O mercado internacional adotou um tom mais conservador nesta véspera de divulgação do relatório de empregos (payroll) de setembro, em um movimento que abrandou os ganhos do Ibovespa e deu base a um avanço leve do dólar e das taxas futuras de juros. Análises colhidas pelo Projeções Broadcast indicam que devem ter sido criados no mês passado 270 mil postos de trabalho nos Estados Unidos e ter tido aumento dos salários a 5,0% em base anual, desaceleração frente aos 315 mil empregos e alta de 5,20% de contracheques em agosto. A cautela de hoje se deu na esteira de declarações de dirigentes do Federal Reserve e da constatação da resiliência do mercado de trabalho, um dos impeditivos para alívio inflacionário nos EUA. Ao fim do dia, as bolsas de Nova York caíram entre 1,15% (Dow Jones) e 0,68% (Nasdaq), a T-note de 10 anos avançou a 3,818% e o índice DXY subiu pouco mais de 1%, aos 112,258 pontos. Apesar da alta do dólar, os contratos futuros de petróleo subiram mais um dia, na esteira do corte de produção anunciado ontem pelo cartel formado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+). E foi justamente o peso da commodity que ajudou a segurar o Ibovespa no azul, aos 117.560,83 pontos (+0,31%) no fechamento. As ações da Petrobras terminaram com alta de 2,95% (ON) e 3,41% (PN), figurando entre os maiores ganhos do índice brasileiro mesmo sob o risco de intervenção contra alta iminente de preços. Ainda que em peso leve no indicador acionário, destaque para o salto de 6,85% da Cogna, papel que sobe pela esperança de retomada do Fies caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença a corrida ao Planalto, cenário constatado pelas primeiras pesquisas Ipec e Quaest deste segundo turno. O petista, vale lembrar, agradeceu hoje o apoio de economistas que formularam o Plano Real, ao passo que o presidente Jair Bolsonaro reafirmou a aliança com governadores reeleitos de quem havia se afastado durante a pandemia da covid-19 (Ronaldo Caiado, por Goiás, e Mauro Mendes, por Mato Grosso, ambos do União Brasil). O quadro eleitoral é monitorado ainda por agentes do mercado de câmbio, onde o dólar à vista subiu aos R$ 5,2099 (+0,50%). Nos juros futuros, além dos fatores câmbio e exterior, adicionou pressão sobre a curva o leilão de prefixados com aumento de mais de 100% no risco para o mercado (DV01).
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MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas de Nova York pioraram mais para o fim do pregão e confirmaram baixa nesta quinta-feira, véspera da divulgação do relatório mensal de empregos (payroll) de setembro nos Estados Unidos. Em meio a declarações de dirigentes do Federal Reserve que confirmam a expectativa por mais aperto monetário, os juros dos Treasuries e o dólar avançaram. Mesmo com o movimento do câmbio, o petróleo subiu, ainda apoiado pela decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de cortar a oferta, embora os EUA sinalizassem que podem agir para contrabalançar os efeitos da medida do cartel.
Em dia com várias declarações de dirigentes do Fed, as bolsas americanas estiveram em território negativo durante grande parte do pregão. Entre algumas ações em foco, IBM caiu 2,79%, após o Morgan Stanley reduzir o preço-alvo para o papel, de US$ 155 a US$ 152. Twitter caiu 3,72%, em meio a conversas com o CEO da Tesla, Elon Musk, para a compra da empresa, com as partes negociando os termos do negócio, após o executivo retomar sua proposta anterior. O papel da própria Tesla caiu 1,11%. O Dow Jones fechou em baixa de 1,15%, em 29.926,94 pontos, o S&P 500 caiu 1,02%, a 3.744,52 pontos, e o Nasdaq registrou baixa de 0,68%, a 11.073,31 pontos. Houve queda generalizada entre os setores, com a exceção de energia.
Neste caso, os ganhos do petróleo colaboraram. O contrato do WTI para novembro fechou em alta de 0,79%, em US$ 88,45 o barril, na Nymex, e o Brent para dezembro subiu 1,12%, a US$ 94,42 o barril, na ICE. O corte na oferta da Opep+ de ontem, de 2 milhões de barris por dia (bpd), continuava a apoiar o preço. A Rystad Energy projetou que o barril do Brent supere US$ 100 até o fim deste ano, enquanto o UBS acredita que essa marca será superada "nos próximos trimestres". O governo americano, porém, mostrava descontentamento com a ação do grupo. O presidente Joe Biden se disse "desapontado" e que Washington avaliava opções para responder ao quadro.
Entre os dirigentes do Fed, Lisa Cook, integrante do conselho do BC americano, disse que a política seguirá restritiva até haver confiança de que a inflação está perto de 2%. Também destacando a luta contra a inflação como prioridade agora, Charles Evans (Chicago) disse que os dirigentes ainda decidirão se a próxima alta de juros será de 50 ou 75 pontos-base. Nesse contexto de aperto monetário, a Capital Economics calculava chance de mais de 50% de uma recessão nos EUA nos próximos seis meses. A Pantheon, por sua vez, destacava a partir das leituras recentes do PMI que o crescimento e o comércio no mundo desaceleram ou mesmo recuam, mas a consultoria apontava que a boa notícia é que as pressões inflacionárias também diminuem, nesse contexto.
No mercado de Treasuries, a postura do Fed levou os retornos para cima, na véspera do payroll. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,220%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,818% e o do T-bond de 30 anos, a 3,792%. O BMO Capital avaliava que o mercado não quis pressionar muito em nenhuma direção, antes do dado de emprego da próxima manhã. Segundo a mediana do Projeções Broadcast, a economia americana criou 270 mil postos em setembro, com a taxa de desemprego seguindo em 3,7%. Analistas em geral preveem que a geração de vagas desacelerará mais adiante, mas o Fed tem insistido na importância de conter a inflação, no quadro atual.
No câmbio, a postura do BC americano apoiou a moeda dos EUA. No horário citado, o dólar subia a 145,06 ienes, o euro recuava a US$ 0,9798 e a libra tinha baixa a US$ 1,1158. A moeda britânica seguia sob pressão com a desconfiança sobre o pacote fiscal do governo do Reino Unido, com a Eurasia já vendo 25% de chance de que a premiê Liz Truss perca o posto antes do fim deste ano. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 1,07%, a 112,258 pontos. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])
BOLSA
Ainda na contramão de exterior negativo, o Ibovespa alcançou hoje o quinto ganho consecutivo, estendendo sequência iniciada na última sexta-feira, antes do primeiro turno da eleição, e complementada nas quatro sessões seguintes com o entusiasmo em torno do perfil do Congresso eleito - especialmente o Senado - bem como pelo fôlego e mesmo vitória, no próprio domingo, de aliados ou simpatizantes do governo, nos Estados. Aqui, a retomada do petróleo após decisão, ontem, da Opep+ de cortar oferta em novembro contribuiu para manter Petrobras (ON +2,95%, PN +3,41%) entre os destaques desta quinta, acumulando ganhos de 12,95% (PN) a 13,75% (ON) na semana.
"O impacto a médio prazo deste corte na oferta ainda é incerto. Pelo lado 'bearish', pode-se dizer que um corte da Opep+ é um sinal de que existem preocupações significativas em torno da demanda global de petróleo e um aumento da capacidade de reserva da Opep+ retira parte do prêmio de escassez. No lado 'bullish', pode-se dizer que está sinalizando um forte desejo de apoiar os preços do petróleo, e qualquer oferta saindo do mercado é positiva para preços mais altos", observa em nota Noah Barrett, analista de pesquisa de energia da Janus Henderson Investors.
Entre fatores externos e domésticos, o Ibovespa teve hoje leve alta de 0,31%, aos 117.560,83 pontos no fechamento da sessão, saindo de abertura a 117.199,70 pontos e tocando na máxima do dia os 118.382,31 pontos, o maior nível intradia desde 12 de abril (118.615,38) - na mínima desta quinta-feira, oscilou aos 117.143,65. Faltando a sessão de amanhã para a conclusão da semana, o Ibovespa acumula ganho de 6,84% no intervalo, em desempenho não visto desde o começo de novembro de 2020, quando avançou 7,42% na primeira semana daquele mês. No ano, o índice da B3 sobe 12,15%.
Embora sem realizar lucros em cima do salto de 5,54% da segunda-feira, o Ibovespa manteve desempenho bem mais tímido nas três sessões seguintes, em altas de 0,08%, 0,83% e 0,31%, de lá para cá. O giro desta quinta-feira foi a R$ 33,5 bilhões.
"O mercado segue em compasso de observação, principalmente do cenário internacional. Hoje, o dado ruim sobre pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, acima do esperado, poderia ser lido de forma positiva, mostrando certa desaceleração (do mercado de trabalho) que contribui para a contenção da inflação. De algum forma, ajudou aqui, com o Ibovespa chegando a recuperar os 118 mil pontos durante a sessão", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.
"Aqui dentro ainda tem a questão eleitoral. Cada vez mais Lula acena para o centro, atraindo outros nomes da economia em seu apoio, o que contribui para acalmar o mercado, dando uma certa previsibilidade, independente de ser considerada boa ou ruim", acrescenta Moliterno. Ele observa que as pesquisas posteriores ao primeiro turno, mesmo nos casos em que mostram diferença de quatro pontos nos votos válidos entre Lula e Bolsonaro, na faixa de 52% a 48% para a decisão do dia 30, possivelmente ainda não espelham as movimentações políticas mais recentes.
Depois dos recentes apoios de André Lara Resende e de Arminio Fraga, outros nomes associados à estabilização da inflação no País nos anos 90 manifestaram apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste segundo turno: Edmar Bacha, um dos formuladores do Plano Real e economista histórico ligado ao PSDB; o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, dos anos FHC; e Persio Arida que, além da ligação com o Plano Real, presidiu o Banco Central no início do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso.
A vantagem de Lula nas pesquisas para o segundo turno contribuiu hoje para o desempenho de ações do setor de educação, entre as quais Cogna (+6,85%), na ponta do Ibovespa na sessão - logo atrás de Via (+8,03%) -, com a intenção afirmada pelo candidato do PT de retomar o Fies, caso venha a ser eleito. Além de Cogna e Via, destaque nesta quinta-feira para IRB (+6,67%), Méliuz (+6,30%) e Yduqs (+4,98%).
No lado oposto, pesos-pesados como Vale (ON -1,83%) e Bradesco PN (-2,06%), em realização de lucros que contribuiu para minguar o desempenho do Ibovespa em direção ao fechamento do dia, majoritariamente negativo para os grandes bancos, à exceção de BB (ON +1,78%).
"A melhora dos indicadores econômicos e o valuation atrativo favorecem os ativos de risco no Brasil. Mas, após quase 10% de valorização do índice Bovespa em cinco dias (desde a última sexta-feira), o momento é de atenção para encontrar alguma oportunidade que tenha ficado esquecida", aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:32
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 117560.83 0.30974
Máxima 118382.31 +1.01
Mínima 117143.65 -0.05
Volume (R$ Bilhões) 3.34B
Volume (US$ Bilhões) 6.43B
17:35
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 117630 -0.14007
Máxima 118770 +0.83
Mínima 117195 -0.51
CÂMBIO
O dólar subiu no mercado de câmbio doméstico na sessão desta quinta-feira (6) e voltou ao nível de R$ 5,20, acompanhando a onda de fortalecimento da moeda americana no exterior. Investidores adotam uma postura cautelosa em meio a falas duras de dirigentes do Federal Reserve e à expectativa pela divulgação amanhã do relatório de emprego americano (payroll) de setembro, que pode levar a um rearranjo das expectativas para a magnitude do aperto monetário nos Estados Unidos.
Por aqui, o mercado digeriu sem maiores sobressaltos a divulgação de pesquisas de intenção de voto para o segundo turno da eleição presidencial, que trouxeram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na liderança. Governadores como Ronaldo Caiado (Goiás) e Mauro Mendes (Mato Grosso) declararam, como esperado, apoio à reeleição de Jair Bolsonaro (PL), enquanto economistas responsáveis pelo Plano Real e ligados ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), entre eles ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, declararam voto no petista. Em nota, Lula agradeceu o apoio dos economistas. A equipe econômica do petista e a futura âncora fiscal em eventual governo, contudo, ainda permanecem uma incógnita.
Afora uma queda momentânea e limitada pela manhã, atribuída por operadores a fluxo pontual de recursos externos, o dólar operou com sinal positivo ao longo de toda a sessão. Com oscilação de apenas cerca de quatro centavos entre a mínima (R$ 5,1765) e a máxima (R$ 5,2189), a moeda fechou cotada a R$ 5,2099, em alta de 0,50%. Apesar de ter subido ontem e hoje, o dólar apresenta desvalorização de 3,42% na semana, graças à baixa de 4,09% na segunda-feira (3), primeiro pregão após primeiro turno.
No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - operou em alta firme e voltou a ultrapassar os 112,000 pontos, com perdas do euro e da libra. A ata do Banco Central Europeu (BCE) sinalizou com mais alta de juros, mas ponderou que o nível de aperto vai depender do comportamento da economia da região, abalada pela continuidade da guerra na Ucrânia.
"O principal pano de fundo para o dólar subir hoje é externo com a expectativa pelo payroll amanhã e o tom duro do Fed, apesar dos temores de recessão", afirma Letícia Cosenza, especialista em renda fixa da Blue3, acrescentando que, no campo doméstico, o clima também é de cautela, após o mercado ter recebido bem o resultado das eleições, sobretudo a composição do Congresso. "A perspectiva é que não vai haver espaço para medidas extremistas. E que Lula terá de adotar um discurso mais flexível."
À tarde, o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, disse que o BC americano vai avaliar se a próxima alta de juros será de 50 ou 75 pontos-base. Ele prevê que os Fed Funds caminhem para uma faixa de 4,50% a 4,75% até meados de março de 2023. Pela manhã, o presidente da distrital de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou hoje há "pouca evidência" de que a inflação chegou a o pico e que o Fed está "distante" de uma "pausa" no aperto monetário.
Entre os indicadores do dia, destaque para os pedidos de auxílio desemprego nos EUA, que subiram 29 mil na semana encerrada no dia 1º de outubro, para 219 mil, acima do esperado por analistas (203 mil solicitações).
"Apesar de outro dado de mercado de trabalho favorável, a forte depreciação da moeda americana na semana e o fato de ser véspera da divulgação dos dados de geração de emprego nos EUA explicam a valorização do dólar", afirma o especialista em mercados internacionais do C6 Bank, Gabriel Cunha, ressaltando que o real tem tido um bom desempenho nos últimos dias e hoje se deprecia menos que seus pares.
Cunha observa que, na comparação moedas emergentes e de países exportadores de commodities, o real acumula, desde sexta-feira, valorização de 3% e que a cotação do dólar aqui está quase 4% abaixo do que no fim da semana passada, antes do primeiro turno da eleição. "A menor diferença entre os candidatos e a configuração do Congresso Nacional foi vista como positiva, gerando forte apreciação dos ativos do Brasil", afirma o especialista do C6 Bank. (Antonio Perez - [email protected])
17:35
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.20990 0.4996 5.21890 5.17650
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5246.000 0.42113 5246.500 5201.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5276.500 05/10
JUROS
Os juros futuros voltaram a fechar hoje com taxas estáveis nos vencimentos de curto prazo e viés de alta nos demais prazos, numa sessão sem destaques, com o mercado operando novamente a reboque do ambiente externo, onde os rendimentos dos Treasuries continuaram avançando, o dólar manteve-se firme ante outras moedas e o petróleo ampliou ganhos. O clima em geral foi de cautela antes da divulgação do relatório de emprego dos Estados Unidos amanhã. Internamente, o fator a adicionar pressão foi o leilão de prefixados com aumento de mais de 100% no risco para o mercado (DV01), com a agenda de indicadores e noticiário eleitoral apenas como pano de fundo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,74%, de 12,73% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025, em 11,56%, de 11,51%. A do DI para janeiro de 2027 subiu de 11,30% para 11,34%.
Um dia antes da divulgação do payroll, a sinalização dada pelo avanço nos pedidos semanais de auxílio-desemprego americanos acima do esperado foi de que o mercado de trabalho pode estar esfriando, mas ainda assim o retorno dos Treasuries e o dólar subiram. O movimento foi sustentado por mais discursos hawkish de dirigentes do Federal Reserve e, no caso da moeda americana, também pela fraqueza da libra. De maneira geral, prevalece o cenário de muita incerteza sobre até onde o Federal Reserve poderá chegar com o aperto monetário.
Para o economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, após o Fed elevar os juros por três vezes em 0,75 ponto porcentual, a expectativa seria de uma postura já menos agressiva, como também apontam os dados recentes de atividade, juntamente com a moderação dos preços das commodities. Mas, alerta, "o pior que poderia acontecer é alguém cantar vitória antes do tempo". "O Fed recuperou a credibilidade, mas a inflação ainda não caiu", disse, sobre o tom que tem sido adotado pelos membros do colegiado.
Na sua percepção, a curva doméstica está com o comportamento muito mais atrelado ao exterior do que a fatores locais. "Os DIs para janeiro de 2024, janeiro de 2025 e janeiro de 2027 têm replicado o que acontece com os Treasuries", afirma. "O que temos de diferente aqui é que a desinflação nos últimos meses têm sido mais intensa do que o esperado. O IGP-DI está hoje aí para mostrar", disse. A variação negativa de 1,22% do índice em setembro foi maior do que indicava o piso das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast (-0,97%). No fim da tarde, a taxa da T-Note de 10 anos estava na casa de 3,81% e a de dois anos, em 4,22%.
Os preços do petróleo também ganharam terreno, ainda amparados na decisão da Opep+ de reduzir a oferta e 2 milhões de barris por dia a partir de novembro. "Este corte manterá os preços em níveis muito próximos aos atuais, com o risco de voltarmos a três dígitos se virmos sinais de melhoria da demanda global (particularmente na China) e/ou uma redução significativa na oferta russa à medida que os embargos começarem", afirma Noah Barrett, analista de pesquisa de Energia e Serviços Públicos da Janus Henderson.
Este cenário afetaria ainda mais os preços internos dos combustíveis, já defasados ante o exterior. No podcast Diário Econômico, o economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, comenta que a gasolina estaria com defasagem de 11% e o diesel, em 13%. "Ou seja, é pressão por mais reajuste", disse. A orientação do governo, porém, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, é de segurar aumentos até o fim do segundo turno.
Enquanto as pesquisas de intenção de voto seguem apontando a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o segundo turno, o mercado acompanha com alguma apreensão o uso do orçamento público. Após o governo anunciar pagamento de 13º do Auxilio Brasil a mulheres a partir de 2023 e o empréstimo consignado via benefício pela Caixa, hoje o banco lançou um programa de renegociação de dívidas que pode descontar até 90% dos débitos. Por outro lado, os agentes reclamam também que seguem "no escuro" sobre o que será da economia, sobretudo na área fiscal, se o petista vencer.
A quinta-feira foi de leilão do Tesouro, com a oferta de 12,5 milhões de LTN e de 1,250 milhão de NTN-F absorvidas integralmente. O risco para o mercado foi 105,4% acima do visto no leilão passado, segundo a Renascença DTVM. (Denise Abarca - [email protected])
17:33
Operação Último
CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 13.66
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 13.65
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