FALAS DE MEMBROS DO BC SOBRE INFLAÇÃO DERRUBAM JUROS E DESCOLAM BOLSA DE QUEDA EM NY

Cenário

Comentários dos diretores do Banco Central Diogo Guillen (Política Econômica) e Maurício Moura (Cidadania, Supervisão e Conduta) sinalizando que a queda da Selic pode estar mais próxima ganharam respaldo do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, em evento hoje à tarde, o que fez com que os juros futuros tivessem mais uma sessão de expressiva queima de prêmios. O DI para janeiro de 2029, por exemplo, encerrou o dia com queda de quase 20 pontos-base, a 10,89%, no menor nível desde 30 de dezembro de 2021 e abaixo da marca psicológica de 11%. A rodada de declarações de membros do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta segunda-feira respaldou a visão do mercado que a desinflação está em processo. Para o IPCA, que sai na quarta-feira, é esperada uma forte desaceleração segundo a pesquisa do Projeções Broadcast, de 0,61% de abril a 0,33% em maio. Em sua fala, Campos Neto disse que ainda que as expectativas mais longas de inflação estejam altas, tendem a cair. A partir das declarações do presidente do BC, o Ibovespa conseguiu se firmar no terreno positivo, abandonando os pares em Nova York. O índice brasileiro subiu 0,12%, aos 112.696,32 pontos, enquanto em Wall Street Dow Jones cedeu 0,59%, S&P 500 perdeu 0,20% e Nasdaq caiu 0,09%. A virada das ações da Apple (-0,76%), depois de anotar máxima histórica na etapa matutina, contribuiu para a descida das bolsas americanas. A fabricante do iPhone lançou hoje o óculos de realidade virtual. O movimento foi acompanhando pela desaceleração das ações de energia, à medida que o petróleo reduziu os ganhos de mais cedo, que vinham impulsionados pela decisão da Arábia Saudita de cortar a produção. A subida das commodities, dados fracos dos Estados Unidos e a percepção de que, mesmo diante da queda esperada da Selic, o diferencial de juros brasileiro seguirá atrativo levaram o dólar à menor cotação de fechamento no mercado à vista desde 15 de maio - aos R$ 4,9304, recuo de 0,45%.

•JUROS

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

JUROS

Os juros futuros aceleraram a queda e passaram a tarde renovando mínimas, com as falas de membros do Banco Central sobre a melhora do cenário inflacionário, que autorizaram o aumento das apostas no início de cortes da Selic em agosto - a curva já aponta mais de 70% de chance de uma redução de 0,25 ponto porcentual. Apesar da queda firme da ponta curta, os longos cederam ainda mais, apoiados na percepção de um cenário mais recessivo no exterior na esteira de dados fracos nos Estados Unidos e Europa, o que pode apressar o fim do ciclo de aumento de juros por lá. Além disso, foi bem recebida a possibilidade de antecipação da reoneração do diesel para apoiar o programa de desconto em veículos, estudada pelo governo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,16%, de 13,202% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,46% para 11,31%. A do DI para janeiro de 2027 recuou mais de 20 pontos-base, de 10,77% para 10,55%, e a do DI para janeiro de 2029, de 11,08% para 10,89%, pela primeira vez cruzando a linha dos 11% desde 4/4/2022 (10,96%).

As taxas começaram o dia com viés de alta, acompanhando a reação do petróleo ao corte de produção de 1 milhão de barris por dia anunciado ontem pela Arábia Saudita e o avanço dos juros dos Treasuries. Ainda pela manhã, passaram a oscilar perto da estabilidade com a virada dos yields dos Treasuries para baixo e abandonando a commodity como referência. "Vieram os dados dos Estados Unidos, praticamente todos abaixo do esperado", destacou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

O ISM de Serviços dos EUA de maio caiu a 50,3 em maio, ante previsão de 52, e as encomendas à indústria subiram 0,4% em abril, ante 0,8% esperados. Na Europa, o PMI composto da zona do euro recuou a 52,8 em maio, ante expectativa de 53,3. Pelo CME Group, a probabilidade de manutenção do juro pelo Federal Reserve na reunião da próxima semana já supera 80%.

O alívio nos prêmios de risco ganhou força na segunda etapa, em meio a declarações de diretores e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacando a melhora do cenário inflacionário no exterior e no Brasil. O primeiro a falar, Diogo Guillen, tido com o mais hawkish dos membros do Copom, admitiu em evento do Bradesco BBI, ainda que com certa cautela, a evolução benigna nos preços, em especial alimento e bens industriais, mas ponderando sobre a resistência dos núcleos em patamares elevados e que o mercado de trabalho está resiliente.

"Ele tentou fazer jogo duro, mas reconheceu a melhora inflacionária, baixando a barra para começar a cortar a Selic. É um discurso gradualista, mas que indica o caminho para reduzir no segundo semestre", avalia o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi.

Depois de Guillen, a curva teve novas mínimas durante a live do diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta Mauricio Moura. Em tom didático, disse que a Selic "vai voltar a cair em algum momento", assim que as condições permitirem, listando três vetores principais: queda da inflação corrente, as expectativas futuras e o balanço de riscos.

Para coroar o que se pode chamar de ação coordenada do BC em seu discurso para ajustar as expectativas do mercado sobre a Selic, Campos Neto, evento da Cooperativa Cooxupé, em Minas Gerais, foi além e reconheceu que cenário de inflação está um pouco melhor "inclusive de núcleos, com serviços", embora tenha reiterado que a inflação, exceto de alimentos e energia, é persistente. Também parece agora ter visão melhor das expectativas de longo prazo. "Ainda estão em alta, mas devem cair", disse.

Depois de Campos Neto, as taxas aceleraram ainda mais a queda, numa segunda-feira de liquidez atipicamente elevada, especialmente na ponta curta, onde estão concentradas as apostas para a política monetária nos próximos meses. Segundo Rostagno, a curva nesta tarde projetava estabilidade para a Selic em 13,75% no Copom de junho e 18 pontos de queda para a reunião de agosto, o que significa 72% de chance de redução de 25 pontos e 18% de probabilidade de manutenção. Para o fim de 2023, a precificação é de taxa a 12,22% e para o fim de 2024, em 9,54%.

Borsoi, da Nova Futura, diz ainda que mais dois fatores internos estariam dando conforto para a montagem de posições aplicadas na curva, especialmente na ponta longa, mais sensível ao risco fiscal. Uma delas é a percepção de "mão forte" do Congresso no que diz respeito a frear impulsos gastadores do governo e a outra, a perspectiva de reoneração antecipada do diesel. "É uma boa saída já que a conta do subsídio ao setor automotivo precisa ser paga", disse.

O governo deve antecipar a reoneração que estava prevista para janeiro do ano que vem, em proposta sugerida pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A previsão é que a volta da cobrança de impostos federais seja feita em duas etapas: metade em setembro deste ano e a outra metade, em janeiro de 2024. O valor que será arrecadado com a reoneração, cerca de R$ 3 bilhões, vai compensar o pacote, que deve custar R$ 1,5 bilhão. O restante, R$ 1,5 bilhão será utilizado para reduzir o rombo das contas públicas. (Denise Abarca - [email protected])

BOLSA

O Ibovespa encerrou o pregão desta segunda-feira, 5, próximo da estabilidade, em um dia de agenda doméstica esvaziada. Após ter passado a maior parte da sessão em queda, o índice voltou ao terreno positivo e conseguiu sustentar ganho de 0,12%, aos 112.695,58 pontos, beneficiado pela queda dos juros futuros após declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na última hora de negócios.

As falas beneficiaram setores como consumo (+0,38%) e imobiliário (+0,35%) ao reforçar a perspectiva de que o ciclo de cortes da taxa Selic, hoje em 13,75%, deve começar este ano. Em evento da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé, Campos Neto disse que o cenário "clareou" com as revisões das projeções de PIB para cima e IPCA para baixo, e que as expectativas do mercado para a inflação de longo prazo devem cair.

A menção a uma desaceleração do crédito no Brasil "moderada" em relação a outros países também acabou por favorecer os papéis de bancos na reta final do pregão, o que levou a um ganho de 0,57% no subíndice financeiro da B3 - o maior da sessão. Esses sinais foram suficientes para descolar o Ibovespa dos pares de Nova York, que cediam entre 0,59% (Dow Jones) e 0,09% (Nasdaq) no horário de fechamento da Bolsa brasileira.

"Vimos uma puxada do Ibovespa muito por conta de ações de varejo, construção civil e small caps que, em geral, se beneficiam de uma queda de juros", afirma o operador de renda variável da Manchester Investimentos Gabriel Mota. "Ao mesmo tempo, Campos Neto falou mais sobre inflação e expansão de crédito no Brasil, que é bem relevante para os bancos. Sem dúvida, entrou um fluxo."

Os bancos encerraram o dia em alta, puxada pelos papéis do Bradesco (PN +1,81%, ON +1,24%), que também foram beneficiados pela elevação da recomendação de "underperform" (equivalente a venda) para neutro pelo Credit Suisse. Mesmo as ações do Banco do Brasil - rebaixadas de neutro para "underperform" pelo banco suíço - sustentaram alta no pregão, de 0,33%.

A alta dos preços de petróleo, entre 0,57% no contrato do WTI e 0,76% no Brent, também ajudou a sustentar o desempenho de papéis como Petrobras (PN +1,07%, ON +0,62%), 3R Petroleum (+0,94%) e PetroRio (+0,08%). A commodity avançou mais de 2% durante a manhã, após a Arábia Saudita anunciar que cortaria 1 milhão de barris por dia de sua produção, mas reduziu o ganho com a incerteza sobre a economia global.

O ganho da Petrobras acabou sustentado também por um fator técnico, já que a petroleira deve pagar dividendos no próximo dia 12, o que leva investidores institucionais a segurar o papel, observa Mota, da Manchester. “A gente vê que acabou segurando o índice hoje”, comenta o analista.

Na ponta negativa, a alta de 2,15% dos preços do minério de ferro na Dalian Commodity Exchange, na China, não foi suficiente para sustentar os papéis da Vale, que encerraram o pregão em baixa de 0,82% (ON). Na siderurgia e mineração, os Gerdau Metalúrgica (-0,26%) e Gerdau (-0,08%) também cederam, enquanto CSN ON (+0,94%) e Usiminas (+0,41%) tiveram ganhos.

Hoje, o índice oscilou entre máxima de 113.071,20 pontos (+0,46%) e mínima de 111.736,44 pontos (-0,73%). As maiores altas foram de CVC ON (+10,83%), Yduqs ON (+2,34%), Natura ON (+2,15%) e São Martinho ON (+1,87%), além de Bradesco PN. Na outra ponta, Eneva ON (-4,01%), Assaí ON (-2,96%), Pão de Açúcar ON (-2,06%), Locaweb ON (-2,04%) e Vibra ON (-2,01%).

Para operadores, a tendência é que o Ibovespa tenha variações contidas nas próximas sessões, enquanto o mercado aguarda pelas decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central brasileiro no dia 14. Na agenda doméstica, destaque para a divulgação do IPCA de maio na próxima quarta-feira, 7. A mediana da pesquisa Projeções Broadcast sugere desaceleração da inflação a 0,33% nesta leitura, de 0,61% em abril. (Cícero Cotrim - [email protected])

MERCADOS INTERNACIONAIS

A deterioração do papel da Apple, após lançamento de óculos de realidade virtual, inverteu o sinal do Nasdaq, que acompanhou os outros dois índices de Nova York em território negativo no final do pregão. O movimento foi acompanhando pela desaceleração das ações de energia, à medida que o petróleo reduziu os ganhos de mais cedo, que vinham impulsionados pela decisão da Arábia Saudita de cortar a produção. Houve ainda o efeito de dados de serviços mais fracos que o esperados nos EUA, que fortaleceram expectativa de recessão no país e "pulo" no aperto monetário do Federal Reserve (Fed). Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries operaram mistos nesta tarde e o dólar no exterior fechou sem direção única.

No início da tarde, a expectativa com o lançamento de um novo óculos de realidade virtual da Apple levou os papéis da empresa a renovarem máxima histórica, subindo a US$ 184,95 e elevando seu valor de mercado acima US 2,89 trilhões, o maior entre todas as companhias de capital aberto no mundo, conforme dados do site Companies Market Cap. Porém, o valor do novo Vision Pro (US$ 3,5 mil) recebeu críticas de operadores nas redes sociais, que consideraram o produto caro em comparação ao preço de mercado das concorrentes. Seguindo o anúncio, os papéis da Apple reverteram ganhos e fecharam em queda de 0,76% em Nova York.

O evento também impactou as ações de ouras grandes empresas americanas. A ação da desenvolvedora de jogos eletrônicos Unity saltou 17,16% e a Disney subiu 0,25%, com notícias de que trabalham junto a Apple no desenvolvimento do óculos de realidade virtual.Já os papéis da Intel recuaram 4,63%, após o anúncio de que trabalha com a Apple anunciou que não utilizará processadores da empresa em seus novos produtos Mac Pro.

Sem o fôlego da gigante de tecnologia, os índices Nasdaq e S&P 500 reverteram ganhos de mais cedo e fecharam no vermelho, acompanhando a tendência de queda do Dow Jones. No final da tarde, o Dow Jones fechou em baixa de 0,59%, a 33.562,86 pontos; o S&P 500 recuou 0,20%, a 4.273,79 pontos; e o Nasdaq caiu 0,09%, a 13.229,43 pontos. Entre as ações de destaque, a 3M perdeu 4,44%, com notícias do adiamento do julgamento no qual é acusada de poluição ambiental na Flórida.

Na divisão de setores do S&P, os setores industrial, de energia, financeiro e de tecnologia lideraram as quedas. Empresas de energia foram particularmente abaladas pela redução nos ganhos do petróleo, previamente impulsionados pelo anúncio da Arábia Saudita de cortes adicionais em sua produção. Analistas apontaram que o mercado ponderou sobre as incertezas relativas a política da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), frente a notícias sobre divergências no posicionamento de países-membros do cartel. Além disso, a Oanda aponta que as decisões tiveram pouco efeito real de alta sobre os preços, que devem ser suportados em breve com o aumento na demanda durante o verão americano e eventual recuperação econômica da China. Assim, o petróleo WTI para julho fechou em alta de 0,57% (US$ 0,41) a US$ 72,15 por barril, na Nymex, e o Brent para agosto subiu 0,76% (US$ 0,58), a US$ 76,71 o barril, na ICE.

Em geral, as bolsas de Nova York também foram pressionadas neste pregão pelo índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços dos Estados Unidos, que contrariou o consenso do mercado em ambas as leituras de maio.

O Citi analisa que dirigentes mais "dovish" do Fed podem utilizar os dados como evidências de desaceleração no setor de serviços, demanda de trabalho e nos preços. Já o ING avalia que o relatório ISM de serviços representa maior risco de recessão da economia americana, somado as leituras do PMI industrial do instituto. A Oxford Economics também mantém sua projeção para uma recessão moderada nos EUA a partir do terceiro trimestre, com risco de que seja adiada para o quarto trimestre, lembrando que leva tempo até que o aperto monetário possa ser sentido na economia.

A possibilidade de uma recessão na maior economia do mundo também renovou expectativas de pausa no aperto monetário do Fed em junho, embora ainda precificando nova alta de juros em julho, segundo ferramenta de monitoramento do CME Group. Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries ficaram mistos e, no horário citado, o juro da T-note de 2 anos caía a 4,478%, o da T-note de 10 anos operava estável, em 3,696%, e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,897%.

Esta perspectiva também minou a força do dólar no exterior, levando a moeda americana a fechar sem direção única. No horário citado, o dólar caía a 139,56 ienes, o euro tinha alta a US$ 1,0716 e a libra recuava a US$ 1,2435. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,01%, a 104,403 pontos.

Ainda no radar, o bitcoin caiu 6,39% neste pregão, a US$ 25.635,00, após a Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários americana) anunciar processo contra a exchange de criptoativos Binance e o seu fundador, Changpeng Zhao, por supostas operações ilegais nos Estados Unidos. (Laís Adriana - [email protected])

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 5, em baixa de 0,45%, cotado a R$ 4,9304 - menor valor de fechamento desde 15 de maio. Na mínima, no início da tarde, a divisa chegou a se aproximar de R$ 4,90, ao tocar R$ 4,9135. Operadores relataram entrada de fluxo comercial e desmonte de posições cambiais defensivas no mercado futuro. O dólar para julho, principal referência do apetite por negócios, movimentou mais de US$ 15 bilhões. Foi o terceiro pregão seguido de queda da moeda americana, que já acumula desvalorização de 2,81% em junho, após ter encerrado maio com alta de 1,72% (R$ 5,0730).

O real ganhou fôlego em meio ao enfraquecimento do dólar em relação à maioria das divisas emergentes e de exportadores de produtos básicos, em dia de valorização dos preços das commodities metálicas e, em menor magnitude, do petróleo. O tipo Brent para agosto subiu 0,76%, para US$ 76,71 o barril, após a Arábia Saudita anunciar corte de produção de 1 bilhão de barris por dia. Houve uma melhora das expectativas para a economia chinesa na esteira de indicadores positivos de atividade divulgados ontem à noite.

Dados abaixo do esperado nos Estados Unidos contribuíram para tirar ímpeto do dólar ao reforçarem as apostas de que o Federal Reserve vai interromper o processo de aperto monetário em seu encontro na semana que vem. Monitoramento do CME mostra que as chances em manutenção da taxa básica americana na faixa entre 5,00% e 5,25% superaram 80%. Permanece no radar, contudo, a possibilidade de uma alta dos Fed Funds em julho. Termômetro do desempenho do dólar frente a seis moedas fortes, o índice DXY trabalhou em ligeira queda ao longo do dia, ao redor dos 104,000 pontos.

"O dólar está devolvendo toda a pressão da semana passada. Tivemos a aprovação do teto da dívida dos EUA no Congresso. Apesar do payroll (relatório de emprego nos EUA) forte na sexta-feira, a economia americana e a inflação mostram sinais de arrefecimento, o que tira pressão para subida de juros pelo Federal Reserve", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, acrescentando que há também uma recuperação dos preços das commodities com perspectiva melhores para a China.

A lista de indicadores abaixo do esperado nos EUA começou com o índice de gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês de serviços). Embora tenha avançado de 53,6 em abril para 54,9 em maio, ficou aquém das expectativas (55,1). Em seguida, o Departamento do Comércio informou que as encomendas à indústria dos Estados Unidos cresceram 0,4% em abril, enquanto analistas projetavam 0,8%. Por fim, o PMI de Serviços medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) caiu de 51,9 em abril para 50,3, na contramão da expectativa de aumento para 52,0.

"A preocupação com a atividade nos EUA volta aos holofotes com dados mais fracos. Isso reduz o espaço para um movimento de ajuste residual dos Fed Funds em junho e, junto com alta das commodities, provoca queda global do dólar", afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, ressaltando que o mercado parece já ter incorporado à taxa de câmbio a possibilidade de corte da taxa Selic no segundo semestre, refletido no forte fechamento da curva de juros ao longo dos últimos dias.

Em tese, uma redução da Selic estreita o diferencial de juros interno e externo, o que tira parte da atratividade do real. Analistas ponderam que, mesmo se houver ajuste residual dos Fed Funds e cortes da Selic, o intervalo entre as taxas se manterá em nível elevado. Além disso, houve uma diminuição do chamado risco fiscal no Brasil, com a aprovação do novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados e a aposta em tramitação rápida no Senado.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica da autarquia, Diogo Guillen, afirmaram hoje que há uma melhora no cenário inflacionário, levando a nova rodada de queda dos juros futuros. "As expectativas de inflação de longo prazo ainda estão em alta, mas devem cair", afirmou Campos Neto, à tarde, durante evento da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), em Minas Gerais.

Pela manhã, o boletim Focus trouxe redução da mediana da estimativa para o IPCA deste ano de 5,71% para 5,69%. Foi a terceira semana seguida de queda. Já a projeção para a inflação oficial em 2024 recuou de 4,13% para 4,12%. (Antonio Perez - [email protected])

18:02

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