IBOVESPA TEM AJUDA DE COMMODITIES, CONTRARIA NY E VOLTA A 100 MIL PTS

Blog, Cenário

A forte alta das commodities, impulsionadas pela perspectiva de retomada da economia chinesa após sinais de controle no mais recente surto de Covid, inverteu a lógica recente dos mercados e fez o Ibovespa subir e se descolar de Nova York, onde os principais índices caíram. Com o avanço do minério de ferro e do petróleo, as ações desses setores tiveram bastante destaque, especialmente Vale e Petrobras. Nesse último caso, também ajudou o fim das incertezas sobre o novo presidente da empresa, após o nome de Caio Paes de Andrade ser confirmado para o cargo, e uma recomendação de compra por parte do Itaú BBA. Assim, mesmo com a cautela em relação à política fiscal pairando sobre as mesas, a bolsa brasileira teve o maior avanço porcentual desde março, ao subir 2,12%, para 100.763,60 pontos. Esse comportamento da renda variável somado ao enfraquecimento do dólar ante diversas moedas, inclusive por causa do avanço das matérias-primas, garantiu um dia de ganhos para o real, ainda que discretos. Assim, após alguma volatilidade no começo do pregão, a moeda dos EUA terminou com desvalorização de 0,35%, a R$ 5,2344. Enquanto isso, lá fora continua o temor sobre uma possível recessão em grandes economias, o que abriu espaço para uma correção em baixa em Nova York, após os ganhos da semana anterior. Ao mesmo tempo, diante de alguns indicadores positivos nos EUA, os yields dos Treasuries subiram, o que acabou se refletindo no viés de alta para a curva de juros brasileira. Por aqui, além do movimento dos títulos norte-americanos, segue pesando as incertezas em relação aos gastos que o governo pode fazer para reduzir a insatisfação de diversos setores, inclusive o dos caminhoneiros.

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•CÂMBIO

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•JUROS

BOLSA

Mesmo com o sinal negativo em Nova York, o Ibovespa iniciou esta última semana do mês com retomada dos 100 mil pontos, marca que havia sido cedida no fechamento do último dia 17. Assim, o índice da B3 tenta se distanciar dos menores níveis desde novembro de 2020, hoje em alta de 2,12%, a 100.763,60 pontos, o maior avanço em porcentual desde 9 de março passado (+2,43%). Foi o segundo ganho consecutivo da referência, entre mínima de 98.672,44 e máxima de 101.106,14 pontos nesta segunda-feira, saindo de abertura a 98.672,99. Ainda enfraquecido, o giro financeiro ficou em R$ 21,7 bilhões. No mês, o Ibovespa cede 9,51% e, no ano, 3,87%.

Na sessão, a recuperação se disseminou pelas ações e os segmentos de maior peso no índice, em especial o setor de commodities (Petrobras ON +6,75%, PN +6,43%; Vale ON +4,60%), com novos sinais de retomada de atividades em Xangai, principal centro comercial e financeiro da China. O dia foi também positivo para os grandes bancos (BB ON +2,06%, Unit do Santander +1,80%) e para a siderurgia (CSN ON +3,10%, Usiminas PNA +3,12%).

No começo da tarde, a Petrobras anunciou que o conselho de administração, por 7 votos a 3, aprovou Caio Paes de Andrade para a presidência da empresa. Ele também foi aprovado para integrar o conselho. Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, votaram a favor de Paes de Andrade os cinco conselheiros da União e dois representantes de acionistas minoritários. Outros três conselheiros votaram contrariamente: dois minoritários e a conselheira que representa os funcionários, Rosangela Buzanelli.

Na ponta do Ibovespa na sessão, além de Petrobras ON e PN, destaque também para 3R Petroleum (+6,41%), Eneva (+5,78%) e PetroRio (+5,29%), com as empresas de energia também favorecidas pelos ganhos da commodity na sessão, em que o Brent voltou à casa de US$ 115 por barril. No lado oposto, Méliuz (-5,56%), IRB (-5,35%) e Azul (-5,33%).

“O mercado reagiu positivamente às notícias do fim de semana, com a China diminuindo restrições (associadas à Covid-19), o que animou os mercados de commodities, como o minério de ferro, ajudando Vale, cujas ações haviam sofrido bastante nos últimos dias. Depois da preocupação (com o aumento do número de casos na China), vem o efeito na direção oposta, com a reabertura da economia e a população voltando a circular mais”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, destacando o desempenho da Petrobras “na toada da melhora do humor global”, e espelhando também a definição sobre o comando da estatal.

Em relatório divulgado nesta tarde, o Citi avalia que a aprovação do conselho ao nome de Caio Paes de Andrade tem impacto neutro para a companhia. Os analistas Gabriel Barra, Joaquim Alves Atie e Andrés Cardona não esperam "mudanças materiais na política de preços da empresa no curto prazo, nem em sua estratégia de longo prazo".

Em outro importante desdobramento no setor, hoje, além de São Paulo, o Estado de Goiás anunciou a redução do ICMS sobre combustíveis, o que, na prática, divide a frente única de unidades da federação que pretendia levar a questão para deliberação da Justiça. Pela manhã, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, anunciou que o Estado está aplicando imediatamente a redução da alíquota de ICMS da gasolina, de 25% para 18%, após o presidente Jair Bolsonaro sancionar, na sexta-feira, o teto na cobrança do imposto estadual sobre os combustíveis.

À tarde, Goiás publicou redução, a 17%, da alíquota de ICMS sobre gasolina, querosene de aviação e etanol, bem como sobre as tarifas de energia e comunicação - e a incidente sobre o diesel caiu de 16% para 14% no Estado, com alteração do cálculo até 31 de dezembro.

“A decisão de estados sobre o ICMS foi importante porque ajuda a moderar parte dos temores associados à inflação, no momento em que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pauta, para quarta-feira, a votação da PEC dos Combustíveis. Ambos os movimentos do dia se alinham bem à indicação do BC de que o ciclo de elevação de juros, por aqui, possa estar perto de conclusão. Além disso, a substituição na Petrobras, com Paes de Andrade mais alinhado ao governo, pode contribuir também para a redução de ruídos. E tudo num dia em que o sentimento positivo começou na Ásia, com Xangai reportando apenas 100 novos casos de Covid, o que não ocorria há dois meses”, diz Felipe Moura, analista da Finacap Investimentos.

Em sessão na qual o desempenho do Ibovespa foi impulsionado pelo índice de materiais, Moura destaca também a recuperação de preços do minério de ferro em meio a recomposição dos estoques da siderurgia chinesa, favorecida agora pela reabertura da economia - em momento importante, no qual sazonalmente a atividade de construção civil tende a diminuir no país asiático, na época de chuvas. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 100763.60 2.11948

Máxima 101106.14 +2.47

Mínima 98672.44 0.00

Volume (R$ Bilhões) 2.16B

Volume (US$ Bilhões) 4.16B

17:32

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 102520 1.9998

Máxima 102795 +2.27

Mínima 100675 +0.16

CÂMBIO

Depois de uma manhã de volatilidade, o dólar à vista se firmou em baixa ao longo da tarde e encerrou a sessão desta segunda-feira (27) em queda de 0,35%, cotado a R$ 5,2344. Sem indicadores domésticos de peso, o mercado trabalhou ao sabor do comportamento da moeda americana no exterior, de fluxos pontuais (financeiros e comerciais) e de ajustes de posições no mercado futuro, em semana marcada pela definição da última Ptax de junho. Na máxima, na primeira hora de negócios, o dólar varou o teto de R$ 5,25 e correu até R$ 5,2756. Com sucessivas mínimas no início da tarde, desceu até R$ 5,2027.

Segundo operadores, a retomada do apetite por ativos ligados a commodities com sinais de reabertura da economia chinesa após surto recente de Covid-19 acabou se sobrepondo ao aumento da percepção de risco fiscal doméstico, em grande parte já incorporado aos preços dos ativos. O minério de ferro subiu 4,17% no porto chinês de Qingdao e o Banco do Povo da China (PBoC), na sigla em inglês) prometeu seguir com política monetária frouxa para apoiar a economia. Além disso, comenta-se que a perda de fôlego da moeda americana frente a pares fortes abriu espaço para uma realização de lucros e desmonte de posições defensivas. O dólar vem de quatro semanas seguidas de alta ante o real - período em que saltou do patamar de R$ 4,80 para mais de R$ 5,20 - e marca valorização superior a 10% no mês.

"Existe muito receio com a desaceleração da economia global. Esse sinal positivo da China melhora o ambiente para commodities e acaba se refletindo na taxa de câmbio", afirma o diretor de produtos câmbio da Venice Investimentos, André Rolha. "O real foi muito castigado pela questão do risco fiscal com o pacote de bondades do governo. Os ataques à Petrobras também machucaram bastante o sentimento do investidor."

A novela na troca de comando da Petrobras teve mais um capítulo hoje à tarde com a aprovação, pelo Conselho de Administração da empresa, do nome de Caio Mario de Andrade, egresso da equipe econômica do ministro Paulo Guedes, para a presidência. No campo fiscal, o relator da PEC dos Combustíveis, senador Fernando Bezerra (MDB), adiou a apresentação de seu parecer para amanhã (28), às 11h. Apelidado de "pacote do desespero" nos bastidores, a PEC traz ampliação do Auxílio Brasil (de R$ 400 para R$ 600), aumento do vale gás e voucher de R$ 1 mil para caminhoneiros - medidas com impacto fiscal estimado em R$ 34,8 bilhões fora do teto de gastos.

Estados como São Paulo e Goiás anunciaram redução do ICMS sobre combustíveis, na esteira da sanção pelo presidente Bolsonaro, na sexta-feira, de lei que estabelece teto para a cobrança do imposto estadual sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte. A redução tributária tem mão dupla: traz alívio na inflação deste ano, mas pode comprometer a arrecadação de Estados e, por tabela, as contas públicas.

Para o diretor da Venice, a chamada questão fiscal deve continuar a permear os negócios no mercado de câmbio e pode exacerbar a volatilidade à medida que as eleições presidenciais se aproximem. Ele trabalha com uma faixa ampla para oscilação do dólar nas próximas semanas (entre R$ 4,95 e R$ 5,25), dado o grau de incertezas aqui e no exterior. "Não acredito que os ativos estejam precificando 100% o período eleitoral, mas acho que o real pode vir para R$ 5 no curto prazo. Temos os fundamentos das commodities e a taxa de juros pode subir mais e se aproximar de 14%, o que estimula o carry trade", diz.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - trabalhou em queda, abaixo dos 104,000 pontos, sobretudo em razão de perdas frente ao euro. Mesmo assim, segue no maior patamar em 20 anos. O dólar apresentou desempenho misto na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, subindo frente a pares do real como peso mexicano e o rand sul-africano.

O Citi avalia, em relatório, que o quadro global está se tornando cada vez mais desafiador para a moeda brasileira. Por ora, os preços "ainda elevados" impedem uma depreciação mais significativa da taxa de câmbio. Contudo, alerta o Citi, quanto mais os países desenvolvidos avançarem no aperto monetário, "menos amigável" fica o ambiente para o real. "Perspectivas de preços de commodities mais baixos à frente podem exacerbar esse impacto. Adicionalmente, as incertezas ligadas à política fiscal podem aumentar à medida nos aproximamos da eleição presidencial", afirma o Citi que trabalha com taxa de cambio de R$ 5,25 no fim do ano. (Antonio Perez - [email protected])

17:32

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.23440 -0.3484 5.27560 5.20270

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5244.500 -0.18081 5283.500 5210.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5279.000 -0.79865 5299.000 5269.000

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os contratos do petróleo operaram com certa volatilidade nesta sessão, mas fecharam o dia em alta. Operadores avaliam a proposta do G7 de limitar os preços de importação do petróleo russo, além dos interesses da França em reinserir Irã e Venezuela ao mercado da commodity. As negociações ocorrem às vésperas da reunião ministerial da Organização de Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+). Paralelamente, as preocupações sobre possível recessão em grandes economias permanece e pesa nas escolhas de investidores. As bolsas de Nova York caíram, enquanto os juros dos Treasuries avançaram. O dólar ficou misto ante rivais, mas o índice DXY recuou.

Líderes do G7 se reúnem na cidade de Schloss Emau, na Alemanha, nesta semana. A Casa Branca confirmou que o grupo propõe um mecanismo para limitar o preço global das importações de petróleo russo. No entanto, o Commerzbank observa que os sete Estados-membros já não estão comprando a commodity russa de todo modo, ou ao menos pretendem fazê-lo em breve. Além disso, é questionável se as potências conseguiriam fazer com que países como China e Índia também imponham tal sanção à Rússia para que a medida seja de fato mundial, nota o banco alemão. Hoje, os líderes reforçaram seu comprometimento em acelerar a transição energética "limpa e justa", conforme comunicado do G7.

Os debates ocorrem dias antes do encontro da Opep+, na próxima quinta-feira. Para o Commerzbank, a organização deve manter o plano traçado de oferta para o próximo mês, com aumento gradual. Dado o aperto no fornecimento de petróleo, a França quer que o Irã e a Venezuela, que estão sob sanções, retornem ao mercado de petróleo, de acordo com reportagem da Reuters. Autoridade de Paris disse ainda que defende um mecanismo para limitar os preços da commodity de forma ampla, não só a produzida pela Rússia.

Depois de sessão volátil, o petróleo WTI para agosto fechou em alta de 1,81% (US$ 1,95), a US$ 109,57 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para setembro subiu US$ 1,72 (US$ 1,88) a US$ 110,98 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Maiores alívios nas restrições contra a covid-19 na China também foram acompanhados.

As negociações ainda foram permeadas pelas preocupações quanto ao crescimento econômico ao redor do globo. Hoje, por exemplo, a S&P Global Ratings cortou as projeções para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro para 2022, de 2,7% a 2,6%, e para 2023, de 2,2% a 1,9%. Nos EUA, por sua vez, indicadores econômicos divulgados hoje vieram acima do esperado pelo mercado: as vendas pendentes de imóveis subiram 0,7% em maio, contrariando expectativa de queda, assim como as encomendas de bens duráveis, acima da previsão de alta.

Analista da Oanda, Edward Moya afirma que ainda que seja uma única leitura, o dado de bens duráveis sugere que a economia ainda está avançando e provavelmente poderia tolerar mais aumentos nos juros pelo Federal Reserve (Fed) do que os que estão sendo precificados. "As ações não têm como ganhar agora. Ou os dados econômicos suavizam e a economia está muito mais fraca do que pensávamos ou leituras robustas abrem caminho para o Fed ser mais agressivo com sua luta contra a inflação."

No fechamento, o Dow Jones caiu 0,20%, a 31438,26 pontos, o S&P 500 recuou 0,30%, a 3900,11 pontos, e o Nasdaq perdeu 0,79%, a 11516,24 pontos. Próximo ao horário, o juro da T-note de 2 anos subia a 3,110%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,199% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,316%.

Já no câmbio, o euro subia a US$ 1,0589 e a libra, a US$ 1,2278, enquanto o dólar tinha alta a 135,41 ienes. O índice DXY, por sua vez, que mede a divisa americana frente seis rivais, fechou com baixa de 0,24%, a 103,939 pontos. Na avaliação do BBH, por enquanto, o período de consolidação do dólar continua, mas quando "tudo estiver dito e feito", a economia dos EUA deve se mostrar mais resiliente do que o resto dos mercados desenvolvidos, o que levará ao fortalecimento contínuo do dólar, espera o banco. (Ilana Cardial - [email protected])

JUROS

O mercado de juros começou a semana de lado, com oscilações restritas ao longo de toda a curva durante a sessão regular, tendo no fechamento prevalecido alta moderada. Pesou mais o ambiente internacional, com os poucos fatores domésticos do dia deixados em segundo plano. Dados de atividade nos Estados Unidos acima do consenso amenizaram um pouco a percepção de risco de recessão e pressionaram para cima a curva dos Treasuries, enquanto a proposta do G-7 para o petróleo russo deu impulso à commodity. Por outro lado, a queda do dólar fez o contraponto.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou a sessão regular em 13,665%, de 13,644% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 13,25% para 13,31%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 12,555%, de 12,519%, e o DI para janeiro de 2027, com taxa de 12,51%, de 12,459%.

No geral, a sessão foi descrita como fraca pelos players, com agenda local esvaziada e expectativa pelas definições da área fiscal, o que se pode notar pelo giro abaixo do padrão. O DI para janeiro de 2023, normalmente o mais líquido, movimentou 279,3 mil contratos no fim da etapa regular, cerca de metade do giro padrão diário dos últimos 30 dias, de 557.290.

As encomendas de bens duráveis nos EUA subiram 0,7% em maio, bem acima da mediana das expectativas de 0,2%, enquanto as vendas pendentes de imóveis cresceram também 0,7% em maio, ante consenso de queda de 4,0%, reforçando o discurso do Federal Reserve de que a economia está preparada para aguentar o processo de aperto monetário. "Isso vale para hoje, amanhã já não se sabe", pondera Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho. Para ele, os dados americanos melhores do que o esperado favorecem economias emergentes via câmbio. "Por isso, a ponta longa da curva oscilou mais perto da estabilidade durante o dia", disse.

Internamente, os Estados começam a se mobilizar para reduzir o ICMS de combustíveis, mas os anúncios dos governos de São Paulo e Goiás nesta segunda-feira não foram capazes de gerar reações na curva, até porque o mercado sabe que o alívio na inflação será devolvido em 2023. Além disso, a medida vai piorar a situação fiscal dos governos regionais.

O governo de São Paulo disse que vai reduzir imediatamente a alíquota de ICMS da gasolina de 25% para 18%, o que representa renúncia de R$ 4,4 bilhões. Goiás informou adesão à tributação de 17% de alíquota de ICMS para etanol, gasolina, querosene aviação, energia elétrica e serviços de comunicação, com impacto fiscal de R$ 3 bilhões. No caso do óleo diesel, a redução do ICMS foi de 16% para 14%.

Enquanto isso, o relatório da PEC dos Combustíveis, que seria apresentado hoje, ficou para amanhã. Depois do aumento de R$ 200 do Auxílio Brasil, do vale-gás e inclusão do Bolsa-Caminhoneiro de R$ 1 mil, o relator, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), negocia incluir subsídio para garantir gratuidade a passageiros idosos nos transportes públicos urbanos e metropolitanos. Essa medida, que valeria até o fim do ano, deve ter um custo de aproximadamente R$ 2,5 bilhões fora do teto de gastos. Na sexta-feira, Bezerra tinha informado que o pacote de benefícios sociais da PEC deve ter impacto fiscal de R$ 34,8 bilhões fora do teto.

O Citi alerta, em relatório, que o contínuo relaxamento fiscal ameaça a previsão de que a Selic tenha apenas mais uma elevação de 0,5 ponto porcentual, terminando o ciclo em 13,75%. "A flexibilização tem implicações ambíguas no médio prazo, pois aliviaria as expectativas de inflação, mas aumentaria a demanda", afirmam os economistas. Na medida em que o Copom indicou, segundo a instituição, claramente uma postura mais hawkish quanto a isso, o que, combinado às estimativas de inflação acima da meta em 2023, traz riscos crescentes de extensão do ciclo. "Os riscos são claramente para taxas mais altas", disseram.

Nesta manhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, citou o componente fiscal como um dos fatores de aceleração da inflação. "Temos algumas medidas desenhadas pelo governo que precisamos entender qual é o impacto no processo inflacionário, ainda não está claro", disse, em participação do Fórum Jurídico de Lisboa.

Ele lembrou ainda que, ao contrário dos últimos anos, a inflação brasileira está abaixo da mediana do mundo desenvolvido. "Há um componente global muito forte [da inflação]", disse. Entre esses componentes estão os preços do petróleo, que hoje voltaram a subir, com possibilidade de que o G-7 atue para fixar um preço máximo para o petróleo da Rússia. O barril tipo Brent fechou a US$ 110,98 o barril para setembro. (Denise Abarca - [email protected])

17:30

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