INCERTEZA FISCAL GANHA FORÇA À TARDE, BOLSA CAI MAIS DE 2%, COM DÓLAR E JUROS EM ALTA

Blog, Cenário
Depois da margem estreita que garantiu a aprovação da PEC dos Precatórios, em primeiro turno na Câmara, uma série de sinais reforçaram a percepção de que o governo terá dificuldades para passar o texto no segundo turno, também na Câmara, mas principalmente no Senado. Neste último caso, por exemplo, o PSDB na Casa já informou posição contrária à proposta. Diante disso, o cenário de incerteza em relação às contas públicas em 2022 continuou latente, o que motivou uma onda de aversão ao risco que foi ganhando força ao longo do dia, na medida em que os indícios de resistência à PEC iam surgindo. A Bolsa foi o ativo que mais sofreu, pois além do risco fiscal, também teve impacto da queda das ações da Petrobras, depois que a Opep sinalizou aumento gradual de produção e afetou negativamente os preços do petróleo. Bastante descolado dos pares, tanto de Nova York quanto da Europa, o Ibovespa cedeu 2,09%, aos 103.412,09 pontos, no menor nível de encerramento desde 12 de novembro de 2020. Mas câmbio e juros futuros também não escaparam da espiral negativa. No caso do dólar, que chegou a renovar máximas ante o real na reta final dos negócios, houve ainda um movimento global de fortalecimento da moeda, o que a levou a R$ 5,6061 no fechamento por aqui, com valorização de 0,29%. Na renda fixa, depois de uma acomodação durante a manhã, a piora dos demais ativos contaminou os DIs, que terminaram com alta importante nos vencimentos intermediários e longos, enquanto os curtos seguiram precificando um aperto monetário mais intenso em dezembro. Em Wall Street, o pregão foi de movimentações mais estreitas, ainda digerindo a decisão do Fed, mas também à espera do payroll, amanhã, além de reações pontuais à queda do petróleo e à surpresa com a decisão do Banco da Inglaterra, que decidiu manter as taxas de juros, enquanto os analistas esperavam o início do aperto monetário. Nada que impedisse novo recorde de S&P 500 e Nasdaq, enquanto o Dow Jones teve pequena baixa.
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BOLSA A aprovação na madrugada de hoje da PEC dos Precatórios por uma margem de apenas quatro votos em relação ao mínimo exigido para uma emenda constitucional dá uma ideia das dificuldades que o governo enfrentará especialmente quando a proposta chegar ao Senado, onde a resistência tem se mostrado ainda maior. Mesmo com costura política liderada até o último minuto pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foram obtidos apenas 312 votos no primeiro turno, e Lira não levou adiante a disposição de definir o segundo turno na mesma madrugada, como chegou a dizer que faria, no fim da noite de ontem, antes da votação. O afastamento do MDB, que costuma votar com o governo, e a necessidade de aproximação com alguns governadores de oposição (BA, CE e PE) em concessão sobre os precatórios do Fundef, bem como ao PDT para alcançar o mínimo de votos necessários, deixou evidente a desintegração da base aliada, sempre instável desde o começo do governo. Com a aversão ao risco fiscal que não poupa as empresas e setores de maior peso no índice, o Ibovespa acentuou perdas ao longo da tarde, abaixo dos 103 mil pontos. No pior momento, foi aos 102.835,17 pontos (-2,63%), menor nível intradia desde 13 de novembro (102.508,77) de 2020. Assim, na falta de clareza sobre como permanecerá o quadro fiscal em ano eleitoral, o dia foi de pressão sobre os ativos brasileiros, em particular o Ibovespa, que fechou em baixa de 2,09%, a 103.412,09 pontos, menor nível de fechamento desde 12 de novembro (102.507,01), há quase um ano. Nesta quinta-feira, chegou na máxima aos 105.626,72 pontos, com abertura a 105.616,88. O giro foi de R$ 35,7 bilhões na sessão e, na semana, o Ibovespa passa a acumular agora leve perda de 0,09% neste começo de novembro, cedendo 13,11% no ano. Após duas sessões de recuperação parcial nesta semana, o Ibovespa retoma a trajetória negativa vista no intervalo de quatro sessões entre 26 e 29 de outubro, quando colheu duas perdas diárias acima de 2%. "A tendência é o mercado continuar piorando. Mesmo com a votação, o texto é ruim: em dez anos, o rombo de precatórios pode chegar a R$ 1 trilhão. Vai jogando a dívida pra frente e ficando impagável", diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. "Já se fala muito de o Brasil ter nota rebaixada, fora a Selic alta, e com fuga de capital. Tem recessão à frente", acrescenta, apontando que alguns partidos estão criando formas para se evitar a votação da PEC em segundo turno, na terça-feira. "O melhor cenário agora para o Brasil é o menos pior, a aprovação da PEC, embora não tenha o desenho ideal, flexibilize regras fiscais para viabilizar o Auxílio Brasil. Mas o mercado já estava precificado para aprovação dessa PEC. Sem ela, o governo volta à estaca zero, sem o teto e precisando colocar em prática o programa social, o que abriria caminho para prorrogação do auxílio emergencial por medida provisória. Isso elevaria a incerteza do cenário", contrapõe Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. A PEC "talvez seja o mal menor", conclui a economista, ressalvando que a solução encontrada é "uma bomba para o futuro". "A PEC dos Precatórios não tem uma linha sobre pagamento de qualquer auxílio aos mais necessitados. Mas tem um texto inteiro que viabiliza a liberação de R$ 20 bilhões para ser distribuído entre os deputados em época de eleição", disse hoje o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que elogiou a decisão de Ciro Gomes de suspender pré-candidatura à Presidência em 2022 após seu partido, o PDT, ter votado com o governo nesta madrugada na Câmara dos Deputados. Mesmo com a ameaça feita por Ciro, a bancada do PDT disse que manterá o apoio à PEC no segundo turno. "O drible no teto (de gastos) acarreta perda de credibilidade do País, em arranjo visando 2022. Nos próximos anos, até 2026, pode haver um acúmulo de dívidas perto de R$ 170 bilhões. Além da margem para o Auxílio Brasil, há os arranjos para angariar apoio ao governo na disputa (eleitoral)" do próximo ano, observa Everton Medeiros, especialista da Valor Investimentos. Com o foco na política e nas consequências para a situação fiscal, fatores que poderiam ter contribuído positivamente na sessão, como o leilão do 5G, ficaram em segundo plano, em dia também de correção negativa para os preços do petróleo, após a Opep+ ter decidido manter a diretriz de aumento gradual da oferta da commodity. Além de Petrobras (ON -2,95%, PN -3,17%), o dia foi ruim para os grandes bancos (Itaú PN -5,28%, Bradesco PN -6,62%), na sequência do balanço do Itaú, divulgado na noite anterior. "Os bancos mostraram reação negativa ao balanço do Itaú. O CEO (da instituição) vê piora da inadimplência em 2022 e falou em alta do custo do crédito, em entrevista após anunciar lucro recorrente de R$ 6,78 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 35% na comparação anual. O retorno médio sobre o patrimônio subiu para 19,7% no período, de 15,7% um ano antes", observa em nota a Terra Investimentos. Na ponta positiva do Ibovespa, destaque para Getnet (+5,28%), Minerva (+3,68%), Marfrig (+3,60%), JBS (+3,05%) e Raia Drogasil (+1,80%). Na face oposta do índice, Rede D'Or (-8,17%), que também divulgou números trimestrais ontem à noite, Ultrapar (-8,09%), Cogna (-7,96%) e Banco Pan (-7,74%). (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Maria Regina Silva) 17:27 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 103412.09 -2.08754 Máxima 105626.72 +0.01 Mínima 102835.17 -2.63 Volume (R$ Bilhões) 3.56B Volume (US$ Bilhões) 6.37B 17:27 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 104120 -3.054 Máxima 107275 -0.12 Mínima 103535 -3.60 CÂMBIO Após uma manhã de muita volatilidade, o dólar à vista se firmou em alta ao longo da tarde, em meio a sinais de que a PEC dos Precatórios - aprovada ontem com placar apertado na Câmara dos Deputados - pode emperrar no Senado, casa mais refratária ao presidente Jair Bolsonaro. Sem a mudança no cálculo do teto de gastos e a limitação do pagamento de despesas judiciais (os principais pontos da PEC), o governo não tem como fechar as contas de 2022 e pôr em pé o Auxílio Brasil. Não bastassem as incertezas fiscais no front doméstico, alimentadas pelo jogo político entre Congresso e Palácio do Planalto, o real também sofreu com ventos externos desfavoráveis. O DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - operou em forte alta, na casa dos 94,300 pontos, com dados positivos da economia dos EUA e tombo da libra após o Banco da Inglaterra (BoE) manter a taxa de juros em 0,1% ao ano. A moeda americana também deu de lavada na maioria das divisas emergentes, tendo o real apresentado, uma vez mais, as piores perdas. Na abertura dos negócios, o dólar até esboçou ir contra a maré externa, ainda reverberando a aprovação da PEC, e desceu até a mínima de R$ 5,5637. Mas o movimento teve fôlego curto e, à medida que surgiam informações de posicionamento de partidos contrários à proposta, o dólar se fortaleceu. A máxima, a R$ 5,6276, veio já na última hora de negócios, em momento de deterioração mais aguda do Ibovespa. No fim da sessão, a pressão compradora diminuiu e o dólar à vista encerrou em alta de 0,29%, a R$ 5,6061. A despeito do salto hoje, a moeda americana ainda acumula queda de 0,71% nesta semana. O volume transacionado no contrato de dólar futuro para dezembro - principal termômetro pelo apetite por negócios, foi reduzido - o que pode ter exacerbado as pressões sobre a taxa de câmbio. Na avaliação da economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, a aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara teve uma leitura mista por parte do mercado. "Por um lado, o cumprimento de uma etapa trouxe certo alívio. Por outro, o placar apertado sinaliza que as próximas votações podem ser complicadas", afirma a economista. "Por isso, a cautela com o quadro fiscal continua, o que pressiona o dólar". A PEC foi aprovada em primeiro turno na madrugada desta quinta-feira com 312 votos, apenas quatro a mais do que o necessário - e somente após mudanças de última hora no texto. Se a proposta passar ilesa em segundo turno na Câmara e também pelo Senado, vai liberar espaço de US$ 91,6 bilhões no Orçamento de 2022, dando ao governo condições de bancar o Auxílio Brasil e outros gastos em ano de eleição presidencial. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), disse ao Broadcast que os destaques da PEC - previstos inicialmente para serem apreciados ainda hoje - serão votados na próxima terça-feira (9). Ele afirmou que a Câmara convocará sessão na próxima segunda-feira, às 18h, "com efeito administrativo". Na prática, isso significa que parlamentar ausente pode ter o ponto cortado. "Ideia é votar demais projetos na segunda-feira e a PEC [dos Precatórios] na terça-feira", afirmou. Parte da piora do dólar nesta tarde veio em meio à informação, publicada no Broadcast Político, de que a bancada do PSDB no Senado vai se reunir na terça-feira para firmar posição contrária a PEC. Mais cedo, Ciro Gomes - contrariado com o apoio de parte relevante dos deputados de seu partido, o PDT, à proposta - anunciou que sua pré-candidatura à Presidência está suspensa. Especialista da Renova Invest, Nicolas Farto observa que a pressão de Ciro Gomes, aparentemente, faz efeitos sobre a bancada do PDT e parte dos votos favoráveis a PEC no primeiro turno pode ser revertida, o que coloca em xeque a aprovação da proposta em segundo turno na Câmara. "Se a PEC não for aprovada, será que a coisa não vai ser resolvida numa canetada, com extensão de pagamento de auxílio? Isso pode comprometer ainda mais a questão fiscal", afirma Farto, ressaltando que a incerteza limita o fluxo de recursos para o Brasil, apesar da perspectiva de altas mais fortes da Selic. Quartaroli, do Banco Ourinvest, observa que o "imbróglio fiscal" acaba ofuscando o potencial efeito positivo sobre o real de um aumento do diferencial de juros interno e externo, na esteira da sinalização do Federal Reserve de que os juros não serão elevados tão cedo e da possibilidade de taxa Selic em dois dígitos chancelada pelo tom duro da ata do Copom. Ontem, o Fed anunciou o início do 'tapering', com redução de US$ 15 bilhões na compra de títulos. O presidente da instituição, Jerome Powell, afirmou que há espaço para ser paciente com a taxa de juros. "Por mais que essas duas medidas pudessem ser positivas para o comportamento da nossa moeda, como a gente viu ontem, o imbróglio fiscal acaba predominando [na formação da taxa de câmbio]", afirma. Entre os indicadores do dia, o Banco Central informou hoje à tarde que o fluxo cambial na semana passada (de 25 a 29) foi positivo em US$ 977 milhões, graças à entrada líquida de US$ 1,988 bilhão pelo canal financeiro. No acumulado do mês, o saldo é positivo em US$ US$ 766 milhões - com entrada de US$ 3,119 bilhões do lado financeiro e saídas de US$ 2,353 bilhões via comércio exterior. Na B3, o dólar futuro para dezembro era negociado a R$ 5,6345, em alta de 0,97%, com giro na casa de US$ 11,5 bilhões. (Antonio Perez - [email protected]) 17:27 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.60610 0.2934 5.62760 5.56370 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5630.500 0.89598 5654.000 5583.500 DOLAR COMERCIAL 5655.357 21/10 JUROS O mau humor dos mercados cresceu no período da tarde e contaminou os juros futuros, que se firmaram em alta nos vértices de médio e longo prazos, enquanto os de curto prazo zeraram a queda, com a curva ganhando inclinação. As preocupações com o futuro da PEC dos Precatórios, aprovada ontem em primeiro turno na Câmara, se acentuaram ao longo do dia com os sinais de dificuldades que o governo terá nas próximas fases de tramitação. O dólar em alta global também ajudou a pressionar a curva. O desempenho poderia ter sido ainda pior, caso o Tesouro não tivesse optado por mais uma vez reduzir a oferta de prefixados no leilão. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,095%, de 12,106% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 12,036% para 12,17%. A do DI para janeiro de 2027 encerrou em 12,19%, de 12,043%. Pela manhã, as taxas alternaram altas e baixas, com o mercado digerindo a aprovação da PEC. Nas primeiras horas, prevaleceu a leitura de que o texto, enfim, avançou e a curva chegou a devolver prêmios. O economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, explicou que desde ontem o mercado já reagia um pouco melhor a esta possibilidade, tanto no pré quanto no câmbio, com o BC também sinalizando que pode fazer mais pela frente. "No curto prazo, a deterioração parece contida." A proposta abre espaço de R$ 91,6 bilhões no Orçamento de 2022 para pagamento do Auxílio Brasil e outros gastos, um ano antes da eleição presidencial. De imediato, foram relevados os riscos de novas alterações no texto e mesmo a mensagem emitida pelo placar apertado - margem de apenas quatro votos. Mas durante o dia foi ficando claro o quanto os "esforços" terão de ser redobrados. Apenas o texto base foi aprovado. Ainda têm de passar os destaques, que devem ser votados na terça-feira (9), para então a matéria ser votada em segundo turno na Câmara e depois seguir para o Senado. O PSB e o PDT ameaçam convencer os deputados da bancada que votaram a favor a mudarem de voto. No Senado, a bancada do PSDB firmou posição contra a PEC. Há dúvidas sobre o quanto de tudo isso é só um jogo de cena, mas é fato que abre espaço a negociações que piorem ainda mais o cenário de despesas. "O mercado passou a sentir a dificuldade que o texto terá para avançar, na dúvida sobre o quanto os partidos querem vender caro o seu apoio ou se é mesmo convicção", disse o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier. Para o economista-chefe da Guide Investimentos, João Maurício Rosal, o futuro da PEC é incerto, considerando a votação apertada e faltando ainda destaques, segundo turno e Senado. "A aprovação não garantiu muita visibilidade sobre o que terá de ser negociado ainda mais a frente. E o debate quanto aos invisíveis ainda não parece finalizado. Ou seja, o cenário ainda está nublado", avaliou. Os "drivers" globais hoje também não ajudaram a curva, com o dólar em alta generalizada ante emergentes, mesmo com o petróleo em baixa, e o real adicionalmente penalizado pelos fatores internos. A moeda americana no segmento a vista fechou em alta de 0,29%, a R$ 5,6061. O Tesouro deu sua contribuição com oferta módica de prefixados, vendida integralmente: 450 mil LTN e 100 mil NTN-F. Talvez como forma de limitar efeitos de alguma turbulência na abertura relacionada à PEC, a instituição voltou a antecipar a divulgação dos lotes para antes das 9h. A produção industrial de setembro caiu 0,4% na margem, em linha com a mediana das estimativas, e, assim, ficou em segundo plano para o mercado de juros. Mas não deixa de reforçar um cenário muito complicado para a atividade nos próximos meses, ainda mais com a previsão de um aperto monetário agressivo pelo Banco Central. De acordo com o Projeções Broadcast, o resultado da indústria em setembro deixou carrego estatístico de queda de 0,47% para o setor no quarto trimestre do ano. (Denise Abarca - [email protected]) 17:04 Operação   Último CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 7.85 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 7.65 Over Selic (%a.a) 7.65 MERCADOS INTERNACIONAIS À espera do payroll dos Estados Unidos de outubro que será publicado amanhã, os mercados tiveram movimentações tímidas durante a tarde. O presidente americano, Joe Biden, celebrou a queda nos pedidos de auxílio-desemprego semanais divulgada hoje, e disse que houve progresso "forte" na economia local. Em uma das grandes preocupações para o atual quadro, a disparada dos preços do petróleo, o barril inverteu o sinal pelo qual vinha operando, e terminou o dia com baixas, em sessão marcada pela decisão da Opep+ de manter o ritmo atual de aumento da oferta. O movimento teve impacto do câmbio, com o dólar se valorizando ante rivais, especialmente a libra, pressionada pela decisão do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) de manter os juros. Já os rendimentos dos Treasuries operaram em queda, depois de subirem ontem acompanhando a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed). Nas bolsas de Nova York, o quadro foi misto, mas o S&P 500 e o Nasdaq renovaram recordes históricos no fechamento. Os EUA geraram de 300 mil a 680 mil empregos em outubro, de acordo com as estimativas de 26 analistas consultados pelo Projeções Broadcast. A mediana da previsões é de 400 mil novos postos. Caso se confirme, o resultado representará um avanço na geração de vagas, após as 194 mil criadas em setembro. Segundo a Capital Economics, a escassez de mão de obra ainda é a maior restrição ao crescimento do emprego nos EUA. "Recentemente, houve um aumento marcante na atividade de greve, enquanto os exigências de vacinação também podem estar empurrando os trabalhadores para fora da força de trabalho", diz a consultoria, que estima geração de 300 mil postos. O país passará a exigir vacinação e a realização de testes semanais para detecção do vírus a partir de 4 de janeiro. Os pedidos do benefício a desempregados tiveram uma redução de 14 mil na semana encerrada em 30 de outubro, a 269 mil. "O número de novos pedidos caiu agora para o nível mais baixo desde o início da pandemia", frisou Biden. O mercado observa com atenção as potenciais implicações do payroll na postura do Fed, e um relatório forte da folha de pagamento provavelmente reforçará a precificação no mercado de que a autoridade deixará a inflação seguir em uma nível alto sem reação, aponta o TD Securities. Com isso, os Treasuries se recuperaram "com notável grau de convicção hoje, levando a uma queda nos rendimentos, algo atípico para uma sessão pré-payroll, aponta a BMO Markets. Por sua vez, o principal tema até aqui não foram os empregos, mas a política monetária, lembra a consultoria. Ao final da tarde, o retorno da T-note de 2 anos baixava a 0,406%, o da T-note de 10 anos, a 1,512% e o da T-bond de 30 anos, a 1,958%. Já o dólar operou em alta ante a maioria dos rivais, com destaque para a libra, que sofreu forte queda após os dirigentes do BoE votarem 7-2 para manter as taxas de juros inalteradas. Ainda assim, segundo a Western Union, o BC britânico ainda pode se tornar o primeiro entre os principais do G7 a elevar as taxas, uma vez que afirmou que os juros poderiam aumentar "nos próximos meses" se a recuperação se desenrolar como esperado. Ao fim da tarde, a divisa britânica recuava a US$ 1,3504, enquanto o euro cedia a US$ 1,1558, tocando a mínima em 2021, o que a Western Union atribui a uma série de indicadores na região. Com isso, o índice DXY - que mede o dólar ante uma cesta de seis rivais fortes - avançou 0,51%, aos 94,347 pontos. O câmbio ajudou a pressionar o petróleo, em dia no qual a Opep+ confirmou a expectativa e informou que elevará a oferta em 400 mil barris por dia (bpd) em dezembro, reafirmando acordo anterior sobre o assunto, mesmo após os EUA terem pressionado por uma alta maior a fim de conter os preços. Para a Capital Economics, a aliança não deve ter pressa em adicionar mais petróleo ao mercado, sendo beneficiada com os níveis atuais. O petróleo WTI para dezembro fechou em baixa de 2,54% (-US$ 2,05), em US$ 78,81 o barril, e o Brent para janeiro caiu 1,77% (-US$ 1,45), a US$ 80,54 o barril. Nos mercados acionários, a decisão do BOE deu fôlego às bolsas da Europa, com todas as principais fechando em alta. Em Londres, o FTSE 100 subiu 0,43%, enquanto o DAX teve alta de 0,44% em Frankfurt. Em Nova York, também avançou o S&P 500, 0,42% e o Nasdaq, 0,81%. Por sua vez, o Dow Jones teve queda de 0,09%. Um dos grandes destaques do dia foram as ações da Moderna, que despencaram 17,89%, em dia que contou com publicação de resultados da empresa. (Matheus Andrade - [email protected])
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