INFLAÇÃO EM LINHA NOS EUA PUXA BOLSA, ENFRAQUECE DÓLAR E DI INDICA APERTO MENOR

Blog, Cenário

Que o Fed vai subir os juros, já é praticamente consenso no mercado. Mas toda vez que um indicador reforça que esse movimento não exigirá uma política monetária ainda mais dura do que a já prevista pelos investidores, incentiva o apetite por risco. E foi isso que ocorreu hoje, quando o CPI dos EUA, de 7% em 2021 - mais do que o triplo da meta de 2% do Fed no longo prazo -, veio mais ou menos dentro do esperado. À tarde, o Livro Bege sobre a atividade dos EUA confirmou o que os dirigentes do BC americano já vêm falando: que há aumento de custos e de salários, enquanto o crescimento é contido por problemas nas cadeias produtivas e falta de trabalhadores. Com tudo isso, a leitura foi de que vale o que vem sendo precificado desde a ata do Fed, na semana passada, e as declarações de Jerome Powell, ontem: haverá aumento de juros em breve, provavelmente em março, com a discussão sobre a redução do balanço patrimonial no segundo semestre. O resultado foi a alta das bolsas americanas, com queda do dólar e dos yields dos Treasuries com vencimentos mais longos. E o os ativos brasileiros refletiram exatamente esse quadro, mas em intensidade muito maior. Afinal, além de terem passado por uma correção negativa mais intensa enquanto assimilavam a nova perspectiva para a estratégia do Fed, também sofreram com as incertezas fiscais e em relação ao avanço da Ômicron, que estão, por ora, em segundo plano. Assim, contando com a ajuda da alta forte das commodities, o Ibovespa subiu 1,84%, aos 105.685,66 pontos, e passou a ter ganhos pela primeira vez em 2022, de 0,82%. Enquanto isso, o dólar testou a correlação inversa com as commodities e caiu globalmente, inclusive ante o real, contra quem teve desvalorização de 0,81%, a R$ 5,5348. Por fim, na renda fixa, a curva de juros assimilou um pouco de cada movimento e perdeu bastante inclinação, com queda expressiva dos vencimentos longos. Mas não foi só. Os curtos também cederam e, além de precificarem um aumento de 1,5 ponto porcentual da Selic em fevereiro, já mostram apostas quase unânimes em redução do ritmo de aperto em março, para 1 ponto porcentual.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os dados de inflação nos Estados Unidos e os discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed) no decorrer do dia ajudaram a consolidar no mercado a ideia de que o próximo ciclo de alta de juros no país terá início em março. Depois de certa volatilidade, as bolsas de Nova York fecharam em leve alta, os juros dos Treasuries ficaram sem sinal único e o dólar recuou ante suas principais moedas rivais. O câmbio beneficiou as commodities e o petróleo ainda foi impulsionado pelo recuo maior que o esperado nos estoques americanos. Sem interferir na precificação de ativos, ficaram no radar as tensões geopolíticas, com os Estados Unidos sinalizando sanções à Rússia e à Coreia do Norte, além de voltar a criticar a China por supostas práticas anticompetitivas.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 7%, na comparação anual, no mês passado. Foi o ritmo mais alto desde 1982, mas esteve em linha com as expectativas do mercado. A Pantheon Macroeconomics avalia que o pico da inflação está próximo, mas que ainda há incertezas sobre o ritmo de desaceleração do índice. Na avaliação da Capital Economics, por sua vez, o CPI já atingiu seu auge.

O presidente dos EUA, Joe Biden, avaliou que a queda nos preços de gasolina e alimentos demonstram que progresso está sendo feito para desacelerar a taxa de aumento de preços. O dado mostrou "redução significativa" na inflação em dezembro, disse o presidente, que reforçou que ainda há "muito trabalho" a ser feito e que os preços seguem pressionando o orçamento das famílias americanas.

Já o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, que vota em decisões monetárias, disse que a alta de juros em março parece "muito provável", diante da inflação elevada, com quatro elevações sendo "prováveis" neste ano. O dirigente ainda defendeu que a redução do balanço patrimonial ocorra em conjunto com o aumento dos juros básicos.

Em Minneapolis, o presidente da distrital, Neel Karshkari, observou que a inflação está mais alta e persistente do que o esperado, com pressões sobre os preços tanto do lado da oferta quanto da demanda. Ele, que não vota em decisões monetárias este ano, pontuou que ainda não se sabe quando as cadeias de suprimentos serão restabelecidaas totalmente, nem quando a força de trabalho americana irá retornar para o mercado.

A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, defendeu que a instituição reduza o balanço patrimonial "o mais rápido possível" e em ritmo mais acelerado do que no ciclo monetário passado, pós-crise de 2008. Ela pontuou, porém, que ocorra sem causar distúrbios nos mercados. Mester, que vota nas decisões monetárias, disse que, caso a economia se mantenha com o atual vigor, irá defender a alta de juros na reunião de março.

Hoje, o Fed divulgou o primeiro Livro Bege do ano, que reúne opiniões de empresários e embasa decisões de política monetária. Segundo o documento, o emprego aumentou modestamente nas semanas recentes, com o mercado de trabalho ainda apertado e um crescimento "robusto" dos salários no país. Os preços cobrados aos clientes também subiu de modo "sólido" na maioria dos distritos, enquanto alguns mencionaram desaceleração na alta nos meses recentes. De acordo com o Livro Bege, a atividade econômica se expandiu nos EUA nas últimas semanas de 2021, mas ainda houve limitações pelos gargalos de oferta e escassez de mão de obra.

Em Nova York, as bolsas fecharam no azul: o Dow Jones subiu 0,11%, a 36.290,32 pontos, enquanto o S&P 500 avançou 0,28%, a 4.726,35 pontos, e o Nasdaq teve alta de 0,23%, a 15.188,39 pontos. Na renda fica, os Treasuries também ficaram sem sinal único. O juro da T-note de 2 anos estava estável, a 0,898%, o da T-note de 10 anos caía a 1,734% e o do T-bond de 30 anos subia a 2,086%, no fim da tarde.

O petróleo, por sua vez, subiu. Os estoques nos EUA caíram pela sexta semana consecutiva, com um recuo de 4,553 milhões de barris na última semana - maior do que o esperado por analistas. O petróleo WTI para fevereiro fechou em alta de 1,75% (US$ 1,42), a US$ 82,64 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para março subiu 1,13% (US$ 0,95), a US$ 84,67 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

O enfraquecimento do dólar ante rivais também ajudou a commodity. O índice DXY, que compara a divisa americana frente seis moedas competitivas, caiu 0,74%, a 94,915 pontos. No horário citado, o euro subia a US$ 1,1451 e a libra, a US$ 1,3714.

Na geopolítica, o Senado americano divulgou uma lista de potenciais sanções à Rússia caso o país invada a Ucrânia. Segundo autoridades americanas, as medidas seriam "devastadoras" para a economia russa. Estão previstas sanções contra ao menos três instituições financeiras do país, assim como a sugestão de interferências em ativos do presidente Vladimir Putin e seu "círculo interno".

Em relação à Coreia do Norte, o Tesouro americano designou cinco pessoas como responsáveis pela aquisição de armas de destruição em massa e programas ligados a míssil balístico. Todos os bens e interesses em propriedades deles nos EUA devem ser bloqueados pelo órgão, segundo comunicado.

A representante de Comércio dos EUA, Katherine Tai, disse hoje que o país, em conjunto com a União Europeia, pode voltar sua atenção para lidar com práticas "prejudiciais" da China, que não seguem as regras no setor aeroespacial. O país asiático cria um "campo de disputa desigual para o restante do mundo" no setor, disse Tai. (Ilana Cardial - [email protected])

Volta

BOLSA

A leitura sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em dezembro, praticamente em linha com o esperado, contribuiu para uma nova rodada de alívio em câmbio, juros e Bolsa nesta quarta-feira, trazendo o Ibovespa pela primeira vez a terreno positivo no acumulado de 2022, nesta oitava sessão do ano. Após avanço de 1,80% no dia anterior, a referência da B3 subiu hoje 1,84%, a 105.685,66 pontos, entre mínima de 103.771,37 e máxima de 105.869,32 pontos (2,01%), renovada na reta final da sessão, acumulando agora recuperação de 2,89% na semana e de 0,82% no mês. Em dia de vencimento de opções sobre o índice, o giro totalizou R$ 45,3 bilhões. No intradia, o Ibovespa foi ao maior nível desde 3 de janeiro (106.125,47 pontos).

"O grande destaque da manhã foi de novo o mercado americano, com a leitura sobre a inflação ao consumidor, número importante após as referências de ontem do (presidente do BC dos EUA, Jerome) Powell no Senado, quando contribuiu para amenizar temores, conciliando controle inflacionário com juros mais altos, mas sem redução imediata do balanço do Fed, que prejudicaria a retomada econômica. Nada de pressa e de aceleração de movimentos", diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.

"A fala do Powell foi 'hawkish' e contracionista, mas o mercado viu com bons olhos o fato de ele sinalizar que o ritmo de alta de juros ficará dentro do aceitável, do que pode ser absorvido. O mercado espera 0,25 ponto porcentual de alta para março, o que corresponde agora a 85% das apostas. A sinalização contribui para tirar volatilidade da curva, o que se reflete nos juros futuros e no câmbio, contribuindo para essa recuperação do Ibovespa, assim como o avanço das commodities", diz Antonio Carlos Pedrolin, líder da mesa de renda variável da Blue3.

"A inflação dos Estados Unidos não trouxe surpresas e ajudou bastante, desde a manhã. Estamos mais fortes, principalmente pelas commodities, que têm performado bem, tanto o petróleo como o minério. Além disso, o fechamento das curvas longas de juros contribui para dar uma acalmada no nosso cenário macro, favorecendo hoje principalmente o setor de varejo (na B3), muito sensível à questão de juros e inflação", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

Assim, na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, destaque para as administradoras de shoppings, como Iguatemi (+8,31%), Multiplan (+6,54%) e BR Malls (+5,93%), assim como para varejistas como Magazine Luiza (+7,50%) e Lojas Renner (+5,98%). No lado oposto, Locaweb (-3,44%), Banco Inter (Unit -3,01%), Santander (-2,61%) e Cielo (-2,40%). Entre as blue chips, com a descompressão na curva de juros, os bancos tiveram desempenho majoritariamente negativo na sessão: além de Santander, destaque também para Itaú PN (-0,43%) e Bradesco ON (-0,88%). BB ON subiu 0,97%.

Impulsionando Petrobras (ON +3,31%, PN +3,05%) na sessão, a sequência de recuperação dos preços do petróleo - com o Brent negociado acima de US$ 85 por barril no melhor momento desta quarta-feira - ganhou dinamismo ainda no começo da tarde, após o Departamento de Energia dos Estados Unidos informar recuo de 4,5 milhões de barris de petróleo nos estoques na semana passada, em queda maior do que se antecipava no mercado.

Na China, o minério de ferro no porto de Qingdao fechou esta quarta-feira em alta de cerca de 3,5%, a US$ 133,68 por tonelada, no maior nível desde 11 de outubro. "Pode parecer um pouco contraintuitivo, mas as chuvas em Minas Gerais contribuem para sustentar o preço do minério, ao afetar a produção de um grande player (como a Vale)", aponta Pedrolin, da Blue3. Hoje, Vale ON fechou em alta de 1,09%, enquanto os ganhos no setor de siderurgia chegaram a 5,71% (CSN ON).(Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:24

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 105685.66 1.83725

Máxima 105869.32 +2.01

Mínima 103771.37 -0.01

Volume (R$ Bilhões) 4.52B

Volume (US$ Bilhões) 8.13B

18:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 106685 1.79866

Máxima 106700 +1.81

Mínima 104370 -0.41

CÂMBIO

O dólar à vista emendou o segundo dia seguido de queda firme no mercado doméstico, em meio a um ambiente externo de recuperação do apetite por risco, alta das commodities e enfraquecimento da moeda americana frente divisas fortes e emergentes.

Investidores celebraram a ausência de surpresas negativas no índice de inflação ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos em dezembro. Aliada à fala de ontem do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, a leitura do CPI afasta o cenário de ajuste de liquidez e aperto monetário mais rápido e rigoroso nos EUA ao longo deste ano - o que abre espaço para desmonte de posições mais pessimistas.

Afora uma pequena alta na abertura dos negócios, o dólar à vista trabalhou com sinal negativo durante toda a sessão, renovando mínima ao longo da tarde, quanto tocou pontualmente a casa de R$ 5,52. O aprofundamento das perdas por aqui se deu em sintonia com o movimento da divisa no exterior, com o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes - batendo mínimas, abaixo da linha dos 95 pontos.

Com oscilação de cerca de sete centavos entre a mínima (R$ 5,5293) e a máxima (R$ 5,6007), o dólar à vista encerrou a sessão em queda de 0,81%, cotado a R$ 5,5348 - menor valor desde 8 de dezembro do ano passado, quando também terminou o dia a R$ 5,5348. A última vez que o dólar fechou abaixo da linha de R$ 5,53 foi em 17 de novembro (R$ 5,5242).

"O CPI basicamente dentro das expectativas tirou fôlego do dólar, que caiu frente a moedas fortes e ao conjunto dos emergentes. Internamente, vimos um desmonte muito forte de posições defensivas de players, principalmente no mercado futuro", afirma Ricardo Gomes da Silva, diretor da corretora Correparti.

O índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos subiu em 0,5% em dezembro, muito próximo das estimativas (0,4%), com o núcleo em 0,6%, também perto do que os analistas projetavam (0,5%). Embora sem surpresas negativas, a leitura do CPI revela uma taxa anual de inflação de 7%, o maior nível em quase 40 anos.

O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, observa que, em sua fala ontem, Powell deu destaque ao peso dos problemas das cadeias produtivas na inflação e deixou a mensagem de que o ajuste da política monetária vai se dar em doses homeopáticas. "Ele também jogou a questão da redução do balanço patrimonial para o fim do ano. Isso tirou pressão sobre o dólar no exterior", diz Galhardo, acrescentando que a falta de notícias negativas vindas da política e as captações externas realizadas por empresas brasileiras também contribuem para a apreciação do real.

Falando em redução do balanço patrimonial do Fed, a presidente da distrital de Cleveland, Loretta Mester, defendeu hoje que o processo ocorra "o mais rápido possível", mas em uma velocidade que não cause distúrbios significativos nos mercados. Ela também afirmou que, caso a economia americana mantenha o vigor atual, pode apoiar alta de juros já em março. A dirigente tem poder de voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) este ano.

Por aqui, analistas destacam que os juros internos mais elevados encarecem o hedge e desencorajam apostas especulativas mais contundentes a favor do dólar, sobretudo em um ambiente de recuperação dos ativos de risco. Isso daria, em tese, alguma sustentação ao real, embora não se vislumbre a perspectiva de uma rodada mais forte de apreciação da moeda brasileira.

Há ainda a expectativa de que os exportadores, após deixarem parcela substancial do caixa no exterior no ano passado, aumentem a internalização dos recursos neste ano. "Está caro e vai ficar caríssimo deixar caixa em dólar e euro. Acredito que isso vai inibir as posições especulativas compradas", afirmou, no Twitter, o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt. "Mas essa internação dos recursos dos exportadores depende também da avaliação do risco eleição. E, no momento, esse risco não é pequeno".

Para Gomes da Silva, da Correparti, o dólar pode até romper pontualmente os R$ 5,50, mas não conseguirá se sustentar abaixo desse nível, mesmo com os juros domésticos mais elevados. Apesar do tombo dos últimos dois dias, ele vê o dólar em trajetória de alta no exterior, uma vez que o Fed, embora de forma cautelosa, vai ter de enxugar a liquidez.

"Importadores estão vindo ao mercado para aproveitar esse dólar mais baixo. Existe uma demanda grande reprimida. Vamos ver um movimento de compra e de hedge de importações a descoberto. Vejo o dólar mais perto do patamar de R$ 5,70", diz.

Dados do Banco Central divulgados hoje à tarde revelaram que o fluxo cambial na primeira semana de 2022 (de 3 a 7 de janeiro) ficou negativo em US$ 1,132 bilhão - resultado de saídas líquidas tanto do canal financeiro (US$ 987 milhões) quanto do comercial (US$ 144 milhões). (Antonio Perez - [email protected])

18:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.53480 -0.8065 5.60070 5.52930

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5557.000 -0.65254 5624.500 5543.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5644.000 11/01    

JUROS

A quarta-feira foi de forte desinclinação da curva de juros doméstica, proporcionada essencialmente pelo exterior. A inflação ao consumidor nos Estados Unidos em dezembro veio relativamente dentro do previsto e desarmou receios de que o Federal Reserve pudesse ser ainda mais agressivo na condução da política monetária, abrindo o apetite global por risco. Com isso, os juros locais se beneficiaram do bom desempenho das moedas emergentes e também do alívio no rendimento das taxas dos títulos do Tesouro americano, derrubando a ponta longa em cerca de 30 pontos-base. Nos curtos, o movimento de queda reforçou a percepção de desaceleração do ritmo de alta da Selic no Copom de março.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,86% (regular e estendida), de 12,037% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,528% para 11,21% (regular) e 11,195% (estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,19% (regular) e 11,16% (estendida), ante 11,452% ontem.

Após fatores técnicos terem ontem engessado um pouco a reação positiva da curva local à sinalização de gradualismo emitida pelo presidente do Fed, Jerome Powell, as taxas hoje amanheceram já em declínio, se alinhando à fala do mandatário, mas tração maior foi dada mesmo pelo índice de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que saiu às 10h30. A taxa mensal cheia subiu 0,5%, ante consenso de 0,4%, e o núcleo, 0,6%, ante mediana de 0,5%. Na comparação anual, o CPI subiu 7,0% em dezembro, como esperado pelos analistas, taxa mais elevada desde 1982.

"A surpresa não foi tão grande. O mercado parecia estar preparado para algo pior. Já tem muita coisa precificada lá fora", explica o estrategista da Tullett Prebon Vinicius Alves, destacando que o indicador promoveu melhora generalizada nos ativos emergentes.

O mercado consolidou a ideia de que o Fed deve começar a elevar os juros em março. "Os números, ainda que não tenham surpreendido dado o comportamento já adverso observado ao longo do ano, reforçam o panorama desconfortável para a autoridade monetária, o que explica a rápida mudança de posicionamento do Federal Reserve em suas últimas sinalizações", avalia o economista Silvio Campos Neto, da Tendências.

De todo modo, o apetite pelo risco colocou o dólar em R$ 5,5348, menor patamar desde 8 de dezembro, enquanto a taxa da T-Note de dez anos chegou a cair para o nível de 1,70% nas mínimas do dia.

Como lembra ainda o Departamento Econômico da Renascença, nos próximos dias saem a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), referentes a novembro, que deverão vir fracas. Com isso, o mercado também pode ter se antecipado, aparando excessos da ponta curta.

Na precificação de Selic nos DIs, a curva indica um mercado dividido nas apostas de nova elevação de 1,5 ponto porcentual (60% de chance) e aceleração do ritmo para 1,75 ponto (40%) para o Copom de fevereiro, segundo o Banco Mizuho. Para o Copom de março, o mercado precifica alta de 1 ponto. No segundo semestre, a curva indica cenário de queda para a taxa básica, com 50% de probabilidade de corte de 0,25 ponto no Copom de setembro.

Com a queda mais brusca hoje da ponta longa, a inclinação negativa da curva voltou a aumentar, na contramão do movimento que prevaleceu nas últimas sessões. O diferencial entre os DIs para janeiro de 2027 e janeiro de 2023 ficou hoje em -67 pontos, de -57 ontem.

Desde o final do ano passado, a curva vinha numa tendência de redução dessa inclinação negativa, na esteira da piora na percepção de risco fiscal doméstico e reforço nas apostas de antecipação de aperto monetário nos Estados Unidos, elementos que têm puxado para cima a ponta longa. A percepção dos players, no entanto, é que a "normalização" do desenho da curva, ou seja, retomada da inclinação positiva, deve ocorrer somente quando, no melhor dos cenários, o ciclo de ajuste de aperto da Selic estiver concluído. "Um steepening deve vir apenas quando o BC vier a cortar juros. Ou seja, por alguns meses ainda devemos ver essa curva invertida", prevê um estrategista de uma instituição estrangeira. (Denise Abarca - [email protected])

18:29

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 9.65

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

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