EXTERIOR PIORA À TARDE ANTES DO FED E DETERIORA BOLSA, CÂMBIO E JUROS NO BRASIL

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CENÁRIO-2: EXTERIOR PIORA À TARDE ANTES DO FED E DETERIORA BOLSA, CÂMBIO E JUROS NO BRASIL

O apetite por risco visto inicialmente na bolsa brasileira foi aplacado pela cautela externa, que também puxou dólar e juros futuros para cima. A verdade é que o investidor evitou posições mais arriscadas na véspera de dias que prometem agitar os negócios. Afinal, além da decisão do Fed, na quarta e quando se espera uma aceleração do tapering, a semana reserva reuniões do Banco Central Europeu e do Banco da Inglaterra, lá fora, e ata do Copom e Relatório Trimestral de Inflação (RTI) internamente. Assim, com os principais índices em Wall Street no vermelho e renovando mínimas à tarde, o Ibovespa, depois de tocar nos 109 mil pontos pela manhã, sucumbiu e terminou em baixa. Ainda assim, viu os papéis da Vale, puxados pela alta do minério, e de alguns exportadores, diante do avanço do câmbio, aplacarem uma perda mais intensa. O índice terminou na mínima aos 107.383,32 pontos, queda de 0,35%. No caso do dólar, o movimento de fortalecimento da divisa foi generalizado e incluiu o real. Até porque, a possibilidade de o Fed reduzir estímulos e sinalizar um aumento de juros significa um enxugamento da liquidez dos mercados, ajudando a puxar para cima a divisa americana. E tal tendência global ganha ainda mais tração no Brasil, diante de remessas de fim de ano. De olho nisso, o Banco Central até tentou conter o ímpeto altista do dólar, ao vender US$ 905 milhões em moeda no mercado à vista. O efeito, contudo, foi apenas pontual e a divisa dos EUA terminou o dia perto das máximas, com valorização de 1,07%, a R$ 5,6741. A deterioração do câmbio e a piora externa também mudaram a cara do mercado de juros futuros. As taxas, que caíram pela manhã com as projeções de inflação parando de piorar após o IPCA de novembro abaixo do previsto, passaram a subir e terminaram a sessão regular perto das máximas ao longo de toda a curva a termo.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Em semana marcada por decisões de política monetária dos principais bancos centrais no mundo, os mercados no exterior aproveitaram a segunda-feira de agenda vazia para ajustar posições. Observando a possibilidade de aceleração do tapering uma postura hawkish do Federal Reserve (Fed) na quarta-feira, o dólar avançou ante rivais, os juros dos Treasuries e os principais índices acionários de Nova York recuaram. Na Europa, o dia também foi de perdas nas bolsas, após a primeira morte pela variante ômicron do coronavírus ser confirmada no Reino Unido. Sem comentar política monetária, o presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, afirmou nesta tarde que os riscos ao sistema financeiro retomaram o nível pré-pandemia e alertou investidores de criptoativos para o risco de perda de investimentos. Entre as commodities, o petróleo fechou no vermelho, após a Opep revisar para cima a previsão de aumento da oferta fora do grupo em 2021.

Além do Fed, as autoridades monetárias da zona do euro, do Japão e o do Reino Unido também farão suas últimas decisões de política monetária em 2021 nesta semana. Para o banco Nomura, o Fed deve anunciar que irá dobrar o ritmo da retirada de estímulos monetários da economia, o chamado tapering. Em 2022, a expectativa é de dois aumentos da taxa de juros no segundo semestre do ano - em setembro e em dezembro, mas admite uma antecipação desse processo caso a inflação mensal não comece a ceder. Para o Nomura, o Fed age na tentativa de evitar que a inflação se enraíze na economia americana, mas avalia que os EUA vivem já um “um ponto de inflexão da inflação à medida em que o crescimento continua forte”. Hoje, pesquisa divulgada pelo Fed de Nova York apresentou aumento nas expectativas de inflação de curto prazo, passando de 5,7% em outubro para 6%, e queda na de médio prazo (4% ante 4,2%), sendo este o primeiro declínio desde junho deste ano.

A Western Union nota que as expectativas de que o Fed esta semana poderia deixar os hawkish "soltos" permitiu que o dólar se recuperasse novamente após uma semana com queda. Segundo a análise, a maior inflação dos EUA (6,8%) em 39 anos e o menor desemprego (4,2%) em 21 meses sugerem que o Fed vai soar mais hawkish em sua declaração de política e em suas projeções econômicas para o próximo ano. No caso do euro, a Western Union aponta que a moeda comum caiu para as mínimas de uma semana em relação ao seu homólogo americano, com a semana dos bancos centrais destacando as divergências de políticas, uma fonte importante da fraqueza do euro neste ano. No fim da tarde, o euro se desvalorizava a US$ 1,1285. A libra também se desvalorizou, e recuava a US$ 1,3218 em dia marcado no Reino Unido pelos temores com a variante ômicron. Neste cenário, o índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais, fechou em alta de 0,23%.

Um dos impactos da força do dólar foi um mercado de commodities pressionado, o e petróleo fechou em baixa hoje. A preocupação com a nova cepa do coronavírus também pesou, e o analista da CMC Markets, Michael Hewson aponta que investidores estão temerosos de que a rápida disseminação da mutação faça com que governos adotem mais restrições à mobilidade. O tema superou o otimismo com a publicação do relatório da Opep, que manteve a projeção para a alta da demanda global em 2021 e 2022. Já a previsão deste ano para a oferta fora do grupo subiu a 680 mil bpd, enquanto a do próprio cartel baixou a 3,64 milhões. O WTI com entrega prevista para janeiro fechou em baixa de 0,53% (US$ 0,38), a US$ 71,29, enquanto o do Brent para o mês seguinte cedeu 1,01% (US$ 0,76), a US$ 74,39.

A preocupação pesou nos mercados acionários europeus, para Hewson, analista embora as preocupações do mercado com a ômicron pareçam estar diminuindo, as dos governos parecem estar indo em direção contrária. Para ele, investidores estão preocupados que os políticos estão reagindo de forma exagerada. Em Londres, o FTSE MIB fechou em baixa de 0,83%, e o CAC 40 recuou 0,70% em Paris. Em Nova York, o tema pesou especialmente nas aéreas, e American Airlines (-4,94%), Delta Airlines (-3,42%) e United Airlines (-5,24%) fecharam em baixa. Outra queda de destaque foi a Tesla, que recuou 4,98%, com analistas tentando compreender o movimento, que indica uma correção após a forte valorização da empresa nos últimos meses. No fim da sessão, o Dow Jones caiu 0,89%, o S&P 500 recuou 0,91%, e o Nasdaq teve queda de 1,39%.

Com a cautela e de olho na reunião do Fed, os rendimentos dos Treasuries recuaram. No fim da tarde, os juros da T-Note de 2 anos baixava a 0,636% e o da T-note de 10 anos recuava a 1,422%. O retorno do T-Bond de 30 anos caía a 1,813%. (Matheus Andrade - [email protected])

BOLSA

Se na primeira metade dos negócios o Ibovespa operou com fôlego, a ponto de se firmar no nível dos 109 mil pontos, à tarde, o índice se rendeu ao sentimento de cautela externo. Com Nova York operando no vermelho, à espera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), a primeira morte confirmada por infecção pela variante ômicron no Reino Unido e o petróleo em queda, a bolsa brasileira se ancorou no bom desempenho do setor de metais - que respondem a anúncios na Ásia - para tentar se manter no azul na maior parte do dia. Nos último minutos do pregão, contudo, enfrentou uma desaceleração contundente, acompanhando uma piora nas bolsas de Nova York, e terminou o dia na mínima, aos 107.383,32 pontos.

Durante a madrugada ocidental, o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, sinalizou compromisso por mais estímulos fiscais, em meio à crise de liquidez no mercado imobiliário. Com isso, as ações do setor de metais sustentaram altas robustas durante todo o dia e puxaram o desempenho do Ibovespa pela manhã. A Vale, que tem o maior peso no índice, terminou o dia em alta de 2,92%. Além disso, com o dólar valorizado, as ações de exportadoras deram sustentação para o desempenho positivo da bolsa hoje.

Esses foram os maiores contrapesos do dia para o Ibovespa, com o sentimento de aversão a risco capitaneando os mercados globais à espera de uma semana agitada à frente, com decisões de política monetária na zona do euro, na Inglaterra e, sobretudo, nos EUA. Na quarta-feira, o Fed deve anunciar uma mudança no ritmo da retirada de estímulos monetários (o tapering) e, consequentemente, no prazo para o início da alta de juros nos EUA. A aceleração do tapering coloca incertezas sobre o fluxo de investimentos global, sobretudo em relação a emergentes, que podem ver uma fuga de capital.

"Começamos com tom mais otimista, puxado sobretudo por notícias que vieram da Ásia, com estimulo do setor imobiliário, que tende a consumir muita commodity", afirma Pedro Gimenes, sócio e líder da mesa de renda variável da Blue3, completando: "Ao longo do dia, tivemos um pouco de realização no exterior. Na sexta-feira, as bolsas americanas fecharam na máxima histórica, mas hoje abriram cautelosos, principalmente porque teremos decisão de política monetária lá fora (nos EUA)".

Aqui, pesa ainda a expectativa dos investidores em relação à ata do Comitê de Política Monetária (Copom) amanhã. A percepção é de que o Banco Central pode ser menos duro do que soou no comunicado pós-reunião, após dados de atividade indicarem desaceleração, ao mesmo tempo em que a inflação parece ter chegado a um ponto de inflexão.

Além disso, o anúncio de que a variante ômicron da covid-19 fez sua primeira vítima fatal no Reino Unido colocou mais incertezas no mercado e, além de conter o desempenho das bolsas lá fora, derrubou ações ligadas ao turismo no mercado brasileiro. Tanto que Gol e Azul listaram entre as maiores queda do Ibovespa durante a maior parte do pregão.

"O mercado tem monitorado o avanço da ômicron. Alguns países já estão tomando mais medidas emergenciais. Apesar de essa variante não parecer tão forte, ter um óbito preocupa. Para termos um fim de ano tranquilo, são três fatores (de incerteza) que precisam ser resolvidos: Fed, ata do Copom e o fim (da PEC dos) precatórios. Pra ver se decola o famoso rali de fim de ano", aponta Rodrigo Friedrich, head de renda variável da Renova Invest, lembrando que, apesar de impactar menos os preços agora, a votação da Proposta de Emenda à Constituição dos Precatórios ainda precisa ser finalizada na Câmara.

O efeito ômicron também prejudicou o petróleo hoje, à medida em que uma nova onda de restrições geradas pela variante impacta a demanda. Além disso, o dólar mais forte torna o barril menos atraente a operadores. Assim, o barril do WTI negociado para janeiro fechou em baixa de 0,53% e o Brent para fevereiro, em queda de 1,01%, prejudicando o desempenho das petroleiras, que ganharam na semana passada com a alta da commodity. No mês, tanto o óleo negociado em Nova York, quanto em Londres têm alta superior a 6%.

Como tantas incertezas, o Ibovespa, que de manhã tocou os 109.492,91 pontos na máxima do dia, em alta de 1,61%, zerou todos os ganhos e não só perdeu o patamar dos 109 mil pontos, mas também os 108 mil reconquistados na semana passada. Apesar do desempenho de hoje, no mês o principal índice da bolsa brasileira ainda acumula alta de 5,37%. (Bárbara Nascimento - [email protected])

18:21

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 107383.32 -0.34802

Máxima 109492.91 +1.61

Mínima 107383.32 -0.35

Volume (R$ Bilhões) 3.12B

Volume (US$ Bilhões) 5.54B

18:26

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 107800 -0.19443

Máxima 109620 +1.49

Mínima 107320 -0.64

CÂMBIO

O dólar inicia a semana em alta firme, acima do patamar de R$ 5,65, insuflado pelo fortalecimento da moeda americana no exterior, em meio à expectativa pela decisão de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira (15), e à pressão de remessas sazonais de recursos e busca por proteção (hedge) no mercado futuro.

Após vender US$ 687 milhões à vista na sexta-feira, o Banco Central interveio novamente no mercado hoje. Em leilão no início da tarde, quando o dólar renovava máximas, o BC aceitou cinco propostas e vendeu US$ 905 milhões, com taxa de corte de R$ 5,6415.

A atuação da autoridade monetária provocou um alívio temporário da pressão altista e levou o dólar a ser negociado momentaneamente abaixo da linha de R$ 5,65. Ao longo da tarde, contudo, a moeda americana voltou a acelerar, marcando alta superior a 1%.

Com mínima a R$ 5,6015 e máxima a R$ 5,6787, o dólar à vista encerrou a sessão a R$ 5,6741, avanço de 1,07%. No exterior, a moeda americana ganhou força em relação às principais divisas emergentes e de exportadores de commodities, embora o real tenha apanhado mais.

O índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - operou em alta durante todo o pregão, tendo tocado na casa de 96,400 pontos na máxima do dia. A moeda americana sobe em relação ao euro e a libra, diante da expectativa de que o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra, que também se reúnem esta semana, adotem um tom mais ameno que o BC americano, em razão das incertezas sobre o impacto da variante ômicron do coronavírus na região.

Já está na conta que o Fed vai acelerar o ritmo de redução das compras mensais de bônus (tapering), dados os sinais recentes do presidente do BC americano, Jerome Powell. É grande a expectativa pelas projeções dos integrantes do Fed para indicadores econômicos e, em especial, para a trajetória da taxa de juros entre 2022 e 2024. Pode se consolidar a aposta em alta dos juros nos EUA já no primeiro semestre de 2022 - o que tende a tirar atratividade de ativos emergentes, como real.

Operadores observam que, além do fortalecimento global do dólar, a moeda brasileira sofre com o fluxo de saída típica de fim de ano, dada a remessa de lucros e dividendos. Estaria previsto para esta semana pagamento de dividendos a detentores de ADRs da Petrobras e de juros de bônus perpétuos do Banco do Brasil.

"Mais do que saídas identificamos compras no futuro para hedge de passivos e compromissos futuros. Está tudo associado à perspectiva de que o Fed possa anunciar, na quarta-feira, a aceleração nas reduções das compras de ativos", afirma Ricardo Gomes Silva, diretor da corretora Correparti, que vê a possibilidade de o dólar voltar ao patamar de R$ 5,70 ao longo da semana. "O BC já mostrou desconforto e certamente vai continuar injetando liquidez via leilões para evitar o descontrole."

A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, ressalta, em relatório, que um "desfecho mais precoce do tapering permitirá uma antecipação do início da alta de juros nos Estados Unidos", que deve ocorrer em maio de 2022. Damico observa que o desempenho pior do real em relação a seus pares está possivelmente atrelado a "alguma concentração de saída de fluxo no spot", dado que o BC tem atuado para prover liquidez. Além da pressão sazonal típica de remessas em dezembro, a economista ressalta que o real sofre com a postura dos exportadores, que continuam a deixar recursos no exterior. "É totalmente dentro da lei, porém acaba gerando menor entrada de divisas no curto prazo", afirma.

Por aqui, a expectativa é em torno da divulgação, amanhã, ata da reunião da semana passada do Copom, em que a taxa Selic foi elevada em 1,50 ponto porcentual, para 9,25% ao ano. Embora o comunicado do comitê tenha sinalizado com manutenção do ritmo de aperto, uma ala do mercado pondera que a ata pode trazer um tom menos duro que o comunicado, abrindo espaço para uma alta menor da Selic em fevereiro, diante da desaceleração da atividade. Essa aposta pode ser reforçada em caso de decepção de dados do setor de serviços amanhã e do IBC-Br, na quarta-feira.

Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, o contágio do dólar forte no exterior, os fluxos de recursos e a perspectiva de taxa Selic menor no fim do ciclo devem "sancionar" uma taxa de câmbio acima de R$ 5,61 e podem levar o dólar até a retomar um canal de alta na direção de R$ 5,70.

Na B3, às 18h12, o dólar futuro para janeiro avançava 0,97%, a R$ 5,69650, com giro na casa de US$ 12,2 bilhões. (Antonio Perez - [email protected])

18:26

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.67410 1.0705 5.67870 5.60150

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5696.500 0.97492 5704.000 5625.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5679.824 26/11    

JUROS

O mercado de juros operou em dois tempos nesta segunda-feira. Pela manhã, as taxas exibiram queda firme, ainda na esteira do IPCA de novembro abaixo do consenso e com a pesquisa Focus mostrando estagnação da piora das estimativas de inflação, mas à tarde passaram a subir. Investidores aproveitaram a deterioração do câmbio doméstico e o aumento da aversão ao risco no exterior para realizar lucros, após o forte recuo das taxas recentemente, também antes da agenda carregada que a semana reserva. O destaque é a reunião do Federal Reserve na quarta-feira, na qual se espera anúncio da ampliação do ritmo do tapering.

No fim da sessão regular, as taxas estavam nas máximas. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,485% (regular), de 11,439% no ajuste de sexta-feira; a do DI para janeiro de 2025 subiu de 10,427% para 10,59% (máxima) e a do DI para janeiro de 2027, de 10,341% para 10,49% (regular). No fechamento da sessão estendida, porém, a realização de lucros perdeu força e as taxas voltaram a cair ante os níveis da regular, fechando, respectivamente, em 11,45%, 10,465% e 10,36%.

Durante o dia, os contratos que mais subiram foram justamente os que mais vinham caindo, ou seja, os da ponta longa, que vinham em baixa há sete sessões - em dezembro, a taxa do DI janeiro de 2027 só havia subido no dia 1º -, em função da melhora no risco fiscal com a aprovação da PEC dos precatórios e percepção negativa sobre a variante ômicron na economia global. Desde o dia 1º/12, o DI para janeiro de 2027 havia devolvido mais de 100 pontos-base até sexta.

"A curva fechou muito e hoje o dólar não ajudou", resumiu Vitor Carvalho, sócio-gestor da Laic-HFM, que vê justamente o câmbio como variável-chave para um novo alívio de prêmios na curva. A moeda americana estava bem comportada ante o real na primeira etapa, até com baixa nas primeiras horas, mas passou a renovar máximas no começo da tarde, até a casa dos R$ 5,67, com a piora do humor nos mercados internacionais e fluxo negativo atribuído à sazonalidade de dezembro, quando aumentam as remessas de multinacionais às suas matrizes. Foi a deixa para um ajuste também na curva de juros, dada a grande tomada de risco do investidor na semana passada em função do IPCA de novembro e dados fracos do varejo.

Pela manhã, ainda havia fôlego de queda graças ao Boletim Focus. Após 35 semanas subindo sem parar, a mediana de IPCA para 2021 finalmente cedeu, de 10,18% para 10,05%, o que foi visto como efeito direto da inflação de novembro (0,95%) bem abaixo da mediana das estimativas (1,10%). A de 2022 parou de piorar, repetindo os 5,02%, enquanto os de 2023 e 2024 caíram de 3,50% para 3,46% e 3,10% para 3,09%, respectivamente. Até porque a mediana para a Selic no ano que vem avançou, de 11,25% para 11,50%, refletindo o tom mais firme do comunicado do Copom na busca por conter a deterioração das expectativas.

A melhora das expectativas de IPCA na Focus é ainda bastante sutil, com as taxas para este (10,05%) e o próximo ano (5,02%) acima do teto das metas de 5,25% para 2021 e 5,0% para 2022. "O ponto é que a 'convergência' sugere que a austeridade demonstrada pela autoridade monetária já mostrou efeitos. Contudo, alertamos que tal diagnóstico pode ser precoce, visto que apesar da queda para 2023 ter ocorrido após o Copom, a queda na mediana de 2024 foi mais pronunciada anteriormente ao evento", disse o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, em relatório.

A expectativa pelo Fed, porém, prevaleceu durante à tarde, com os investidores tentando se antecipar a um tom hawkish, seja no comunicado, seja na entrevista coletiva de Jerome Powell no fim do encontro. Não só bancos centrais de economia desenvolvidas, como Fed, Banco Central Europeu (BCE) e Banco da Inglaterra, terão reuniões de política monetária nesta semana, mas ainda uma bateria de BCs de economias de emergentes que, aí sim, devem efetivamente anunciar aperto de juros, em função das pressões inflacionárias.

Antes do Fed, porém, o mercado tem, amanhã, a ata do Copom e a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) para repercutir logo cedo. O tom da ata poderá confirmar se a reação do mercado ao comunicado, com taxas curtas em alta firme, é mesmo aquela que o banco central esperava, lembrando que o IPCA de novembro, abaixo do consenso, é um evento posterior à reunião. Sobre a PMS, a mediana das estimativas do mercado é de queda de 0,1% em outubro ante setembro, de -0,6% em setembro ante agosto. (Denise Abarca - [email protected])

18:26

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 9.35

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

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