DÓLAR SOBE A R$ 4,97 E DI AVANÇA COM INCÔMODO DO MERCADO COM AJUSTES NO ARCABOUÇO

Blog, Cenário

O vaivém com o horário de apresentação do arcabouço fiscal e ajustes na versão final do texto trouxeram cautela ao mercado local nesta terça-feira, traduzida em alta do dólar, subida dos juros futuros e pressão na Bolsa. A expectativa era que a divulgação do projeto de lei complementar fosse ainda no fim da manhã, mas ela foi adiada depois para o horário de almoço e postergada finalmente para o fim da tarde. Esta incerteza quanto ao horário incomodou os agentes sob o temor de que, por causa do atraso, estariam sendo gestadas mudanças mais substanciais ao texto. Isso porque um ajuste já feito e revelado hoje cedo pela imprensa vinha sendo mal digerido: a possibilidade de capitalização de estatais não financeiras ficarem fora da regra de despesas. Outro ponto que trouxe tensão nas mesas foi o recuo do governo quanto à taxação de compras internacionais de US$ 50 entre pessoas físicas, medida com a qual se esperava arrecadar R$ 8 bilhões para robustecer as contas públicas. Ao final da sessão, quando o arcabouço já era conhecido na íntegra, os ativos estavam menos pressionados à medida que os agentes assimilam os novos dispositivos. Assim, depois de quase encostar nos R$ 5 na máxima (R$ 4,9970), o dólar à vista subiu a R$ 4,9759 (+0,78%). Os juros futuros avançaram, com o DI para janeiro de 2025 voltando à casa de 12% (aos 12,015% no fechamento). Um pouco mais distante dos dilemas fiscais, o Ibovespa terminou em alta de 0,14%, aos 106.163,23, sob o impulso de dados melhores do que o previsto na China. Em Nova York, os índices terminaram sem direção clara. Dow Jones caiu 0,03% e Nasdaq, 0,04%. Já o S&P 500 subiu 0,09%. Uma nova rodada de declarações de dirigentes do Federal Reserve favoráveis ao aperto monetário pesou de um lado, enquanto balanços bons de bancos deram suporte, de outro.

•CÂMBIO

•JUROS

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

CÂMBIO

O mercado de câmbio doméstico trabalhou na defensiva ao longo da sessão desta terça-feira, 18, em meio à cautela dos investidores diante de rumores em torno do tamanho de brechas para mais gastos na proposta de novo arcabouço fiscal. Sucessivos adiamentos na divulgação do texto durante o dia provocavam apreensão nas mesas de operação, impedindo que o real acompanhasse o sinal predominante de baixa na moeda americana lá fora.

Afora um recuo pontual nos primeiros negócios, quando registrou mínima a R$ 4,9130, sob impacto do resultado acima do esperado do PIB chinês no primeiro trimestre, a moeda operou com sinal positivo durante o restante da sessão. A máxima, a R$ 4,9970, veio logo após o ministério da Fazenda divulgar o texto com as novas regras fiscais, por volta das 15h40.

A onda compradora, contudo, arrefeceu em seguida, quando se observou que o texto não trouxe surpresas negativas além das já especuladas na imprensa pela manhã. Assim, a divisa fechou cotada a R$ 4,9759, em alta de 0,78%. Principal termômetro do apetite por negócios, o dólar futuro para maio teve giro forte, superior a US$ 15 bilhões.

Operadores observam que, dada a forte rodada de apreciação do real iniciada em fins de março e acentuada na semana passada, havia espaço para ajustes e recomposição parcial de posições defensivas. Em abril, a moeda ainda perde 1,83%, o que leva a desvalorização no ano a 5,76%.

Lá fora, o dólar perdeu força em relação a moedas fortes, como euro e iene, e à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities. As raras exceções foram o peso mexicano, o real e, sobretudo, o peso colombiano, que amargou baixa superior a 1%.

"O movimento de hoje do dólar é bem localizado. O mercado estava com receio de o governo tirar limitadores de gastos do arcabouço fiscal, o que aumentaria a necessidade de incremento de impostos lá na frente", afirma o head de câmbio da EQI Investimentos, Alexandre Viotto.

Como especulado pela manhã, ficaram de fora do limite de despesas transferências constitucionais, créditos extraordinários, piso de enfermagem, universidades públicas federais e as chamadas estatais não financeiras. Quer dizer, eventuais capitalização de bancos públicos obedecem a limites do novo arcabouço - o que diminui os riscos de expansão parafiscal.

Segundo o texto, pelo lado da receita, será considerada a receita primária total menos concessões, dividendos, royalties e transferências legais. A variação da receita considerará alta real até junho do ano anterior. Já valor excedente de meta será destinado a investimentos até o limite de R$ 25 bilhões, válido para os exercícios de 2025 a 2028.

Embora ressalte que o novo arcabouço "não é a regra dos sonhos", o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, afirma que o documento mostra, sim, uma preocupação do governo com o equilíbrio fiscal, ao estabelecer limite aos gastos e não buscar o ajuste apenas via aumento de receitas. "É interessante que os dividendos e as concessões não vão ser considerados para o governo gastar mais. Temos até que ver se isso não vai ser modificado no Congresso", afirma Cruz

Viotto, da EQI Investimentos, alerta que tramitação do texto no Congresso pode provocar novas marolas na taxa de câmbio - que, em sua visão, não deve se manter por muito tempo abaixo da linha de R$ 5,00. Para o especialista, a onda recente de apreciação do real se deve a três fatores: alta dos preços das commodities, boa receptividade ao esboço inicial do arcabouço fiscal, que veio melhor do que o imaginado, e o apetite por operações de "carry trade", que exploram diferencial de juros interno e externo.

Para Viotto, o movimento de alta das commodities não tende a perdurar. Além disso, o dólar não deve se enfraquecer mais no exterior, uma vez que o Federal Reserve dificilmente reduzirá os juros na magnitude esperada pelo mercado. "Já os juros devem cair aqui, diminuindo o diferencial de taxas, o que pode afetar o real", diz Viotto, para quem há riscos de modificações da proposta original do arcabouço no Congresso. (Antonio Perez - [email protected], com Eduardo Laguna)

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.97590 0.7838 4.99700 4.91300

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4996.000 0.92929 5004.000 4919.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5023.000 0.90398 5023.500 5007.000

JUROS

Os diversos adiamentos na entrega do arcabouço fiscal ao Congresso ao longo do dia testaram a paciência do investidor, fomentando ruídos sobre mudanças de última hora que resultariam em uma proposta mais frouxa, e que acabaram se confirmando no texto divulgado pelo Ministério da Fazenda no meio da tarde. No mercado de juros, as taxas abriram em baixa, passaram à estabilidade ainda pela manhã e se firmaram em alta do começo da tarde até o fechamento, na medida em que o governo foi empurrando o envio do texto para o fim da tarde. Pesou ainda para a abertura da curva a determinação do presidente Lula de voltar atrás na taxação de compras de itens importados entre pessoas físicas até o limite de US$ 50.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou a 13,25%, de 13,21% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,89% para 12,01%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 11,91%, de 11,73%, e a do DI para janeiro de 2029 terminou em 12,25%, de 12,05%.

A expectativa de que finalmente o texto seria entregue hoje ao Legislativo favoreceu um recuo das taxas no começo da sessão, somado à repercussão inicialmente positiva aos dados da China que saíram ontem à noite. Ainda assim, num segundo momento, alguns analistas ponderaram que enquanto o PIB do primeiro trimestre surpreendeu, os dados da indústria em março ficaram abaixo do esperado, configurando uma percepção de crescimento pouco confiável.

Sobre o arcabouço, a expectativa inicial era de entrega ainda pela manhã, por volta das 11h30, mas que foi sendo ajustada durante a sessão, com o governo postergando primeiramente para as 12h30, depois para 16h30, 15h e na sequência, novamente para as 16h30.

Em meio aos sucessivos adiamentos, os profissionais citavam matéria apurada pela Folha de S.Paulo segundo a qual o governo listou mais de dez itens que ficariam de fora do novo limite de gastos, incluindo repasses a empresas estatais, excluindo Caixa, BNDES e instituições dependentes do Tesouro. O texto da Fazenda confirmou posteriormente a lista.

Pelo lado da receita, será considerada na regra a receita primária total do Governo Central, deduzida de concessões e permissões; dividendos e participações; de valores relativos à exploração de recursos naturais; e de transferências legais e constitucionais por repartição de receitas primárias.

Para a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, não houve novidades em relação ao cenário ao qual o mercado vinha trabalhando desde manhã. "O que não fica na regra já não entrava na contabilidade do teto dos gastos mesmo, mas confirmou as exceções. Vamos ver como vai passar no Congresso", afirmou. "Por ora, encerra um pouco esse burburinho de o que o governo vai mudar", complementou.

Embora não seja exatamente novidade, não deixou de trazer desconforto na proposta a ausência de sanções para o descumprimento das metas de primário, que não vai configurar infração à lei. Na prática, a proposta afasta um eventual risco de impeachment por crime de responsabilidade. Em caso de descumprimento, o presidente da República enviará uma mensagem ao Congresso com as razões e medidas de correção.

O economista-chefe da Oriz Partners, Marcos de Marchi, considerou o arcabouço frágil se o objetivo for mesmo estabilizar a dívida pública no longo prazo. Ao comentar o projeto, chama a atenção para a falta de "enforcement" no documento, ou seja, um dispositivo que force a sua execução. "Não temos uma regra fiscal, temos uma regra de gasto. Pensando num período mais dilatado de tempo, a proposta da regra é fraca para garantir a estabilização da dívida pública", escreveu.

Num texto considerado excessivamente dependente de arrecadação para cumprir os objetivos de melhorar as contas públicas, a decisão do governo de retroceder na cobrança de imposto a importados entre pessoas físicas até US$ 50 não pegou bem. "Além da questão da imagem, o governo está abrindo mão de R$ 8 bilhões em receitas. É muita coisa", observa Veronese.

A terça-feira teve leilão de NTN-B e foi vendida integralmente a oferta de 1,250 milhão de títulos, concentrada no vencimento mais curto, 2026, com 1,5 milhão. O risco para o mercado, segundo a Warren Rena, foi de US$ 823 mil, ante US$ 618 mil na semana passada.

No Twitter, o especialista em renda fixa Alexandre Cabral considerou o leilão "muito bom". "Menores taxas no ano para os 3 vencimentos, apesar de maiores do que a Anbima", disse, destacando ainda que foi o maior volume no ano. "Taxas a cada semana que passa menores e com excelente demanda", avaliou. (Denise Abarca, com Eduardo Laguna - [email protected])

BOLSA

O Ibovespa operou em torno da linha dos 106 mil pontos ao longo da tarde, à espera do encaminhamento do texto do arcabouço fiscal, adiado do início para o fim da tarde, com algumas trocas de horário no meio do caminho, o que contribuiu para cautela dos investidores na B3 em dia de desempenho misto em Nova York, sem força compradora para ativos de risco.

Por volta das 15h40, o Ministério da Fazenda comunicou que divulgaria o texto do arcabouço antes do horário final que havia sido indicado (16h30), e o conhecimento do teor da proposta acabou firmando o índice da B3 em leve alta na reta de chegada da sessão, apesar de piora pontual no câmbio e nos juros futuros.

Assim, a referência da B3 encerrou o dia com ganho de 0,14%, aos 106.163,23 pontos, entre mínima de 105.121,74 e máxima de 106.474,75 na sessão, em que saiu de abertura aos 106.022,52 pontos. O giro ficou em R$ 21,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa limita perda (-0,11%), mantendo ganho no mês a 4,20% - no ano, cede 3,25%.

Quando a Fazenda iniciou a divulgação do texto, depois das 15h40, o Ibovespa mostrou desempenho distinto do câmbio e dos juros futuros: enquanto o dólar se aproximava dos R$ 5, na máxima da sessão, e os juros futuros também subiam, o índice da B3 zerou as perdas do dia e sustentou leve alta até o fechamento, na ausência de surpresas negativas em relação ao que se conhecia mais cedo.

"O índice operou com volatilidade, sem conseguir firmar direção única ao longo do dia. A volatilidade tinha se acentuado com relatos de que o governo pretendia excluir uma série de itens do limite do teto de gastos na nova regra fiscal, o que não foi bem recebido pelo mercado, especialmente nos ativos mais sensíveis a juros", diz Lucas Martins, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.

Contudo, até o início da tarde, na contramão de Nova York, o Ibovespa, vindo de perdas nas três sessões anteriores, já buscava sustentar a linha dos 106 mil pontos pela sexta sessão consecutiva, marca reconquistada em fechamento, havia uma semana, pela primeira vez desde 8 de março. Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo espera tramitação rápida do arcabouço, e confirmou que a capitalização de bancos públicos ficará dentro do limite de gastos, conforme havia sido apurado pelo Estadão/Broadcast.

"Uma surpresa positiva para o mercado, no novo arcabouço, foi a exclusão dos dividendos na contabilização das receitas [do governo]. O dividendo acaba sendo um fator que, de um ano para outro, pode ser mais esporádico, menos recorrente. No ano passado, por exemplo, teve uma distribuição muito forte de dividendos da Petrobras que ajudou, e muito, o resultado fiscal do governo em termos de receita", diz Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, acrescentando que este dispositivo torna a regra menos suscetível a itens não recorrentes, que atrapalham o planejamento do governo quanto a gastos e receitas.

A S&P Global Ratings monitora os desdobramentos da proposta de uma nova regra fiscal no Brasil, mas não vê fácil aprovação no Congresso. O resultado final da futura âncora de gastos será determinante para o rating brasileiro, mas, por ora, gera mais questionamentos do que respostas, de acordo com o diretor sênior de ratings soberanos da S&P Global Ratings para a América Latina, Sebastian Briozzo, reporta Aline Bronzati, correspondente do Broadcast em Nova York.

Na B3, em dia negativo para as ações de grandes bancos à exceção de BB (ON +0,18%), com perdas entre 0,08% (Itaú PN) e 1,49% (Unit do Santander), o avanço de Petrobras (ON +2,57%, PN +2,55%) e de Vale (ON +0,86%) contribuiu para dar suporte ao Ibovespa, ambas favorecidas por dados positivos sobre a demanda chinesa. O PIB do primeiro trimestre veio acima do esperado, a 4,5% em base anual, com forte desempenho das vendas do varejo em março, o que compensou a decepção quanto à produção industrial chinesa, que avançou menos do que se antecipava para o mês.

Por outro lado, avalia o ING, o crescimento do PIB da China acima das projeções sugere não haver necessidade imediata de "estímulos maciços" à economia ou de estímulos fiscais para consumidores - em momento no qual os investidores globais vinham tomando nota da redução de juros e do corte de depósitos compulsórios definidos pela autoridade monetária do país.

De qualquer forma, refletindo a leitura positiva sobre os dados chineses do dia, tanto o minério de ferro como o petróleo encerraram as respectivas sessões em alta, dando apoio ao avanço das ações de commodities na B3. Assim, o índice de materiais básicos, exposto à demanda externa, fechou em alta de 0,68%, enquanto o índice de consumo, com exposição ao ciclo doméstico, cedeu 1,12% na sessão.

Na ponta ganhadora do Ibovespa, além das ações de Petrobras e de Eletrobras (ON +2,38%), destaque também para Rede D´Or (+3,50%), Petz (+3,18%) e Cielo (+2,74%). No lado oposto, CVC (-7,55%), Hapvida (-5,51%), Dexco (-4,43%) e Locaweb (-4,43%).

"Os dados chineses, que se refletiram positivamente no desempenho das ações de Petrobras e Vale, foram o contraponto à expectativa para o arcabouço. O adiamento do anúncio acabou segurando o Ibovespa, na medida em que, até que se conhecesse o texto, sempre pode aparecer algum ruído sobre eventual mudança de última hora", diz Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 106163.23 0.13919

Máxima 106474.75 +0.43

Mínima 105121.74 -0.84

Volume (R$ Bilhões) 2.10B

Volume (US$ Bilhões) 4.24B

18:03

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 107860 -0.09263

Máxima 109335 +1.27

Mínima 106945 -0.94

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os mercados em Nova York encontraram dificuldade em firmar direção nesta sessão. Investidores ponderam falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed) apoiando maior aperto monetário e balanços de bancos americanos, em geral com resultados mais fortes do que o esperado. Neste cenário, as bolsas de Nova York e os juros dos Treasuries encerraram a tarde mistos. Já o dólar recuou ante outras divisas, oferecendo fôlego para as commodities e apoiando leve alta do petróleo, que titubeou diante de dados fracos da indústria chinesa, apesar do crescimento do PIB além do previsto no primeiro trimestre. Tensões geopolíticas envolvendo China, Rússia e o G7 mantém um clima de cautela nos mercados, antes de comentários previstos para amanhã da secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, sobre as relações econômicas dos EUA com a China.

Em entrevista à CBNC, o presidente da distrital do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que projeta mais uma alta de juros nos EUA e depois manutenção das taxas "por um bom tempo". Já o presidente da distrital de St. Louis, James Bullard, defendeu mais altas nos juros e minimizou risco de recessão no país, durante entrevista à Reuters. Segundo Bullard, o estresse financeiro das recentes turbulências bancárias parece contido.

Analista da Oanda, Edward Moya avalia que as declarações pesaram sobre os mercados acionários em Nova York, levantando preocupações de que investidores precisarão debater mais três altas nos Fed funds. Além disso, Moya alerta que os resultados positivos de bancos no primeiro trimestre também podem impactar os juros básicos americanos. "Se os ganhos continuarem impressionando, acabarão se revelando como pressões inflacionárias e isso provavelmente significará mais aperto do Fed", observa.

Antes da abertura dos mercados, o Bank of America (BofA) surpreendeu o mercado ao superar expectativas de lucro e receita no primeiro trimestre deste ano. Em contrapartida, o Goldman Sachs teve lucro acima das expectativas, porém, acompanhado de receita abaixo do esperado. Em relatório, o Julius Baer comentou estar mais focado nas orientações futuras do que nos resultados do primeiro trimestre nos Estados Unidos. De acordo com o banco, beneficiários de despesas de capital ("capex") e empresas com alto rendimento de recompra devem estar mais expostos adiante. Ainda no radar do setor bancário, o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) estimou que as perdas relacionadas à falência dos bancos Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank resultaram em perdas de US$ 22,5 bilhões.

As ponderações sobre expectativas de aperto monetário e perspectivas para o sistema financeiro pesaram sobre as bolsas de Nova York. No final da tarde, o índice Dow Jones caiu 0,03%, o S&P 500 subiu 0,09% e o Nasdaq cedeu 0,04%. Entre as ações de destaque, o BofA subiu 0,63%, o JP Morgan avançou 1,12% e a Netflix ganhou 0,29%, esta última com investidores em compasso de espera por seus resultados corporativos, divulgados após o fechamento das bolsas. Pressionado por seu balanço, o Goldman Sachs recuou 1,70%.

Os rendimentos dos Treasuries também operaram mistos, enquanto o dólar recuou ante rivais. Por volta das 17 horas (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos subia a 4,220%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,572% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 3,784%. No horário citado, o dólar caía a 134,09 ienes, o euro subia a US$ 1,0972 e a libra tinha alta a US$ 1,2426. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou queda de 0,35%, a 101,745 pontos.

As commodities receberam suporte do enfraquecimento do dólar no exterior, embora o mercado de energia tenha registrado volatilidade à medida que investidores digeriam dados mistos da China. Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas do país (NBS), o PIB chinês apresentou expansão de 4,5% no primeiro trimestre, o que superou as expectativas do mercado. No entanto, a produção industrial ficou aquém do esperado, avançando apenas 3,9% em março. Frente aos dados, o petróleo WTI para junho fechou em alta de 0,09% (US$ 0,07), a US$ 80,90 por barril e o Brent para junho avançou 0,01% (US$ 0,01), a US$ 84,77 por barril.

A China também continua figurando como tema central da geopolítica, em meio a tensões envolvendo Rússia E G7. Amanhã, a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, deve detalhar as prioridades do governo na relação econômica com a China, em discurso na School of Advanced International Studies da Universidade John Hopkins, em Washington. Nesta tarde, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que o governo Joe Biden ficou "chocado" com a postura do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, em coletiva ontem, que para a administração americana não seria de neutralidade na guerra da Ucrânia. (Laís Adriana - [email protected])

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