FUGA DA RÚSSIA E COMMODITIES SUSTENTAM BOLSA E REAL, MAS JUROS SOBEM COM INFLAÇÃO

Blog, Cenário

O preço elevado das commodities, em meio ao conflito entre Ucrânia e Rússia, continuou ditando o ritmo dos ativos domésticos. Enquanto Bolsa e real tiveram desempenho melhor do que os pares, os juros futuros voltaram a subir, embutindo chances de juros maiores diante de uma inflação que tende a seguir pressionada com a disparada de petróleo e alimentos. No fim, a commodity energética até caiu, em meio à possibilidade de um novo acordo nuclear envolvendo o Irã, mas não conseguiu mudar de vez o rumo que os mercados já tinham tomado. Não é novidade que o Ibovespa tem elevada correlação com as commodities, o que explica o avanço em grande parte do dia, ainda que no fim tenha sucumbido e cedido 0,01%, aos 115.165,55 pontos, mesmo em um dia negativo para os pares em Wall Street e na Europa. Em Nova York, aliás, o dia foi de bastante volatilidade, mas prevaleceu o sinal negativo diante da guerra no Leste Europeu e da perspectiva de alta de juros nos EUA. Hoje, o presidente do Fed, Jerome Powell, reafirmou que defenderá uma alta de 25 pontos-base em 16 de março, mas também disse que pode haver vários aumentos, inclusive maiores. Contudo, a leitura de que o ritmo de aperto por lá deve começar mais lento junto com a visão de que os preços no Brasil podem demandar uma política monetária ainda mais restritiva por parte do Banco Central puxaram o dólar para baixo ante o real. O movimento ainda contou com a ajuda de migrações de capitais que estavam alocados em ativos russos para outros países emergentes, como o Brasil. Assim, a moeda dos EUA teve desvalorização de 1,55%, a R$ 5,0280. O alívio do câmbio, porém, não impediu uma nova rodada de acúmulo de prêmios na curva de juros, algo que se repetiu pela quarta sessão seguida no caso dos DIs curtos. Afinal, o mercado dá como quase certo um IPCA maior devido ao atual preço das commodities e, portanto, uma Selic também mais elevada. Assim, houve aumento nas apostas de um Copom mais agressivo após a reunião de março, com a curva já indicando Selic terminal de 13,5%.

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

•JUROS

BOLSA

Mesmo com a cautela vista no exterior nesta quinta-feira, o Ibovespa parecia que conseguiria emendar o terceiro ganho, refletindo a correlação do índice brasileiro com matérias-primas como petróleo e minério de ferro, no momento em que outra gigante das commodities, a Rússia, deixa de ser opção para os investidores globais. Assim, a referência da B3 oscilou hoje em margem estreita, acima dos 115 mil pontos, entre mínima de 115.009,70 (-0,14%), renovada no fim da tarde, e máxima de 115.947,68, saindo de abertura aos 115.173,43.

No fechamento, no entanto, acompanhando a piora vista em Nova York, mostrou sinal negativo (-0,01%), aos 115.165,55 pontos, com giro a R$ 32,2 bilhões. Na semana e no mês, o Ibovespa sobe 1,79%, colocando os ganhos do ano a 9,87%. No intradia, perto dos 116 mil pontos, atingiu o maior nível desde 15 de setembro (116.312,22).

Tanto o petróleo Brent como o WTI - embora em viés negativo à tarde, em queda superior a 2% com a proximidade de acordo nuclear para o Irã - mantiveram-se nos três dígitos ao longo desta quinta-feira, com a cotação da referência global se aproximando de US$ 120 na máxima de hoje (US$ 119,84) enquanto o barril da referência americana chegou a US$ 116,57 no pico do dia. O minério emendou novo ganho na China, cotado a US$ 153,33 por tonelada, em alta de 5,76% em Qingdao.

Petrobras ON e PN fecharam a sessão em baixa de 0,80% e 1,24%, respectivamente, ainda acumulando forte ganho, na casa de 20% a 21%, no ano. Por sua vez, o avanço de Vale ON chega a quase 28% em 2022, mas hoje a ação fechou perto da estabilidade (+0,05%), a R$ 99,70. Assim como ontem, as siderúrgicas voltaram a avançar bem nesta quinta-feira, com destaque para CSN (ON +5,01%) e Gerdau (PN +4,43%).

O dia foi de recuperação para os grandes bancos, que haviam cedido ontem à exceção de BB ON (hoje -0,23%). Nesta quinta-feira, destaque para Bradesco PN (+1,94%), enquanto Itaú PN, que chegou a cair 1,32% na mínima perto do fechamento, conseguiu leve alta de 0,08%, em dia marcado por relatos de problemas no aplicativo utilizado por clientes. Na ponta do Ibovespa, Cielo avançou hoje 5,26%, após ter sido a terceira maior perda de ontem - hoje, ficou à frente de IRB (+5,16%) e de CSN (ON +5,01%). No lado oposto, Azul (-4,71%), Embraer (-4,17%) e Americanas ON (-4,16%).

De ontem para hoje, ante poucas mudanças no quadro geopolítico, os mercados sustentaram grau maior de cautela, observa em nota a Guide Investimentos, “com investidores avaliando os impactos inflacionários dos ataques da Rússia à Ucrânia enquanto aguardam nova conversa” entre as delegações dos dois países, na Belarus. “A expectativa ainda é grande quanto ao tipo de estratégia que será utilizada no cerco à Kiev e seu impacto humanitário”, aponta também em nota a equipe da Terra Investimentos.

“Hoje houve mais ansiedade do que ontem: há medo, nas principais economias globais, sobre como controlar esta inflação na base produtora - na logística, nas commodities e matrizes energéticas - que afeta a ponta final, do consumidor”, diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos. “Pode haver em algum momento um cessar-fogo, que seria ótimo para os mercados. A guerra pode até acabar, mas as sanções (à Rússia) tendem a continuar, assim com o estresse sobre as commodities”, acrescenta.

“Há elevação de preços tanto no petróleo como no gás natural, em máximas, mas com muita volatilidade. Quedas pontuais (como a de hoje) se alternam a altas, pela quebra de cadeias produtivas, com impacto também sobre a inflação - há muitos países dependentes do petróleo e gás russos”, diz Davi Lelis, especialista e sócio da Valor Investimentos, que chama atenção para o risco de 'default' na Rússia, em meio à asfixia econômica e financeira promovida pelo bloco ocidental em resposta à invasão da Ucrânia. “A preocupação com a inflação global vem do início da pandemia, com os estímulos que foram concedidos desde então. Inflação mais alta tende a se combinar com juros mais altos”, acrescenta. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:24

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 115165.55 -0.007

Máxima 115947.68 +0.67

Mínima 115009.70 -0.14

Volume (R$ Bilhões) 3.22B

Volume (US$ Bilhões) 6.38B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 116595 -0.00429

Máxima 117135 +0.46

Mínima 116200 -0.34

MERCADOS INTERNACIONAIS

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reafirmou que defenderá uma alta de 25 pontos-base em 16 de março nos juros nos Estados Unidos. Durante audiência no Senado, o líder do BC americano admitiu que a guerra na Ucrânia eleva a incerteza, mas argumentou que é preciso começar o aperto monetário e disse que, caso a inflação não modere, pode haver elevações maiores. Em meio a declarações também de outros dirigentes do Fed, os juros dos Treasuries não firmaram sinal único. Já no câmbio o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, avançou no dia, enquanto o rublo teve mínimas históricas após a Moody's e a Fitch rebaixarem o rating da Rússia para "junk". O Tesouro americano anunciou novas sanções nesta tarde, tendo como alvo oligarcas russos e seus familiares, enquanto havia negociações entre Moscou e Kiev, ainda sem sinal de solução pacífica à vista na investida militar russa. Nas bolsas de Nova York, uma sessão bastante volátil terminou com índices em baixa, enquanto entre as commodities o petróleo recuou, ajustando ganhos recentes e após relatos de que um acordo entre potências e o Irã sobre o programa nuclear do país persa pode estar próximo.

Powell destacou a incerteza com o conflito na Europa e a pressão de alta sobre a inflação nos EUA diante disso. Ele afirmou que o juro pode subir mais de 25 pontos-base em algum momento, a depender da trajetória dos preços, e disse que na reunião de março os dirigentes devem também definir o ritmo da redução no balanço. O presidente do Fed ainda comentou que uma elevação de US$ 10 no barril do petróleo resulta em uma alta de 0,2 pontos porcentuais na inflação e de 0,1 ponto no PIB americano. Entre outros dirigentes do Fed, Tom Barkin (Richmond) destacou que a guerra na Ucrânia "claramente" terá impacto na inflação global, com o avanço nos preços de energia. Loretta Mester (Cleveland), por sua vez, reforçou a necessidade de aperto monetário, defendendo o início da redução no balanço do Fed já em 2022.

Em relatório, o Citi diz que o fato de que Powell está aberto a altas maiores que 25 pontos-base adiante e a inflação fizeram o banco revisar para cima sua projeção para os juros nos EUA. O Citi espera alta de 200 pontos-base em todo este ano (de 150 anteriormente), além de considerar como garantida uma alta de 25 pontos-base em março e ver a chance de elevação maior em maio. O banco destaca que, no payroll desta sexta-feira, o avanço dos salários será componente importante para as avaliações do Fed, ao lado do índice de preços ao consumidor (CPI) previsto para o dia 10 deste mês.

Entre os Treasuries, os juros não firmaram sinal único. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos subia a 1,536%, o da T-note de 10 anos recuava a 1,856% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 2,234%.

No câmbio, o dólar mostrou mais força, com o índice DXY encerrando em alta de 0,41%, em 97,785 pontos. No horário citado, o dólar recuava a 115,45 ienes, o euro caía a US$ 1,1062 e a libra tinha baixa a US$ 1,3340.

O dólar ainda avançava a 110,207 rublos. Esta última moeda bateu mínimas históricas, após a Moody's e a Fitch rebaixarem os ratings da Rússia. O Tesouro americano aplicou sanções contra oligarcas russos que ofereceriam apoio "direto e indireto" ao regime de Vladimir Putin e o Reino Unido também impôs sanção contra dois oligarcas do país. Há relatos de que haverá uma terceira rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia "o mais breve possível", enquanto isso Putin celebrou a operação e disse que as metas traçadas na invasão militar "têm sido atingidas".

Entre as commodities, o petróleo WTI para abril fechou em baixa de 2,65%, em US$ 107,67 o barril, na Nymex, e o Brent para maio recuou 2,19%, a US$ 110,46 o barril, na ICE. O óleo ajustou parte dos ganhos fortes recentes e foi pressionado pela notícia de que pode estar próximo um acordo sobre o programa nuclear do Irã, que incluiria o aval para o país vender mais petróleo nos mercados. A Casa Branca, por sua vez, destacou em entrevista coletiva que não tem interesse estratégico em reduzir a oferta global de energia, o que elevaria os preços da gasolina, mas disse que os EUA almejam diversificar mais suas fontes de energia, como a Europa também tenta fazer.

Nas bolsas de Nova York, a sessão foi volátil, com o Nasdaq exibindo sinal negativo mais claro, mas os outros dois índices oscilando entre perdas e ganhos. O Dow Jones fechou em baixa de 0,29%, em 33.794,66 pontos, o S&P 500 recuou 0,53%, a 4.363,49 pontos, e o Nasdaq teve queda de 1,56%, a 13.537,94 pontos.

Ainda no noticiário, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Argentina anunciaram acordo sobre o projeto para refinanciar a dívida de US$ 45 bilhões do país. O Congresso argentino ainda precisará avalizar o pacto e também o Comitê Executivo do Fundo. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])

CÂMBIO

O combo formado por valorização expressiva dos preços das commodities, expectativa de juros locais ainda mais elevados e possível migração de capitais que estavam alocados em ativos russos para outros países emergentes levou o dólar a se aproximar novamente do piso psicológico de R$ 5,00 na sessão desta quinta-feira (03). Em queda desde o início dos negócios, a moeda renovou sucessivas mínimas ao longo da tarde e, após descer até R$ 5,0210, fechou em queda de 1,55%, a R$ 5,0280 - voltando a patamares anteriores à eclosão da guerra na Ucrânia.

O movimento de apreciação do real se dá em sintonia com os ganhos de divisas de exportadores de commodities frente ao dólar, como peso chileno, peso colombiano e rand sul-africano, enquanto moedas de países do leste europeu, como o florim húngaro e o zloty polonês, perdem mais de 1%. Mais uma vez, o rublo amargou o pior desempenho, com queda superior a 7% quando o mercado brasileiro fechou. O rating da Rússia foi rebaixado pelas agências de classificação de risco Moody's e Fitch.

"Esse rebaixamento do rating da Rússia provoca uma realocação de recursos, porque muitos fundos só investem em países com determinada nota de classificação. Esse dinheiro vai para outros emergentes. Isso ajuda o câmbio por aqui", diz o economista Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. "A migração de recursos estrangeiros para cá está forte desde o começo do ano e tende a se intensificar com a Rússia saindo do tabuleiro dos emergentes", diz Nicolas Farto, especialista da Renova Invest.

Cruz, da RB, ressalta que a Rússia também foi retirada do índice MSCI de emergentes (que reflete uma carteira teórica de ações de países), o que tem potencial de direcionar entre US$ 1,2 bilhão e US$ 2 bilhões (na conta mais otimista), para o mercado brasileiro nas próximas semanas.

Além de surfar a onda de realocação de ativos da Rússia para outros emergentes, o real tende a se beneficiar pelos problemas de oferta de commodities agrícolas e metálicas em meio à guerra na Ucrânia e às severas sanções econômicas impostas aos russos. O minério de ferro, por exemplo, fechou em alta de 5,76% no porto de Qingdao, na China.

De um lado, preços de matérias-primas mais elevados favorecem os termos de troca brasileiros, o que tende a impulsionar a entrada de divisas via exportações. De outro, jogam ainda mais lenha nas pressões inflacionárias e, por tabela, turbinam os juros locais. Isso tende a aumentar a atratividade das operações de carry trade (que exploram o diferencial de juros entre países).

Esse panorama é reforçado pela perspectiva de que o Federal Reserve adote uma postura gradualista no processo de política monetária dos Estados Unidos. Em audiência no Senado, o presidente do BC americano, Jerome Powell, repetiu hoje que o movimento de elevação dos juros nos EUA vai ser iniciado com uma alta de 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária deste mês (dias 15 e 16). A declaração de Powell de que o Fed "vai começar a definir o ritmo de redução do balanço" neste mês não chegou a assustar os investidores.

"A alta das commodities impacta negativamente as projeções de inflação e isso pode exigir um movimento mais acentuado de alta de juros no Brasil, mesmo com o dólar em queda", afirma Farto, da Renova Invest. "Com fertilizantes em alta pressionando a produção agrícola e petróleo subindo, a inflação tende a ser mais alta. Temos previsão de 6% desde o começo do ano. Talvez o BC não encerre o ciclo de aperto com Selic em 12,25%", diz Cruz da RB Investimentos.

Dados do Banco Central divulgados hoje à tarde mostraram que houve fluxo positivo de US$ 6,340 bilhões em fevereiro, graças, sobretudo, a uma entrada líquida de US$ 3,347 bilhões pelo canal financeiro - ou seja, para aplicações em ativos domésticos. Na semana passada (de 21 e 25 fevereiro), houve uma refluxo dos estrangeiro, com saída líquida de US$ 1,310 bilhão do lado financeiro - fenômeno atribuído a uma redução momentânea da exposição a risco diante do início da guerra.

O forte ingresso de investidores externos em fevereiro também é atestado pela redução das posições vendidas de bancos no câmbio à vista, de US$ 20,219 bilhões em janeiro para US$ 14,581 bilhões no mês passado. Operadores relatam que o fluxo de capital externo induz a um movimento redução de posições defensivas no mercado futuro, o que alimenta uma dinâmica favorável ao real. (Antonio Perez - [email protected])

18:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.02800 -1.5527 5.11530 5.02100

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5070.000 -1.45773 5157.000 5061.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5140.000 -1.75841 5140.000 5133.000

JUROS

Os juros futuros tiveram nova rodada de avanço, com destaque para os vértices curtos e intermediários que fecharam em alta pela quarta sessão consecutiva. O pano de fundo para a pressão na curva segue o mesmo: a valorização das commodities e seus impactos na inflação na medida em que a guerra entre Rússia e Ucrânia se estende. O petróleo teve um dia volátil, mas acabou terminando em baixa, o que contribuiu para afastar as taxas das máximas à tarde, mas em compensação matérias-primas metálicas e parte das agrícolas avançaram. O saldo do dia foi o aumento nas apostas de um Copom mais agressivo após a reunião de março, com a curva já indicando Selic terminal de 13,5%. Novamente com a estratégia de não adicionar estresse ao mercado, o Tesouro trouxe lotes pequenos de prefixados longos na oferta do leilão, ainda assim vendida parcialmente.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a 12,79% (regular) e 12,85% (estendida), de 12,629% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,158% para 12,390% (regular) e 12,465% (estendida), ambos concentrando hoje a liquidez da ponta curta. A taxa do DI janeiro de 2025 encerrou a 11,75% (regular) e 11,805% (estendida), de 11,536% ontem, e a do DI para janeiro de 2027, a 11,50% (regular) e 11,55% (estendida), de 11,411%.

O DI para janeiro de 2023 fechou com as taxas no pico desde junho de 2016, mas, cabe a ressalva, à época era ainda um DI de 7 anos. Tal fato torna ainda mais atípico o atual desenho da curva, que aprofunda a desinclinação às custas da piora nas expectativas de inflação, que, por sua vez, puxa as apostas para a Selic. O diferencial entre os DIs para janeiro de 2027 e janeiro de 2023 está no fundo do poço, em -130 pontos.

A curva esteve sob pressão o dia todo. Pela manhã as taxas longas ainda chegaram a ensaiar uma virada com a inversão da alta dos preços do petróleo, mas o movimento durou pouco. O petróleo depois voltou a subir, levando os DIs para as máximas, mas acabou novamente devolvendo os ganhos. Mesmo com vaivém do petróleo e o forte alívio do câmbio, as taxas subiram de forma consistente na ponta curta e intermediária, até porque boa parte dos grãos continuou avançando, enquanto os metais básicos dispararam.

"Os players estão preocupados com a inflação. O que afeta a curva é a aposta o transbordamento da esticada das commodities para os demais preços", resumiu André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos. Para ele, porém, como as commodities também ajudam o real, o movimento da curva pode estar exagerado. "Entendo a cautela dos gestores, mas o dólar pode rapidamente furar os R$ 5 e, a partir disso, romper novos pontos gráficos importantes", disse.

Enquanto se prolongar a tensão geopolítica, é difícil enxergar movimentos mais fortes ou perenes de devolução de prêmios no DI, mas Perfeito alerta para outro fator que o mercado pode estar subestimando. "A Rússia vai dar calote e o sistema financeiro global vai sofrer. Com isso, é bem possível que os bancos centrais sejam mais cautelosos nas suas ações", comentou.

Dado o recrudescimento do conflito nos últimos dias, as medianas de IPCA na Focus de ontem ficaram defasadas e a próxima pesquisa já pode mostrar a taxa para 2022, atualmente em 5,60%, perto de 6%. Tanto o Banco Alfa quanto o JPMorgan informaram hoje revisão na previsão de IPCA este ano justamente para 6%, ante 5,5% e 5,6%, respectivamente. A depender da duração dos impactos sobre preços internacionais, economistas ouvidos pelo Broadcast veem chance de um índice acima de 7% em 2022 e de um ciclo de aperto monetário mais longo, que termine com juros em torno de 13% (veja matéria às 16h52).

Segundo cálculos da Greenbay Investimentos, além de precificar alta de 1 ponto porcentual da Selic no Copom de março, a curva passou a projetar a mesma dose para o encontro de maio, enquanto ontem a probabilidade era de 30%. Para junho, aponta aumento de 0,50 ponto e, agora, já tem 0,25 ponto embutidos para julho. No fim do ciclo, a precificação é de Selic em 13,5%, ante 12,65% ontem. E agora a chance de queda da taxa, que hoje está em 10,75%, é marginal.

Dado o clima pesado do mercado, o Tesouro manteve em 200 mil a oferta de NTN-F, como na semana passada, mas vendeu só o lote de 150 mil para 2029, rejeitando as propostas para 2033, que tinha volume de 50 mil. Na operação da semana passada, não havia vendido nada em nenhum dos dois vencimentos. Por outro lado, a oferta de LTN de 3 milhões foi vendida integralmente nesta quinta-feira, maior do que a da última semana (1,5 milhão), mas abaixo do leilão de 15 dias atrás (7 milhões), de mesmos vencimentos. (Denise Abarca - [email protected])

18:27

 Operação   Último 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 11.26

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 10.65

Over Selic (%a.a) 10.65

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