FED SOBE O TOM AO FALAR EM JUROS MAIS ALTOS, PIORA HUMOR E BOLSA TOCA EM 100 MIL PTS

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CENÁRIO-2: FED SOBE O TOM AO FALAR EM JUROS MAIS ALTOS, PIORA HUMOR E BOLSA TOCA EM 100 MIL PTS

O Fed subiu ainda mais o tom contra a inflação na ata da sua última reunião e já fala em subir os juros mais cedo e em maior intensidade. Só que alguns dirigentes do BC dos EUA foram além e já mencionaram reduzir o balanço da instituição tão logo encerrem o aperto monetário. Na prática, isso significa enxugar a liquidez duplamente, via juros e via venda de papéis. Esse novo cenário fez disparar a aversão a risco e, para um emergente como o Brasil, recheado de incertezas fiscais e num ano de eleições, o quadro não poderia ser pior. Resultado: tombo da Bolsa, dólar acima de R$ 5,70 e novo dia de acúmulo de prêmios para os juros futuros. Mas a deterioração foi generalizada. As bolsas em Nova York sentiram imediatamente o baque, o que consolidou a queda de Nasdaq e S&P 500, enquanto o Dow Jones, que chegou a renovar recorde durante o dia, migrou para o vermelho e por lá ficou. Enquanto isso, os juros dos Treasuries ganharam ainda mais força e, agora, mais de 70% das apostas indicam aperto monetário nos EUA já em março, segundo o CME Group. A piora de Wall Street reverberou de maneira decisiva no mercado brasileiro, que já sofria não apenas hoje, mas desde o primeiro dia útil do ano. Assim, o Ibovespa, que cedia ao redor de 1,5%, mas tentava se sustentar entre os 102 mil e 103 mil pontos, passou a renovar mínimas sucessivas, até tombar 2,42%, aos 101.005,64 pontos. No pior momento, chegou a voltar para os 100 mil pontos. Já o dólar, que operou em queda durante boa parte do pregão em relação ao real, passou a subir e terminou com valorização de 0,39%, a R$ 5,7121, colocando a divisa brasileira entre os piores desempenhos no mundo. E os juros futuros, que já oscilavam entre a estabilidade, no caso das taxas curtas, e a alta, na parte intermediária e longa da curva, durante o pregão regular, ganharam ainda mais força na sessão estendida.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Dando continuidade à postura hawkish adotada recentemente pelo Federal Reserve, a ata da mais recente reunião de política monetária mostrou dirigentes considerando medidas cada vez mais agressivas. Membros do Fed avaliaram que uma alta na taxa básica de juros pode ocorrer mais cedo e mais rápido do que o previsto anteriormente, seguida em breve pela redução do balanço patrimonial da instituição. As informações pesaram em Wall Street, com os principais índices fechando no vermelho e queda de mais de 3% no Nasdaq. Os juros dos Treasuries, por sua vez, fortaleceram alta, com mais de 70% do mercado precificando elevação na taxa básica de juros já na reunião de março, segundo o CME Group. O dólar ficou misto ante rivais e o petróleo subiu, com queda nos estoques dos Estados Unidos e alívio dos temores relacionados ao impacto da Ômicron sobre a economia mundial.

Na avaliação do BMO, a ata do Fed serviu como confirmação de que o banco central americano avançará com os aumentos de juros em 2022, com a redução do balanço patrimonial em seguida - talvez de seis a nove meses depois, sugere o banco canadense. No monitoramento do CME Group, as apostas para alta dos juros no mês de março superaram os 70% após divulgação da ata, ante 59,7% ontem. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos subia a 0,829%, o da de 10 anos, a 1,700% e o do T-bond de 30 anos avançava a 2,091%.

Durante o encontro do Fed, quando decidiram retirar a palavra "transitória" para caracterizar a inflação, dirigentes pontuaram que os gargalos de oferta na cadeira global devem persistir ao menos até 2023. Apesar da expectativa de crescimento para este ano, também citaram riscos gerados por novas variantes do coronavírus. A Pantheon Macroeconomics, porém, diz que a maioria dos membros não viram uma mudança fundamental no curso da economia devido à cepa Ômicron, apesar das incertezas geradas. Na análise da consultoria, a reunião de 14 e 15 de dezembro focou nos perigos da alta inflação correndo por mais tempo do que o esperado.

Ainda que não haja surpresas dadas as decisões feitas no encontro, a Capital Economics afirma que a ata revela uma mudança "notavelmente mais hawkish" nos dirigentes do Fed. E, apesar de inicial, incluíram o debate sobre redução no balanço patrimonial. O Citi diz que membros mais hawkish do Fed, como Christopher Waller e o presidente da distrital de St. Louis, James Bullard, têm defendido uma redução do balanço patrimonial ao fim do primeiro semestre deste ano. Outras autoridades, porém, podem preferir uma abordagem mais cautelosa, com um intervalo entre a primeira elevação de juros e o início da redução de patrimônio.

Com investidores digerindo as informações, Wall Street ficou no vermelho: o índice Dow Jones caiu 1,07%, a 36.407,11 pontos, o S&P 500 cedeu 1,94%, a 4.700,58 pontos, e o Nasdaq teve baixa de 3,34%, a 15.100,17 pontos. As principais ações de tecnologia, bancos e montadoras de carro fecharam em queda.

Entre as commodities, o petróleo subiu no mercado futuro. Dados dos EUA mostraram queda nos estoques de petróleo, ainda que menor que o previsto. O enfraquecimento do dólar ante rivais e alívio dos temores sobre impacto da Ômicron também contribuíram para o avanço. Próximo ao fim da sessão, porém, a redução de perdas pela divisa americana, em meio à divulgação da ata do Fed, apoiaram diminuição de ganhos do óleo. O petróleo WTI com entrega prevista para fevereiro fechou com ganhos de 1,11% (US$ 0,86), a US$ 77,85 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para março teve alta de 1,00% (US$ 0,80), a US$ 80,80 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

O dólar, por sua vez, ficou misto ante rivais. O índice DXY caiu 0,09%, a 96,171 pontos, enquanto o euro subia a US$ 1,1313 e a libra, a US$ 1,3554, no horário citado. A Casa Branca alertou hoje que as próximas semanas serão "desafiadoras" no combate à pandemia nos Estados Unidos. O número de casos subiu 98% na média da última semana, em comparação com a anterior. (Ilana Cardial - [email protected])

BOLSA

Com a piora em Nova York após a ata do Federal Reserve, que colocou o blue chip Dow Jones também no negativo (-1,07% no fechamento), elevou a perda do Nasdaq a 3,34% (encerramento) e acentuou a escalada dos juros dos Treasuries, o Ibovespa levou adiante mínimas da sessão, que já vinha renovando de forma sequencial desde o meio da tarde, antes da divulgação do documento. Ao fim, a referência da B3 mostrava queda de 2,42%, aos 101.005,64 pontos, entre mínima de 100.849,56 e máxima, na abertura, aos 103.513,64 pontos, correspondente ao fechamento de ontem.

Como nas duas sessões anteriores, o encerramento de hoje foi o de menor nível desde 1º de dezembro, então aos 100.774,57, que havia sido o pior desde 5 de novembro de 2020 (100.751,40 pontos). No intradia, foi hoje ao menor nível desde 2 de dezembro passado, então a 100.784,58. O giro financeiro desta quarta-feira foi a R$ 29,9 bilhões. Na semana, no mês e no ano, o Ibovespa cai agora 3,64%. Em porcentual, a queda de 2,42% na sessão foi a pior desde 26 de novembro (-3,39%).

Hoje, desde Nova York, a reação negativa do mercado decorreu de dois fatores: a consideração de autoridades do Fed de que pode ser preciso elevar a taxa básica de juros mais cedo e em um ritmo maior e, de alguns deles, de que seria apropriado reduzir o balanço patrimonial da instituição "logo após a alta dos juros".

Os sinais mais restritivos sobre a orientação da política monetária americana ainda no começo de 2022 eram um fator aguardado pelos investidores, mas a confirmação, no documento, contribuiu para reforçar a cautela. Desde a manhã, a leitura bem acima do esperado para a geração de vagas no setor privado dos EUA (relatório ADP) mantinha os investidores em guarda, o que se refletia especialmente nos yields dos Treasuries e no desempenho do Nasdaq. "As ações de tecnologia permaneceram sob pressão depois do relatório robusto sobre a folha de pagamento privada (nos EUA), que elevou os rendimentos do Tesouro", observa em nota Edward Moya, analista de mercado da OANDA em Nova York.

Depois da publicação da ata da reunião de dezembro do Federal Reserve, aumentaram as apostas de elevação de juros nos Estados Unidos, de acordo com o monitoramento do CME Group: 67,5% delas eram de uma alta de 25 pontos-base em março na taxa de juros e 3,9%, de um avanço de 50 pontos-base; apenas 28,6% das apostas eram de manutenção da política monetária no mês citado. As apostas somadas em ao menos uma elevação de juros em março já superavam 70%, nesta tarde. Ontem, 40,3% delas eram por manutenção; 57,5% de alta de 25 pontos-base e 2,2%, de avanço de 50 pontos em março.

"A ata de hoje nos parece muito mais 'hawkish' do que o comunicado sugeriu, principalmente no tocante as discussões de política monetária", diz em nota Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. "Após a surpresa altista observada no ADP hoje", e "caso o payroll (relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos EUA, a ser divulgado nesta sexta-feira) confirme tal perspectiva, fica cada vez mais provável a chance de (o Fed) encerrar o tapering (o processo de retirada de estímulos monetários) com a elevação imediata da Fed Funds Rate (a taxa de juros de referência)", acrescenta o economista.

Assim, a referência da B3 emendou a terceira perda neste começo de ano, acumulando entre segunda e quarta-feira retração correspondente a 3,8 mil pontos ante o fechamento de 2021 (104.822,44). Em dólar, o Ibovespa foi no encerramento de hoje a 17.682,75 pontos, com a moeda americana à vista em alta de 0,39%, a R$ 5,7121 no fechamento. Em 2021, em dólar, encerrou o ano a 18.799,19 pontos, no dia 30 de dezembro, comparado a 22.937,77 pontos no fechamento de 2020.

No meio da tarde desta quarta-feira, cerca de uma hora antes da aguardada ata do Fed, foi percebido um movimento mais forte de redução de exposição a ações por parte de fundos, com o objetivo de proteger as carteiras de uma volatilidade maior, o que resultou em mínimas sequenciais para a referência da B3, estendidas de forma ainda mais acentuada após a ata. Um dos operadores mencionou também "venda forte por parte de corretoras gringas" nesta tarde.

Com o dobro da geração de empregos esperada para dezembro, o forte relatório privado sobre vagas de trabalho nos Estados Unidos em dezembro já reforçava, desde cedo, a perspectiva mais restritiva para a política monetária americana em 2022, o que se conjuga, no Brasil, a crescentes pressões por reajuste de salário para o funcionalismo federal, resultando em aumento da aversão a risco e redução de exposição à Bolsa em meio a persistentes dúvidas sobre a situação fiscal doméstica.

Análise gráfica do Itaú BBA aponta que o Ibovespa definiu intervalo entre 100 mil e 109,4 mil pontos, e somente quando ultrapassar os extremos, para cima ou para baixo, deverá ganhar "movimento com maior consistência". "Do lado da alta, os 109.400 pontos, se superado, mostrará que o otimismo com o Ibovespa estará de volta de uma forma mais consistente, e poderemos esperar um rally de início de ano com potencial para buscar 114.500, 121.300, 129.900 e 132.000 pontos", aponta a análise técnica.

"Do outro lado, se negociar abaixo dos 100.000 pontos, voltará um cenário de cautela, sugerindo mais quedas para o mercado com um primeiro objetivo em 93.000 pontos, que é suporte e mínima de outubro de 2020", acrescenta o texto, em que se observa também que o Ibovespa tem mostrado "fragilidade em capturar dias de otimismo no mercado internacional".

A piora observada na B3 ao longo da tarde desta quarta-feira colocou as ações e setores de maior peso no Ibovespa no negativo, mesmo aqueles que demonstravam desempenho melhor pela manhã, como bancos (Itaú PN -1,90%, BB ON -1,66%) e siderurgia (Usiminas PNA -5,79%, CSN ON -2,25%, Gerdau PN -1,66%). A exceção positiva foi Vale ON, que conseguiu fechar a sessão em alta de 0,95%. Mesmo com o dia positivo para o petróleo - embora moderado após a ata do Fed -, Petrobras ON e PN encerraram a sessão em queda, respectivamente, de 4,10% e 3,87%.

Na ponta negativa do Ibovespa, Locaweb (-12,78%), PetroRio (-10,76%) , Soma (-9,54%) e Méliuz (-9,00%), com diversas ações do índice alcançando as respectivas mínimas da sessão no fechamento. Apenas quatro ações da carteira teórica conseguiram escapar ao dia de correção: além de Vale ON (+0,95%), BRF (+1,25%), Banco Pan (+0,32%) e Bradespar (+0,24%). (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Renata Pedini e Paula Dias)

18:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 101005.64 -2.42287

Máxima 103513.64 0.00

Mínima 100849.56 -2.57

Volume (R$ Bilhões) 2.98B

Volume (US$ Bilhões) 5.27B

18:33

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 101660 -2.64783

Máxima 104685 +0.25

Mínima 101660 -2.65

CÂMBIO

O tom duro da ata do Federal Reserve e a cautela diante do temor de piora das contas públicas, em meio à onda de reivindicação de reajuste salarial por servidores públicos federais, não apenas jogaram o dólar para cima como fizeram o real amargar um dos piores desempenhos entre as divisas emergentes na sessão desta quarta-feira (5), atrás apenas do rublo e da lira turca.

Pela manhã, o mercado até ensaiou um movimento de realização parcial de lucros, após a alta de 2,05% da divisa nos dois primeiros pregões do ano. Em sintonia com o movimento expressivo de queda da moeda americana lá fora, a taxa de câmbio rompeu a linha de R$ 5,65 e desceu até a mínima de R$ 5,6428.

Mesmo antes da divulgação da ata do Fed, contudo, o dólar já ganhava força por aqui, embora ainda se mantivesse em leve queda, na casa de R$ 5,68. Segundo operadores, após movimentos de ajustes e realização de lucros pela manhã, investidores remontavam posições defensivas, à espera do BC americano e de olho na movimentação do funcionalismo público. Pesou no mercado a notícia de que 150 auditores-fiscais do Trabalho já deixaram postos de chefia ou coordenação, seguindo a toada de servidores da Receita Federal e do Banco Central, que entregaram cargos de chefia. Categorias diversas pressionam por reajustes após o governo reservar espaço de R$ 1,7 bilhão no Orçamento de 2022 contemplar apenas polícias federais.

A pá de cal sobre a moeda brasileira veio com a ata do Fed. O documento informou que dirigentes do BC americano consideram que pode ser necessário "elevar os juros mais cedo e a ritmo mais rápido". E mais: alguns dirigentes até "consideraram apropriado reduzir o balanço após a alta de juros". Em resumo, o Fed não vai apenas deixar de injetar dinheiro (com o fim do programa mensal de compra de bônus) como iniciará a alta de juros e estuda começar a enxugar a liquidez do sistema. Embora se pondere que é preciso avaliar os riscos de novas variante do coronavírus, como a Ômicron, a avaliação é de que o crescimento americano seguirá robusto em 2022. A leitura de que a inflação é um fenômeno transitório foi abandonada.

As apostas em alta de juros nos EUA em março ganharam ainda mais força e as taxas dos Treasuries renovaram máximas. o índice DXY - que mede a variação do desempenho do dólar frente a seis moedas fortes - diminuiu rapidamente o ritmo de queda e voltou a trabalhar acima da linha dos 96,100 pontos. A moeda americana também reduziu a baixa em relação à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com leve alta frente ao peso mexicano, o principal par do real. O dólar subiu mais de 2% em relação a lira turca e ao rublo, que já vinham apanhando mesmo antes da ata do Fed.

Por aqui, a moeda não apenas trocou de sinal como passou a trabalhar acima da linha de R$ 5,70. Com renovação de sucessivas máximas na última hora de pregão, quando atingiu R$ 5,7131, o dólar à vista fechou a R$ 5,7121, em alta de 0,39%. Com isso, a divisa acumula valorização de 2,44% nos três primeiros pregões deste ano.

Para o gestor Sergio Zanini, sócio da Galapagos Capital, está claro que o real apresenta um desempenho pior que a maioria dos emergentes porque "questões idiossincráticas" do Brasil estão "pesando muito" sobre os ativos domésticos. "Existe a dinâmica da curva de juros americana, mas ela é igual para todo mundo. Mesmo em dias em que as moedas emergentes apreciam bastante, o real tem performance pior", afirma Zanini, destacando que o peso chileno e o peso colombiano, por exemplo, apresentaram um bom desempenho nesta quarta-feira.

Zanini observa que o mercado brasileiro "precifica uma probabilidade alta de deterioração fiscal ainda maior", diante das pressões cada vez mais elevadas por aumento dos gastos públicos, na esteira da reivindicação de reajuste por diversas categorias do funcionalismo público.

Mesmo com a renda fixa brasileira oferecendo prêmios elevados em relação a outros países emergentes, dado o nível das taxas de juros locais, os investidores não se mostram dispostos a apostar na moeda brasileira. Além das incertezas fiscais e da questão eleitoral, que mantêm os prêmios de risco elevados, a perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos desencoraja posições contra o dólar neste momento, observa Zanini.

"O mercado inteiro sabe que os ativos brasileiros estão baratos, mas este não é o momento de se engajar. Talvez haja uma recuperação no terceiro trimestre, quando ficar mais claro a questão da alta de juros nos EUA e da eleição aqui dentro", diz o gestor da Galapagos, que trabalha com cenário de três altas dos juros nos EUA neste ano, com a primeira elevação já em março. (Antonio Perez - [email protected])

18:32

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.71210 0.3884 5.71310 5.64280

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5735.000 0.38509 5757.000 5675.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5764.490 03/01    

JUROS

Os juros futuros terminaram a sessão regular, que concentra a liquidez dos negócios, antes da divulgação da ata do Federal Reserve, com as taxas em alta nos trechos intermediário e longo, enquanto os curtos ficaram perto dos ajustes de ontem. As preocupações com o cenário político e fiscal, a nova rodada de avanço nos retornos dos Treasuries e o aumento dos preços do petróleo continuaram pesando na curva local, mas menos do que ontem graças à melhora do câmbio. Na etapa estendida, porém, as curtas passaram a subir e as de médio e longo prazos ampliaram o avanço, acompanhando a reação dos demais ativos ao documento, que confirmou o tom hawkish esperado pelo mercado e reforçou as apostas na antecipação da alta de juros nos Estados Unidos.

No fechamento da sessão estendida, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 estava em 12,11%, de 12,052% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 fechou em 11,43%, de 11,178%, e a do DI para janeiro de 2027, em 11,32%, de 11,117%. Na sessão regular, as taxas haviam encerrado, respectivamente, em 12,045%, 11,30% e 11,21%.

"A renda fixa é o ponto de encontro das dinâmicas negativas recentes: elevação dos juros reais nos EUA, imbróglios fiscais renovados por aqui e retomada das altas nos preços das commodities desenhando uma inflação de curto prazo novamente pressionada", afirmam os economistas do Banco Original.

A tendência de alta nas taxas prevaleceu durante o dia, mas em ritmo bem mais moderado do que ontem, com disposição limitada para grandes posições antes da divulgação da ata do Fed, às 16 horas. No começo da tarde, chegaram a ensaiar um alívio na esteira da virada do dólar para baixo, mas que esbarrava nas máximas dos retornos dos Treasuries, no petróleo e na preocupação com o cenário fiscal.

Trazem desconforto tanto o aval do governo à desoneração da folha de pagamentos a 17 setores sem a compensação da renúncia, que pode gerar questionamentos jurídicos, quanto a mobilização de servidores em protesto por reajustes salariais. "As pressões persistem para o aumento do déficit público em 2022 e também com componentes permanentes no orçamento. Não é surpresa no cenário que antecede a eleição presidencial", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho. Após funcionários da Receita Federal e do Banco Central entregarem cargos comissionados, mais de 150 auditores-fiscais do Trabalho já deixaram seus postos de chefia ou coordenação.

Para o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno, dada a atenção que o Banco Central tem dedicado ao aspecto fiscal, a ponta curta não tem muito espaço para alívio enquanto perdurarem os ruídos gerados em Brasília, ainda mais sem perspectiva de andamento das reformas em ano eleitoral. "Por isso a curva precifica Selic a 12,75%. É bastante, mas condizente com o cenário que se desenha", afirmou.

Nesse contexto interno complicado, o ideal para o Brasil, afirma Nepomuceno, seria o Federal Reserve adiar ao máximo o início do ciclo de altas de juros nos Estados Unidos. "Mas não vai dar tempo de esperar até a eleição, mesmo com o agravamento dos casos de Covid. O fluxo para emergentes vai piorar", comentou o operador.

Pela manhã, dados do mercado de trabalho mais fortes que o esperado já alimentavam apostas na antecipação da elevação dos juros nos Estados Unidos, pressionando a curva dos Treasuries, e a percepção foi endossada à tarde pela ata do Fed, com a taxa da T-Note de dez anos batendo em 1,70% nas máximas. No documento, dirigentes foram claros sobre o risco de iniciar em breve o ciclo. "Pode ser preciso elevar juros mais cedo e a ritmo mais rápido", afirmaram. E foram além, ao indicar que alguns deles consideraram apropriado reduzir o balanço patrimonial logo após o processo de aperto.

"Aumentou a probabilidade de alta já na reunião de março, além do cenário de quatro elevações este ano", citam os profissionais do BTG Pactual, após leitura da ata.

O desempenho das commodities também é acompanhando de perto pelo mercado de juros, com o petróleo avançando um pouco mais nesta quarta-feira. "Vale destacar a nova defasagem do preço do petróleo externa e internamente, já em patamares consistentes com os reajustes altistas da Petrobras no passado", afirma a equipe do Banco Original. As commodities agrícolas hoje tiveram comportamento misto, mas nos últimos dias vêm em escalada. "Salta aos olhos a aceleração dos preços da soja, milho e boi gordo, todos próximos das máximas recentes. Sobre esse ponto, vale lembrar que o BC divulgou em dezembro em seu Relatório Trimestral de Inflação um IPCA projetado para janeiro de baixos 0,15%, possivelmente contando com algum alívio dos alimentos", destacaram.

Nesta quinta-feira, o Tesouro realiza seus primeiros leilões de títulos prefixados de 2022, com atenção especial à oferta inaugural da NTN-F 1/1/2033, que terá condições especiais a serem publicadas na portaria de divulgação do leilão. (Denise Abarca - [email protected])

18:34

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 9.34

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

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