EXTERIOR E RISCO DE HETERODOXIA DO GOVERNO PÓS PIB E PETROBRAS PESAM EM ATIVOS LOCAIS

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CENÁRIO-2: EXTERIOR E RISCO DE HETERODOXIA DO GOVERNO PÓS PIB E PETROBRAS PESAM EM ATIVOS LOCAIS

Os ativos domésticos ampliaram as perdas à tarde, com o Ibovespa se firmando nos 103 mil pontos e o dólar acelerando os ganhos novamente acima dos R$ 5,20, enquanto os juros futuros abriram 20 pontos-base em alguns contratos. A perda de fôlego da economia brasileira, traduzida pela queda do PIB no quarto trimestre pouco maior que a esperada, e o lucro e distribuição de dividendos recordes da Petrobras em 2022 provocaram reações firmes por parte do governo, colocando o mercado na defensiva pelo temor de medidas heterodoxas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, creditaram o resultado do PIB em boa medida ao nível do aperto monetário aplicado pelo Banco Central. Haddad voltou a falar em "harmonizar as políticas fiscal e monetárias", num ambiente já estressado mais cedo com a declaração de Tebet cobrando um "gesto positivo" do Copom. O resultado exuberante da Petrobras ampliou a pressão do governo por mudanças na política de Paridade de Preços de Importação (PPI) e o presidente Jean Paul Prates já admitiu que a empresa "vai praticar preços do mercado onde atua". As ações da companhia sucumbiram e, junto com o forte recuo do setor financeiro, carregaram o Ibovespa para baixo, no menor nível de fechamento desde 16 de dezembro, na contramão dos ganhos em Nova York. O índice fechou com 103.325,61 pontos, em queda de 1,01%, a quinta consecutiva. Os juros futuros subiram, de forma mais pronunciada na ponta longa, que melhor traduz a percepção de risco político, fiscal e externo. A escalada dos bônus globais, especialmente do rendimento dos Treasuries, favoreceu o aumento da inclinação da curva local, sob a avaliação de que os bancos centrais terão de ampliar sua atuação conservadora. O presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, chegou a expressar apoio "firme" à manutenção do ritmo de aumento de 25 pontos-base nos juros, dando força às bolsas de Nova York no final da tarde. Dow Jones subiu 1,05%, Nasdaq avançou 0,76% e o S&P 500, 0,73%. A fala conseguiu desacelerar a alta dos juros dos Treasuries, mas o movimento não se sustentou, e os retornos voltaram a ganhar fôlego, já que prevalece a perspectiva de que o BC americano terá que continuar com mão pesada, ainda mais diante de dados que mostraram um mercado de trabalho americano forte. O dólar avançou ante os principais rivais, com o euro se desvalorizando, mesmo após a ata do Banco Central Europeu (BCE) mostrar que a instituição está disposta a continuar subindo juros além da reunião de março. A pressão externa da moeda americana e as incertezas domésticas puxaram o dólar para cima ante o real, cotado no fechamento a R$ 5,2039, alta de 0,24%.

•BOLSA

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

BOLSA

Renovando mínimas em direção ao fechamento, o Ibovespa, mesmo com o sinal positivo de Nova York à tarde (e nas máximas do dia por lá), não conseguiu evitar a quinta perda consecutiva, igualando, em extensão, série negativa de outubro passado. Hoje, o índice oscilou entre mínima de 103.320,59, quase no fechamento, e máxima de 104.912,41 pontos, saindo de abertura aos 104.374,89. No encerramento, mostrava queda de 1,01%, aos 103.325,61 pontos, no menor nível de fechamento desde 16 de dezembro, então aos 102.855,70 pontos. O giro de hoje ficou em R$ 32,2 bilhões, mostrando recuperação desde anteontem. Na semana, o Ibovespa cai 2,34%; no mês de março, cede 1,53% e, no ano, recua 5,84%.

O lucro recorde da Petrobras em 2022 não foi o suficiente para impedir nova correção nas ações da estatal, acentuada no fim do dia, com a ON em baixa de 2,75% e a PN, de 2,61%. Apesar do balanço sonoro, os investidores miram o horizonte para o desempenho da empresa e a distribuição futura de dividendos, na esteira dos reiterados sinais de incômodo, de integrantes do PT e do governo, quanto à lucratividade - que beneficia, não obstante, o maior acionista, a União.

Em teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, deu hoje novas indicações de que não deve seguir a política de preços de paridade de importação para combustíveis, o chamado PPI. Sem dar detalhes, Prates afirmou que, sob sua gestão, a empresa vai buscar praticar o "melhor preço doméstico", diferente portanto do PPI.

"Devemos usar a nossa competitividade, nossas refinarias, nossa logística doméstica, o fato de ser a empresa líder no país, não monopolista, para buscar esse melhor preço", disse Prates. "Vamos voltar a praticar o melhor preço doméstico para os nossos produtos, usando todas as ferramentas para nos tornar atrativos para os nossos clientes."

"Nada que o mercado já não soubesse, mas a perspectiva para Petrobras - apesar do lucro recorde de 2022 - não é favorável, com a revisão da política de preços e também da distribuição de dividendos, que favoreceu inclusive o lado fiscal, nos últimos anos, pela geração de receita (para a União). O governo parece disposto a abrir mão disso, perdendo receita. O sinal é ruim, fazendo lembrar o governo Dilma (Rousseff)", observa Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

"A questão fiscal não é de hoje, volta de tempos em tempos, e março será um mês importante, para o bem ou para mal, a depender do formato do arcabouço que vier a ser anunciado pelo governo. Os 'valuations' permanecem descontados há muito tempo, mas, para destravar valor na Bolsa, será fundamental a credibilidade do arcabouço fiscal, inclusive para que o Banco Central possa trazer a taxa de juros para baixo", acrescenta.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje que a pasta vai concluir esta semana os trabalhos sobre a nova âncora fiscal, e as conclusões serão levadas para aprovação do presidente Lula. De acordo com Haddad, a ideia é que o novo arcabouço seja de conhecimento público ainda em março para que o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) seja enviado com formato final, atualizado pela nova regra fiscal, evitando “retrabalho” por parte do Congresso, reportam os jornalistas Giordanna Neves e Antonio Timóteo, do Broadcast em Brasília.

Mais cedo, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, reforçou a pressão do governo sobre o Banco Central para a queda de juros. "Não queremos nenhuma generosidade, mas um gesto positivo a favor do Brasil na próxima reunião do Copom [Comitê de Política Monetária do BC]", disse a ministra, ao comentar os resultados do PIB, outro destaque do dia além das reverberações em torno da Petrobras.

O PIB brasileiro teve expansão de 2,9% em 2022, um pouco abaixo do consenso para o ano - e em leitura negativa, na margem, para o quarto trimestre. O presidente Lula comentou que o resultado do Produto Interno Bruto, divulgado pela manhã, mostra que a economia brasileira não cresceu "nada" no ano passado. Segundo ele, o compromisso agora é fazer o País voltar a crescer e com investimentos, para gerar empregos e renda. As declarações foram feitas durante o relançamento do programa Bolsa Família, em Brasília.

"O PIB do quarto trimestre veio mais ou menos em linha com o esperado, em desaceleração nítida desde o fechamento dos três primeiros meses do ano, quando o crescimento se acelerou a 1,3%. O último trimestre de 2022 trouxe contração de 0,2% - no mesmo período de 2021, houve crescimento de 1,1%", observa Bruno Mori, economista e sócio-fundador da consultoria Sarfin. Ele ressalta que a desaceleração até a contração reflete o efeito defasado das elevações nos juros - o tempo entre a efetivação dos aumentos da Selic e sua transmissão para o ritmo de atividade.

"As quedas na Indústria e na Formação Bruta de Capital Fixo são reflexo desse quadro. Percebe-se um esgotamento dos benefícios da reabertura da economia, tendo em vista a desaceleração da expansão do consumo das famílias e dos serviços", aponta em nota Rafael Perez, economista da Suno Research. "Os juros elevados e o menor crescimento da economia global devem pesar negativamente (em 2023), porém o agronegócio e as recentes medidas de estímulo ao consumo devem sustentar um PIB próximo de 1% para este ano", acrescenta Perez.

"Embora a inflação tenha dado sinais de moderação (no Brasil), não será fácil para o BC convergir para a meta (do Conselho Monetário Nacional), com o Focus estimando Selic a 12,75% para o fim do ano. Perspectiva para a Bolsa em março continua difícil: senão negativa, ao menos lateralizada", diz Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos. Tal cenário tende a favorecer, como opção defensiva, as ações de "empresas com geração de caixa constante, o que facilita na alocação de portfólio, como bancos e as de saneamento e energia, consideradas mais seguras em um cenário ainda de estresse", acrescenta Meira.

Hoje, contudo, mesmo parte dessas empresas não conseguiu escapar do sinal negativo, especialmente os grandes bancos, onde as perdas em nomes como BB (ON -4,03%), Itaú (PN -3,28%), Bradesco (ON -1,64%, PN -1,31%) e Santander Brasil (Unit -2,70%) seguraram o Ibovespa, assim como as dos pesos-pesados das commodities, Petrobras e, em menor medida, Vale (ON -0,22%). Na ponta do índice de referência, destaque para Qualicorp (-5,13%), Banco do Brasil (-4,03%), 3R Petroleum (-4,02%) e Rede D´Or (-3,90%). No canto oposto, EDP Brasil (+14,72%), BRF (+3,85%), Braskem (+3,65%) e Embraer (+2,90%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 103325.61 -1.01457

Máxima 104912.41 +0.51

Mínima 103320.59 -1.02

Volume (R$ Bilhões) 3.22B

Volume (US$ Bilhões) 6.18B

18:32

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 104585 -1.14839

Máxima 106260 +0.43

Mínima 104445 -1.28

JUROS

Os juros futuros encerraram o dia em alta ao longo de toda a curva, pressionados pelo ambiente de cautela global e doméstica. Os rendimentos dos Treasuries avançaram, reflexo da avaliação de que os juros dos Estados Unidos terão de subir mais do que o esperado para debelar a inflação. Por aqui, predominaram os temores de que o governo amplie a ofensiva contra o Banco Central e o nível da taxa Selic.

Nesse ambiente, as taxas de contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) subiram mais de dez pontos-base na comparação com o ajuste de ontem na maior parte da curva: janeiro de 2025 (12,670% para 12,840%), janeiro de 2027 (13,026% para 13,250%) e janeiro de 2029 (13,419% para 13,620%). A taxa para janeiro de 2024 foi a que menos cresceu, de 13,319% para 13,380%.

As taxas foram às máximas na última hora do pregão, enquanto os investidores digeriam a afirmação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que prometeu que a pasta concluiria esta semana os trabalhos sobre a nova âncora fiscal que substituirá o teto dos gastos. Segundo o ministro, a ideia é que a regra seja conhecida já em março, para que o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) seja enviado ao Congresso no formato final.

"O presidente do BC, Roberto Campos Neto, colocou o novo arcabouço fiscal como condição para o corte da taxa Selic. O próximo passo depois de Haddad apresentar o arcabouço fiscal é elevar a temperatura em cima do Copom para reduzir os juros", afirma o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi. Na manhã, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, já havia reforçado a pressão por um corte.

Declarações do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, também pesaram nas taxas durante a tarde, após o executivo ter defendido uma alteração dos preços de paridade de importação (PPI). A política de preços da estatal é alvo de críticas de parte do governo e do PT - incluindo a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, que defendeu publicamente que a reoneração dos combustíveis só ocorresse após a mudança do PPI.

No pano de fundo doméstico, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva serviram para aumentar o temor fiscal. Após o IBGE ter divulgado a queda de 0,2% do PIB brasileiro no quarto trimestre, o chefe do Executivo disse que os dados mostravam que a economia brasileira "não cresceu nada" em 2022 e prometeu aumentar os investimentos, inclusive por meio dos bancos públicos, para estimular a atividade.

"Medidas para contornar o desaquecimento econômico podem se traduzir em inflação, e isso justifica o estresse", afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. "Temos também uma série de acontecimentos que sugerem um ambiente desafiador de crédito, e isso sinaliza que, à frente, podemos ver medidas com potencial de superaquecer a economia e gerar pressão inflacionária".

O aumento das taxas refletiu também o comportamento dos Treasuries americanos, pressionados pela possibilidade de que o Federal Reserve (Fed) tenha de subir os juros mais do que o esperado. O rendimento da T-Note de dez anos subiu de 3,999% ontem para 4,068% hoje, em linha com a alta do título de dois anos (4,891% para 4,895%).

"O Fed reduziu o ritmo de alta para 25 pontos-base, mas aumentou de maneira considerável a probabilidade de ter de acelerar novamente para 50 pontos. As taxas lá fora subiram e isso pressiona o juro longo", diz o economista da BlueLine Asset Flávio Serrano. A ferramenta de monitoramento do CME Group mostra 30,64% de chance de um aumento de 50 pontos dos juros americanos na próxima reunião do Fed, de 26,95% uma semana atrás. (Cícero Cotrim - [email protected])

MERCADOS INTERNACIONAIS

Comentários do Presidente do Federal Reserve (Fed) de Atlanta, Raphael Bostic, deram força às bolsas de Nova York no final da tarde, à medida que ele expressou apoio "firme" ao ritmo de aumento de 25 pontos-base nos juros. As falas chegaram a desacelerar o ritmo de alta dos Treasuries, mas o movimento não teve força para impedir o avanço dos rendimentos, à medida que dados reforçam a perspectiva de aperto monetário. Assim, o dólar avançou ante seus principais rivais, com o euro se desvalorizando, mesmo após a ata do Banco Central Europeu (BCE) mostrar que a instituição está disposta a continuar subindo juros além da reunião de março.

Apesar de ter expressado apoio a manutenção do ritmo de aperto do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), Bostic alertou que a autoridade monetária ainda tem "um longo caminho" a seguir. Segundo ele, se a economia dos Estados Unidos demonstrar mais força, a taxa de juros terminal pode ter que ser mais elevada do que o esperado. No entanto, nas redes sociais, as falas foram vistas como dovish, sendo que traders disseram que o dirigente especulou que o Fed pode pausar o aperto monetário durante o verão americano.

Assim, as perdas em Wall Street foram apagadas pelas falas. O índice Dow Jones encerrou o pregão em alta de 1,05%, a 33.003,57 pontos, S&P 500 subiu 0,76%, a 3.981,35 pontos, e o Nasdaq avançou 0,73%, a 11.462,98 pontos. A ação da Blackstone caiu 0,79%, após reportagem da Bloomberg revelar que a empresa ficou inadimplente em 531 milhões de euros referente a um título lastreado em ativos imobiliários. Já a Salesforce divulgou balanço e projeções fortes, além de um novo programa de recompra de ações de US$ 20 bilhões, o que fez com que os papéis saltassem 11,51%.

Bostic acrescentou ainda que o mercado de trabalho americano continua "apertado". De acordo com o Departamento do Trabalho, os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA caíram 2 mil na semana passada, a 190 mil, quando analistas previam alta a 195 mil.

O Citi destaca que esse indicador continua a contar a mesma história semana após semana: a de um mercado de trabalho forte e significativamente apertado. Para a High Frequency Economics, a demanda por trabalhadores deve diminuir à medida que os efeitos da política monetária restritiva se consolidarem e se espalharem de forma mais ampla pela economia. "Mas, por enquanto, as empresas parecem estar acumulando trabalhadores, tendo lutado com a escassez de mão de obra e problemas de pessoal que persistem", pondera.

Dessa forma, os dados ajudaram a impulsionar os juros dos Treasuries e o dólar ante rivais. "O mercado espera taxas ligeiramente mais altas por mais tempo e isso elevou os rendimentos dos títulos", disse Des Lawrence, da State Street Global Advisors, ao The Wall Street Journal. Para Edward Moya, da Oanda, a economia ainda parece robusta e isso deve manter o discurso hawkish do Fed. "As taxas, sem dúvida, serão mais altas por mais tempo, mas os riscos de aumentos maiores que 25 pb podem estar de volta à mesa", destacou. Neste contexto, no fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,895%, o da T-note de 10 anos aumentava a 4,068%, e o do T-bond de 30 anos avançava a 4,020%. Já o dólar o dólar avançava a 136,69 ienes, e a libra tinha queda a US$ 1,1954. O índice DXY avançou 0,52%, aos 105,027 pontos.

O euro, por sua vez, recuava a US$ 1,0604, mesmo após a divulgação a ata do BCE, que trouxe que os dirigentes concordaram que mais altas nos juros seriam necessárias, a fim de que eles entrem em território "restritivo". Porém, o documento mostrou que os dirigentes expressaram reservas sobre comunicação para a alta de março, já que os juros estão mais perto de um nível no qual é necessário haver cautela para garantir que não ocorra aperto excessivo.

De qualquer forma, o mercado entendeu o texto como sinalização de que as altas de juros devem continuar além de março. Ademais, dados da inflação ao consumidor (CPI) da zona do euro vieram acima das expectativas. Assim, o Barclays declarou hoje que passou a prever altas de 50 pontos-base nos juros em maio e de 25 pontos-base tanto em junho quanto em julho, assim, a projeção do banco britânico é de que a taxa de depósitos alcance o pico de 4%, de 2,5% atualmente. Já o Credit Suisse revisou em alta sua expectativa para a taxa de depósito final, de 3,5% para 4,0%, e disse prever altas de 50 pontos-base (pb) nos juros em março e também em maio, seguidas por duas elevações de 25 pb, em junho e julho.

Entre as commodities, o contratos futuros do petróleo avançaram pela terceira sessão consecutiva, ainda sustentados pelas expectativas da recuperação econômica da China. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril fechou em alta de 0,60% (US$ 0,47), a US$ 78,16 o barril, enquanto o Brent para maio, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 0,52% (US$ 0,44), a US$ 84,75 o barril.

Em meio às tensões com a China, o Departamento do Estado dos EUA aprovou uma venda de US$ 619 milhões de mísseis para Taiwan, a fim de armar novos jatos F-16 que a ilha espera receber em meados da década atual. Pequim considera a ilha como parte de seu território e ameaça ocupá-la à força.(Letícia Simionato - [email protected])

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 2, em alta de 0,24%, cotado a R$ 5,2039, em pregão de liquidez reduzida e após oscilação de apenas cerca de quatro centavos entre a mínima (R$ 5,1816) e a máxima (R$ 5,2281). A divisa operou com sinal positivo durante praticamente todo o dia, embora no meio da tarde tenha ensaiado uma queda, ao migrar pontualmente para terreno positivo, abaixo da linha de R$ 5,20.

O escorregão do real se deu em sintonia com a onda de valorização da moeda americana e das taxas dos Treasuries no exterior. Indicadores divulgados hoje nos EUA, como pedidos de auxílio-desemprego e custo unitário da mão de obra, sugerem que o mercado de trabalho americano continua bastante aquecido, o que reforça a perspectiva de continuidade do processo de alta de juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano).

Operadores observam que contribuiu para o tropeço da moeda brasileira a falta de apetite pela bolsa doméstica, em meio a sinais de desaceleração da economia revelados pelo resultado do PIB no quarto trimestre. Também provocaram desconforto falas de Lula e de seus ministros críticas à gestão da política monetária e à política de preços e de distribuição de dividendos da Petrobras.

"Vimos globalmente uma valorização do dólar e alta das taxas dos Treasuries, com dados nos EUA mostrando mercado de trabalho bem resiliente, o que sugere inflação ainda elevada e mais altas de juros", afirma o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, ressaltando que o mercado já espera taxa de juros americana - hoje na faixa de 4,50% a 4,75% - entre 5,5% e 6%.

Segundo Rolha, além do ambiente externo desfavorável a emergentes, pesam contra o real as incertezas políticas e fiscais, dada a espera pela proposta de novo arcabouço fiscal e a pressão do governo sobre o Banco Central. "Tivemos hoje fala da ministra do Planejamento questionado o nível de juros, o que azedou a curva de juros e pressionou o câmbio. O mercado está muito sensível a sinais de Brasília, o que aumenta a volatilidade da moeda", afirma.

Vista como contraponto a ala desenvolvimentista da equipe econômica, Tebet se juntou hoje ao coro contra o nível da taxa Selic, ao dizer, como o presidente Lula, que não há inflação de demanda. "Não queremos nenhuma generosidade, mas um gesto positivo a favor do Brasil na próxima reunião do Copom", afirmou Tebet, em referência ao Comitê de Política Monetária do Banco Central, que se reúne nos dias 21 e 22 deste mês.

Pela manhã, o IBGE divulgou que o PIB caiu 0,2% no quarto trimestre em relação ao terceiro, enquanto a mediana de Projeções Broadcast era de retração de 0,1%. No fechamento de 2022, o PIB cresceu 2,9%, levemente abaixo da mediana (3%). Analistas veem sinais claros de perda de fôlego da atividade na passagem de 2022 para este ano.

Em cerimônia de lançamento do novo Bolsa Família, Haddad disse que, no passado, o BC precisou subir os juros como reação "às atitudes do governo anterior no período eleitoral", o que provocou desaceleração da economia. O ministro disse que as medidas que a Fazenda vem tomando "vem justamente ao encontro do desejo do BC em reduzir taxa de juros". À tarde, Haddad voltou a falar em "harmonizar" as políticas fiscal e monetária e disse que seu time vai concluir nesta semana o desenho da âncora fiscal que vai substituir a regra do teto de gastos.

Já Lula criticou novamente a distribuição de dividendos pela Petrobras, dizendo que metade desses recursos deveria ir para investimentos. O presidente da petroleira, Jean Paul Prates, também questionou a distribuição de dividendos e voltou a acenar com abandono da política de preços de paridade de importação (PPI) para combustíveis, em teleconferência com investidores. Ontem, a Petrobras divulgou que obteve lucro líquido recorde de R$ 188,3 bilhões em 2022.

"O mercado não gosta dessas falas de ministros e do presidente da Petrobras sobre possíveis mudanças e já começa a agir previamente, provocando a queda das ações da empresa e da bolsa, o que contribui para alta do dólar", afirma o economista-chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho, acrescentado houve uma puxada forte da moeda americana no exterior hoje.

Termômetro do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, o índice DXY voltou a superar a casa dos 105 pontos, com perdas do euro, apesar de a inflação anual ao consumidor na zona do euro na passagem de janeiro para fevereiro (+8,5%) ter vindo acima do esperado (+8,2%) e do Banco Central Europeu (BCE) sinalizar com mais altas de juros. Como raras exceções, divisas emergentes e de países exportadores de commodities também recuaram, devolvendo parte da alta de ontem, quando foram impulsionadas por dados positivos do setor industrial na China.

"Hoje, tivemos um núcleo da inflação na zona do euro bem mais alto que o esperado e o euro recua. Os mercado estão preocupados com a possibilidade de aperto monetário excessivo pelo BCE", afirma, no Twitter, o economista-chefe do Instituto Finanças internacionais (IIF), Robin Brooks, para quem, apesar do repique da inflação nos EUA e Europa, o quadro não é "nem de perto" ruim como parece. "Esta alta da inflação reflete recuperações pontuais nos níveis de preços. A inflação não aumentou de fato. Está desacelerando". (Antonio Perez - [email protected])

18:32

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