IBOVESPA ENGATA 3ª ALTA, DÓLAR E DIS TÊM QUEDA EM DIA SEM NY COM EUROPA NO VERMELHO

Blog, Cenário

O Ibovespa engatou o terceiro pregão consecutivo de alta, acumulando ganhos de 2,45% em setembro, ainda que na contramão das bolsas na Europa, que encerraram o dia majoritariamente no negativo diante de incertezas a respeito do impacto da crise energética e a extensão de seus efeitos sobre a economia daquele continente. Sem a referência e a liquidez de Nova York, onde foi feriado, a Bolsa fechou aos 112.203,35 pontos, alta de 1,21%, pegando carona desde o início da sessão na alta do minério de ferro, impulsionado pelos estímulos dados por Pequim. Não fosse pelo ruído interno sobre a troca na diretoria da estatal, que pesou negativamente na maior parte da sessão, Petrobras teria dado maior contribuição espelhando a alta do petróleo, que fechou acima de 2% no mercado internacional diante do anúncio de corte de produção pela Opep+. O dólar voltou a testar o nível de R$ 5,15 com relatos de ingresso de fluxo comercial e movimento de ajustes e realização de lucros. No exterior, o euro tocou o menor nível em quase 20 anos na comparação com o dólar e impulsionou o índice DXY. Já a libra também caiu ante a divisa americana, mas o movimento desacelerou após Liz Truss ser confirmada como nova primeira-ministra do Reino Unido. Na América Latina, o peso chileno reverteu os ganhos vistos mais cedo, atribuídos ao fato de a população chilena ter rejeitado, em referendo, uma nova Constituição. Já as taxas de juros futuros mostraram viés de baixa na maior parte da sessão, com o cenário positivo para a inflação no curto prazo, em mais uma rodada de queda nas medianas de IPCA 2022 e 2023 no Boletim Focus, ajudando a proteger a curva do mau humor no exterior.

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

BOLSA

Mesmo sem a referência de Nova York na sessão, pelo feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos, o Ibovespa e o câmbio continuaram a refletir um descolamento benigno do Brasil de fatores de risco externo, que punem neste momento em especial os ativos europeus, com a aproximação do inverno no Hemisfério Norte em meio a incertezas tanto sobre o custo como sobre o nível de abastecimento de gás natural no velho continente. Hoje, a referência da B3 emendou o terceiro ganho em uma largada de setembro até aqui sem revés.

Entre mínima de 110.864,76 e máxima de 112.671,39 pontos, o índice fechou em alta de 1,21%, aos 112.203,35 pontos, saindo de abertura aos 110.867,93 pontos. Muito enfraquecido pelo feriado em Nova York, o giro financeiro ficou em R$ 19,4 bilhões na sessão. Em setembro, o Ibovespa avança 2,45%, colocando os ganhos do ano a 7,04%. No câmbio, o dólar fechou hoje em baixa de 0,59%, a R$ 5,1540, com mínima a R$ 5,1507 nesta segunda-feira.

O desempenho das ações de commodities como petróleo e minério de ferro, em recuperação parcial de preços nesta segunda-feira, foi fundamental para que o Ibovespa subisse na abertura da semana. Ao fim, contudo, Petrobras refugou ao fechar em baixa de 0,21% (ON) e de 0,27% (PN), após ter chegado a se alinhar, ainda que a uma grande distância, ao sinal de retomada do Brent na sessão, em alta de quase 3% em Londres, a US$ 95,75 por barril para novembro. A Opep+ informou nesta segunda-feira corte de 100 mil barris por dia na oferta da commodity, na contramão da pressão ocidental por aumento de fornecimento.

“Enquanto uns sofrem, outros comemoram. O Ibovespa hoje foi fortemente beneficiado pelo mesmo fator que preocupa mercados europeus: a oferta limitada de commodities”, observa Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos, destacando o desempenho do segmento de materiais básicos na B3 nesta segunda-feira, com o IMAT em alta de 1,97% no fechamento. O dia também foi positivo para as ações com exposição à economia doméstica, com o índice de consumo (ICON) em alta de 0,94%.

Lá fora, o corte de oferta de petróleo vem em momento de muita cautela no mercado de energia, com novas interrupções no fornecimento de gás russo à Europa. A perspectiva de temperaturas mais baixas já em outubro, com o outono, traz pressão adicional sobre a inflação no continente. “Esta nova onda pode contribuir para a curva da inflação ao consumidor continuar em linha crescente no gráfico, com raízes no preço do gás natural, em disparada desde o início do ano”, diz Rodrigo Simões, professor da FAC-SP especializado em economia e finanças, referindo-se aos efeitos da invasão da Ucrânia pela Rússia sobre o setor de energia.

“A zona do euro tem cenário desafiador nos próximos meses para tentar controlar este jogo de xadrez: uma combinação dura de inflação com subida de taxa de juros e diminuição da atividade econômica”, acrescenta Simões. Assim, nesta segunda-feira, o sinal foi majoritariamente negativo especialmente no horário de negócios na Europa, onde as perdas nas principais praças chegaram a 2,22% (DAX, de Frankfurt).

“Houve estresse grande na Europa num dia que era pra ser tranquilo com o feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos. O anúncio da Gazprom, da Rússia, de interromper o fluxo do Nordstream, que começou ainda na quinta, sexta-feira com alegação de motivos técnicos, de vazamentos, vem agora com alegação de que, se não tirarem as sanções, não mandarão o gás”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

“Semana importante para a Europa com a decisão sobre juros do BCE (Banco Central Europeu), em que o mercado está dividido entre um aumento de 0,50 ou de 0,75 ponto porcentual para esta reunião, no momento em que o continente parece caminhar para uma recessão. As notícias de seca, de que seria a maior em 500 anos, também estão muito fortes”, acrescenta o economista.

No domingo, a Alemanha, maior economia do bloco, anunciou um pacote de iniciativas para mitigar os efeitos da escalada dos custos de energia para os consumidores, mas o plano foi considerado curto demais pelo mercado. "Embora o pacote (de 65 bilhões de euros) traga algum alívio para os financeiramente mais fracos, é duvidoso que seja suficiente para compensar totalmente o impacto das contas de energia mais altas”, aponta o ING, acrescentando que 65 bilhões de euros são menos de 2% do PIB alemão. “O estímulo fiscal alemão durante a pandemia, excluindo garantias, totalizou cerca de 15% do PIB", acrescenta o banco, em relatório a clientes.

Na B3, o desempenho positivo foi assegurado hoje pelo setor de mineração e siderurgia, com Vale à frente (ON +3,66%), ainda em patamar de preço muito depreciado, a R$ 65 a ação, acumulando perda de quase 9% no ano. Hoje, a alta de cerca de 4% para o minério de ferro na China (Dalian), embora ainda abaixo de US$ 100 por tonelada, contribuiu para o avanço das ações do setor, com destaque também para Gerdau (PN +1,45%) e CSN (ON +2,01%). Os grandes bancos foram outro ponto favorável do dia, com ganhos até 1,62% (Itaú PN), à exceção de BB (ON -2,12%).

Na ponta do Ibovespa nesta segunda-feira, Pão de Açúcar (+9,72%), PetroRio (+6,45%), Sul América (+3,77%) e Vale (+3,66%). No lado oposto, Positivo (-2,68%), Marfrig (-2,41%) e Banco do Brasil (-2,12%). “O mercado esteve mais esvaziado hoje por conta do feriado americano. De novidade, uma depreciação de Europa até maior do que a gente imaginava, principalmente pela inflação no preço do gás, o que causou uma deterioração [dos ativos de lá]”, diz José Simão, sócio e head de renda variável da Legend Investimentos.

“Aqui, a gente tem ainda um pouco do reflexo positivo do PIB, que veio na semana passada. A fotografia que fica é Brasil com números um pouco melhores especialmente em relação à atividade econômica, e lá fora, dando continuidade, Europa em situação bem pior, com PMIs [índices de atividade] andando pra baixo, e Estados Unidos trazendo juros para ao menos 4% (ao ano) para, futuramente, ancorar as expectativas em direção à meta de inflação”, acrescenta o gestor.

“Os investidores seguem preocupados com a crise energética do continente [europeu] devido ao corte de fornecimento de gás pela Rússia por tempo indeterminado, e também ainda receosos com a possível alta de juros, mais elevada, que será decidida na próxima reunião de política monetária do Banco Central Europeu”, nesta quinta-feira, dia 8, observa Letícia Sanches, especialista em renda variável da Blue3. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 112203.35 1.20788

Máxima 112671.39 +1.63

Mínima 110864.76 0.00

Volume (R$ Bilhões) 1.93B

Volume (US$ Bilhões) 3.74B

17:33

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 113630 1.1393

Máxima 114025 +1.49

Mínima 111995 -0.32

CÂMBIO

O dólar abriu a semana em baixa no mercado doméstico de câmbio, voltando a testar o patamar de R$ 5,15, em meio ao avanço dos preços das commodities na esteira de anúncio de estímulos monetários na China. Houve relatos de entrada de fluxo externo e movimento de ajustes e realização de lucros, dado que a divisa fechou a semana passada com alta de 2,10%. Operadores ressaltam, contudo, que a ausência dos mercados americanos, fechados pelo feriado do Dia do Trabalho nos EUA, deprimiu a liquidez e deixou a formação da taxa de câmbio mais suscetível a negócios pontuais.

Afora uma alta esporádica e bem limitada nos primeiros minutos do pregão, quando registrou a máxima da sessão (R$ 5,1904), o dólar operou em baixa ao longo de toda o dia. À tarde, renovou sucessivas mínimas, flertando com rompimento do piso de R$ 5,15, ao tocar R$ 5,1507 (-0,66%). No fim, a divisa era cotada a R$ 5,1540, em baixa de 0,59%. Termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para outubro apresentou giro deprimido, inferior a US$ 8 bilhões.

"O que está impactando o dólar hoje é mesmo essa alta mais forte das commodities. Parece que existe um fluxo bom para a Bolsa ajudando o câmbio", afirma o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, ressaltando que a liquidez esta muito reduzida. "A única coisa que podemos prever para o câmbio é muita volatilidade. Além das questões externas, temos um período conturbado com as eleições".

No exterior, o dólar subiu em relação a moedas fortes, em especial o euro, que atingiu o menor nível em 20 anos, abalado pela crise energética na Europa. A estatal russa Gazprom interrompeu o fornecimento de gás ao continente por meio do gasoduto Nord Stream 1 por tempo indeterminado pretextando necessidade de manutenção. A Europa sofre com a combinação de perda de fôlego da atividade com inflação recorde.

O PMI Composto da zona do euro, que abrange indústria e serviços, caiu para 48,9 em agosto, o menor nível em 18 meses. As vendas no varejo na região subiram 0,3% em julho em relação a junho, abaixo do esperado (+0,4%). Na comparação anual, houve retração de 0,9%. Apesar do temor de estagflação, especula-se que o Banco Central Europeu possa anunciar, na quinta-feira (08), alta da taxa de juros em 75 pontos-base. Também na quinta-feira o mercado vai monitorar discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, para calibrar as apostas para o tamanho do ajuste monetário nos EUA.

Em relação a divisas emergentes e de exportadores de commodities, o dólar teve comportamento misto, com queda na comparação com real, rand sul-africano e o peso colombiano. Na contramão, apareciam o peso mexicano e o chileno, que reverteu os ganhos vistos mais cedo, atribuídos ao fato de a população chilena ter rejeitado, em plebiscito, a nova Constituição.

Commodities metálicas como cobre e minério de ferro apresentaram alta firme, insufladas pelo corte da taxa de compulsório bancário em 2 pontos porcentuais, para 6%, pelo Banco do Povo (PBoC, o banco central chinês). O recuo do PMI composto da China de 54 em julho para 53 em agosto alimenta a visão de perda de fôlego do gigantes asiático, embora leituras acima de 50 ainda indiquem expansão.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, afirma que o desempenho da atividade na China, embora ainda positivo, dá sinais de que está perdendo força, refletindo bloqueios relacionados à política de Covid-zero e à queda do setor imobiliário. A recuperação das commodities, em particular o petróleo, contribuíram para o recuo do dólar hoje, mas há certa rigidez "para baixo", com desaceleração do fluxo externo e "risco de correção dos mercados acionários nos EUA ao longo de setembro", afirma Velho.

Achatados na semana passada, os preços do petróleo subiram com força hoje após o grupo que reúne países exportadores (Opep+) anunciar retomada, em outubro, dos níveis de produção de agosto - o que significa um corte de 100 mil barris por dia na oferta do óleo. O contrato do Brent para novembro - referência para Petrobrás - fechou em alta de 2,93%, a US$ 95,75 o barril.

A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, afirma que a moeda brasileira encontra certo suporte no aumento da internalização de recursos para exportadores. "Seguem firmes os 'drivers' sempre mencionados de diferencial de juros e, principalmente de crescimento, tendo em vista a divulgação do PIB do segundo trimestre, que sacramentou crescimento superior a 4% anualizados no primeiro semestre do ano, contra a forte desaceleração da economia global nesse período", afirma a economista, em relatório. (Antonio Perez - [email protected])

17:33

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.15400 -0.594 5.19040 5.15070

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5189.000 -0.29782 5226.500 5186.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5315.000 01/09    

JUROS

Os ativos domésticos resistiram à pressão negativa vinda dos mercados europeus e, no caso dos juros futuros, as taxas oscilaram ao redor da estabilidade, com viés de baixa na maior parte da sessão, mas também com liquidez comprometida pela falta da referência das bolsas americanas. Hoje é feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos. O eventual impacto do aumento dos preços do petróleo acabou sendo neutralizado pelo alívio no câmbio, com o real sendo beneficiado pelo avanço das commodities. Ainda, o cenário positivo para a inflação no curto prazo, em mais uma rodada de queda nas medianas de IPCA 2022 e 2023 no Boletim Focus e expectativa de novos cortes na gasolina, ajudou a proteger a curva do mau humor no exterior.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,82%, de 12,84% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 11,70% para 11,69%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,45%, de 11,47%. Para se ter ideia da fraqueza no mercado, o DI mais negociado, janeiro de 2023, girou em torno de 200 mil contratos apenas, fechando com taxa estável em 13,71%. Na média diária dos últimos 30 dias, este vencimento girou 453,4 mil contratos.

Como destacou o economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, no podcast Diário Econômico, a ausência de Wall Street deixa os preços por aqui a mercê de fluxos pontuais, mas, com o cenário externo mais negativo que o local, "tirar o gringo da equação" acaba ajudando.

Na Europa, a crise energética recrudesceu, com o corte de fornecimento de gás russo fazendo disparar o preço do combustível e contaminando as cotações do petróleo. Com isso, aumentam as pressões inflacionárias e sobre o Banco Central Europeu (BCE), que não deve, na reunião de quinta-feira (8), ter como escapar do aumento de 75 pontos-base no juro, ainda que colocando a economia em risco. "Há dois setores que espalham crise: bancário e de petróleo. A equação global segue complexa", comentou Caruso.

Além da Rússia, ajudou a puxar o petróleo para cima a decisão da Opep+ de reduzir em 100 mil barris por dia a produção a partir de outubro. Embora o mercado já trabalhasse com essa possibilidade, a confirmação do corte elevou a preocupação sobre a oferta depois da Rússia cortar o gás para a Europa. O barril do Brent, parâmetro para os preços da Petrobras, subiu quase 3%, fechando em US$ 95,75 no contrato para novembro.

O petróleo em alta traz viés inflacionário para o mundo todo, mas, sendo o Brasil exportador, o real foi uma das poucas moedas no dia a ter desempenho positivo ante o dólar, o que ajudou a ancorar a curva, especialmente quando o dólar futuro para outubro inverteu o sinal para queda no começo da tarde.

Após quatro sessões seguidas de baixa, um dia sem Nova York e com agenda doméstica esvaziada representaria, em tese, oportunidade para um movimento de realização de lucros, mas o estrategista-chefe da Necton Investimentos, Felipe Beckel, afirma que as expectativas de inflação de curto prazo bem menos pressionadas têm levado o mercado a zerar posições especulativas e a adiar ajustes. "Estou surpreso, pois olhando lá fora parece que vem mais pressão", afirmou Beckel.

No Boletim Focus de hoje, a estimativa para o IPCA foi reduzida de 6,70% para 6,61%, ainda reflexo das desonerações nos combustíveis e energia e também do recuo dos preços da gasolina. Para 2023, a mediana vêm caindo paulatinamente, hoje para 5,27%, de 5,30% na pesquisa anterior. Mas considerando somente as 56 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2022 passou de 6,61% para 6,27% e para 2023, de 5,34% para 5,09%. Cada vez mais ganhando espaço no horizonte de política monetária, a mediana para o IPCA de 2024, ao contrário, subiu, de 3,41% para 3,43%.

No que diz respeito à Selic, a mediana para o fim de 2022 permaneceu em 13,75%, mas o mercado agora trabalha com um espaço ligeiramente menor para os cortes em 2023, com a mediana avançando a 11,25%, de 11,00%.

O sócio gestor e economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, vê oportunidade para venda de DI no trecho da curva entre 2023 e 2024. "Petrobras ainda deve sancionar mais cortes da gasolina em 2023, com chances do IPCA abaixo de 6% em 2022", destaca. Segundo ele, se o corte da Opep "não vingar para segurar preço do barril", novos ajustes para baixo devem levar o IPCA este ano ao novo limite inferior de 5,89%, "na hipótese de mais duas quedas da gasolina". (Denise Abarca - [email protected])

17:33

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 13.67

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

MERCADOS INTERNACIONAIS

Em uma sessão marcada pela falta de liquidez, devido ao feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos, o foco esteve na crise energética na Europa, após o corte de gás russo. Neste cenário, as bolsas europeias fecharam em queda, assim como o euro, que tocou o menor nível em quase 20 anos na comparação com o dólar e impulsionou o índice DXY. A libra também caiu ante a divisa americana, mas o movimento desacelerou após Liz Truss ser confirmada como nova primeira-ministra do Reino Unido. Entre as commodities, os contratos futuros de petróleo fecharam em forte alta, após o grupo que reúne países exportadores (Opep+) anunciar corte na produção, embora alguns analistas tenham apontado que isso não terá impacto na oferta da commodity no quadro atual.

A Gazprom interrompeu o fornecimento de gás por meio do gasoduto Nord Stream 1 ao continente europeu por tempo indeterminado, alegando necessidade de reparos adicionais. Os fluxos deveriam ter sido retomados no fim de semana, após um período de manutenção.

Em reação, os preços de gás natural na Europa dispararam nesta segunda-feira. Os governos da Suécia e da Finlândia ofereceram bilhões de dólares em garantias às concessionárias para evitar um colapso no comércio de energia quando os mercados abriram hoje.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, reiterou que o bloco prepara um conjunto de propostas para atenuar os impactos econômicos da disparada dos preços de energia. Em publicação no Twitter, Von der Leyen acusou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de utilizar a política energética como uma "arma", ao cortar a oferta e "manipular" os mercados. Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que as sanções impostas pelo Ocidente a Moscou, pela guerra na Ucrânia, são as culpadas pelo fechamento total do gasoduto. O consórcio estatal da Gazprom, por sua vez, alertou para uma ameaça de explosão na estação de Portovaya, caso o transporte de gás a Europa seja retomado normalmente pelo Nord Stream. A Alemanha, por sua vez, disse que os defeitos alegados pela Rússia não justificam o corte do gás.

"É inevitável agora que a Europa esteja em recessão", disse Craig Erlam, analista sênior de mercado da Oanda. "É apenas um caso de quanto apoio os governos vão oferecer contra esse pano de fundo e quão inflacionário isso vai ser", adverte. Neste cenário, o euro tocou o menor nível em quase 20 anos na comparação com o dólar nesta manhã, tendo cedido a US$ 0,9877 - menor valor desde dezembro de 2002. O movimento pressionou o DXY, que chegou ao fim da tarde em alta de 0,26%, em 109,824 pontos.

A libra também se desvalorizou ante a divisa americana, no entanto, reduziu perdas após o Partido Conservador escolher Liz Truss para liderar a legenda e, portanto, assumir como primeira-ministra do Reino Unido, no lugar de Boris Johnson.

A Capital Economics avalia que a eleição de Liz Truss sugere que o relaxamento da política fiscal deve limitar a gravidade da recessão no país. Mas o movimento pode ampliar as pressões inflacionárias, de acordo com a análise. Segundo informações da imprensa britânica, Truss prepara um pacote de até 100 bilhões de libras em estímulos (cerca de 4% do PIB), com o objetivo de atenuar o impacto da crise energética na atividade econômica. Para a consultoria, as medidas não devem impedir uma recessão, mas podem reduzir a gravidade e duração da contração econômica. "Nossas projeções atuais preveem que o PIB real caia cerca de 1% do pico ao ponto mais baixo ao longo de um ano", estima.

Entre outras moedas em foco hoje, o dólar avançava a 881,75 pesos chilenos, no fim da tarde, revertendo a queda de mais cedo. O mercado reagiu bem hoje à votação do domingo que vetou uma nova Constituição, mas analistas veem quadro ainda de incerteza política no país, com riscos para sua economia.

Entre as commodities, os contratos futuros de petróleo fecharam em forte alta após a Opep+ anunciar corte na produção. A decisão fez com que as cotações vencessem o clima de cautela em geral nos mercados. Apesar disso, a Capital Economics entende que o impacto na oferta será simbólico. "O quadro amplo é que a Opep+ está produzindo bem abaixo de sua meta de produção e parece improvável que isso mude, uma vez que Angola e Nigéria, em particular, parecem incapazes de retornar aos níveis de produção pré-pandemia", explica.

Já a Eurasia pontua que as interrupções no fornecimento de gás russo à Europa podem deflagrar novas intervenções da União Europeia (UE) no mercado de energia. Dessa forma, líderes europeus discutirão a adoção de novas medidas para mitigar o impacto da retaliação russa, entre elas possível teto aos preços no atacado ou a suspensão dos mercados de derivativos. No pregão eletrônico da New York Mercantile Exchange (Nymex), por volta das 14h45 (de Brasília), o barril do WTI para outubro ganhava 2,26%, ou US$ 1,92, a US$ 88,84. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para novembro fechou com avanço de 2,93%, ou US$ 2,73, a US$ 95,75. (Letícia Simionato - [email protected])

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