Aguardado com ansiedade pelo investidor, em busca de pistas sobre os próximos passos da política monetária dos Estados Unidos, o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na tarde de hoje acabou sendo absorvido com sobressaltos meramente pontuais. Ao mesmo tempo em que o chairman do Fed reforçou as preocupações com a inflação e reconheceu que o juro americano pode ter de ir além da taxa neutra, ele também ressaltou que será possível manter o mercado de trabalho forte durante o aperto monetário e que o consenso dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto é de um aumento de 50 pontos-base em junho, e não acima disso. Assim, chegou-se a ver uma desaceleração da queda do dólar e da alta das bolsas, mas nada que esfriasse completamente o ímpeto de corrida para o risco visto desde a manhã, na esteira do relaxamento das medidas de covid-19 na China. Desta forma, internamente o dólar seguiu a sua jornada de queda forte ante o real, após o rompimento do piso de R$ 5. A moeda americana à vista terminou o dia em R$ 4,9429, recuo de 2,15%. Foi o menor nível de fechamento desde 4 de maio e, com isso, a moeda zerou a alta no mês. A Bolsa brasileira, por sua vez, teve o quinto ganho consecutivo, ainda que não tenha conseguido se manter acima dos 109 mil pontos. O Ibovespa encerrou a sessão em 108.789,33 pontos, valorização de 0,51%. O avanço, contudo, foi menos intenso do que os índices de Nova York, mais penalizados nos últimos dias com a volatilidade causada pela normalização monetária. Ao fim da terça-feira, Nasdaq saltava 2,76%, S&P 500 ganhava 2,02% e Dow Jones subia 1,34%. No mês, contudo, as bolsas americanas seguem apresentando perdas. De volta ao Brasil, a renda fixa resistiu durante quase todo o pregão a acompanhar o otimismo externo, sob a percepção de que a atividade melhor pode tornar o cenário de inflação mais desafiador aos banqueiros centrais. Mas a pressão de um dólar abaixo de R$ 5 prevaleceu nos minutos finais, e o viés foi de queda.
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CÂMBIO
O dólar à vista caiu mais de 2% na sessão desta terça-feira (17) e fechou abaixo da linha de R$ 5,00 pela primeira vez desde 4 de maio, em dia marcado por enfraquecimento global da moeda americana e apetite ao risco no exterior. Relaxamento do lockdown em Xangai, na China, e indicadores positivos na zona do euro e nos EUA (vendas no varejo e produção industrial) diminuíram temores de que a economia global caminhe para a "estagflação". Além disso, declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ao longo do dia reforçaram a perspectiva de nova alta da taxa básica em 50 pontos-base em junho, afastando, por ora, apostas em um ajuste mais rápido e intenso da política monetária nos EUA.
A divisa já iniciou o dia em forte baixa e rompeu o piso de R$ 5,00 ainda pela manhã, em meio a relatos de entrada de fluxo estrangeiro para a Bolsa e desmonte de posições defensivas no mercado futuro. O dólar acentuou as perdas ao longo da tarde e chegou a ser negociado pontualmente na casa de R$ 4,92, ao registrar mínima a R$ 4,9278, em reação inicial a declarações de Jerome Powell, presidente do BC americano.
Powell afirmou que há "amplo apoio" no comitê de política monetária do Fed para um novo aumento da taxa de juros em 50 pontos-base. O presidente do BC dos EUA ponderou em seguida, contudo, que a instituição pode ser mais agressiva se a inflação na arrefecer e que não hesitará se tiver que subir a taxa de juros além do nível neutro. "Teremos que reduzir crescimento para controlar a inflação", disse.
Em relação ao tom incisivo de Powell a respeito da inflação, a moeda americana reduziu o ritmo de baixa lá fora. Por aqui, o dólar retornou momentaneamente ao patamar de R$ 4,95, embora ainda em queda firme. No fim da sessão, a divisa era cotada a R$ 4,9429, perda de 2,15%. Com isso, o dólar zerou a alta no mês. A baixa em 2022 voltou a ser de dois dígitos (11,35%).
"A fala de Powell reforçou o comunicado da última decisão, de aumentos de 50 pontos-base e comprometimento com o combate à inflação. Ele disse também que pode aumentar os juros acima do nível neutro, que ainda não está definido por conta da incerteza global", afirma o economista Matheus Pizzani, da CM Capital, para quem a ênfase de Powell no combate à inflação deixa a porta ainda aberta para aceleração do aperto monetário nos EUA, com alta de 75 pontos-base após a reunião de junho.
No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - trabalhou em queda ao longo de todo dia e registrou mínima aos 103,411 pontos, em correção após a recente escalada. As perdas mais pesadas foram contra o euro e a libra esterlina, em meio a declarações duras de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) e a alta de 0,3% do PIB da zona do euro no primeiro trimestre (na margem), levemente acima das expectativas (0,2%). Na comparação anual, houve expansão de 5,1%, ante expectativa de 5%.
O head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, ressalta que a alta das taxas dos Treasuries e a inclinação positiva da curva de juros americanas (com as taxas longas acima das curtas) mostram apetite ao risco e diminuição dos temores em relação ao crescimento americano e global. "Os dados dos EUA de vendas no varejo e da produção industrial foram positivos. E a China está saindo do lockdown. Isso deu ânimo para o mercado. As bolsas estão subindo e o dólar perdendo força", diz Weigt.
O tesoureiro do Travelex pondera que, a despeito do alívio hoje, "a insegurança com o crescimento global se mantém" e pode ensejar novas ondas de fuga de ativos de risco. O real ainda se beneficia do patamar taxa de juros doméstica e dos preços elevados das commodities, mas terá seu fôlego limitado pela perspectiva de que a moeda americana siga forte no exterior, avalia. "O dólar pode cair para R$ 4,90 ou até R$ 4,80, mas já não dá para esperar que vá para R$ 4,60, porque o cenário no mundo está mais difícil e o dólar deve continuar a se valorizar lá fora", afirma Weigt.
O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, afirma que o mercado global reflete a melhora da perspectiva para a economia chinesa, com a flexibilização das medidas restritivas em Xangai, que deve experimentar uma reabertura gradual. Isso levou a uma alta das moedas emergentes, com destaque para o rand sul-africano, o real e o peso colombiano. "Mantemos a estimativa de apreciação do real nas próximas semanas", afirma, em relatório, Oliveira, ressaltando que os preços das commodities devem se manter em níveis elevados até o fim deste ano e as divisas emergentes devem sofrer "os efeitos cumulativos do aperto monetário nos EUA" no ano que vem. (Antonio Perez - [email protected])
17:29
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.94290 -2.1518 5.01240 4.92780
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4965.000 -2.33107 5033.000 4947.000
DOLAR COMERCIAL 5045.000 -2.09587 5048.000 5045.000
BOLSA
Na mesma direção do exterior desde a manhã, o Ibovespa emendou o quinto ganho, estendendo a sua melhor série desde meados de março, ainda que não tenha conseguido sustentar o nível de 109 mil pontos, não visto em fechamento desde 28 de abril. No melhor momento desta terça-feira, a referência da B3 foi aos 109.773,99 pontos, com mínima a 108.244,60, praticamente correspondente à abertura, aos 108.246,23 pontos. Ao fim, o Ibovespa mostrava alta de 0,51%, aos 108.789,33 pontos. Na semana, sobe 1,74% e, no mês, 0,85% - no ano, o avanço está em 3,78%. O giro foi a R$ 32,6 bilhões.
À tarde, a atenção do mercado esteve voltada às declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que reiterou a indicação de que o BC americano tende a optar pela manutenção de aumento de 0,50 ponto porcentual na taxa de juros de referência dos Estados Unidos, embora o ritmo de ajuste possa vir a se acentuar caso a inflação não desacelere. Ainda assim, a opção preferencial parece ser a do ajuste de meio ponto, que conta com "amplo apoio" no comitê de política monetária do Fed, apontou Powell durante participação em evento promovido por The Wall Street Journal.
"O dia foi diferente dos últimos, hoje com as bolsas subindo e o dólar caindo praticamente em bloco contra as principais moedas emergentes. O impulso inicial veio da China, com a sensação de que as cidades tenham restrições menores já nas próximas semanas, em junho. Tal afrouxamento tende a melhorar o viés para a atividade econômica no país, que vinha passando por constantes revisões, para baixo", diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
O estrategista avalia que as falas da tarde de Powell foram observadas, em geral, pela lente da reiteração de comentários de outros dirigentes do Fed nas últimas semanas, embora persistam dúvidas sobre a dinâmica dos aumentos de juros nos Estados Unidos - como, por exemplo, se haverá elevações em todas as reuniões, daqui ao fim do ano.
"Os mercados mostraram alívio desde a manhã, com o terceiro dia consecutivo sem novos casos de Covid na China, o que reforça a perspectiva de reabertura, normalização da economia por lá - e contribui para a melhora do câmbio e da curva de juros por aqui. No Brasil, as contas fiscais e o setor externo têm ajudado, e os números fiscais, ontem, surpreenderam positivamente mais uma vez.
Há 12 meses ninguém esperava por isso", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. Ele chama atenção para a leitura, abaixo do esperado, para o IGP-10, divulgada pela manhã, com deflação dos preços agro, em arrefecimento no intervalo, e as contas de luz também contribuindo para o desempenho do índice - em alta de 0,10% em maio, comparado a 2,48% em abril e mediana de expectativas a 0,22% para o mês.
O desempenho do Ibovespa não foi melhor na sessão - abaixo do observado em Nova York - por ter se enfraquecido ao longo da tarde, em razão do ajuste nas ações de commodities, especialmente Vale ON (-0,42%), que veio de ganho ontem de 3%. Ainda assim, a perspectiva para as matérias-primas tende a se fortalecer com os desdobramentos positivos em torno da China, rumo a afrouxamento de medidas de distanciamento social devido ao cumprimento da meta de três dias sem registro de transmissão comunitária da Covid-19 em Xangai, observa Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos, destacando medidas de estímulo no país, como o corte de juros hipotecários, que tendem a produzir efeito sobre o ritmo da recuperação.
Ainda assim, com o ajuste visto no petróleo Brent, de US$ 114 ontem para a casa de US$ 111 hoje, agora abaixo do WTI (US$ 112), Petrobras também teve desempenho negativo na sessão, em meio aos ruídos persistentes sobre o comando da estatal, sob ataque contínuo do presidente Jair Bolsonaro em razão da política de preço dos combustíveis. Hoje, Petrobras ON e PN fecharam respectivamente em leve alta de 0,08% e em baixa de 1,30%. Por outro lado, os grandes bancos tiveram desempenho positivo, com destaque para BB ON (+2,85%) e Bradesco PN (+2,05%), assim como a maioria das ações de siderurgia, com destaque para CSN (ON +1,74%).
Na ponta do Ibovespa, Locaweb fechou em alta de 11,15%, Cogna, de 5,86%, e Ecorodovias, de 5,10%. Na face oposta, Hapvida (-16,84%), Magazine Luiza (-11,46%) e IRB (-7,89%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 108789.33 0.51425
Máxima 109773.99 +1.42
Mínima 108244.60 +0.01
Volume (R$ Bilhões) 3.25B
Volume (US$ Bilhões) 6.54B
17:29
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 109820 0.47575
Máxima 110795 +1.37
Mínima 109230 -0.06
MERCADOS INTERNACIONAIS
A maior busca por risco seguiu predominante nesta tarde, com as bolsas de Nova York tendo fechado com altas de mais de 1% e o dólar em queda ante rivais. Comentários do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, estiveram no radar, com o reforço do foco no controle da inflação e mais uma alta de 50 pontos-base nos juros básicos. O banqueiro central afirmou que o Fed será mais agressivo caso não veja alívio da inflação americana e pode subir a taxa além da neutralidade, contendo o crescimento econômico, se necessário. Os juros dos Treasuries bateram máximas em meio aos comentários em Powell e subiam no fim do dia. O petróleo, por sua vez, virou e fechou em queda, ainda monitorando negociações da União Europeia sobre embargo à commodity russa.
Em evento do Wall Street Journal, Powell reiterou a importância de levar a inflação de volta à meta de 2% ao ano, de modo que esta abaixe "de forma convincente". Mesmo cogitando a possibilidade de aperto monetário mais agressivo, com juros básicos acima da taxa de neutralidade, o banqueiro central disse não ser possível definir qual será o nível neutro dos Fed Funds, dadas as incertezas generalizadas. Mesmo com comentários que podem ser considerados mais 'hawkish', Powell disse que acalmar a inflação será uma "tarefa desafiadora", mas que a economia americana deve suportar o aperto monetário - mesmo que o crescimento econômico tenha de ser enfraquecido.
Na análise do BMO Capital Markets, os comentários de Powell não revelaram nenhuma mudança material no paradigma, além de reafirmar que a neutralidade não irá representar a linha final do Fed, à medida que o banco central fará o que for necessário para conter a alta de preços.
As bolsas de Nova York chegaram a ampliar altas com as falas do banqueiro central, mas logo desaceleraram novamente. Mais próximo ao fechamento, porém, voltaram a acelerar o avanço. O Dow Jones subiu 1,34%, a 32.654,59 pontos, o S&P 500 avançou 2,02%, a 4.088,85 pontos, e o Nasdaq teve alta de 2,76% a 11.984,52 pontos.
Entre as ações de destaque nesta sessão, estão as do CitiGroup, que saltaram 7,56%, depois do Berkshire Hathaway ter informado que comprou US$ 3 bilhões em participação do Citi. Já o Walmart despencou 11,38%, com lucro abaixo do esperado no trimestre mais recente.
Ainda entre dirigentes, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester (vota), também reafirmou o comprometimento para reduzir o índice de preços. Da distrital de Minneapolis, Neel Kashkari (não vota) disse questionar se as promessas feitas pelo Fed, de caminhar para a neutralidade, serão suficientes para controlar a alta inflação. Ele pontuou os problemas do lado da oferta e disse ser fácil adotar postura 'hawkish' em um momento com altos preços e mercado de trabalho forte.
Com a menor cautela entre investidores, os retornos dos Treasuries ganharam impulso, com máximas dos títulos com vencimento a longo prazo no fim da tarde em Nova York. O retorno da T-note de 2 anos subia a 2,690%, o da T-note de 10 anos avançava a 2,980% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,174%. Já o dólar caiu ante rivais e o índice DXY recuou 0,79%, a 103,36 pontos. No horário citado, o euro subia a US$ 1,0551 e a libra, a US$ 1,2480.
O enfraquecimento da divisa americana contribuiu para apoiar alta do petróleo em parte da sessão, mas não foi o suficiente. Operadores de energia acompanharam notícias de que os Estados Unidos devem aliviar algumas sanções impostas à Venezuela, incluindo a permissão de que a Chevron negocie sua licença com a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), de acordo com autoridades à Associated Press. Na Europa, a UE segue sem convencer a Hungria a concordar com um embargo ao petróleo russo. Segundo a Reuters, os EUA devem propor um mecanismo tarifário para manter certo volume do petróleo da Rússia no mercado, mas limitando a receita de Moscou sobre as exportações. Em meio os comentários de Powell, os contratos da commodity no mercado futuro também aceleraram queda. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para junho fechou em baixa de 1,58% (US$ 1,80), a US$ 112,40, e na Intercontinental Exchange (ICE), o do Brent perdeu 2,02% (US$ 2,31), a US$ 111,93.
Nos próximos dias, o noticiário internacional deve trazer informações sobre um plano econômico do Indo-Pacífico, a ser lançado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, em sua visita ao Japão, a partir de sexta-feira, 20. O objetivo, segundo a Bloomberg, é reduzir influência da China na Ásia. (Ilana Cardial - [email protected])
Volta
JUROS
Os juros futuros fecharam a terça-feira em queda nos contratos de curto e médio prazos e estáveis na ponta longa. O desenho final não refletiu o que foi a sessão, com volatilidade e várias trocas de sinais, e o mercado em busca de um vetor mais forte para operar, apesar da queda do dólar abaixo da marca de R$ 5 e da retomada do apetite pelo risco no exterior.
De forma geral, a curva resistiu em acompanhar a recuperação nos demais ativos na esteira da redução no risco de recessão global. Percepção de melhora no cenário de Covid na China, indicadores positivos da atividade nos Estados Unidos e o PIB da zona do euro levemente acima do esperado deixaram os players menos pessimistas sobre a atividade mundial, mas, ao mesmo tempo há percepção de que o desafio dos bancos centrais no combate à inflação pode ser maior. Nesse contexto, as commodities agrícolas e metálicas avançaram, mas o petróleo inverteu a alta e fechou em baixa. Os juros dos Treasuries avançaram.
Em dia de volume mais fraco, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a etapa regular em 13,36%, de 13,395% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 13,071% para 13,00%. A do DI para janeiro de 2025 encerrou a 12,41%, de 12,465%, e do DI para janeiro de 2027 ficou estável em 12,19%.
Depois das declarações do diretor de Política Monetária, Bruno Serra, ontem terem engordado os prêmios, havia espaço para um ajuste de baixa nos DIs e isso até ocorreu no começo da sessão com a ajuda do IGP-10, que desacelerou fortemente em maio, a 0,10%, de 2,48% em abril. O resultado ficou bem abaixo da mediana das estimativas, de 0,22%. No exterior, o clima de apetite ao risco também ajudava na correção, mas no fim da manhã a trajetória ficou mais confusa, comprometida ainda pelos ajustes relacionados ao leilão do NTN-B.
O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, explica que a menor aversão lá fora, em tese, resultaria num movimento mais firme de devolução de prêmios da curva, até porque o dólar caiu mais de 2%, mas ao mesmo tempo os eventos do dia indicam que o desafio dos bancos centrais pode ser maior no tocante ao combate à inflação. "O alívio das restrições na China sugere desaceleração menor, o que somado aos indicadores norte-americanos, reduzem o risco de recessão, mas também a inflação pode surpreender", disse.
À tarde, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reiterou que o Fed vai continuar apertando sua política monetária até ver sinais claros de arrefecimento dos preços, e avaliou que a economia americana tem condições de passar pelo processo sem tantos choques.
Embora o mercado tenha se convencido de que as altas no juro americano virão em doses de 0,5 ponto, ainda não está claro quanto tempo deve durar o aperto que por lá está só começando. No Brasil, ao contrário, o Copom está já na fase de ajuste fino da Selic, que na visão dos players não deve ir além de 13,5%, reforçada ontem por Bruno Serra, que externou a preferência da autoridade monetária por um período de manutenção mais longo diante do risco de puxar demais.
"Uma última alta de 0,50 ponto e cessam o ciclo para avaliar o desenrolar dos seus efeitos sobre a atividade econômica e os preços. O corolário dessa estratégia é, a priori, uma desinflação mais lenta, um impulso 'menos negativo' sobre o PIB e postergação do ciclo de cortes", disseram os economistas do Banco Original, para quem uma esperança implícita no Copom é que a descompressão dos diferentes choques inflacionários que o mundo vem sofrendo comece a acontecer no futuro próximo.
Na gestão da dívida, o Tesouro fez hoje leilão de NTN-B, praticamente mantendo o volume na casa de 1,1 milhão das semanas anteriores e risco menor para o mercado. Mas, da oferta de 1,150 títulos, vendeu 955.600 papéis, com a maioria das taxas dentro do consenso, segundo a Necton Investimentos.
Em tempo: os servidores do Tesouro decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir da próxima segunda-feira, 23. (Denise Abarca - [email protected])
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Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 12.79
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 12.65
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