Em meio à cautela externa com o avanço da covid, as incertezas em relação à situação fiscal e com a agenda de reformas no Brasil fizeram prevalecer a aversão ao risco nesta sexta-feira. O fato de o ministro da Economia, Paulo Guedes, mencionar, entre outras medidas, a possibilidade de vender parte das reservas para reduzir a dívida, aumentou a desconfiança sobre a real força do governo para dar andamento à agenda de reformas. O secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, ao comentar o relatório de despesas e receitas, tentou ajudar, ao observar que a gestão das reservas cabe ao Banco Central. Mas não teve sucesso. Os juros futuros, muito sensíveis às questões fiscais, subiram de maneira generalizada e as taxas longas, que embutem de forma mais delicada esse risco, encerraram no maior patamar desde o período entre abril e maio. E o câmbio ajudou nesse comportamento da renda fixa. Até porque, o que poderia significar pressão de baixa sobre o dólar, por representar mais oferta de moeda em algum momento, acabou resultando em motivo para que os investidores, após as quedas recentes da divisa americana, realizassem lucros com o aumento das incertezas. Assim, o dólar subiu 1,35% no mercado à vista, a R$ 5,3858, ainda que tenha registrado queda de 1,64% na semana. Nesse ambiente de maior cautela, a Bolsa cedeu, com os agentes aproveitando o quadro majoritariamente negativo em Wall Street para embolsar um pouco dos ganhos recentes. Tanto que, mesmo com a baixa de 0,59% do Ibovespa hoje, aos 106.042,48 pontos, o mercado acionário completou a terceira semana consecutiva de ganhos. Em Nova York, apesar de notícias sobre avanço em vacinas para a covid-19, como a da Pfizer, que pediu uso emergencial para seu imunizante, a escalada da pandemia preocupa no curto prazo. E se não bastasse o impasse, que já dura meses, entre republicanos e democratas por mais estímulos, também não caiu bem o fato de o Tesouro dos EUA ter decidido encerrar alguns programas de empréstimos do Fed a partir de janeiro. Assim, os três principais índices acionários, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq cederam.
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