‘EFEITO HADDAD’ ANIMA MERCADO SOBRE CORTE DA SELIC, DIS CAEM E BOLSA MIRA 110 MIL PTS

Blog, Cenário

O otimismo que marcou a primeira parte da sessão local desta quarta-feira se estendeu para a tarde, com queima de prêmios dos juros futuros e alta firme da Bolsa. O pano de fundo segue sendo declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que prometeu hoje entregar a proposta de novo arcabouço fiscal em março, um mês antes do previsto. Reverbera ainda a promessa dele de não levar à reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) de amanhã a revisão da meta de inflação. O tema, aliás, ganhou o apoio de pesos-pesados como os gestores Rogério Xavier, da SPX Capital, e André Jakurski, da JGP, e Luis Stuhlberger, da Verde Asset. Neste ambiente, as taxas dos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI) tiveram queda forte e a curva passou a embutir até alguma chance de corte da Selic no primeiro semestre. Esta volta dos juros beneficiou o Ibovespa, que subiu aos 109.600,14 pontos, valorização de 1,62%. Na máxima, o índice voltou aos 110 mil pontos, marca que não tocava há uma semana. Na composição da carteira, 78 dos 88 papéis subiram hoje. Da tríade de mercados locais, só o de câmbio não teve fôlego para acompanhar o alívio. O dólar à vista subiu aos R$ 5,2197 (+0,41%). Pesou o fortalecimento global da moeda americana, após dados de atividade nos Estados Unidos - varejo em particular - reforçarem a expectativa de continuidade de alta de juros pelo Federal Reserve e de taxa terminal acima de 5% no atual processo de aperto monetário. Mesmo assim, os mercados de ações de Nova York não sofreram tanto. Papéis de tecnologia tiveram um salto, após a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, informar que aumentou posições em Apple (+1,39%), que sozinha responde por 12% do índice Nasdaq, que avançou 0,92%.

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS

Os juros futuros ampliaram a queda à tarde ainda com base nas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entre ontem e esta manhã, que reduziram a tensão com a política fiscal e monetária que vinha pressionando os prêmios de risco nos últimos dias. De acordo com ele, a apresentação do novo arcabouço fiscal foi antecipada para março e, além disso, não está na pauta do Conselho Monetário Nacional (CMN) de amanhã a discussão sobre as metas de inflação. Como resultado, o mercado voltou a apostar em corte da Selic no primeiro semestre, conforme a precificação da curva. E, com a atenção totalmente voltada ao cenário interno, as taxas locais conseguiram se desvencilhar da influência da escalada dos rendimentos Treasuries e da piora do câmbio.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,28%, de 13,44% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,86% para 12,61%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 12,88%, de 13,13% ontem. A do DI para janeiro de 2029 recuou de 13,44% para 13,23%.

Os movimento de queda foi mais expressivo nos contratos do miolo da curva, que melhor refletem a perspectiva para a política monetária nos próximos meses, resultando numa trajetória de steepening com relação à ponta longa. O diferencial entre os contratos de janeiro de 2029 e janeiro de 2025, de 62 pontos, é o mais amplo desde outubro de 2021.

Como a celeuma em torno da mudança nas metas vem prejudicando a curva há algumas semanas, a informação, dada ontem pelo ministro após o fechamento do mercado, de que o assunto não estará na pauta do CMN amanhã já deu a senha para um alívio nas taxas logo pela manhã, dada a leitura de que o Banco Central com isso ganha algum tempo até a temperatura baixar. Os agentes vinham reiterando que a discussão sobre uma alteração dos alvos não é descabida, mas sim inapropriada para um momento de dúvidas sobre a questão fiscal. Por isso mesmo é que o ajuste em baixa das taxas ganhou tração depois que Haddad adiantou que o governo pretende antecipar a nova regra fiscal de abril para março.

"Tradicionalmente, é em junho que se discute a meta. Não em fevereiro. Então talvez tenham antecipado o novo arcabouço para seguir o fluxo de sempre", disse uma economista.

Haddad voltou a citar a que trabalha pela harmonização da política fiscal com a política monetária e para construir a narrativa sobre o tema. Disse ainda que ser necessário compreender que o Brasil não vai levar a inflação de 6,0% para 3,0%, referindo-se ao centro da meta estabelecido para os anos de 2024 e 2025.

"Além de colaborar para dar previsibilidade ao gasto e ao resultado primário, o envio da proposta da nova regra fiscal ao Congresso colaborará para amainar as pressões sobre a política monetária", afirma o economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto, para quem o novo arcabouço pode corrigir distorções do teto de gastos, sem prescindir de uma limitação explícita para a despesa. "É fundamental que se avance na área fiscal para desanuviar os cenários e engatilhar eventual ciclo de afrouxamento monetário."

Na precificação da curva, o resultado foi uma antecipação das chances de queda da Selic para o primeiro semestre. Cálculos da BlueLine Asset apontam possibilidade de corte de 25 pontos-base em junho, com a Selic encerrando o ano em 12,75%, que também é a mediana da pesquisa Focus.

Gerou alguma surpresa entre os agentes o posicionamento de três dos maiores fundos de investimentos do mercado brasileiro em defesa da revisão das metas. Rogério Xavier (sócio-fundador da SPX Capital), Luis Stuhlberger (da Verde Asset) e André Jakurski (da JGP) se posicionaram a favor da mudança durante evento do BTG Pactual nesta manhã, do qual também Haddad participava.

"A meta de inflação que foi acertada dois, três anos atrás está errada. Por que não pode mudar? Ah, porque vai desancorar as expectativas. As expectativas já estão desancoradas", disse Xavier, para quem a pressão sobre a curva não têm a ver com isso e sim com o pacote fiscal de Haddad. "Ninguém tem coragem de chegar para o ministro Haddad e dizer 'ministro, sabe qual o problema da meta de inflação? É porque as pessoas não têm confiança na execução fiscal que o senhor está propondo'", resumiu.

Anfitriões do evento, os economistas do BTG se posicionaram de forma contrária à mudança. O estrategista-chefe da BTG Asset e ex-diretor do BC, Tiago Berriel, disse fazer pouco sentido a meta de inflação no Brasil ser maior do que a de outros emergentes no longo prazo. Para ele, a elevação da meta pode piorar as expectativas para os preços, demandando assim juros mais altos, e, ainda que a discussão não esteja na pauta da reunião de amanhã do CMN, ela "não morreu". (Denise Abarca - [email protected])

Volta

BOLSA

Na contramão do sinal de Nova York e a despeito do avanço do dólar na sessão (+0,41%, aos R$ 5,2197, acompanhando o exterior), o Ibovespa testou, recuperou e se firmou em torno dos 110 mil pontos no meio da tarde, mas não conseguiu sustentar a marca no fim do dia, não vista em fechamento desde o último dia 2. No melhor momento da tarde, a referência da B3, em dia de vencimento de opções sobre o índice, sustentava ganho acima de 2% na sessão, aos 110.209,69 pontos - desde 17 de janeiro o Ibovespa não obtém, em fechamento, alta diária de ao menos 2%.

Hoje, o índice saiu de mínima na sessão aos 107.266,63 pontos, vindo de abertura aos 107.848,81 pontos. O giro financeiro foi a R$ 46,8 bilhões, reforçado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa nesta quarta-feira. Ao fim da sessão, estava em 109.600,14 pontos (+1,62%). Na semana, o índice da B3 vira para o positivo (+1,41%), mas ainda cedendo no ano (-0,12%) e em fevereiro (-3,38%).

No meio da tarde, as ações de maior peso no índice se alinharam em sentido único, positivo, com as de Petrobras (ON +0,43%, PN +0,15%) se unindo às de Vale (ON +2,18%) e as de grandes bancos, com destaque para Bradesco (PN +3,93%) na sessão. Na ponta do Ibovespa, Hapvida (+7,64%), à frente de MRV (+5,85%), Natura (+5,73%) e Via (+5,58%). No lado oposto, Magazine Luiza (-4,19%), Totvs (-4,16%) e Braskem (-0,68%).

O dia foi de descompressão para os juros futuros, com a antecipação indicada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a divulgação do novo arcabouço fiscal, de abril para março.

"As falas do governo e do PT contra o BC se acalmaram, com efeito sobre a curva de juros e recuperação nas ações na B3, com alguma melhora de sinal também nos índices de ações em Nova York à tarde", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, destacando o desempenho do setor financeiro, com Bradesco à frente, além de avanço em parte das empresas do setor de consumo nesta quarta-feira.

"Após queda na abertura, já às 10h30 o Ibovespa começava a se firmar em alta, puxado pelas ações de consumo, favorecidas pelo desempenho dos juros futuros", diz Gabriel Matesco, especialista em renda variável da Blue3. O índice de consumo fechou o dia na B3 em alta de 2,69%, enquanto o de materiais básicos, que reúne ações de commodities, com exposição à demanda externa, subiu 1,55%.

Descolado do desempenho do Ibovespa, o avanço do dólar hoje acompanhou o comportamento externo do câmbio, com fortalecimento da moeda americana ante a cesta de referência do DXY, em movimento impulsionado, na sessão, por dados fortes sobre o varejo e a indústria dos Estados Unidos. Os dados vêm em momento em que o mercado ainda monitora de perto a tendência para os juros na maior economia do mundo, que tendem a permanecer elevados por longo tempo ante a resiliência do nível de atividade.

Aqui, as declarações do ministro da Fazenda em evento do BTG Pactual hoje trouxeram sinais favoráveis para a política fiscal, afirma o economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto, em relatório. Para o analista, o compromisso de se apresentar até março a proposta de novo arcabouço deve aliviar os ruídos no cenário.

"Além de colaborar para dar previsibilidade ao gasto e ao resultado primário, o envio da proposta da nova regra fiscal ao Congresso colaborará para amainar as pressões sobre a política monetária. É fundamental que se avance na área fiscal para desanuviar os cenários e engatilhar eventual ciclo de afrouxamento monetário", escreve Salto, em relatório, conforme relato do jornalista Cícero Cotrim, do Broadcast.

No mesmo evento do BTG Pactual, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira, 15, que um texto "radical" sobre o novo arcabouço fiscal que será proposto pelo governo não terá sucesso no plenário do Congresso. Na visão do deputado, a âncora que substituirá o teto de gastos - a regra atual que limita o crescimento das despesas à inflação - deve ser "razoável", "equilibrada" e "moderada", reporta Iander Porcella, do Broadcast em Brasília. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 109600.14 1.62388

Máxima 110209.69 +2.19

Mínima 107266.63 -0.54

Volume (R$ Bilhões) 4.67B

Volume (US$ Bilhões) 8.95B

18:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 109810 1.87874

Máxima 110180 +2.22

Mínima 107275 -0.47

CÂMBIO

O real ficou de fora da festa dos ativos domésticos nesta quarta-feira, 15, embalada pela promessa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de adiantar a divulgação do novo arcabouço fiscal de abril para março e pela bênção de três titãs locais da gestão de recursos - Luis Stuhlberger, Rogério Xavier e André Jakurski - à alteração das metas de inflação almejada pelo presidente Lula.

Apesar de o Ibovespa escalar aos 110 mil pontos e as taxas de juros futuros renovarem mínimas ao longo da tarde, o dólar manteve o sinal de alta exibido desde a manhã na segunda etapa de negócios, orbitando o nível de R$ 5,22. Pesou no mercado doméstico de câmbio a onda de fortalecimento global do dólar, após dados da economia americana (vendas no varejo em janeiro e atividade industrial) reforçarem a expectativa de continuidade de alta de juros nos EUA e de taxa terminal acima de 5%.

Com oscilação de apenas cerca de cinco centavos entre a mínima (R$ 5,1922) e a máxima (R$ 5,2403) - ambas registradas pela manhã - o dólar à vista encerrou a sessão desta cotado a R$ 5,2197, em alta de 0,41%. Com isso, a divisa passou a acumular suave baixa (-0,04%) na semana. Em fevereiro, a moeda americana apresenta valorização de 2,82%. O real, que costuma apanhar mais em episódios alta da moeda americana, hoje foi uma das divisas emergentes e de exportadores de commodities que menos perdeu ante o dólar. É possível que o bom humor local tenha atuado como amortecedor da tendência altista vinda de fora.

Ontem à noite, após estresse com a possibilidade de mudança iminente da meta de inflação de 2023, o mercado já havia serenado com a fala do próprio Haddad dando conta de que o tema não está na pauta da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) amanhã, 16. A perspectiva é a de que a alteração das metas para este ano e os próximos seja feita após a apresentação das novas regras fiscais - o que ameniza temores de forte desancoragem das expectativas de inflação.

"O ponto crítico agora é saber como vai ficar o arcabouço fiscal. Se for crível e garantir que a dívida/PIB não vai subir, o dólar deve cair bastante", afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, que, quando Lula começou o ataque ao Banco Central, já observava que havia um debate no mundo inteiro sobre as metas de inflação. "Se o BC perseguir de verdade a meta atual, o juro real vai para quanto? Para 10%? 12%? Não tem sentido nenhum. Mas para mudar a meta precisa primeiro do arcabouço fiscal".

O mercado local operou hoje sob impacto das declarações de Haddad e de gestores em evento no BTG Pactual pela manhã. Antes de o ministro falar, Rodrigo Xavier, sócio-fundador da SPX Capital, disse que a meta de inflação "está errada". Stuhlberger, do lendário fundo Verde, endossou as palavras de Xavier e afirmou que buscar uma "meta irrealista não é uma coisa boa pro Brasil no atual momento". Jakurski, sócio-fundador da JGP, disse que "não dá para perseguir essa meta [de inflação]".

Stuhlberger, contudo, não se furtou a dar uma cutucada no governo e, na frente de Haddad, disse: "Mas ninguém tem coragem de chegar para o ministro Haddad e falar 'ministro, sabe qual o problema da meta de inflação? É porque as pessoas não têm confiança na execução fiscal'". O ministro da Fazenda adotou tom conciliador, voltando a pregar harmonia entre política fiscal e monetária, e prometeu novo arcabouço fiscal para março.

"Haddad foi muito feliz hoje nas suas declarações. Xavier e Stuhlberger falaram com bastante propriedade do debate da meta. Como eles disseram, a inflação está esticada no mundo todo e ter uma inflação na casa de 3% no Brasil não é realista", afirma o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, que atribui a alta do dólar no mercado local hoje ao ambiente externo mais pesado, com avanço da moeda americana frente a divisas fortes e emergentes. "Com nova regra fiscal e sem mais atritos entre o governo e o BC, o dólar tem espaço para cair para bandas perto de R$ 5,00. Os estrangeiros ainda estão com alocação baixa em Brasil".

No início da tarde, o Banco Central informou que, após encerrar janeiro com entradas líquidas de US$ 4,169 bilhões, o País registrou fluxo cambial positivo de US$ 3,651 bilhões em fevereiro (até o dia 10) - US$ 1,615 bilhão pela conta financeira e US$ 2,037 bilhões via comércio exterior. No ano, também até dia 10 de fevereiro, o fluxo cambial total é positivo em US$ 7,821 bilhões. (Antonio Perez - [email protected])

18:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.21970 0.4097 5.24030 5.19220

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5223.500 0.394 5249.500 5201.000

DOLAR COMERCIAL 5265.000 0.43876 5265.000 5265.000

Volta

MERCADOS INTERNACIONAIS

O avanço das ações de Apple e Alphabet ajudou o Nasdaq a se descolar dos demais índices de Nova York e saltar quase 1%, enquanto os outros tiveram leve alta. Mesmo assim, a firme valorização do dólar no exterior expôs a cautela que ainda impera lá fora, à medida que dados fortes do varejo americano reforçaram a tese de uma economia superaquecida. O cenário amplia as apostas por um aperto monetário mais longo, que impulsionou o juro da T-note de 10 anos à máxima de 2023. O petróleo chegou a ensaiar recuperação, mas não resistiu ao movimento da divisa americana e ao crescimento dos estoques nos EUA. Do outro lado do Atlântico, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reiterou intenção de subir juros em 50 pontos-base em março.

"A economia dos EUA parece ter um primeiro trimestre sólido e as dúvidas sobre a recessão estão sendo justificadas aqui", resume o analista Edward Moya, da Oanda, na esteira da divulgação da leitura de vendas no varejo, que subiram em um surpreendente ritmo de 3,0% em janeiro ante dezembro.

A resiliência da maior economia do planeta, confirmada também por números recentes sobre emprego, corrobora a mensagem repetida à exaustão por dirigentes do Federal Reserve (Fed): a guerra contra a inflação ainda não acabou. Afinal, o índice de preços ao consumidor (CPI) divulgado ontem apontou uma desaceleração na base anual mais lenta do que o esperado.

Nesse ambiente, investidores praticamente descartaram as chances de relaxamento monetário este ano. O monitoramento do CME Group já mostra, inclusive, um aumento na probabilidade de elevação de 50 pontos-base na próxima reunião, em março, de 9,2% ontem a 12,2% hoje. "O Fed, dependente de dados, está vendo seu argumento para aumentos dos juros mais contínuos ser reforçado depois que a inflação acelerou, e as vendas no varejo se recuperaram acentuadamente em janeiro", destaca Moya.

A expectativa por aperto mais agressivo continuaram impulsionando os retornos dos Treasuries. No fim da tarde em Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos caía a 4,605%, mas o da T-note de 10 anos avançava a 3,801% - perto do maior valor este ano - e o do T-bond de 30 anos aumentava a 3,838%. Agora à tarde, um leilão de T-bonds de 20 anos com demanda acima da média inspirou reação tímida nos negócios.

O dólar também surfou nesse movimento do banco central americano: o índice DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais fortes, fechou em alta de 0,67%, a 103,923 pontos. No horário citado acima, a libra recuava a US$ 1,2026, depois que o Reino Unido informou que a inflação ao consumidor britânico desacelerou em ritmo mais forte que o previsto. De acordo com o ING, o dado contraria o discurso do Banco da Inglaterra (BoE). "Ainda esperaríamos um aumento de 25 pontos-base [nos juros] em março, mas se essa tendência continuar, ela se inclinará fortemente para uma pausa em maio", ressalta o banco holandês.

Ainda no câmbio, o euro caía a US$ 1,0688. Em discurso no Parlamento Europeu, Lagarde reforçou compromisso com o processo em subir juros de forma "significativa" para controlar a inflação. "Manter as taxas de juros em níveis restritivos reduzirá com o tempo a inflação ao amortecer a demanda e também protegerá contra o risco de uma mudança persistente para cima nas expectativas de inflação", disse.

A pressão de um dólar forte inviabilizou a tentativa de recuperação do petróleo na reta final da sessão. No fim, o barril do WTI para março caiu 0,59%, a US$ 78,59, e o do Brent para abril cedeu 0,23%, a US$ 85,38. No começo da tarde, o Departamento de Energia (DoE) revelou que os estoques das commodities nos EUA tiveram salto de mais 16 milhões de barris na semana passada.

Em Wall Street, os três principais índices acionários não conseguiram firmar um sinal único. Após a Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett, informar que ampliou a participação na Apple, a ação da fabricante do iPhone subiu 1,39% e ajudou o Nasdaq a encerrar o pregão com ganho de 0,92%, a 34.128,05 pontos. O S&P 500 avançou 0,28%, a 4.147,60 pontos, enquanto o Dow Jones ganhou 0,11%, a 34.128,05 pontos.

Apesar do clima ainda irregular em Nova York, o bitcoin operou com ganhos de até 9%, acima de US$ 24 mil, de olho em discussões regulatórias nos EUA. A Securities and Exchange (SEC, a CVM americana) votará hoje uma regra que prevê a proteção de ativos cripto. "Vale lembrar que a regulação é necessária para o amadurecimento de qualquer setor do mercado", avalia o analista Thiago Rigo, da Titanium Asset. (André Marinho - [email protected])

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