em relação à Ucrânia, falando até mesmo em ameaça de conflito nuclear, o anúncio de corte de fornecimento de gás russo à Polônia e a iniciativa conjunta de Finlândia e Suécia para entrar na Otan. Operadores também citaram a piora do ambiente institucional doméstico, com os atritos entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF) como um dos indutores da busca por proteção.

O índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - superou os 102,000 pontos (máxima aos 102,342 pontos), atingindo o maior nível desde março de 2020. A taxa da T-note de 10 anos, principal ativo do mundo, caiu cerca de 2%, rodando abaixo de 2,80%.

O real mais uma vez liderou as perdas entre divisas emergentes, fruto em boa parte, segundo operadores, de movimentos de realização de lucros, dado que a moeda brasileira foi a que mais se apreciou neste ano. Estaria ainda em curso desmontagem de posições vendidas no mercado de dólar futuro, além de operações especulativas e saída de investidores estrangeiros.

A escalada da taxa de câmbio na primeira etapa de negócios fez o Banco Central intervir novamente. Depois de vender US$ 571 milhões à vista na sexta-feira e se ausentar ontem, o BC fez leilão extraordinário de 10 mil contratos de swap cambial (US$ 500 milhões) no início da tarde, o que ajudou a amenizar parcialmente a febre compradora, embora não tenha em nenhum momento feito o dólar operar com alta inferior a 1%.

Depois de trabalhar ao redor de R$ 4,96 ao longo da tarde, o dólar acelerou novamente na última hora do pregão, com as bolsas em Nova York acelerando as perdas e o Ibovespa renovando mínimas. No fim da sessão, a moeda avançava 2,36%, cotada a R$ 4,9905 - maior valor desde 21 de março (R$ 4,9445). Nas três últimas sessões, o dólar acumulou valorização de 8,01%. Em abril, a divisa sobe 4,82%. As perdas no ano, que já chegaram a superar 17%, agora estão na casa de 10%.

Para o gestor macro-global da Frontier Capital, Jorge Dib, o principal indutor da perda geral de valor dos ativos de risco nos últimos dias é o ajuste da política monetária americana, com perspectivas de altas sucessivas da taxa básica (Fed Funds), sobretudo após fala do presidente do BC americano, Jerome Powell, na semana passada. As preocupações com a desaceleração da economia chinesa e os desdobramentos da escalada no conflito na Ucrânia teriam papel secundário nesse processo.

"O Powell disse que vai fazer um aumento mais rápido dos juros para o nível neutro, chegando possivelmente ao nível restritivo. O mercado já está precificando altas seguidas de 0,50 ponto porcentual e taxa acima de 3%", diz Dib. "O mercado parece ter acordado para o lockdown na China e o avanço da Rússia na Ucrânia, mas essas são questões acessórias nesse processo de reprecificação".

Dib nota que os preços das commodities sofreram em um primeiro momento, com as preocupações com a China, mas aparentam recuperar parte do fôlego. As cotações do petróleo sobem mais de 3% no mercado internacional e o minério de ferro, que havia desabado mais de 10%, já apresentou queda menor (2,95% no porto de Qingdao, na China).

O gestor ressalta que, apesar da piora das commodities, e da perspectiva de alta de juros nos EUA, dois fatores que deram sustentação à apreciação recente do real continuam na mesa: diferencial amplo entre juros internos e externos e preços elevados de produtos exportados pelo Brasil.

"No câmbio, estamos vendo um movimento de zeragem. As incertezas aumentaram e quem estava com uma posição vencedora está colocando dinheiro no bolso. E o real era quem mais ganhava", afirma Dib. "Muita gente também vendeu dólar com a taxa a R$ 4,60 e agora tem que zerar. Eu arriscaria dizer que o dólar vai se acomodar um pouco abaixo do patamar atual".

Para o diretor da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva, o aumento das incertezas aqui e lá fora deve levar o mercado a ficar arisco e, por tabela, demandar mais proteção. Com isso, o Banco Central deve atuar novamente nos próximos dias por meio de swaps cambiais (venda de dólar futuro) para tentar conter a taxa de câmbio e evitar novas pressões inflacionárias.

"O BC tenta conter a especulação e dar liquidez. Mas atua também na intenção de segurar o nosso processo inflacionário. Tivemos um choque de commodities com a guerra. Se vier agora uma alta do dólar, será muito nocivo para a inflação", diz Gomes da Silva, que vê até possibilidade de o dólar superar R$ 5,00, mas descarta a volta da taxa de câmbio a níveis do fim do ano passado no curto prazo. (Antonio Perez - [email protected])

17:35

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.99050 2.3587 4.99970 4.89370

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5002.000 2.38461 5009.000 4898.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5048.000 2.26904 5060.000 4942.500

BOLSA

Decepção com o resultado trimestral do Santander Brasil e o mal-estar externo em torno da atividade econômica chinesa - em meio aos lockdowns - e da aceleração inflacionária global mantiveram o Ibovespa no negativo pela sétima sessão consecutiva, igualando em extensão sequência vista pela última vez em maio de 2016, de acordo com AE Dados.

Hoje, a referência da B3 encerrou o dia em baixa de 2,23%, a 108.212,86 pontos, entre mínima de 107.977,70 e máxima de 110.684,95 pontos, praticamente equivalente à abertura, a 110.684,23 pontos. O giro ficou em R$ 32,4 bilhões. Na semana, o índice cede 2,58% e, no mês, 9,82% - no ano, o ganho se limita a 3,23%.

Na mínima do dia, o Ibovespa perdeu a linha dos 108 mil pontos, em queda de 2,45%, no menor nível desde 15 de março (107.780,86), enquanto as perdas em Nova York chegavam a 3,40%, no Nasdaq - que fechou na mínima, em queda de 3,95%. Na B3, Vale ON encerrou em baixa de 1,37% e Petrobras também se firmou no negativo ao longo da tarde, com a ON (-0,15%) e a PN (-0,17%), apesar dos ganhos entre 2,40% (Brent de julho, a US$ 104,61 por barril) e 3,21% (WTI de junho, a US$ 101,70 por barril) para o petróleo na sessão.

Os grandes bancos também tiveram queda firme após os resultados do Santander, com o mercado especialmente atento à inadimplência e ao crédito no primeiro trimestre. "A carteira de crédito encolheu 3% no trimestre, um aumento modesto de 5% no comparativo anual, provavelmente o ritmo mais lento de qualquer grande banco no Brasil", afirmam os analistas Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barrajard em relatório do Itaú BBA. A decepção com os números da filial brasileira do banco espanhol manteve o segmento de maior peso no Ibovespa no negativo, com perdas entre 2,25% (BB ON) e 4,55% (Unit do Santander) para as grandes instituições.

Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para Locaweb (-8,32%), à frente de Totvs (-6,50%) e de Banco Inter (-6,37%). No lado oposto, PetroRio (+2,47%), 3R Petroleum (+2,24%), CPFL (+1,84%) e Iguatemi (+1,81%).

No quadro mais amplo, "com a China 'trancada', investidores preocupados com o ritmo da subida de juros nos EUA e preocupações com a inflação sempre presentes, o mercado segue em ritmo de aversão a risco", observa Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos. "O movimento de queda já está esticado, e em um suporte. Seria interessante uns dias de alta, mas a tendência de curto prazo ainda é de indefinição", aponta Pam Semezzato, analista técnica da Clear Corretora.

Abril tem se mostrado um ponto de inflexão para o Ibovespa, com a referência da B3 a caminho de colher a maior perda mensal desde o ponto mais baixo da pandemia, em março de 2020, quando o índice cedeu 29,90%. O fluxo estrangeiro, em recuperação que se estendeu de novembro de 2021 a março de 2022, tem se mostrado agora reticente, com saída de recursos no mês, em cenário de maior incerteza quanto à inflação global bem como sobre a extensão e o grau de ajuste da política monetária nas maiores economias. No ano, os estrangeiros ainda têm saldo líquido de R$ 64,359 bilhões na B3 até o dia 22, mas os saques no mês totalizam R$ 969 milhões.

"Houve uma inversão de fluxo para o Brasil no primeiro trimestre, também motivada pela guerra na Ucrânia, que afastou a Rússia (como opção entre emergentes), além de uma diminuição de apetite por China, com os problemas por lá. As commodities e o aumento de juros, que se acelerou no último trimestre do ano passado, e certa tranquilidade política favoreceram o Brasil no começo do ano como um ponto de alocação importante", diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).

Ele chama atenção em especial para os efeitos sobre o câmbio, agora em reversão, com viés crescentemente "hawkish" nos sinais emitidos pelo Fed.

"Teve mudança de discurso no Fed, assumindo realidade de inflação global extremamente forte, e de que terá que perseguir com mais contundência um equilíbrio da inflação americana nos próximos dois anos, aceitando aperto monetário maior - inclusive o presidente, Jerome Powell", acrescenta Tingas. O economista espera 0,50 ponto porcentual de aumento na taxa de referência americana na próxima reunião do Fomc, semana que vem, apesar de integrantes do Fed, como James Bullard (St. Louis), defenderem aumento maior, de 0,75 ponto.

"A questão é saber se a taxa do fed fund para, até o fim do ano, entre 2,75% e 3%, ou se chega a 3,5%. Isso significa uma taxa de juros americana competitiva, tendo em vista que é uma moeda de risco muito baixo, quase zero. Há um movimento de reinterpretação sobre taxa de juros, com outros fatores passando a pesar, embora a nossa continue extremamente alta", acrescenta o economista, observando que "a inflação global está acima de qualquer capacidade de previsão". "Continua muito forte e surpreendendo, no Brasil e no mundo. E a economia global já está entrando em ritmo de desaceleração", acrescenta.

Para Tingas, o câmbio em especial, desde a última sexta-feira, tem reprecificado um conjunto de variáveis de risco, que incluem também ruídos domésticos, como a retomada do embate institucional entre o Planalto e a cúpula do Judiciário, após relativa calmaria política no começo do ano, eleitoral. Hoje, a moeda americana ficou perto de retomar o nível de R$ 5 na máxima do dia, a R$ 4,9997, o que suscitou reação do BC. Ao final, o dólar à vista se estabilizou em nível ainda elevado, a R$ 4,9905, em alta de 2,36% no fechamento. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 108212.86 -2.23345

Máxima 110684.95 0.00

Mínima 107977.70 -2.45

Volume (R$ Bilhões) 3.23B

Volume (US$ Bilhões) 6.52B

17:35

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 109425 -2.54275

Máxima 112430 +0.13

Mínima 109365 -2.60

JUROS

A disparada do dólar ante o real foi o principal drive dos negócios no mercado de juros brasileiro nesta terça-feira. O intervalo intermediário da curva foi o mais sensível ao movimento, com avanço de quase 15 pontos-base ante o ajuste da véspera. Na parte mais curta, os ajustes foram mais comedidos, uma vez que, mesmo com as surpresas inflacionárias, o Banco Central (BC) caminha para o fim do ciclo de aperto monetário. Aliás, o Relatório de Mercado Focus mostrou deterioração adicional nas expectativas para o IPCA bem como um nível de Selic maior do que há um mês. Cautela adicional foi citada pelos agentes também devido à espera dos dados do IPCA-15 de abril, conhecidos amanhã na abertura.

Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 12,953% no ajuste de ontem para 13,020% hoje. O janeiro 2024 avançou de 12,572% a 12,710%. O janeiro 2025 saltou de 11,991% a 12,140%. E o janeiro 2027 pulou de 11,815% a 11,980%.

O pano de fundo do dia é o temor dos investidores quanto à inflação e à atividade global. Na semana que vem, é esperado que o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) dê uma dura resposta ao elevar as taxas de Fed funds.

Além disso, o mercado está sob tensão com possibilidade de surtos da covid-19 na China. A política de 'covid zero' do governo de Xi Jinping pode levar a uma nova rodada de lockdowns, encolhendo a produção de bens e gerando novas disfunções em cadeias produtivas.

Emergente mais líquido e alvo de fluxos fortes neste 2022, o Brasil acabou mais penalizado pela liquidação global. Seguindo a deterioração dos ativos de risco nos mercados globais, o dólar encostou nos R$ 5 no pior momento do dia, ao passo que a Bolsa brasileira encolheu mais de 2%. Ao fim, a moeda à vista terminou cotada a R$ 4,9905 (+2,36%) e o Ibovespa, em 108.212,86 pontos (-2,23%).

"Tem sido uma sequência de dias ruins para o mercado de maneira geral. Hoje não foi diferente", nota o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cássio Andrade Xavier, salientando, contudo, que no mercado de juros o movimento do dia não deve se equivaler a um estresse, necessariamente.

Xavier ressalta que o nível do dólar ante o real nesta semana pré-Copom pode trazer consequências ao plano de voo do Banco Central (BC). "A gente tem passado por uma atualização cambial muito forte. Cai aquela parte do discurso do BC de que os economistas não estavam usando o novo patamar do câmbio em seus modelos", salienta.

Ainda assim, em termos de projeções adiante, o gestor diz que a comunicação recente do BC sugere que haja mais 100 pontos-base de alta semana que vem, 50 pontos em junho e depois uma parada. Em termos de precificação, a curva mostrava 97 pontos em maio, 43 em junho e 14 residuais em agosto. "Os 13,25% parecem estar bem ancorados", afirma.

Este é também o nível que o Relatório de Mercado Focus aponta. A projeção de Selic foi de 13,00% há um mês para 13,25% agora.

No Boletim Focus, os economistas do mercado financeiro mantiveram a mediana para a Selic no fim de 2023. Na última semana, a estimativa seguiu em 9,00%, de 9,00% um mês antes. A previsão para o fim de 2024 continuou em 7,50%, ante 7,50% de um mês atrás.

Para o IPCA, por sua vez, a mediana de 2022 saltou de 7,46% para 7,65% na última semana, conforme o Relatório de Mercado Focus, já muito longe do teto da meta deste ano (5,0%), indicando novo descumprimento do mandato principal do Banco Central. Há um mês, a mediana para o índice era de 6,86%.

Para 2023, foco principal da política monetária, a alta na última semana foi de 3,91% para 4,00%, se afastando cada vez mais do objetivo do BC para o ano que vem, de 3,25%, com margem de tolerância de 1,75% a 4,75%. Há quatro semanas, a projeção era de 3,80%.

Amanhã, logo na abertura, o mercado saberá os dados do IPCA-15 de abril. É esperada a maior taxa mensal desde fevereiro de 2003, com mediana de 1,82%, a partir de intervalo de 1,10% a 1,95%. O reajuste de preços dos combustíveis e a pressão nos alimentos devem pesar, segundo pesquisa do Projeções Broadcast. (Mateus Fagundes - [email protected])

17:33

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 12.34

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 11.65

CENÁRIO-2: LIQUIDAÇÃO GLOBAL PENALIZA NY, PÕE DÓLAR EM R$ 4,99 E LEVA BOLSA AOS 108 MIL PONTOS

A onda global de vendas de ativos de risco ganhou ainda mais força na segunda etapa da sessão desta terça-feira. Sob o pano de fundo do recrudescimento da covid-19 na China, da chance de aperto no passo do ajuste monetário nos Estados Unidos e de tensões no Leste Europeu, os índices de ações americanas mergulharam entre 2,38% (Dow Jones) e 3,95% (Nasdaq). Além dos fatores citados, o noticiário corporativo pesou adicionalmente sobre os negócios hoje. Em especial, houve a correção em papéis de empresas controladas pelo bilionário Elon Musk (Tesla cedeu 12,18% e Twitter, 3,91%). Aqui no Brasil, real e Bolsa despencaram e os juros futuros tiveram alta firme. A moeda brasileira foi a que mais foi prejudicada entre os pares emergentes, fruto em boa parte, segundo operadores, da realização de lucros, dado que a divisa brasileira foi a que mais se apreciou neste ano. Estaria ainda em curso desmontagem de posições vendidas no mercado de dólar futuro, além de operações especulativas e saída de investidores estrangeiros. Nesse cenário tão azedo, o BC fez um leilão extraordinário de swap, no total de US$ 500 milhões, no início da tarde. A divisa à vista encerrou o pregão a R$ 4,9905, alta de 2,36%. A curva de juros foi a reboque do câmbio, enquanto o mercado já entra em 'modo Copom', uma vez que a partir de amanhã começa o período de silêncio dos membros do colegiado. A divulgação do IPCA-15 também inspira cautela dos agentes. Na Bolsa, por sua vez, o nível dos 108 mil pontos foi pontualmente perdido nesta tarde. O índice encerrou em 108.212,86 pontos (-2,23%), a sétima perda seguida, igualando em extensão uma sequência vista pela última vez em maio de 2016. Não bastasse o mau humor generalizado, o resultado trimestral do Santander Brasil empurrou para baixo todo o segmento. A Unit do banco espanhol na B3 caiu 4,55%, enquanto a ON do Bradesco cedeu 3,81% e a PN do Itaú perdeu 3,40%.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

•BOLSA

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

À espera de balanços das gigantes da tecnologia, as bolsas de Nova York ficaram no vermelho nesta terça-feira e o Nasdaq se aprofundou no 'bear market', ou seja, com queda de mais de 20% ante pico recente. Resultados trimestrais já divulgados pesaram sobre os índices acionários, com a General Electric, por exemplo, tendo caído pouco mais de 10%. Papéis da Tesla tiveram tombo semelhante, com investidores avaliando os impactos das restrições contra o avanço da covid-19 na China, além da compra do Twitter pelo CEO Elon Musk. Com a maior busca por segurança, os juros dos Treasuries caíram, enquanto o dólar avançou ante rivais e seu índice DXY bateu máximas em mais de dois anos. No dia do encontro entre o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, notícias sugerem que a guerra na Ucrânia não está próxima de acabar. Nesta tarde, a Polônia confirmou que a estatal russa irá cortar o fornecimento de gás natural a partir de amanhã, o que impulsionou o avanço do petróleo nesta sessão.

A General Electric teve prejuízo líquido menor que o esperado no primeiro trimestre do ano, mas viu suas ações caírem 10,34%, diante da projeções de que o fluxo de caixa livre fique na ponta mais baixa do intervalo projetado, em meio à alta inflação americana. A 3M caiu 2,95%, com ganhos por ação 18% menores que igual período do ano passado. A PepsiCo, por sua vez, teve leve baixa de 0,25%, com lucro e receita acima do previsto por analistas para o período, mas sua ação oscilando perto da estabilidade ao longo do dia. Analista da Oanda, Edward Moya afirma que os balanços mostram que os aumentos de preços estão pesando sobre os negócios e os custos já estão sendo repassados para os consumidores.

No fechamento, o Dow Jones recuou 2,38%, a 33.240,18 pontos, o S&P 500, 2,81%, a 4.175,20 pontos, e o Nasdaq teve queda de 3,95%, a 12.490,74 pontos, este encerrando na mínima do dia e na menor pontuação desde dezembro de 2020. A Tesla despencou 12,18%, com as preocupações sobre sua fábrica em Xangai diante da quarta semana de 'lockdown' na cidade e novas restrições em Pequim. Operadores também monitoram uma possível "distração" pelo CEO da Tesla, Elon Musk, diante da compra do Twitter (-3,91%). Alphabet (-3,59%) e Microsoft (-3,74%), que divulgavam seus resultados após o fim do pregão de hoje, também ficaram no vermelho.

Pelas negociações, perpassa o temor de que um 'lockdown' generalizado seja imposto em Pequim, como parte da política de zero-covid da China. Dos 16 distritos da capital chinesa, 11 são submetidos a testes em massa para a doença. A Capital Economics avalia que as restrições estipuladas no país asiático podem tornar os mercados mais turbulentos, com demanda mais fraca por commodities e pressões inflacionárias mais fortes, vindas de gargalos de oferta mais intensos.

Mesmo com a preocupação pela demanda chinesa, os contratos mais líquidos do petróleo subiram no mercado futuro. Nesta tarde, a petrolífera estatal da Polônia, PGNiG, confirmou ter recebido uma carta da estatal russa Gazprom informando a suspensão de fornecimento de gás natural a partir da amanhã. No fim de março, Putin já havia assinado um decreto de que empresas estrangeiras passariam a pagar pelo combustível em rublos russos. Com isso, o petróleo WTI para junho fechou em alta de 3,21% (US$ 3,16), a US$ 101,70 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para o mês seguinte subiu 2,40% (US$ 2,45), a US$ 104,61 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). O ministro da Indústria italiano, Giancarlo Giorgetti, disse que seu país considera nacionalizar a refinaria ISAB, propriedade da Lukoil, caso o banimento ao petróleo russo aconteça, reportou a Reuters. Já o ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, afirmou considerar "administrável" um embargo total ao petróleo russo por seu país.

Depois de encontro com Guterres, Putin disse esperar chegar a um acordo sobre a Ucrânia. Seu ministro de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, no entanto, afirmou que a ameaça de um conflito nuclear "não deve ser subestimada".

Com a cautela predominante no exterior, houve maior busca por Treasuries e os rendimentos caíram. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos tinha baixa a 2,512%, o da T-note de 10 anos, a 2,749% e o do T-bond de 30 anos, a 2,840%. O Wells Fargo afirmou, em relatório, ter se tornado mais 'hawkish' na perspectiva para política monetária pelo Federal Reserve (Fed). Agora, o banco americano espera que haja alta de 50 pontos-base nos juros básicos nas reuniões de maio e junho e observa que o mercado pode ainda não ter recalibrado totalmente as expectativas sobre o Fed.

Porto seguro dos investidores, o dólar se fortaleceu ante rivais. O DXY fechou com alta de 0,54%, a 102,303 pontos. No horário citado, o euro caía a US$ 1,0646 e a libra, a US$ 1,2588 - esta depois de ter alcançado as mínimas deste setembro de 2020. (Ilana Cardial - [email protected])

Volta

CÂMBIO

O dólar emendou na sessão desta terça-feira (26) o terceiro pregão consecutivo de alta firme e ameaçou encostar no patamar de R$ 5,00, registrando máxima a R$ 4,9997 (+2,55%) no fim da manhã. Uma vez mais, o real sofreu com o movimento global de aversão ao risco que levou investidores a abandonar divisas emergentes e bolsas para buscar proteção na moeda americana e nos Treasuries.

O pano de fundo para o tombo dos ativos de risco são as preocupações em torno de uma eventual desaceleração da economia global, em meio à expectativa de alta mais rápida e intensa de juros nos Estados Unidos e preocupações com os impactos de novos lockdowns na China. O Federal Reserve anuncia a nova taxa de juros americana na próxima quarta-feira (04) e a expectativa majoritária é de uma alta de 0,50 ponto porcentual. Uma ala relevante do mercado já aposta em elevação de 0,75 ponto porcentual no encontro do BC americano em junho.

Há também temores de um agravamento das tensões geopolíticas, após a Rússia subir tom em relação à Ucrânia, falando até mesmo em ameaça de conflito nuclear, o anúncio de corte de fornecimento de gás russo à Polônia e a iniciativa conjunta de Finlândia e Suécia para entrar na Otan. Operadores também citaram a piora do ambiente institucional doméstico, com os atritos entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF) como um dos indutores da busca por proteção.

O índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - superou os 102,000 pontos (máxima aos 102,342 pontos), atingindo o maior nível desde março de 2020. A taxa da T-note de 10 anos, principal ativo do mundo, caiu cerca de 2%, rodando abaixo de 2,80%.

O real mais uma vez liderou as perdas entre divisas emergentes, fruto em boa parte, segundo operadores, de movimentos de realização de lucros, dado que a moeda brasileira foi a que mais se apreciou neste ano. Estaria ainda em curso desmontagem de posições vendidas no mercado de dólar futuro, além de operações especulativas e saída de investidores estrangeiros.

A escalada da taxa de câmbio na primeira etapa de negócios fez o Banco Central intervir novamente. Depois de vender US$ 571 milhões à vista na sexta-feira e se ausentar ontem, o BC fez leilão extraordinário de 10 mil contratos de swap cambial (US$ 500 milhões) no início da tarde, o que ajudou a amenizar parcialmente a febre compradora, embora não tenha em nenhum momento feito o dólar operar com alta inferior a 1%.

Depois de trabalhar ao redor de R$ 4,96 ao longo da tarde, o dólar acelerou novamente na última hora do pregão, com as bolsas em Nova York acelerando as perdas e o Ibovespa renovando mínimas. No fim da sessão, a moeda avançava 2,36%, cotada a R$ 4,9905 - maior valor desde 21 de março (R$ 4,9445). Nas três últimas sessões, o dólar acumulou valorização de 8,01%. Em abril, a divisa sobe 4,82%. As perdas no ano, que já chegaram a superar 17%, agora estão na casa de 10%.

Para o gestor macro-global da Frontier Capital, Jorge Dib, o principal indutor da perda geral de valor dos ativos de risco nos últimos dias é o ajuste da política monetária americana, com perspectivas de altas sucessivas da taxa básica (Fed Funds), sobretudo após fala do presidente do BC americano, Jerome Powell, na semana passada. As preocupações com a desaceleração da economia chinesa e os desdobramentos da escalada no conflito na Ucrânia teriam papel secundário nesse processo.

"O Powell disse que vai fazer um aumento mais rápido dos juros para o nível neutro, chegando possivelmente ao nível restritivo. O mercado já está precificando altas seguidas de 0,50 ponto porcentual e taxa acima de 3%", diz Dib. "O mercado parece ter acordado para o lockdown na China e o avanço da Rússia na Ucrânia, mas essas são questões acessórias nesse processo de reprecificação".

Dib nota que os preços das commodities sofreram em um primeiro momento, com as preocupações com a China, mas aparentam recuperar parte do fôlego. As cotações do petróleo sobem mais de 3% no mercado internacional e o minério de ferro, que havia desabado mais de 10%, já apresentou queda menor (2,95% no porto de Qingdao, na China).

O gestor ressalta que, apesar da piora das commodities, e da perspectiva de alta de juros nos EUA, dois fatores que deram sustentação à apreciação recente do real continuam na mesa: diferencial amplo entre juros internos e externos e preços elevados de produtos exportados pelo Brasil.

"No câmbio, estamos vendo um movimento de zeragem. As incertezas aumentaram e quem estava com uma posição vencedora está colocando dinheiro no bolso. E o real era quem mais ganhava", afirma Dib. "Muita gente também vendeu dólar com a taxa a R$ 4,60 e agora tem que zerar. Eu arriscaria dizer que o dólar vai se acomodar um pouco abaixo do patamar atual".

Para o diretor da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva, o aumento das incertezas aqui e lá fora deve levar o mercado a ficar arisco e, por tabela, demandar mais proteção. Com isso, o Banco Central deve atuar novamente nos próximos dias por meio de swaps cambiais (venda de dólar futuro) para tentar conter a taxa de câmbio e evitar novas pressões inflacionárias.

"O BC tenta conter a especulação e dar liquidez. Mas atua também na intenção de segurar o nosso processo inflacionário. Tivemos um choque de commodities com a guerra. Se vier agora uma alta do dólar, será muito nocivo para a inflação", diz Gomes da Silva, que vê até possibilidade de o dólar superar R$ 5,00, mas descarta a volta da taxa de câmbio a níveis do fim do ano passado no curto prazo. (Antonio Perez - [email protected])

17:35

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.99050 2.3587 4.99970 4.89370

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5002.000 2.38461 5009.000 4898.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5048.000 2.26904 5060.000 4942.500

BOLSA

Decepção com o resultado trimestral do Santander Brasil e o mal-estar externo em torno da atividade econômica chinesa - em meio aos lockdowns - e da aceleração inflacionária global mantiveram o Ibovespa no negativo pela sétima sessão consecutiva, igualando em extensão sequência vista pela última vez em maio de 2016, de acordo com AE Dados.

Hoje, a referência da B3 encerrou o dia em baixa de 2,23%, a 108.212,86 pontos, entre mínima de 107.977,70 e máxima de 110.684,95 pontos, praticamente equivalente à abertura, a 110.684,23 pontos. O giro ficou em R$ 32,4 bilhões. Na semana, o índice cede 2,58% e, no mês, 9,82% - no ano, o ganho se limita a 3,23%.

Na mínima do dia, o Ibovespa perdeu a linha dos 108 mil pontos, em queda de 2,45%, no menor nível desde 15 de março (107.780,86), enquanto as perdas em Nova York chegavam a 3,40%, no Nasdaq - que fechou na mínima, em queda de 3,95%. Na B3, Vale ON encerrou em baixa de 1,37% e Petrobras também se firmou no negativo ao longo da tarde, com a ON (-0,15%) e a PN (-0,17%), apesar dos ganhos entre 2,40% (Brent de julho, a US$ 104,61 por barril) e 3,21% (WTI de junho, a US$ 101,70 por barril) para o petróleo na sessão.

Os grandes bancos também tiveram queda firme após os resultados do Santander, com o mercado especialmente atento à inadimplência e ao crédito no primeiro trimestre. "A carteira de crédito encolheu 3% no trimestre, um aumento modesto de 5% no comparativo anual, provavelmente o ritmo mais lento de qualquer grande banco no Brasil", afirmam os analistas Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barrajard em relatório do Itaú BBA. A decepção com os números da filial brasileira do banco espanhol manteve o segmento de maior peso no Ibovespa no negativo, com perdas entre 2,25% (BB ON) e 4,55% (Unit do Santander) para as grandes instituições.

Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para Locaweb (-8,32%), à frente de Totvs (-6,50%) e de Banco Inter (-6,37%). No lado oposto, PetroRio (+2,47%), 3R Petroleum (+2,24%), CPFL (+1,84%) e Iguatemi (+1,81%).

No quadro mais amplo, "com a China 'trancada', investidores preocupados com o ritmo da subida de juros nos EUA e preocupações com a inflação sempre presentes, o mercado segue em ritmo de aversão a risco", observa Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos. "O movimento de queda já está esticado, e em um suporte. Seria interessante uns dias de alta, mas a tendência de curto prazo ainda é de indefinição", aponta Pam Semezzato, analista técnica da Clear Corretora.

Abril tem se mostrado um ponto de inflexão para o Ibovespa, com a referência da B3 a caminho de colher a maior perda mensal desde o ponto mais baixo da pandemia, em março de 2020, quando o índice cedeu 29,90%. O fluxo estrangeiro, em recuperação que se estendeu de novembro de 2021 a março de 2022, tem se mostrado agora reticente, com saída de recursos no mês, em cenário de maior incerteza quanto à inflação global bem como sobre a extensão e o grau de ajuste da política monetária nas maiores economias. No ano, os estrangeiros ainda têm saldo líquido de R$ 64,359 bilhões na B3 até o dia 22, mas os saques no mês totalizam R$ 969 milhões.

"Houve uma inversão de fluxo para o Brasil no primeiro trimestre, também motivada pela guerra na Ucrânia, que afastou a Rússia (como opção entre emergentes), além de uma diminuição de apetite por China, com os problemas por lá. As commodities e o aumento de juros, que se acelerou no último trimestre do ano passado, e certa tranquilidade política favoreceram o Brasil no começo do ano como um ponto de alocação importante", diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).

Ele chama atenção em especial para os efeitos sobre o câmbio, agora em reversão, com viés crescentemente "hawkish" nos sinais emitidos pelo Fed.

"Teve mudança de discurso no Fed, assumindo realidade de inflação global extremamente forte, e de que terá que perseguir com mais contundência um equilíbrio da inflação americana nos próximos dois anos, aceitando aperto monetário maior - inclusive o presidente, Jerome Powell", acrescenta Tingas. O economista espera 0,50 ponto porcentual de aumento na taxa de referência americana na próxima reunião do Fomc, semana que vem, apesar de integrantes do Fed, como James Bullard (St. Louis), defenderem aumento maior, de 0,75 ponto.

"A questão é saber se a taxa do fed fund para, até o fim do ano, entre 2,75% e 3%, ou se chega a 3,5%. Isso significa uma taxa de juros americana competitiva, tendo em vista que é uma moeda de risco muito baixo, quase zero. Há um movimento de reinterpretação sobre taxa de juros, com outros fatores passando a pesar, embora a nossa continue extremamente alta", acrescenta o economista, observando que "a inflação global está acima de qualquer capacidade de previsão". "Continua muito forte e surpreendendo, no Brasil e no mundo. E a economia global já está entrando em ritmo de desaceleração", acrescenta.

Para Tingas, o câmbio em especial, desde a última sexta-feira, tem reprecificado um conjunto de variáveis de risco, que incluem também ruídos domésticos, como a retomada do embate institucional entre o Planalto e a cúpula do Judiciário, após relativa calmaria política no começo do ano, eleitoral. Hoje, a moeda americana ficou perto de retomar o nível de R$ 5 na máxima do dia, a R$ 4,9997, o que suscitou reação do BC. Ao final, o dólar à vista se estabilizou em nível ainda elevado, a R$ 4,9905, em alta de 2,36% no fechamento. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 108212.86 -2.23345

Máxima 110684.95 0.00

Mínima 107977.70 -2.45

Volume (R$ Bilhões) 3.23B

Volume (US$ Bilhões) 6.52B

17:35

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 109425 -2.54275

Máxima 112430 +0.13

Mínima 109365 -2.60

JUROS

A disparada do dólar ante o real foi o principal drive dos negócios no mercado de juros brasileiro nesta terça-feira. O intervalo intermediário da curva foi o mais sensível ao movimento, com avanço de quase 15 pontos-base ante o ajuste da véspera. Na parte mais curta, os ajustes foram mais comedidos, uma vez que, mesmo com as surpresas inflacionárias, o Banco Central (BC) caminha para o fim do ciclo de aperto monetário. Aliás, o Relatório de Mercado Focus mostrou deterioração adicional nas expectativas para o IPCA bem como um nível de Selic maior do que há um mês. Cautela adicional foi citada pelos agentes também devido à espera dos dados do IPCA-15 de abril, conhecidos amanhã na abertura.

Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 12,953% no ajuste de ontem para 13,020% hoje. O janeiro 2024 avançou de 12,572% a 12,710%. O janeiro 2025 saltou de 11,991% a 12,140%. E o janeiro 2027 pulou de 11,815% a 11,980%.

O pano de fundo do dia é o temor dos investidores quanto à inflação e à atividade global. Na semana que vem, é esperado que o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) dê uma dura resposta ao elevar as taxas de Fed funds.

Além disso, o mercado está sob tensão com possibilidade de surtos da covid-19 na China. A política de 'covid zero' do governo de Xi Jinping pode levar a uma nova rodada de lockdowns, encolhendo a produção de bens e gerando novas disfunções em cadeias produtivas.

Emergente mais líquido e alvo de fluxos fortes neste 2022, o Brasil acabou mais penalizado pela liquidação global. Seguindo a deterioração dos ativos de risco nos mercados globais, o dólar encostou nos R$ 5 no pior momento do dia, ao passo que a Bolsa brasileira encolheu mais de 2%. Ao fim, a moeda à vista terminou cotada a R$ 4,9905 (+2,36%) e o Ibovespa, em 108.212,86 pontos (-2,23%).

"Tem sido uma sequência de dias ruins para o mercado de maneira geral. Hoje não foi diferente", nota o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cássio Andrade Xavier, salientando, contudo, que no mercado de juros o movimento do dia não deve se equivaler a um estresse, necessariamente.

Xavier ressalta que o nível do dólar ante o real nesta semana pré-Copom pode trazer consequências ao plano de voo do Banco Central (BC). "A gente tem passado por uma atualização cambial muito forte. Cai aquela parte do discurso do BC de que os economistas não estavam usando o novo patamar do câmbio em seus modelos", salienta.

Ainda assim, em termos de projeções adiante, o gestor diz que a comunicação recente do BC sugere que haja mais 100 pontos-base de alta semana que vem, 50 pontos em junho e depois uma parada. Em termos de precificação, a curva mostrava 97 pontos em maio, 43 em junho e 14 residuais em agosto. "Os 13,25% parecem estar bem ancorados", afirma.

Este é também o nível que o Relatório de Mercado Focus aponta. A projeção de Selic foi de 13,00% há um mês para 13,25% agora.

No Boletim Focus, os economistas do mercado financeiro mantiveram a mediana para a Selic no fim de 2023. Na última semana, a estimativa seguiu em 9,00%, de 9,00% um mês antes. A previsão para o fim de 2024 continuou em 7,50%, ante 7,50% de um mês atrás.

Para o IPCA, por sua vez, a mediana de 2022 saltou de 7,46% para 7,65% na última semana, conforme o Relatório de Mercado Focus, já muito longe do teto da meta deste ano (5,0%), indicando novo descumprimento do mandato principal do Banco Central. Há um mês, a mediana para o índice era de 6,86%.

Para 2023, foco principal da política monetária, a alta na última semana foi de 3,91% para 4,00%, se afastando cada vez mais do objetivo do BC para o ano que vem, de 3,25%, com margem de tolerância de 1,75% a 4,75%. Há quatro semanas, a projeção era de 3,80%.

Amanhã, logo na abertura, o mercado saberá os dados do IPCA-15 de abril. É esperada a maior taxa mensal desde fevereiro de 2003, com mediana de 1,82%, a partir de intervalo de 1,10% a 1,95%. O reajuste de preços dos combustíveis e a pressão nos alimentos devem pesar, segundo pesquisa do Projeções Broadcast. (Mateus Fagundes - [email protected])

17:33

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 12.34

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 11.65

Over Selic (%a.a) 11.65

Over Selic (%a.a) 11.65

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