EM NOVO DIA DE RISK OFF, DIS LONGOS SUPERAM 13% E BOLSA TEM PIOR SEQUÊNCIA EM 10 ANOS

Blog, Cenário

Os mercados financeiros doméstico e internacional tiveram uma nova rodada de aversão ao risco, tendo como pano de fundo a expectativa pelo aumento da intensidade do aperto monetário nos Estados Unidos e seus impactos na economia global. De ontem para hoje, cristalizaram-se as apostas de que o Federal Reserve vai subir amanhã o juro em 75 pontos-base, cenário negado em maio pelo presidente da instituição, Jerome Powell. Essa reprecificação levou a reboque os ativos mundo afora. Internamente, quem mais sentiu o baque foi o mercado de juros futuros. Chances de elevação da Selic também em 0,75 ponto ganharam algum fôlego, embora sigam minoritárias. Dos níveis intermediários adiante, contudo, o estrago foi maior. As taxas escalaram mais de 40 pontos nas máximas do dia e em alguns vértices, como 2025 e 2027, voltaram a níveis do início do governo de Michel Temer, em 2016, portanto pré-teto de gastos e reformas trabalhista e da Previdência. Entre os contratos mais líquidos, referentes ao mês de janeiro, somente o do ano de 2026 fechou abaixo de 13%. Pressão adicional veio com a expectativa de um aumento de preços pela Petrobras, que é iminente, conforme apurou o Broadcast. Aliás, foi isso que segurou as ações da estatal (ON +0,89% e PN +1,13%), ante a queda do petróleo na sessão. No todo do Ibovespa, contudo, o sinal negativo prevaleceu. O índice cedeu aos 102.063,25 pontos (-0,52%), emendando a oitava perda seguida, igualando desempenho não visto desde maio de 2012. O dólar à vista, por sua vez, se firmou em alta no período da tarde e terminou cotado a R$ 5,1343 (+0,38%), acompanhando a valorização da moeda americana no exterior ante divisas fortes. Além de toda a questão monetária do Fed, o índice DXY subiu a 105,5 pontos, se beneficiando da forte queda da libra, que repercute a possibilidade de o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) elevar os juros nesta semana de forma mais cautelosa que o BC americano, em meio aos riscos de recessão no Reino Unido. Por fim, as bolsas de Nova York terminaram sem sinal único: Dow Jones perdeu 0,50% e S&P 500 cedeu 0,38%, mas o Nasdaq, mais descontado do que os pares, subiu 0,18%.

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS

Os juros foram destaque negativo entre os mercados domésticos, com as principais taxas escalando mais de 40 pontos-base nas máximas à tarde e longas acima de 13%, muitas delas pela primeira vez. A combinação de disparada dos Treasuries, alta do dólar, preços do petróleo acima de US$ 120 e iminência de anúncio de reajuste de preços pela Petrobras provocou forte movimento de zeragem de posições (stop loss) vendidas nesta véspera de decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. Já há consenso em torno de um aumento de 75 pontos-base no juro americano e, por aqui, tal aposta para o Copom nesta quarta-feira ganhou terreno, mas ainda é minoritária.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,690%, de 13,551% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 13,292% para 13,665%. A taxa do DI para janeiro de 2025 terminou a etapa regular em 13,10%, de 12,745%, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 12,74% para 13,01%.

Do fechamento de quinta-feira para cá, as taxas curtas subiram mais de 50 pontos-base, e as longas e intermediárias entre 60 e 70 pontos. Com isso, hoje, mais do que renovar as máximas de 2022, as principais taxas fecharam no maior patamar desde 2016. Por exemplo, a do DI janeiro de 2027, referência entre os longos, não fechava acima de 13% desde 16/6/2016 (13,10%).

O quadro que já era ruim pela manhã, piorou no começo da segunda etapa, com sucessivas máximas alinhadas à curva dos Treasuries e à pressão do câmbio. A taxa da T-Note encostou em 3,5% e o dólar à vista, no pico intraday, chegou a R$ 5,15, com o petróleo Brent rodando nos US$ 123. Na última hora da sessão regular, porém, as taxas locais se afastaram das máximas com a virada do petróleo para baixo e o dólar reduzindo a alta.

O pano de fundo é o mesmo dos últimos dias: até onde o Federal Reserve terá de chegar para domar a inflação, numa economia em que o mercado de trabalho apertado facilita a alta de preços. As apostas para a decisão de juros amanhã, que na semana passada eram de alta de 50 pontos, rapidamente migraram para 75 pontos após o CPI na sexta-feira e se consolidaram hoje mesmo com a inflação no atacado dentro do esperado. "Um aumento de 75 pontos parece cada vez mais provável e, nesta fase, não se pode excluir que os investidores continuem a aumentar ainda mais as suas expectativas e comecem a considerar um aumento de 100 pontos", avalia a equipe do ING.

Com isso, a tendência é de fortalecimento do dólar, num momento em que a defasagem dos preços de combustíveis já está bastante pressionada pelo avanço do petróleo - em torno de 20% para a gasolina, dizem especialistas. Um novo reajuste nos preços da Petrobrás é considerado iminente, ofuscando nos ativos efeitos do avanço do pacote de combustíveis no Congresso. O projeto que limita as alíquotas do ICMS a 17% sobre energia e combustíveis foi aprovado ontem no Senado, com alterações. Voltou para a Câmara e deve ser votado ainda hoje.

O estrategista-chefe de renda fixa da Necton Investimentos, Felipe Beckel, considera que a retomada dos prêmios na curva é um processo saudável diante do atual quadro econômico. "O pré longo estava fora do lugar como temos martelado desde o início do ano. Não faz sentido algum termos uma curva invertida com uma enormidade de problemas a serem debatidos e solucionados", disse, acrescentando que as NTN-B longas não ficavam acima de 6% "desde o mês que antecedeu a última eleição presidencial".

No leilão, o Tesouro manteve ofertas reduzidas da NTN-B, a exemplo da semana passada, diante de um mercado avesso ao risco, e, ainda assim não vendeu tudo. Do lote e 150 mil, foram colocadas 128.050 - não houve demanda integral pelas 50 mil NTN-B 2045. As taxas, segundo a Necton, saíram dentro do consenso, com exceção da NTN-B 2045, que ficou acima. Vale lembrar que amanhã é dia de rebalanceamento dos fundos IMA-B.

"O Tesouro emitiu só para não deixar em branco", anotou, no Twitter, o especialista em renda fixa e professor ligado a Mercado Financeiro na B3, na Anbima e FIA, Alexandre Cabral. Segundo ele, o financeiro de R$ 521 milhões é o menor do ano e as taxas de 5,84% e 5,90% para as NTN-B 2025 e 2045 são as segundas maiores do ano para os respectivos vencimentos. "Na ponta longa estamos chegando próximos do IPCA +6,00% ao ano e isso é bem ruim", escreveu.

O Copom se reúne amanhã com um cenário desafiador para a sequência do processo de ajuste da política monetária, com o mercado bastante cético sobre uma sinalização firme sobre os próximos passos. Na curva a termo, segundo a Greenbay Investimentos, nesta tarde a curva apontava 58 pontos-base de aumento da Selic amanhã, ou seja, 70% de probabilidade de alta de 0,50 ponto e 30% de chance de 0,75. O economista-chefe, Flávio Serrano, pondera que esses números estão contaminados pelos movimentos de zeragem e não necessariamente podem expressar apostas firmes. De todo modo, na curva, para o Copom de agosto, o quadro de ontem - 60% de chance de elevação de 0,25 ponto e 40% para 0,50 - hoje evoluiu para 100% de probabilidade de 0,50. Para o fim do ano, a precificação indica Selic entre 14% e 14,25%.

A agenda do dia ficou em segundo plano. O volume de serviços prestados em abril subiu 0,2% ante março, abaixo do consenso de mercado (+0,4%), segundo o IBGE. À tarde, o Tesouro informou que o governo central teve superávit de R$ 28,6 bilhões em abril, superando a mediana das estimativas, de R$ 20,2 bilhões. (Denise Abarca - [email protected])

17:26

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 13.17

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 12.65

Over Selic (%a.a) 12.65

BOLSA

Com a manutenção da aversão a risco no exterior, na véspera da aguardada decisão do Federal Reserve sobre juros, em que parte do mercado já se posiciona para um aumento maior na taxa de referência dos EUA (em 0,75 ponto porcentual), o Ibovespa não escapou da oitava perda seguida, em desempenho não visto desde maio de 2012. Hoje, a referência da B3 oscilou entre 101.325,28 e 103.327,73, para fechar o dia em baixa de 0,52%, aos 102.063,25 pontos, assim como ontem no menor nível de encerramento desde 10 de janeiro. Mais fraco do que na sessão anterior, o giro financeiro ficou em R$ 23,8 bilhões. Na semana, o Ibovespa cede 3,24%, colocando as perdas do mês a 8,34% e as do ano a 2,63%.

“Com a inflação atingindo recordes por toda parte, os bancos centrais têm elevado o tom, e os juros, para controlar os preços em alta. Se, por um lado, juros mais altos ajudam a combater a inflação, também desaquecem a economia. Quanto maiores as altas, mais forte o freio na atividade e maior a preocupação”, resume Antônio Sanches, analista da Rico Investimentos. Assim, o temor em relação à maior economia do mundo, os Estados Unidos, deixa de ser quanto ao grau de desaquecimento da atividade, mas sobre quando eventual recessão irá se impor.

Em Nova York, depois de o S&P 500 abrir o dia ensaiando alguma recuperação, acabou também cedendo terreno, em baixa de 0,38% no fechamento. “Todas as atenções seguem voltadas para as reuniões de política monetária amanhã, tanto a do Copom como a do Fed. Estava muito claro que o aumento nos juros americanos seria de meio ponto, e que aqui também seria meio ponto de alta, mas com esses dados recentes sobre inflação, mais fortes lá fora, o cenário fica meio turvo, o que se reflete na volatilidade que temos visto”, diz Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos.

Nesta terça-feira, o desempenho positivo de Petrobras (ON +0,89%, PN +1,13%) - embora moderado em direção ao fechamento, com a mudança de sinal do petróleo - e das utilities, puxadas por Eletrobras ON (+3,37%) e PNB (+2,36%) - ambas ações na ponta do Ibovespa -, contribuiu para mitigar os efeitos do dia negativo para Vale (ON -0,20%), siderurgia (Usiminas PNA -2,60%, Gerdau PN -2,27%) e bancos (Itaú PN -0,67%, Bradesco PN -1,01%, Santander -1,11%). Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para Via (-10,20%), CVC (-6,70%) e Positivo (-5,94%). No lado oposto, além das duas ações de Eletrobras, CPFL Energia (+3,15%), WEG (+1,81%) e Totvs (+1,30%).

“Ontem o Ibovespa já estava no menor patamar desde janeiro, então ali na região dos 101.945 pontos - fechou ontem nos 102,5 mil pontos. Na segunda-feira, apesar do forte movimento de baixa, o índice respeitou o suporte imediato dos 102.390 pontos, deixado no pregão de 10 de maio, que continua a ser a referência mais importante do momento: se rompido pode levar o índice a buscar os 100.850”, observa Heytor Bortolucci, analista técnico na Genial Investimentos.

“O Ibovespa já vinha em baixa nas sete sessões anteriores à de hoje, tendo perdido força [no começo do mês] quando chegou aos 112,7 mil pontos [durante a sessão do dia 2]. Hoje, chegou a subir 0,7%, aos 103,3 mil pontos, mas a aversão a risco global não ajudou, com quedas que já vinham da sessão asiática. Muito se fala de eventual perda dos 100 mil pontos, o que dependerá muito da leitura do mercado sobre os próximos indicadores econômicos e como estes vão se refletir na atuação dos bancos centrais - com atenção especial para a 'super quarta-feira', amanhã”, acrescenta o analista gráfico. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 102063.25 -0.52138

Máxima 103327.73 +0.71

Mínima 101325.28 -1.24

Volume (R$ Bilhões) 2.37B

Volume (US$ Bilhões) 4.63B

17:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 101995 -0.74445

Máxima 103405 +0.63

Mínima 101295 -1.43

CÂMBIO

Após uma manhã marcada por muita oscilação, o dólar se firmou em terreno positivo ao longo da tarde e emendou o sétimo pregão consecutivo de alta, período em que acumulou valorização de 7,44%, saltando da linha de R$ 4,77 para o patamar de R$ 5,13. A escalada do dólar por aqui se deu, uma vez mais, em linha com fortalecimento da moeda americana no exterior, em meio à expectativa pela decisão de política monetária do Federal Reserve nesta quarta-feira (15). A leitura da inflação ao produtor (PPI) nos EUA em maio em linha com o esperado não impediu o mercado de juros americano de embutir mais de 90% de chances de o BC americano anunciar amanhã uma alta da taxa básica em 75 pontos-base.

Por aqui, cresce a perspectiva de que o Banco Central, que deve anunciar nova elevação da taxa Selic amanhã, tenha que prolongar o aperto monetário dada a piora do cenário externo e o aumento da percepção de risco fiscal. O pacote do governo para conter os preços dos combustíveis anda célere no Congresso. Ontem à noite, o Senado aprovou o projeto de lei que fixa teto de 17% para o ICMS sobre energia e combustíveis. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que as alterações promovidas pelo Senado podem ser votadas ainda hoje no plenário da Casa.

O dólar até abriu em queda e sustentou leve baixa nas primeiras horas do negócio com recuo pontual das taxas dos Treasuries e do índice DXY (que mede o desempenho da moeda americana frente a seis pares fortes), na esteira da divulgação da inflação ao produtor (PPI) nos EUA. O índice cheio subiu 0,8% em maio (em linha com o esperado), enquanto o núcleo - que exclui combustíveis e energia - avançou 0,5%, ligeiramente abaixo das expectativa (0,6%).

A maré começou a virar por aqui assim que as taxas dos Treasuries e o índice DXY mudaram de direção lá fora. Após um período de oscilação e trocas de sinal, o dólar se firmou em alta no mercado doméstico e chegou a tocar a casa de R$ 5,15, ao registrar máxima a R$ 5,1518 (+0,72%). No fim do dia, a divisa avançava 0,38%, cotada a R$ 5,1343. Com isso, a moda passou a acumular valorização de 2,92% na semana e de 8,03% em junho. No ano, as perdas, que já foram de dois dígitos, agora são de 7,92%.

"A inflação é uma questão global. O CPI de maio (índice de inflação ao consumidor) veio muito acima do esperado, o que pressiona o Fed a subir mais os juros e fortalece o dólar. Aqui, o risco fiscal voltou a ganhar força com o pacote de combustíveis. O ambiente não é favorável para a moeda brasileira", diz o head de câmbio da SVN, Renan Mazzo.

Ontem, casas como Barclays e JP Morgan passaram a prever alta da taxa básica americana em 75 pontos-base pelo Fed amanhã, justamente por conta da leitura do CPI em maio. O Wells Fargo se junto ao time hoje, alertando que o CPI ainda não atingiu seu pico. Segundo a instituição, se o Fed optar por um aumento de 50 pontos-base amanhã, deverá sinalizar aperto monetário "mais agressivo adiante por meio da coletiva de imprensa do presidente Jerome Powell" ou por meio de um aumento "significativo" nas projeções indicadas pelo gráfico de pontos, avalia o banco.

Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, o Fed terá que elevar a taxa básica - hoje entre 0,75% e 1% - para além de 3% até o fim do ano e mantê-la acima do nível neutro por alguns meses para garantir a convergência da inflação à meta até 2024. Em resposta, as taxas dos Treasuries curtos podem subir de forma mais rápida que a dos longos, com o mercado antecipando o risco de uma recessão em algum trimestre de 2023.

"O mercado precifica a necessidade de um choque monetário amanhã na decisão do Federal Reserve. Caso seja confirmada uma postura mais agressiva, teremos menos fluxo de capitais para emergentes no curto prazo e, portanto, valorização do dólar antes essas moedas", afirma Velho, ressaltando que o fluxo de recursos externos para a bolsa brasileira, que havia ensaiado uma recuperação no fim de maio e início de junho, está "minguando".

Por aqui, a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, vê perspectiva de alta da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual amanhã, para 13,25% ao ano, e sinalização de continuidade do ciclo de aperto monetário. Ela chama a atenção para a rodada de alta recente petróleo, que amplia a defasagem dos preços dos combustíveis no mercado interno. "Isso aumenta a expectativa de reajuste de preços, o que pode cobrir aos efeitos da aprovação do projeto que fixou o teto do ICMS. A combinação de inflação e fiscal pode piorar, o que leva a taxa de câmbio mais para cima", afirma. (Antonio Perez - [email protected])

17:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.13430 0.3754 5.15180 5.08720

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5152.000 0.15552 5177.500 5111.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5200.000 0.44614 5200.000 5200.000

MERCADOS INTERNACIONAIS

Ativos atrelados ao apetite por risco tiveram, em geral, uma nova sessão de baixas nesta terça-feira, véspera de decisão monetária do Federal Reserve (Fed). O sentimento de investidores se deteriorou ainda mais à medida que o mercado consolidou a expectativa por avanço de 75 pontos-base dos juros nos Estados Unidos, após diversos bancos e consultorias ajustarem suas projeções. A maioria dos índices das bolsas de Nova York fechou em queda, embora menos pronunciada que nos últimos pregões, e a curva dos juros dos Treasuries manteve-se invertida, com os rendimentos em alta. Já o índice DXY do dólar se beneficiou da forte queda da libra, que repercute a possibilidade do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) elevar os juros nesta semana de forma mais cautelosa que o Fed, em meio aos riscos de recessão no Reino Unido. Por fim, o petróleo encerrou o dia em baixa, pressionado pelo câmbio, a piora da covid-19 na China e discussões sobre taxação de lucros de petroleiras americanas.

Após Barclays, Jefferies, JPMorgan e Nordea passarem a prever um aumento de 75 pontos-base dos Fed funds amanhã, Wells Fargo, Capital Economics e TD Securities se juntaram ao grupo de instituições que projetam uma alta maior que o meio ponto porcentual amplamente esperado antes. A revisão ocorre após a inflação ao consumidor subir além do previsto em maio e reportagens na imprensa americana indicarem que os dirigentes do Fed cogitam uma ação mais agressiva.

A Capital Economics projeta que o Fed não só deve subir os juros em 75 pontos-base amanhã, como repetirá a dose na sua reunião de julho, o que levaria o juro básico nos EUA à faixa tida como neutra pelo BC - que não estimula nem pressiona a economia. "Isso, por sua vez, implica que as taxas agora podem atingir um pico próximo a 4% no início do próximo ano", diz a casa.

O BMO Capital Markets faz alerta similar: "Mais relevante do que o tamanho do aumento do juro amanhã será o grau em que [o presidente do Fed, Jerome] Powell deixa em aberto a perspectiva de altas ainda maiores das taxas em julho, setembro ou além".

Durante a maior parte do dia, a ferramenta do CME Group que mede as probabilidades para diferentes níveis da taxa dos Fed funds apontou chance em torno de 90% de que o Fed eleve o juro em 75 pontos-base, tendência mantida até o horário de fechamento das bolsas em Nova York. Em Wall Street, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,50%, o S&P 500 recuou 0,38%, enquanto o Nasdaq subiu 0,18%, aparando parte das fortes perdas recentes. Ações de bancos como o JPMorgan (-1,66%) e Bank of America (-1,75%), estiveram entre as mais penalizadas diante da perspectiva de aperto monetário.

Os juros dos Treasuries voltaram a encerrar o dia em alta, com o retorno da T-note de 2 anos subindo a 3,418%, o da T-note de 10 anos, a 3,479%, e o do T-bond de 30 anos aumentando a 3,431%. Movimento tido como um sinal de que os EUA devem entrar em recessão no futuro próximo, a curva de juros entre 10 e 30 anos permaneceu invertida ao longo de quase toda a sessão. Similar ao alerta feito pela Capital Economics, o BMO Capital Markets acredita que sinalizações de aperto monetário mais acelerado serão mais importantes do que o tamanho da alta de amanhã.

"Se houver previsão de mais altas de 75 pontos dentro do gráfico de pontos ou sugestões do presidente Jerome Powell", a curva de juros dos Treasuries inclinará mais para se ajustar à perspectiva de juro neutro ou até em faixa restritiva em breve, diz o banco.

No câmbio, o dólar seguiu fortalecido ante moedas rivais, e o índice DXY terminou a sessão com alta de 0,42%, aos 105,518 pontos. A fraqueza da libra - que recuava a US$ 1,1985 no fim da tarde em Nova York - foi o principal fator a impulsionar o índice. Pesa contra a moeda britânica a perspectiva de que o BoE elevará os juros em 25 pontos-base na próxima quinta-feira, em ação mais comedida que a do Fed. No período citado, o euro tinha leve alta a US$ 1,0409 e o dólar subia a 135,23 ienes. Reportagem publicada às 16h55 no Broadcast mostra que analistas acreditam que a divisa japonesa continuará se desvalorizando.

Por fim, o petróleo perdeu força à tarde e terminou a sessão em baixa, com o barril do WTI para julho recuando 1,65% em Nova York, a US$ 118,93, e do Brent para agosto cedendo 0,90% em Londres, a US$ 121,17.

Além da pressão do dólar, o mercado observou a piora da situação da covid-19 na China, incerto sobre as próximas medidas a serem adotadas por Pequim para controlar o surgimento de novos casos. Além disso, comentário do vice-diretor do Conselho Nacional de Economia dos EUA, Bharat Ramamurti, que afirmou à Bloomberg que o governo do presidente Joe Biden considera taxar lucros de petroleiras considerados excessivos. (Gabriel Caldeira - [email protected])

Gostou do post? Compartilhe:
Receba nossos conteúdos por e-mail
Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Copyright © 2023 Broker Brasil. Todos os direitos reservados

Abrir bate-papo
Olá!
Podemos ajudá-lo?