FALTA DE AVANÇO EM DIÁLOGO SOBRE GUERRA, PETRÓLEO E POSSÍVEL SUBSÍDIO DERRUBAM BOLSA

Blog, Cenário

A possibilidade de embargo ao petróleo russo, em meio à continuidade da guerra na Ucrânia, fez disparar as cotações da commodity e trouxe efeitos diretos para os ativos, aqui e no mundo. Para começar, os temores de que a atividade no mundo seja comprometida pelo conflito e de que a inflação global, já elevada, fique ainda mais alta reforçam o sentimento de estagflação, o que provou forte aversão ao risco. Até porque, a terceira rodada de conversas entre Moscou e Kiev acabou, mais uma vez, sem grandes avanços. Nesse ambiente, as bolsas desabaram à tarde, ao passo que os juros futuros no Brasil confirmaram o sexto pregão consecutivo de alta, com acúmulo de prêmios mais intenso entre os vencimentos longos. E no caso da renda fixa, nem mesmo o bom desempenho do real, comparativamente às demais moedas, consegue aliviar a perspectiva de que os preços no Brasil seguirão pressionados, exigindo uma Selic terminal ainda mais elevada. Esse fator, no entanto, explica a performance da divisa brasileira. Afinal, juros maiores aqui aumentam ainda mais a atratividade do País para operações de carry trade, que exploram o diferencial entre as taxas externas e internas. Assim, em um dia de alta global do dólar, a moeda americana subiu apenas 0,03% por aqui, a R$ 5,0797 no mercado à vista. Já na renda variável, em uma sessão de queda de 2% ou mais dos principais índices de Wall Street, o Ibovespa perdeu 2,52%, aos 111.593,46 pontos. E a principal contribuição para o tombo veio de Petrobras, empresa que mais deveria se beneficiar da disparada do petróleo, que chegou perto de US$ 140 por barril no pior momento do dia. É que a escalada das cotações da matéria-prima energética também suscitou, dentro do governo, a urgência na discussão de medidas para subsidiar o preço dos combustíveis, inclusive com a possibilidade de uso de dividendos da estatal ou de recursos do Tesouro. A visão é de que se trata de uma interferência na política de preços da petroleira, o que nunca é bem visto e resultou em baixas superiores a 7% para os papéis da companhia.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•JUROS

•CÂMBIO

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os desdobramentos da guerra na Ucrânia seguiram como o principal alvo de atenção de investidores ao longo da sessão, com a possibilidade de embargo aos hidrocarbonetos russos levando volatilidade aos ativos. Com o tema, o petróleo chegou a disparar, alcançando a marca de US$ 140 o barril e levantando preocupações sobre o crescimento global. Mas a commodity teve a alta moderada ao longo do dia. Uma terceira rodada de negociações entre delegações de Ucrânia e Rússia ocorreu, mas sem que as partes anunciassem avanços significativos. Em Nova York, as ações tiveram baixa. O dólar subiu ante a maioria das moedas, incluindo mais um forte recuo do rublo russo, que renovou sua mínima histórica. Os rendimentos dos Treasuries operaram em alta, em semana que conta com a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) americano de fevereiro.

Os preços do petróleo subiram esta manhã para máximas não experimentados desde 2008, já que restrições ao óleo russo parecem mais prováveis, e os atrasos em um acordo nuclear com o Irã levantam questões sobre o alívio para a oferta, aponta a Rystad Energy. Os EUA estão enfrentando uma crise de abastecimento, com os preços da gasolina já subindo em todo o país, e o governo do presidente Joe Biden parece aberto a explorar fontes alternativas como a Venezuela, onde as sanções mantêm as importações de petróleo fora do mercado há anos, avalia a consultoria. Por sua vez, o chanceler alemão Olaf Scholz disse que se opõe ao corte do fornecimento de energia da Rússia, chamando as importações de petróleo e gás de "importância essencial" para a economia europeia. Já o Reino Unido irá anunciar, nos próximos dias, a estratégia para lidar com a oferta de energia no país, segundo o primeiro-ministro Boris Johnson. O líder reforçou a necessidade de se buscar alternativas para os combustíveis provenientes da Rússia. As sanções ao país devem ter impacto para todos, "mas são a coisa certa a se fazer", disse. Ao final do dia, o WTI para abril fechou em alta de 3,21% (US$ 3,72), a US$ 119,40. O Brent para o mês seguinte subiu 4,32% (US$ 5,10), a US$ 123,21.

A Capital Economics lembra que os choques do petróleo causaram problemas para o mercado de ações no passado. O caso da guerra Iraque-Kuwait da década de 1990 mostrou a rapidez com que o sentimento dos investidores pode se deteriorar - e até que ponto as ações podem cair - após um forte choque no fornecimento de petróleo causado por eventos geopolíticos, aponta. Na ocasião, o S&P 500 recuou 15% após a invasão do Kuwait, que foi acompanhada por uma alta de 100% nos preços do barril. "Com a inflação já alta, qualquer coisa que contribua para isso pode fazer com que o Federal Reserve (Fed) tenha que apertar um pouco mais para trazê-la de volta ao controle, assim como fez no início dos anos 80. Isso significou sérios problemas para o mercado de ações", avalia a Capital Economics.

Pelo lado do conflito, o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak, que representa o país nas negociações com a Rússia, disse hoje após a terceira rodada que "até hoje, não há resultados que melhorem significativamente a situação até agora". Enquanto isso, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, ordenou que tropas adicionais fossem enviadas para diferentes partes da Europa. Os EUA agora têm cerca de 100.000 militares americanos em ordens rotativas ou permanentes estacionados em solo europeu.

Em Nova York, ações de tecnologia estiveram entre algumas das principais perdas, com destaque para Meta (-6,29%) e Amazon (-5,62%). A Moderna seguiu sua trajetória recente de queda, acompanhando o abrandamento da pandemia, e recuou 7,33%. Por outro lado, observando o barril, algumas petroleiras subiram, caso de Chevron (+2,14%) e ExxonMobil (+3,60%). Ao fim, o Dow Jones teve baixa de 2,38%, o S&P 500 caiu 2,96% e o Nasdaq recuou 3,62%. Na Europa, a maioria das principais bolsas fechou em baixa, com destaque para o CAC 40, que recuou 1,31% em Paris, e o DAX, que teve baixa de 1,98% en Frankfurt.

Enquanto isso, "o dólar continua a se valorizar devido ao risco, mas também com base na expectativa de que o Fed prosseguirá com os aumentos das taxas de juros para lidar com a inflação muito alta, apesar das preocupações com o crescimento", aponta o Citigroup. Hoje, o euro se desvalorizou a US$ 1,0868 e a libra teve queda a US% 1,3109. O DXY, que mede o dólar ante seis rivais, tinha alta de 0,51%. O dólar se valorizava a 139,53 rublos, ante 106,45 do fim da tarde da última sexta-feira. Já os rendimentos dos Treasuries também avançaram, com o mercado também avaliando as perspectivas para o Fed e a publicação do CPI dos EUA, na próxima quinta-feira. No fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos subia a 1,532%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,718% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 2,176%. (Matheus Andrade - [email protected])

BOLSA

Com o petróleo Brent bem perto de US$ 140, a US$ 139,13 na máxima desta segunda-feira, aproximando-se do recorde histórico de 2008, e novas articulações do governo para que a Petrobras dê contribuição para que a volatilidade das cotações internacionais não pressione ainda mais a inflação, o Ibovespa iniciou a semana em queda de 2,52%, a 111.593,46 pontos. Entre as blue chips, Petrobras (ON -7,65%, PN -7,10%) foi o destaque negativo, à frente das perdas entre os grandes bancos, que chegaram a 4,28% (BB ON). Vale ON (+3,04%) foi a estrela solitária, porém incapaz de impedir a correção do Ibovespa, em dia de forte avanço, de 5,67%, para o minério de ferro na China (Qingdao), a US$ 161,65 por tonelada, o maior nível desde agosto.

As empresas aéreas Azul (-18,00%), Gol (-17,36%) e a de viagens CVC (-10,49%) lideraram as perdas da carteira Ibovespa na sessão, com Bradespar (+3,60%), Vale e Rumo (+1,97%) na ponta oposta - apenas oito ações do índice conseguiram avançar nesta segunda-feira.

Após a rápida ofensiva nos dois primeiros dias de invasão, o confronto Rússia-Ucrânia, apesar da desigualdade de meios militares, vai assumindo feição de guerra prolongada - como o próprio conflito civil no leste ucraniano, desde 2014 -, sem que Vladimir Putin consiga impor sua vontade pela força, e sem que o governo ucraniano encontre bases mínimas para negociação que não implique capitulação incondicional. Hoje, na Belarus, ocorreu a terceira rodada de conversas, sem avanços significativos sequer na questão dos corredores humanitários, anunciados no sábado pela Rússia - na prática do que se viu até ontem, sem a devida efetivação.

Em meio ao isolamento moral, econômico e financeiro da Rússia, o passo seguinte, talvez o mais difícil de todos, seja o embargo às exportações de petróleo e gás do país - algo que a Europa, em especial a Alemanha, teria dificuldade em lidar, pela dependência energética daquele grande produtor, agora no papel de pária mundial. Assim, na névoa da guerra, os preços das commodities continuam a mudar de patamar, aceleradamente, reforçando a perspectiva de estagflação global. Nas principais bolsas da Ásia, as perdas desta segunda-feira chegaram a 3,87% (Hong Kong); nas da Europa, a 1,98% (Frankfurt), e em Nova York, a 3,62% (Nasdaq).

Na B3, o Ibovespa oscilou entre mínima de 111.139,62 (-2,91%) do fim da tarde - menor nível intradia desde 25 de fevereiro, então o segundo dia da invasão da Ucrânia pela Rússia, a 110.673,29 - e máxima de 114.529,28, saindo de abertura aos 114.468,77 pontos, com giro financeiro reforçado, a R$ 41,0 bilhões na sessão. No mês, o índice cede agora 1,37%, ainda avançando 6,46% no ano.

Os ministros Paulo Guedes (Economia) e Ciro Nogueira (Casa Civil) se reuniriam ainda nesta segunda-feira no Palácio do Planalto, apurou o Broadcast. O encontro, marcado para as 16h15, não constava das agendas oficiais, em meio à queda de braço no governo sobre a melhor forma de evitar o repasse pela Petrobras do salto do petróleo.

A disparada do preço internacional do petróleo com o aumento da tensão diante da guerra levou o governo a começar a discutir um congelamento temporário do preço de combustíveis pela Petrobras, reporta de Brasília a jornalista Adriana Fernandes, de O Estado de S. Paulo. O desdobramento contribuía para que o Ibovespa acompanhasse a piora observada em Nova York, onde os três índices de referência também buscaram novas mínimas para a sessão perto do fechamento.

“O setor público deve reagir por meio da redução do ICMS, é o que se espera. Mas o mercado está de olho, acompanhando de perto, até pela coincidência com a mudança anunciada para o Conselho de Administração (da Petrobras, no fim de semana). Nada pessoal, a não ser pelo momento, que pode ter chamado atenção do mercado”, diz Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos. Em substituição ao almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, o governo indicou o presidente do Flamengo e ex-presidente da BR Distribuidora (2003-2006), Rodolfo Landim, considerado próximo ao presidente Jair Bolsonaro, para a presidência do conselho da estatal.

“Na prática, a Petrobras não vem exercendo a paridade internacional nos preços e, ainda assim, tem obtido geração de receita bem interessante, o que se mantém. Mas eventual controle na ponta, na bomba, como se viu lá atrás, é um ponto de atenção para o mercado - ou seja, o risco de se usar o balanço da Petrobras”, acrescenta.

Brito observa também que, se a inflação volta a ser preocupação aguda por um lado, com consequências já perceptíveis na curva de juros, por outro a B3 tende a se manter entre as praças emergentes alternativas, com a realocação de recursos em bolsa a partir do isolamento da Rússia, outro mercado de forte conteúdo em commodities. “O fluxo (para B3) prossegue em março.”

Mais cedo, lá fora, o preço do petróleo (Brent) chegou a subir hoje 18% e atingir US$ 139 por barril “depois de a Casa Branca afirmar que discute embargos aos suprimentos russos”, observam Bruno Madruga, head de renda variável, e Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, em “medida que pode representar risco de estagflação para a economia global”. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:22

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 111593.46 -2.51614

Máxima 114529.28 +0.05

Mínima 111139.62 -2.91

Volume (R$ Bilhões) 4.10B

Volume (US$ Bilhões) 8.11B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 111850 -3.25231

Máxima 115670 +0.05

Mínima 111850 -3.25

JUROS

Os juros começaram a semana da mesma forma como terminaram a anterior, com taxas para cima em função dos temores sobre os efeitos econômicos da guerra, num dia em que o petróleo nas máximas intraday se aproximou dos US$ 140 por barril. A probabilidade cada vez maior de um anúncio de embargo ao petróleo russo pelo Ocidente - em resposta à ofensiva de Moscou na Ucrânia - e a falta de acordo para cessar fogo na terceira rodada de negociações entre as partes levaram o mercado a reforçar a aversão ao risco no período da tarde.

Na etapa vespertina, as taxas renovaram máximas também na medida em que o dólar se fortalecia globalmente, mas com volatilidade ante o real. Na sessão estendida, o avanço ganhou força com as informações apuradas pelo Broadcast de que o governo estuda congelar temporariamente os preços dos combustíveis. As taxas de curto e médio prazos subiram, mas as longas subiram muito mais.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 voltou a fechar nos 13%, a 13,09% (regular) e 113,105% (estendida), de 12,986% no ajuste de sexta-feira, e a o DI para janeiro de 2024 subiu de 12,604% para 12,81% (regular) e 12,85% (estendida). O DI para janeiro de 2025 fechou em 12,255% (regular) e 12,295% (estendida), de 12,002% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2027 voltou a romper 12% no fechamento pela primeira vez desde novembro, encerrando a 12,08% (regular) e 12,13% (estendida), de 11,711%.

As taxas completaram a sexta sessão seguida de alta, ou seja, se movendo de forma unidirecional desde que a Rússia invadiu a Ucrânia no dia 24. Mas com os DIs longos hoje subindo num ritmo mais acelerado, a curva voltou a ganhar inclinação, interrompendo a tendência vista na semana passada, quando o reforço nas apostas de um Copom mais agressivo em função dos impactos das commodities na inflação puxava os curtos com mais força. A curva segue com inclinação fortemente negativa, mas hoje essa distorção ficou menor. O spread entre os vértices para janeiro de 2027 e janeiro de 2023 fechou em -97 pontos-base, de -127 pontos na sexta-feira, no menor nível desde o último dia 8 (-85 pontos).

Desde a eclosão do conflito, a subida das commodities tem feito estragos na curva, principalmente por causa do petróleo, dada a ampliação da defasagem cada vez maior dos preços domésticos ante os internacionais, estimada em cerca de 35% no caso da gasolina. Hoje, boa parte dos grãos fechou em queda ou com altas leves, com exceção do trigo que voltou a avançar entre 5% e 7%, mas o petróleo Brent, referência para a Petrobras, subiu a US$ 123 o barril, após encostar em US$ 140 mais cedo.

Há grande preocupação com a possibilidade de suspensão da importação do petróleo e gás da Rússia, o que estrangularia a oferta e pode levar os preços a superar US$ 150 no cálculo de algumas casas. No fim da tarde, a Casa Branca informou que nenhuma decisão foi feita até o momento pelos Estados Unidos. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que a medida "está na mesa". A terceira rodada de negociações para um acordo de cessar fogo não teve avanços, com a Rússia fazendo uma série de exigências para retirar a ofensiva.

"No começo todo mundo achava que ia durar 3 dias, mas a guerra parece ter ficado fora de controle", disse o operador de renda fixa da Mirae Asset Paulo Nepomuceno.

No Brasil, o governo tenta uma saída para evitar o repasse do petróleo pela Petrobrás e, logo, impacto na já elevada inflação. Os ministros Paulo Guedes (Economia) e Ciro Nogueira (Casa Civil)se reuniriam ainda nesta segunda-feira para discutir uma saída. Também haveria hoje no Planalto uma outra reunião com técnicos de ao menos três ministérios para debater o assunto.

Segundo apurou o Broadcast junto a fontes, o governo discute a possibilidade de congelamento dos preços de combustíveis enquanto durar a guerra, de forma a evitar mudança na política de paridade da Petrobrás. Seria uma alternativa ao fato de que o uso de dividendos para subsídio é vedado por lei, que prevê que todo o montante arrecadado pelo governo com dividendos seja destinado à amortização da dívida pública. Nem mesmo a possibilidade de decretar estado de calamidade tendo a guerra como argumento estaria descartada, o que daria liberdade para adotar medidas que mitiguem o impacto na economia. Com isso, as taxas continuaram piorando na sessão estendida.

Nesse cenário de incertezas, as medianas da pesquisa Focus divulgadas nesta segunda-feira estão atrasadas diante da velocidade com que o petróleo se aproximou de US$ 120 e sem definição sobre o que será feito dos preços internos. A mediana de IPCA para 2022 voltou a subir, passando de 5,60% para 5,65%, e a de 2023 manteve-se em 3,51%.

"O que chamou atenção foi a Selic projetada para 2023 e 2024 que está mais elevada, sugerindo que os economistas acreditam que os juros devem persistir num patamar elevado por mais tempo. De fato, este parece ser o cenário mais razoável", comentou, em nota, o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito. A mediana para 2022 permaneceu em 12,25%, mas a de 2023 avançou de 8,00% para 8,25% e a de 2024, de 7,25% para 7,28%. "Não acreditamos que o BCB vá cortar a Selic rapidamente antes de saber os planos ficais do próximo governo, especialmente num ambiente complexo como o atual." (Denise Abarca - [email protected])

18:25

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 11.41

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 10.65

Over Selic (%a.a) 10.65

CÂMBIO

Uma deterioração dos mercados acionários aqui e lá fora ao longo da tarde, em meio à falta de avanço na terceira rodada das negociações entre Rússia e Ucrânia e ao eventual banimento do petróleo russo pelo Ocidente, fez com que o dólar apagasse as perdas mais fortes observadas pela manhã e encerrasse a sessão desta segunda-feira (07) praticamente estável. Os debates dentro do governo em torno de medidas para segurar os preços dos combustíveis, que contribuíram para a derrocada do Ibovespa à tarde, não tiveram papel relevante na formação da taxa de câmbio, mas acabaram respingando no dólar futuro quando o mercado à vista já estava fechado.

Em dia marcado por alta generalizada da moeda americana no exterior, o fato de o dólar ter ficado no zero a zero por aqui mostra a resiliência do real, atribuída por analistas à atração de capitais para operações de carry trade e aos preços das commodities, em razão dos gargalos de ofertas provocado pela guerra. As cotações internacionais do petróleo voltaram a disparar, tendo o contrato futuro do Brent para maio se aproximado de US$ 140, para depois se acomodar na casa de US$ 120,00, fechando a US$ 123,21 (+4,32%). No fim da tarde, a Casa Branca informou que o presidente dos EUA, Joe Biden, não havia tomada sobre possível embargo ao petróleo russo.

A onda inflacionária vinda de fora reforça as expectativas de que a taxa Selic possa atingir o patamar de 13%, ao mesmo tempo em que se espera uma postura gradualista dos Bancos Centrais desenvolvidos, em especial do Federal Reserve - combinação que mantém um diferencial entre juros internos e externos muito elevado, dando sustentação ao real.

Apesar de todo o mau humor e volatilidade no exterior, o dólar por aqui oscilou apenas cerca de seis centavos entre a mínima R$ 5,0308 e a máxima R$ 5,0980. No fim da sessão, era cotado a R$ 5,0797 (+0,03%). Em março, a moeda já acumula desvalorização de 1,47%. Em 2022, perde 8,90%.

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, vê a taxa de câmbio doméstica sob forças opostas. De um lado, o ambiente internacional de aversão ao risco, que empurra o dólar globalmente para cima. Do outro, commodities em preços elevados (que tendem a se traduzir em mais entrada de dólares via exportações) e juros domésticos muito atraentes.

"Essa questão dos juros e das commodities, ajudada também pelo maior crescimento da China, vem se sobrepondo à aversão ao risco e determinando a taxa de câmbio no curto prazo", diz Lima, acrescentando que o real pode se beneficiar também de uma realocação entre emergentes de recursos antes alocados em ativos russos. "Mas esse equilíbrio é bem instável. Se a crise continuar e houve risco de retração global, a moeda pode se depreciar".

Lima também chama a atenção também para sinais de deterioração dos fundamentos domésticos, dado o impacto fiscal de eventuais medidas do governo para tentar conter os preços dos combustíveis no mercado interno, a despeito da escalada do petróleo lá fora. Por ora, diz o economista, tanto a aversão global ao risco quanto a possibilidade de piora das contas públicas estão refletidas no mercado de juros futuros, enquanto o real segue preservado. "Os fundamentos podem começar a deteriorar de novo de forma acelerada. E isso pode atingir o câmbio. Não podemos contar apenas com fluxo, porque é algo que não se consegue projetar", diz.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a gestão da Petrobras, que alinha os preços do óleo no mercado doméstico à cotação internacional do petróleo, dizendo que isso "não pode continuar". Segundo apuração do Broadcast, os ministro Paulo Guedes (Economia) e Ciro Nogueira (Casa Civil), além da técnicas do governo, teriam uma reunião hoje no Palácio do Planalto para tratar do tema. Fontes da equipe econômica ouvidas pelo Broadcast disseram que, mesmo que se encontra receita para subsídio aos combustíveis, não há espaço no orçamento que abrigue as despesa necessárias para segurar os preços da gasolina e do diesel.

Uma das propostas que estaria na mesa seria o congelamento temporário dos preços dos combustíveis pela Petrobras, justificado pela excepcionalidade da guerra, e bancado integralmente pela empresa. Fontes também disseram que, caso os gastos com subsídios para manter os preços congelados fossem assumidos pelo Tesouro, o dólar iria para R$ 5,70. Com o mercado à vista já fechado, o dólar futuro para abril acelerou o ritmo de alta para a casa de R$ 5,14, diante da possibilidade de congelamento, enquanto o Ibovespa aprofundou as perdas.

Lá fora, o dia foi marcado por forte valorização do dólar em relação à ampla maioria de divisas emergentes, com a exceção do peso colombiano e do rand sul-africano. O rublo renovou mais uma vez seu menor valor histórico em relação ao dólar e, quando o mercado brasileiro fechou, perdia cerca de 18%. Já o índice DXY - que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas fortes - operava na casa dos 99,200 pontos, após ter atingido 99,418 pontos na máxima intraday. (Antonio Perez - [email protected])

18:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.07970 0.0276 5.09800 5.03080

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5149.500 0.89146 5151.500 5066.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5160.000 04/03    

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