O apetite ao risco, que embalava os mercados acionários mundo afora e ajudava a manter a cotação do dólar ante o real em queda, se esvaiu no meio da tarde desta segunda-feira. O gatilho para a mudança no humor veio após uma reportagem mostrar que a Apple planeja colocar o pé no freio nas contratações e nos investimentos. Outras companhias, como a Microsoft, já haviam anunciado medida semelhante, à medida que o setor privado americano já se prepara para um momento de desaceleração econômica. Na prática, o temor de recessão voltou às mesas de operação, resultando na baixa de 0,69% do índice Dow Jones, de 0,84% do S&P 500 e de 0,81% do Nasdaq. Principal ação do índice de tecnologia, a Apple terminou o dia com queda de 2,06%. Aqui no Brasil, o câmbio foi o mercado que sentiu com mais intensidade a piora externa. Vindo de uma manhã de queda, que inclusive resultou em mínima de R$ 5,3535, o dólar à vista avançou até R$ 5,4257 (+0,38%) no fechamento. A liquidez mais restrita hoje, com contrato futuro para agosto, termômetro do apetite por negócios, girando menos de US$ 10 bilhões, fato que amplifica ajustes nas carteiras. O Ibovespa até terminou no azul (96.916,13 pontos, alta de 0,38%), mas mais de 1 mil pontos distante da máxima intraday. Ações ligadas a commodities garantiram a elevação do índice, uma vez que as matérias-primas saltaram hoje na esteira de novas medidas de incentivo à economia na China. A tonelada do minério de ferro negociado em Qingdao, na China, teve ganho 4,52%, a US$ 100,38. O barril do petróleo Brent, referência para a Petrobras, avançou a US$ 106,27, alta de 5,05%. O óleo subiu também após a visita do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à Arábia Saudita terminar sem um acordo sobre aumento de produção. A esticada dos preços das commodities já pressionava os DIs desde cedo, mas a subida do dólar pesou adicionalmente nas taxas, tudo culminando em uma piora do panorama inflacionário. Os vértices intermediários e longos dispararam mais de 25 pontos-base.
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•CÂMBIO
•BOLSA
•JUROS
MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas em Nova York azedaram nesta tarde, depois de circular no mercado a informação de que a Apple planeja reduzir o ritmo de contratações e gastos no próximo ano. A notícia vem na esteira de movimentações parecidas pela Microsoft e Google. No fechamento, os principais índices acionários de Wall Street ficaram no vermelho, mesmo após resultados sólidos do Goldman Sachs e Bank of America (BofA). Os juros dos Treasuries subiam e o dólar perdeu forças ante rivais, com a menor cautela entre operadores. O petróleo, por sua vez, saltou 5% e o Brent recuperou a marca de US$ 105 por barril, após a viagem do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao Oriente Médio ter sido encerrada sem um compromisso claro quanto à oferta da commodity.
As ações da Apple caíram 2,06%, na esteira da informação de que a gigante da tecnologia irá desacelerar as contratações em algumas divisões em 2023 para ligar com uma possível desaceleração econômica nos Estados Unidos, de acordo com reportagem da Bloomberg a partir de fontes familiarizadas com o assunto. A Microsoft (-0,96%) e a Alphabet (-2,46%), controladora da Google, que também já anunciaram o adiamento de algumas contratações, acompanharam a queda.
O índice Dow Jones fechou em queda de 0,69%, a 31071,82 pontos, o S&P 500, de 0,84%, a 3830,85 pontos, e o Nasdaq de 0,81%, a 11360,05 pontos.
Entre resultados trimestrais, o destaque ficou para o Goldman Sachs (+2,51%) e Bank of America (+0,03%). O primeiro superou expectativas de lucro e receita no segundo trimestre, enquanto o segundo teve queda anual no lucro, mas avanço na receita. Em teleconferência com investidores e analistas, o CEO do Goldman Sachs, David Solomon, notou que "não restam dúvidas de que o ambiente ficou mais complicado", com os impactos de condições macroeconômicos e geopolíticas sobre preço dos ativos, atividade econômica e confiança. Citi (+0,18%), Morgan Stanley (+1,04%) e Wells Fargo (+0,15%) também avançaram, mas JPMorgan, que publicou resultados na semana passada, caiu 1,03%. Após o fechamento dos mercados, é a vez da IBM (-1,28%).
Na avaliação do BMO Capital Markets, na sessão de hoje, a movimentação de preços foi o ponto mais importante, com a pressão inicial por venda provocando achatamento que trouxe os rendimento da T-note de 10 anos abaixo de 3%. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 3,170%, o da de 10 anos avançava 2,967% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,143%. Para o banco canadense, há pouco no calendário que possa mudar a retórica do Federal Reserve (Fed) na próxima semana e o que "certamente" será um aumento de 75 pontos-base nos juros básicos. Na ferramenta do CME Group, de acordo com as apostas, há 71,5% de probabilidade de uma alta em tal nível e 28,5% de elevação em 100 pontos-base.
Com as expectativas de um aperto monetário pelo Fed menos agressivo do que o precificado na semana passada, após o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, o dólar perdeu forças ante rivais. O índice DXY fechou com queda de 0,65%, a 107,366 pontos. No horário citado, o euro subia a US$ 1,0146 e a libra, a US$ 1,1952. Entre emergentes, a moeda americana subia a 128,9254 pesos argentinos, enquanto o dólar blue caía a 291 pesos, no mercado paralelo, após atingir máximas históricas, de acordo com o jornal Ámbito Financiero.
Favorecido pelo enfraquecimento do dólar, o petróleo fechou com alta robusta nesta sessão. O presidente Biden encerrou a viagem pelo Oriente Médio neste fim de semana sem um compromisso anunciado pela Arábia Saudita, destaca o analista da Oanda Edward Moya. Em coletiva ainda na sexta-feira, o democrata afirmou "suspeitar" que impactos da visita ao preço da gasolina devem ser vistos somente daqui a "algumas" semanas. Para o Eurasia Group, a Arábia Saudita "será reticente em intervir nos mercados físicos na ausência de uma emergência de abastecimento". A quatro meses da eleição de meio termo, os altos custos de energia e as promessas climáticas feitas por Biden durante a campanha eleitoral pressionam o líder americano, conforme abordado em reportagem especial publicada às 14h48. No radar, também esteve o anúncio pela China de incentivo ao setor imobiliário local. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro subiu 5,13% (US$ 4,85), a US$ 99,42 por barril, enquanto o Brent para o mesmo mês teve alta de 5,05% (US$ 5,11), a US$ 106,27 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). (Ilana Cardial - [email protected])
CÂMBIO
Uma piora do sentimento no exterior ao longo da tarde, com virada das bolsas em Nova York para o campo negativo, fez com que o dólar ganhasse força no mercado doméstico de câmbio nas últimas horas de negócios e encerrasse a sessão desta segunda-feira (18) em alta, na casa de R$ 5,42.
Pela manhã, a divisa operou em queda firme, tendo descido até mínima de R$ 5,3535 (-0,95%). O real era beneficiado pela valorização das commodities, na esteira de anúncio do governo da China de estímulos ao setor imobiliário, e pela consolidação da aposta de que o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) não vai acelerar o ritmo de alta de juros neste mês.
Segundo operadores, assim que o clima azedou em Nova York, sob novos temores de recessão diante de notícias de que a Apple está preocupada com desaceleração do crescimento nos EUA, teve início um movimento de realização de lucros intraday e de recomposição de posições defensivas no mercado local. Assim, o dólar não apenas trocou de sinal como correu até a máxima de R$ 5,4287 (+0,44%).
No fim do dia, a moeda era cotada a R$ 5,4257, em alta de 0,38% - o que leva a valorização acumulada em julho a 3,65%. Operadores ressaltam que a liquidez foi apertada, o que tornou a taxa de câmbio mais suscetível a operações pontuais. Principal referência do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para agosto girou menos de US$ 10 bilhões.
Lá fora, o dia foi de ajuste de baixa da moeda americana frente a divisas fortes, sobretudo o euro e a libra, muito castigados na semana passada. Em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo pares do real, o desempenho foi misto.
Segundo o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, houve uma retomada de posições defensivas no mercado local com a piora do humor em Nova York, uma vez que os mercados estão muito sensíveis a qualquer sinal que mostre perda de fôlego da economia global. "Os investidores querem ver como os BCs vão conseguir combater a inflação sem sufocar o crescimento econômico", diz Gusmão, ressaltando que o Banco Central Europeu (BCE) deve anunciar uma alta da taxa de juros (provavelmente em 25 pontos base) na quinta-feira (21). Amanhã, sai o índice de preços ao consumidor na zona do euro em junho.
Gusmão vê possibilidade de o dólar correr até R$ 5,50 nas próximas semanas, dependendo do grau de aversão ao risco no exterior e das decisões de política monetária do BCE e do Federal Reserve (no próximo dia 27). Com a perspectiva mais forte de recessão na Europa e o descompasso do ritmo de aperto monetário entre Fed e BCE, o euro se enfraqueceu bastante em relação ao dólar.
Após divulgação de redução das expectativas de inflação nos Estados Unidos, relevada na sexta-feira por leitura preliminar do sentimento do consumidor em julho feita pela Universidade de Michigan, o mercado voltou a apostar majoritariamente em uma alta de 75 pontos-base da taxa básica americana neste mês.
"Caiu significativamente a chance de elevação dos Fed Funds em 100 pontos-base. A deterioração do índice de mercado imobiliário reforma a percepção de que o Fed não será tão agressivo nos juros até o final do ciclo", diz o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, ressaltando que, por aqui, o mercado parece "estar esperando uma redução da aversão ao risco", já que o Boletim Focus trouxe mediana de R$ 5,13 para a taxa de câmbio no fim do ano.
A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, observa que o real apresentou uma piora em seu desempenho relativo frente a pares nos últimos dias, dado o ambiente externo conturbado e o aumento do risco fiscal doméstico. "A tensão entre os poderes Executivo e Judiciário também acaba por elevar os prêmios de risco e investidores estrangeiros seguem retirando recursos da bolsa brasileira", afirma Damico, em relatório. "O cenário para a taxa de câmbio segue de alta volatilidade no curto prazo, porém continuamos vislumbrando mais vetores de depreciação da moeda, com dólar forte e elevação do risco fiscal, principalmente."
O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro e pôr em xeque a segurança das urnas eletrônicas em encontro hoje com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada. Segundo o presidente, hackers ficaram por oito meses dentro dos computadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tiveram acesso a uma senha de um ministro da Corte. (Antonio Perez - [email protected])
17:30
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.42570 0.3848 5.42870 5.35350
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5445.500 0.25776 5448.000 5372.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5493.000 0.4706 5493.000 5493.000
Volta
BOLSA
O Ibovespa resistiu à mudança de sinal em Nova York no meio da tarde, mas não o suficiente para sustentar a linha de 98 mil pontos, recuperada mais cedo na sessão. Ao fim, mostrava o segundo ganho consecutivo, hoje em alta de 0,38%, aos 96.916,13 pontos. Apesar do avanço, foi o terceiro pior nível de fechamento do ano, tendo renovado mínimas de 2022, inclusive intradia, entre quarta e sexta-feira, chegando a 95.266,94, durante a sessão da última sexta, e a 96.120,85 no encerramento da quinta. Hoje, saiu de mínima a 96.552,61, na abertura, e atingiu na máxima do dia 98.291,10, com giro a R$ 17,9 bilhões no fechamento. No mês, o Ibovespa cede 1,65% e, no ano, 7,54%.
A sessão era favorável em Nova York, especialmente no Nasdaq, com ganho acima de 1% para o índice tecnológico. Mas o vento virou após relato da Bloomberg de que a Apple prepara um aperto de cinto para 2023, com redução de contratações e de gastos. No fechamento da sessão, o índice de tecnologia apontava queda de 0,81%, enquanto Dow Jones e S&P 500 cederam 0,69% e 0,84%, respectivamente. Aqui, o dólar também mudou de sinal ao longo da tarde, mostrando avanço de 0,38%, a R$ 5,4257, no fechamento da moeda à vista, o que se refletiu na curva de juros.
"O mercado deve seguir volátil nesta semana, com a continuação da divulgação de resultados. Nessa temporada, o processo terá atenção adicional, já que os dados devem dar pistas sobre a performance e perspectiva das empresas em um cenário de potencial recessão (nos EUA)", aponta Antônio Sanches, analista da Rico Investimentos. Entre os destaques da semana, ele ressalta também a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira. "A expectativa é que os juros passem a subir por lá também, diante de patamar recorde de inflação na zona do euro."
Na B3, até o meio da tarde, o Ibovespa oscilava em torno dos 98 mil pontos, tentando voltar ao nível da terça-feira passada, último fechamento na marca que tem predominado desde 23 de junho. O sentimento externo era mais otimista no início do dia, o que deu suporte a avanço dos mercados acionários da Ásia e da Europa. "Na Ásia, os investidores reagiram positivamente ao pedido de reguladores chineses para que os bancos privados financiem projetos de habitação para amenizar a crise do setor imobiliário, apoiando alta das bolsas por lá", observa em nota a Guide Investimentos.
Parecia que os ganhos se estenderiam também a Nova York, com bons números trimestrais apresentados hoje por Goldman Sachs e Bank of America, após a decepção da semana passada com os resultados do JPMorgan e Morgan Stanley, na abertura da temporada referente ao segundo trimestre. Os números apresentados nesta segunda-feira por bancos americanos contribuíram para o desempenho do setor na B3, com BB ON (+1,41%) e Itaú PN (+1,33%) à frente. As ações de commodities (Vale ON +0,53%, Petrobras ON +3,33%, PN +2,29%) também avançaram, mas parte da siderurgia (Gerdau PN -0,68%, Gerdau Metalúrgica -0,61%) e das utilities (Eletrobras ON -0,36%, Copel PNB -1,45%) perderam tração no meio da tarde.
O petróleo seguiu em recuperação nesta segunda-feira, com Brent e WTI em alta acima de 5% no fechamento, o que contribuiu para o desempenho de Petrobras na sessão. Mais cedo, após a correção vista na semana passada, o minério de ferro também avançou, em alta de 4,52%, a US$ 100,38 por tonelada em Qingdao, na China. Na ponta do Ibovespa, destaque para PetroRio (+6,71%) e para SLC Agrícola (+4,36%), à frente de Petrobras ON (+3,33%) e de JHSF (+3,06%) no fechamento da sessão. No lado oposto, Eztec (-5,88%), BRF (-5,67%), Petz (-5,10%) e Méliuz (-4,50%).
"Com exterior em alta e valorização das commodities, o Ibovespa iniciou o pregão desta segunda-feira com uma abertura bem otimista, chegando a 1,77% de alta, mas perdeu força ao longo do dia, alinhado ao mercado americano", aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora, destacando também na agenda doméstica, pela manhã, a divulgação do IGP-10 "em desaceleração em relação a junho, mas ainda acima das projeções iniciais". Amanhã, será a vez de dados sobre a inflação na zona do euro, que podem manter a volatilidade que tem sido vista nos mercados, observa o analista. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 96916.13 0.37817
Máxima 98291.10 +1.80
Mínima 96552.61 0.00
Volume (R$ Bilhões) 1.79B
Volume (US$ Bilhões) 3.33B
17:30
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 97635 -0.02048
Máxima 99265 +1.65
Mínima 97520 -0.14
JUROS
Já ruim pela manhã, o mercado de juros piorou mais à tarde acompanhando a deterioração dos ativos em Nova York que reverberou no Brasil enfraquecendo também o real e a Bolsa. Embora na primeira etapa a melhora na percepção de risco global com noticiário positivo da China, que mantinha o dólar em baixa, não tenha servido para ancorar as taxas, quando o tom de cautela passou a predominar no exterior, o dólar inverteu a queda e os juros renovaram máximas, com avanço de mais de 25 pontos-base em alguns vértices. A abertura das curvas no exterior e o avanço das commodities foram apontados como os principais condutores das taxas e, internamente, as preocupações com o cenário de inflação.
Exceto nos vencimentos de curtíssimo prazo, como o do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023, a liquidez foi bastante fraca, mesmo para uma segunda-feira, dia tipicamente de pouco apetite para os negócios. Nos principais trechos, o giro foi em torno da metade da média diária dos últimos 30 dias, o que deixa o mercado mais vulnerável à influência de operações mais pontuais.
As principais taxas seguem nos maiores níveis desde o período entre março e abril de 2016. A do DI para janeiro de 2023 fechou a 13,90%, de 13,876% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2024, uma das referências para o miolo da curva, já flertando com os 14%, terminou na máxima 13,96%, de 13,762%. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 13,11% para 13,34% e a de janeiro de 2027 encerrou na máxima de 13,21%, de 12,945%.
O mercado de juros não conseguiu dar sequência ao movimento de correção que aliviou as taxas na sexta-feira, diante da disparada hoje das commodities, que influencia percepção sobre a inflação e sobre o aperto monetário pelos bancos centrais. O petróleo respondeu à promessa do governo da China de elevar o apoio financeiro ao setor imobiliário e à falta de acordo entre Estados Unidos e Arábia Saudita para aumento da produção. No fechamento, ampliava a alta para mais de 5%. O tipo Brent terminou em US$ 106 o barril, distanciando-se da baliza de US$ 100 sinalizada pelo Copom em documentos recentes. Também tiveram alta o cobre e grãos como café, trigo e milho.
O comportamento das taxas no exterior também pesou na curva local. Nos Treasuries, as taxas das T-Note de 10 e, sobretudo de a de 2 anos, subiram, reforçando a inversão entre os dois vértices. Na Europa, os bônus também avançaram, com destaque para o BTP Italiano de dez anos - em meio ao risco de saída do primeiro ministro, Mario Draghi -, que abriu spread de mais de 20 pontos ante o bund alemão de mesmo prazo.
No meio da tarde, os ativos em Wall Street tiveram piora generalizada a partir de informações da Bloomberg de que a Apple estaria se preparando para reduzir o ritmo de contratações e de despesas em 2023, com virada das bolsas para o negativo e o dólar passando a subir ante o real, para fechar na casa de R$ 5,42.
No Brasil, a agenda trouxe a forte desaceleração do IPC-S da primeira para a segunda quadrissemana de julho (de 0,69% para 0,24%), mas não conseguiu fazer frente às preocupações com a inflação corrente, até porque o IGP-10 de julho (0,60%) ficou acima do teto das estimativas do mercado (0,59%).
Ainda que as projeções de IPCA em 2022 venham cedendo fortemente com a queda nos preços de combustíveis via desoneração de tributos, seguem longe de se aproximar ao menos do teto de meta de 5%, enquanto, em sentido contrário o IPCA projetado para 2023 segue avançando. No Boletim Focus de hoje, saiu de 5,09% para 5,20%. Os porcentuais divulgados na Focus continuam a apontar para três anos consecutivos de estouro da meta, após o descumprimento já observado em 2021.
"Os condicionantes da próxima decisão do Copom não o ajudam a parar o ciclo de alta da Selic em agosto. Nós não alteramos a nossa visão de que a alta derradeira virá na próxima reunião, mas nos parece claro que, estrategicamente, a sua comunicação deverá deixar em aberto a possibilidade de um novo ajuste em setembro", disseram os economistas do Banco Original.
Havia alguma expectativa por eventuais declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participou hoje da cerimônia de posse do novo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Barroso do Nascimento. Campos Neto, porém, não discursou nem deu entrevistas. (Denise Abarca - [email protected])
17:26
Operação Último
CDB Prefixado dias (%a.a) 13.38
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 13.15
Over Selic (%a.a) 13.15