Em um dia de ambiente externo positivo, o principal driver para a queda dos juros futuros por aqui veio no meio da tarde, com a solução para um assunto debatido há dias: o governo decidiu reonerar integralmente os combustíveis. A decisão, que até pode pressionar a inflação no curto prazo, é vista com bons olhos do ponto de vista fiscal. E como, na visão do mercado, o principal fator de risco atualmente no Brasil são as contas públicas, houve retirada firme de prêmios da curva a termo, sobretudo nos vencimentos de longo prazo, onde a baixa foi de 20 pontos-base. Mas o desempenho não foi linear entre os ativos domésticos, ainda que a reação inicial à notícia tenha sido positivamente uníssona. Depois, contudo, a Bolsa perdeu um pouco de fôlego, descolada dos pares em Wall Street, e o real não manteve a tendência positiva. O dólar teve valorização de 0,16% ante a divisa brasileira, a R$ 5,2072, após ceder para a casa de R$ 5,17 com a notícia envolvendo os combustíveis. Uma parte dessa pressão sobre a moeda encontrou respaldo em fatores técnicos, diante da diminuição do ritmo de queda no mercado futuro, com investidores já antecipando rolagem de posições na véspera da definição da última taxa Ptax de fevereiro. Na renda variável, com o estrangeiro ainda afastado dos negócios diante das incertezas locais e com a possibilidade de juros altos por mais tempo, aqui e no exterior, o Ibovespa terminou com pequeno recuo de 0,08%, aos 105.711,05 pontos. O movimento foi suavizado pelas ações da Petrobras, subiram após o fim do impasse sobre a reoneração, mesmo em um dia de queda do petróleo. Em Nova York, depois da sequência negativa recente, um dado de encomendas de bens duráveis abriu espaço para compras, resultando em alta dos principais índices acionários, com recuo dos yields dos Treasuries e do dólar ante algumas rivais.
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JUROS
A confirmação do Ministério da Fazenda de que haverá retorno integral da cobrança de impostos federais sobre os combustíveis deu um gás extra para o alívio de prêmios da curva de juros, sobretudo nos vencimentos de longo prazo, que terminaram a sessão com queda de 20 pontos-base. Ainda que tenha potencial para pressionar a inflação, a medida é vista como uma boa notícia pelo incremento na arrecadação de R$ 28,9 bilhões, num momento em que o cenário fiscal é a maior preocupação dos investidores. Além disso, a decisão é considerada uma vitória da equipe econômica ante as pressões do PT para que a desoneração fosse renovada. Pela manhã, as taxas já cediam com a perspectiva de tal desfecho para a questão dos combustíveis, com ajuda do IGP-M abaixo da mediana e o ambiente externo hoje ameno.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,37%, de 13,46% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 recuou de 12,77% para 12,62%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,85%, ante 13,06% no ajuste de sexta-feira. E o DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa em 13,21%, de 13,40%.
Um conjunto de fatores já puxava, pela manhã, uma correção técnica para baixo, após a curva ter encerrado a última semana com avanço acumulado em todos os vértices. Apesar da piora das estimativas de inflação na pesquisa Focus, o mercado encontrou espaço para devolver prêmios a partir da deflação de 0,06% do IGP-M de fevereiro, ante mediana esperada de +0,05%, e apoiado no recuo dos rendimentos dos Treasuries, enquanto acompanhava com um "otimismo cauteloso" pelo desfecho da reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad e outros ministros sobre questão dos combustíveis.
A desoneração do PIS/Cofins sobre a gasolina e etanol é válida somente até amanhã, o que pedia certa urgência na definição sobre a prorrogação ou não da medida. Declarações da presidente do PT, Gleisi Hoffman, na sexta-feira, em prol da extensão até que se discutisse uma nova política de preços para a Petrobras, deixaram o mercado ressabiado sobre a possibilidade de que a equipe econômica, que defendia o fim da isenção, capitulasse às pressões políticas. Além disso, durante o dia, circularam no mercado informações de que a volta da cobrança poderia ser escalonada, saída que poderia contemplar um pouco das duas alas.
Portanto, a decisão de retomada integral da cobrança é lida como um sinal de prestígio do ministro, que, após ter assumido o cargo sob muita desconfiança, também ganha mais pontos junto ao investidor. A reoneração será feita sob uma nova modelagem, a ser ainda divulgada, mas o governo garante que não haverá perda ante a arrecadação de R$ 28,9 bilhões dos moldes originais. Segundo apurou o Estadão, o modelo prevê oneração maior do combustível fóssil, como gasolina, do que biocombustível. Ou seja, a tributação será desenhada de um jeito que o combustível fóssil terá uma carga maior do que biocombustíveis (etanol), que é ambientalmente mais sustentável.
Em termos de precificação dos ativos de renda fixa, o potencial efeito de curto prazo para a inflação acaba sendo compensado pela melhora do risco fiscal e político, como apontou a reação da curva de juros. "Vai dar nó na cabeça de muita gente. A volta do PIS/Cofins sobre combustíveis pode ser positiva para as expectativas de inflação e juros, no horizonte que é mais relevante para a política monetária", afirmou, no Twitter, a economista-chefe do Banco Inter, Rafael Vitória.
Outra boa notícia da área fiscal hoje veio do resultado do Governo Central de janeiro, que registrou um superávit de R$ 78,326 bilhões, acima da mediana das estimativas, de R$ 77,6 bilhões.
Definida a questão dos combustíveis, o mercado aguarda agora o desfecho sobre as trocas na diretoria do Banco Central, mais especificamente a de Política Monetária, para o lugar de Bruno Serra, cujo mandato expira amanhã. Segundo a Folha de S.Paulo, dois nomes estariam sendo cogitados para a vaga: Luiz Awazu Pereira e Tony Volpon, que já tiveram passagem pelo BC na gestão Dilma Rousseff. Ambos tendem a ser bem aceitos pelo mercado, que, diante das críticas do presidente Lula ao trabalho da autoridade monetária, temia nomeação de alguém de perfil pouco técnico. (Denise Abarca - [email protected])
CÂMBIO
Em sessão marcada por instabilidade e troca de sinais, o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,2072, em alta de 0,16%, chegando ao penúltimo pregão de fevereiro com ganhos acumulados de 2,57% no mês. No exterior, a moeda americana caiu em relação a pares fortes e à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, embora tenha subido frente ao peso chileno e ao rand sul-africano, mais ligados ao real.
O dólar até esboçou uma queda mais acentuada por aqui à tarde, chegando a operar na casa de R$ 5,17 diante da notícia de confirmação da reoneração de combustíveis, mas retomou o fôlego na última hora de negócios. Parte desse movimento se deu na esteira da diminuição do ritmo de queda da moeda no mercado futuro, com investidores já antecipando rolagem de posições na véspera da definição da última taxa Ptax de fevereiro.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, saiu de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela manhã prometendo para a tarde anúncio da decisão em torno da volta do PIS/Cofins sobre gasolina e etanol, dado que a Medida Provisória que assegura a isenção dos tributos termina amanhã. E, de fato, por volta das 15h20, o Ministério da Fazenda, com antecipado pelo Broadcast Político, anunciou a reoneração. Haverá modelagem da cobrança para cada item, mas a pasta garantiu que R$ 28,9 bilhões de aumento de receitas estão garantidos. A intenção é onerar mais gasolina e menos etanol e biodiesel.
"A reoneração se refletiu mais no mercado de juros futuros. O real operou relativamente mal hoje, com muito fluxo aleatório e os ajustes para rolagem de posições e definição da Ptax amanhã", diz um gestor de recursos, que pediu para não ter seu nome citado.
A reoneração era defendida pelo ministro da Fazenda, mas tinha oposição da ala política do governo, cuja representante mais estridente é a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). Segundo analistas, a volta dos tributos é positiva, pois ajuda a reduzir o déficit neste ano e esfria a "fritura de Haddad" nos bastidores do governo às vésperas do anúncio do novo arcabouço fiscal, prometido para março. Há, contudo, apreensão com possível mudança na política de preços da Petrobras. O presidente da petroleira, Jean Paulo Prates, está reunido com o secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo.
"Não me lembro de uma decisão de tributação, mesmo que sobre combustíveis, que tenha envolvido reuniões com o presidente da Petrobras", afirma o sócio-fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall. "Fica a dúvida se não está implícita nessa decisão alguma forma de compensação do aumento de impostos via alteração para pior na política de preços da Petrobras."
O diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, observa que o dia foi de grande volatilidade para o dólar no mercado local, apesar do clima ameno no exterior e da reoneração dos combustíveis, que traz uma perspectiva melhor para a questão fiscal.
"O dólar subiu para R$ 5,20 com pressão de dados da economia americana na semana passada e não se firmou em queda hoje. Mas ainda vejo uma tendência positiva para o real no curto prazo, com a perspectiva de que os juros locais vão seguir altos e estimular o carry trade", diz Rolha, para quem o dólar pode voltar a operar perto de R$ 5,10.
Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho da moeda americana frente a seis divisas fortes - operou em queda firme, voltando a se situar abaixo dos 105,000 pontos. Após desconforto, com a leitura, na sexta-feira, acima do esperado do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla inglês), que estimulou apostas em mais altas de juros pelo Federal Reserve, investidores digeriram hoje a queda de 4,5% nas encomendas de bens duráveis nos EUA em janeiro, superior às exepctativas (-3,6%).
"A inflação americana na sexta tinha puxado muito o dólar para cima e hoje o mercado está devolvendo um pouco com esse número de vendas de bens duráveis, que é muito influenciado pelas taxas de juros", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. (Antonio Perez - [email protected] / com Cícero Cotrim)
18:32
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.20720 0.1635 5.21280 5.17200
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5206.000 -0.17258 5215.000 5173.000
DOLAR COMERCIAL 5235.000 -0.20017 5247.000 5206.500
BOLSA
O Ibovespa flutuou entre leves perdas e ganhos ao longo desta segunda-feira, em margem restrita de menos de 1,2 mil pontos entre a mínima (105.226,60) e a máxima (106.402,11) da sessão, vindo de abertura aos 105.807,20 pontos. No fechamento, mostrava baixa de 0,08%, aos 105.711,05 pontos, com giro financeiro ainda reduzido, a R$ 17,7 bilhões. Faltando a sessão de amanhã para o encerramento do mês, o Ibovespa recua 6,81% em fevereiro e 3,67% no ano.
O sinal de Nova York se manteve positivo, mas o Ibovespa o acompanhou, nos melhores momentos, sempre a uma certa distância, contido pelo cenário macro doméstico em que assomava nesta semana a incerteza, até o meio da tarde, sobre a reoneração dos combustíveis. A queda de braço entre a equipe econômica, com Fernando Haddad (Fazenda) à frente, focada na arrecadação, e a ala política do governo, que defendia a prorrogação da desoneração federal pelo efeito sobre a inflação, foi monitorada de perto pelo mercado, atento a eventuais sinais de desgaste precoce do ministro, sob o que seria fogo amigo. A questão precisava ser definida nos próximos dias tendo em vista que o prazo da desoneração se encerra amanhã, com o fim do mês.
À tarde veio a definição de agrado do mercado: o Ministério da Fazenda confirmou a reoneração completa do PIS/Cofins sobre gasolina e etanol, como havia antecipado o Broadcast/Estadão. A modelagem da cobrança, com porcentual definido sobre cada item, ainda não foi informada, mas a Fazenda garantiu que não haverá perda de arrecadação, e os R$ 28,9 bilhões de aumento de receitas estão garantidos.
Assim, "no mercado de juros, o dia foi de fechamento de taxas, com os vencimentos mais curtos fechando em torno de 10 pontos-base. A reoneração dos combustíveis se confirmou à tarde, embora sem detalhes sobre as alíquotas, de como será essa retomada. A notícia animou pelo lado fiscal, pela arrecadação. Foi o grande evento do dia", diz Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.
"O mercado estava um pouco mais apreensivo quanto ao que seria feito sobre os combustíveis, com a percepção inicial de que Haddad estaria sob fogo amigo quando ainda se discute o formato do futuro arcabouço fiscal. E num momento em que os investidores institucionais e estrangeiros estão saindo da Bolsa", diz Gustavo Neves, especialista em renda variável da Blue3, referindo-se também ao elevado nível em que já estão as taxas de juros de referência globais.
Por outro lado, "o impacto da reoneração dos combustíveis é positivo para Bolsa", diz Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos. "A notícia abre espaço para recuperação de receita num momento em que o governo está precisando. A reoneração, da forma como eles estão dizendo, ameniza o lado fiscal, mas é preciso esperar para ver como isso será feito. O mercado ainda está um pouco desconfortável por todo esse fogo cruzado, toda essa resistência (à reoneração) vista na própria base do governo", acrescenta o analista.
Entre as ações e os setores de maior peso no Ibovespa, o avanço de Petrobras, embora moderado no fechamento (ON +1,66%, PN +0,69%), mesmo com o recuo do petróleo na sessão, foi fundamental para dar algum suporte à referência da B3, assim como os ganhos do setor siderúrgico (CSN ON +1,27%, Gerdau PN +0,53%). Vale ON fechou sem variação, em dia negativo para o minério de ferro na China, enquanto entre os grandes bancos as perdas chegaram a 1,36% (BB ON) no encerramento.
Na ponta do Ibovespa, São Martinho (+5,12%), após o Citi elevar em 40% a previsão de lucro da empresa para a safra 2022/2023, logo atrás de Raízen (+5,19%) na sessão, e à frente de Alpargatas (+2,75%) e Eztec (+2,70%). No lado oposto, Hapvida (-4,21%), CVC (-4,12%), Qualicorp (-3,67%) e Petz (-3,47%).
"O volume está bastante baixo e o índice (Bovespa) ficou com uma volatilidade muito pequena, perto de zero, hoje. O giro tem ficado em quase metade do que era negociado seis meses atrás, o que mostra, agora, baixo interesse do investidor estrangeiro. E o estrangeiro era o grande 'player' que vinha mostrando convicção, com uma ponta para entrar. No ano, já vemos fluxo negativo do estrangeiro, impactando o volume da Bolsa", diz Luiz Adriano Martinez, sócio e gestor de renda variável da Kilima Asset.
Ele destaca na sessão o fraco desempenho das ações de bancos, contrabalançado pelos ganhos de Petrobras e do segmento de açúcar e álcool, com São Martinho e Raízen à frente. "Esses dois grupos de papéis têm em comum a discussão sobre a reoneração dos combustíveis, que afeta tanto os preços da gasolina como do álcool, beneficiando essas empresas", diz. "Com relação à Petrobras, há também a divulgação dos resultados, nesta semana, e principalmente a proposta sobre o fundo de estabilização de preços, que pode ser ao final uma alternativa interessante para o acionista, com interferência política menor na definição de preços, ainda que não seja a solução ideal", acrescenta. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 105711.05 -0.08259
Máxima 106402.11 +0.57
Mínima 105226.60 -0.54
Volume (R$ Bilhões) 1.76B
Volume (US$ Bilhões) 3.40B
18:32
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 106990 -0.42811
Máxima 108055 +0.56
Mínima 106665 -0.73
MERCADOS INTERNACIONAIS
Depois de amargar duras perdas na semana passada, as bolsas de Nova York fecharam em alta nesta segunda-feira, ainda que o diretor do Federal Reserve (Fed) Philip Jefferson tenha reafirmado compromisso em reduzir a inflação à meta de 2% e também em fazer "mais", se necessário. O tom firme do discurso, que veio em linha com o que vem dizendo outros membros da instituição, não foi suficiente para impulsionar os rendimentos dos Treasuries e o dólar ante principais rivais, que foram pressionados pela fraqueza dos dados de encomendas de bens duráveis nos EUA. Vendas de moradias pendentes de imóveis, contudo, saltaram acima do esperado. Do outro lado do Atlântico, a União Europeia (UE) e o Reino Unido chegaram a um acordo sobre as regras comerciais da Irlanda do Norte, no âmbito do Brexit. Enquanto isso, a tensão geopolítica entre China e EUA continua: a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse que os Estados Unidos alertaram a China sobre "consequências graves" caso o governo de Pequim forneça apoio material à Rússia. Ademais, o país asiático rejeitou uma conclusão do Departamento de Energia (DoE) americano de que o coronavírus surgiu com um vazamento em laboratório da segunda maior economia do mundo.
O analista da Oanda Edward Moya considera que não houve sinalizações novas do Fed hoje. Para ele, Jefferson forneceu comentários alinhados com outros membros, ao ressaltar que está comprometido em reduzir a inflação a meta de 2% e que o BC americano pode ter que elevar juros ainda mais. O banqueiro central também ponderou que há risco de a política monetária não ser suficientemente restritiva, ao passo que também há possibilidade de o aperto pesar demais e aumentar a probabilidade de recessão.
"As ações dos EUA estão registrando um rali de alívio, já que a liquidação do mercado de títulos faz uma pausa após uma rodada de dados mistos", opina Moya. Entre os dados a que ele se refere, as encomendas de bens duráveis nos EUA caíram 4,5% em janeiro ante dezembro, quando a previsão era de avanço 3,6%. Excluindo-se o setor de transportes, houve alta de 0,7% no período. Porém, para a Capital Economics, a "resiliência" das encomendas de bens duráveis excluindo o setor de transportes deverá ser temporária. Já o índice de vendas pendentes de imóveis nos Estados Unidos subiu 8,1%, na comparação mensal, bem acima da expectativa de aumento de 0,9%.
Assim, o índice Dow Jones encerrou em alta de 0,22%, a 32.889,09 pontos; o S&P 500 subiu 0,31%, a 3.982,24 pontos; e o Nasdaq avançou 0,63%, 11.466,98 pontos. Papéis da Tesla saltaram mais de 5%, após a empresa ter indicado que sua fábrica alemã está produzindo mais carros que o previsto. No final da tarde em Nova York, o dólar recuava a 136,24 ienes, o euro avançava a US$ 1,0609 e a libra subia a US$ 1,2058. O índice DXY, que mede o dólar frente a uma cesta de seis rivais fortes, caiu 0,51%, a 104,673 pontos. Já o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,786%, o da T-note 10 anos recuava a 3,920%, e o do T-bond de 30 anos tinha queda a 3,931%.
James Rutherford, da Federated Hermes, disse ao The Wall Street Journal que, embora as recentes surpresas da inflação tenham perturbado os mercados, as liquidações duraram relativamente pouco. "Na semana passada, alguns dos dados assustaram as pessoas, e os rendimentos subiram novamente, mas tudo isso foi esquecido hoje", disse ele. Para Moya, no entanto, parece que muitos investidores não estão confiantes neste rali. "O Fed tem muito mais trabalho a fazer e esse deve ser um ambiente difícil para as ações", pontuou.
Em relatório, o Banco de Compensações Internacionais (BIS) aponta que, apesar de bancos centrais indicarem que continuariam com políticas monetárias restritivas, os mercados atuaram com certa euforia excessiva, mesmo sem nenhuma indicação oficial disso. O Julius Baer, por exemplo, acredita que o Fed e o Banco Central Europeu (BCE) deverão aumentar suas taxas de juros em março e maio, frente à melhora dos indicadores econômicos. Com essas altas de juros contínuas, o Banco Mundial alerta que a economia global corre risco de enfrentar uma recessão diante da desaceleração "brusca" do crescimento.
Na Europa, o Reino Unido e UE fecharam um acordo que define as regras para o comércio da Irlanda Norte, no âmbito do pós-Brexit. O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, afirmou que o parlamento ainda votará sobre as alterações no acordo "no tempo apropriado". Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse que as alterações no protocolo marcam "um novo capítulo na história de relações com o Reino Unido".
Também no front geopolítico, Yellen disse hoje que os EUA alertaram a China sobre "consequências graves" caso o governo de Pequim ajude Moscou a escapar das sanções dos EUA. Já o país asiático acusou os Estados Unidos de "intimidação" por imporem o que chamou de sanções "ilegais" a empresas chinesas. Ademais, o governo da China rejeitou uma conclusão do Departamento de Energia (DoE) dos EUA de que pandemia da covid-19 provavelmente foi originada com um vazamento em laboratório.
Altamente impactado por questões geopolíticas, o petróleo fechou em baixa, enquanto persistem expectativas de que a Rússia cancele seu corte de produção depois de março. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril fechou em queda de 0,84% (US$ 0,64), a US$ 75,68 o barril, enquanto o Brent para maio, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em queda de 0,94% (US$ 0,78), a US$ 82,04 o barril. Hoje, o Bank of America (BofA) reduziu sua previsão para o preço médio do Brent em 2023, de US$ 100 para US$ 88 o barril. (Letícia Simionato [email protected])