O comportamento global dos ativos, que já era ruim pela manhã, piorou ainda mais à tarde, em meio ao anúncio do Tesouro dos EUA de que o déficit orçamentário no país atingiu o nível recorde de US$ 1,9 trilhão nos primeiros sete meses do ano fiscal de 2021. Mas o movimento de deterioração dos mercados teve origem, logo cedo, no dado de inflação dos EUA em abril, que superou em muito as projeções e reacendeu os temores de que o Fed terá que dar início à retirada de estímulos, sobretudo de compra de ativos, mais cedo do que indica até o momento. O juro da T-note de 10 anos, que ontem era negociado perto de 1,60%, hoje saltou quase 10 pontos-base, para perto de 1,70%, no maior nível intraday em quase um mês. Como consequência, as bolsas americanas tiveram queda forte, de até 2,7%, ao passo que o dólar ganhou força ante praticamente todas as moedas. O efeito no Brasil foi diretamente proporcional ao visto em Wall Street - e até um pouco além, diante das incertezas políticas, com a CPI da Covid, e fiscais que rodam o cenário local. O Ibovespa perdeu mais de 3 mil pontos de uma tacada só, ao ceder 2,65%, para 119.710,03 pontos. Houve queda generalizada das ações e nem mesmo o avanço do minério de ferro e do petróleo conseguiram impedir perdas de papéis como Vale e Petrobras. Ao mesmo tempo, o dólar, que chegou a ser negociado abaixo de R$ 5,20 nos últimos dias durante os pregões, hoje superou R$ 5,30, fechando com valorização de 1,59%, a R$ 5,3055. Por fim, na renda fixa, os juros futuros chegaram a disparar 20 pontos em alguns vencimentos e, em meio ao avanço generalizado das taxas, atingiram os maiores níveis em quase um mês. Além da reação alinhada a câmbio e Treasuries, os DIs sentiram pressão adicional da expectativa de que o Tesouro, mesmo com o quadro externo negativo, terá de ampliar a oferta de títulos no leilão de amanhã para manter os níveis de emissões semanais, após ter reduzido o lote de NTN-B ontem.
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