DÓLAR ENCOSTA EM R$ 5,50 COM TENSÃO INTERNA E EXTERNA, MAS BOLSA TEM 5ª ALTA SEGUIDA

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CENÁRIO-2: DÓLAR ENCOSTA EM R$ 5,50 COM TENSÃO INTERNA E EXTERNA, MAS BOLSA TEM 5ª ALTA SEGUIDA

A sessão desta quinta-feira foi marcada pela valorização do dólar ante o real no mercado interno, contrariando o sinal ante a maioria das moedas fortes e também o fortalecimento do mercado acionário local. Em parte da sessão, a divisa dos Estados Unidos operou acima dos R$ 5,50, chegando ao fechamento em R$ 5,4962 (0,65%). Uma série de fatores ligados ou não a outros mercados levou a esse comportamento do real, sendo o principal deles a queda das commodities, em especial o petróleo. O barril do Brent cedeu a US$ 103,86 e o do WTI foi a US$ 96,25, sendo pressionados pela percepção de que a demanda por gasolina nos EUA deve ser menor. Há também preocupações com o crescimento global, após a surpresa 'hawkish' do Banco Central Europeu reavivar o temor de que o aperto monetário nas economias centrais pode levar o mundo a uma desaceleração. Por fim, operadores do mercado de câmbio mencionaram recomposições defensivas no mercado futuro, em meio a dúvidas quanto aos riscos político-institucionais às vésperas do início oficial da corrida eleitoral. Com este comportamento no mercado cambial, os juros futuros tiveram alta, em um dia marcado mais uma vez pelo insucesso do Tesouro no leilão de prefixados. A autarquia vendeu apenas parcialmente os papéis e pagou taxas elevadas. A despeito desse estresse no dólar e nos DIs, a Bolsa conseguiu a sua quinta alta consecutiva hoje, ao terminar em 99.033,17 pontos, o maior nível desde 8 de julho. Petrobras para baixo (ON -1,10% e PN -0,51%) foi contrabalançada por bancos e Vale ON (+1,75%), que subiu com o minério de ferro. Há também expectativa com o relatório de produção da estatal petroleira, após o encerramento da sessão. Em Nova York, os índices terminaram sem direção única. A temporada de balanços mostra números mistos, evidenciando a complexidade do momento econômico que os EUA vivem. Dos resultados de ontem, a Tesla disparou 9,78% enquanto a United Airlines mergulhou 10,17%. Ainda na cena externa, o euro ganhou terreno ante o dólar com o primeiro aumento em mais de uma década do juro pelo BCE. A intensidade de alta maior do que a projetada foi assimilada ao longo do dia pelos agentes, à medida que a incerteza quanto ao fornecimento de gás pela Rússia e em relação à política da Itália foram um anteparo.

•CÂMBIO

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

CÂMBIO

O dólar escalou mais uma vez no mercado doméstico e esboçou fechar acima da linha de R$ 5,50, em meio a aumento da demanda por posições cambiais defensivas. O dia foi marcado por tombo dos preços das commodities e renovadas preocupações com o fôlego da economia global, na esteira da decisão do Banco Central Europeu (BCE) de elevar as taxas de juros em 50 pontos-base, acima do consenso do mercado, de 25 pontos-base. Foi o primeiro aumento de juro desde 2011 na zona do euro, cuja taxa anual de inflação ao consumidor atingiu nível recorde de 8,6% em junho.

Segundo analistas, além do ambiente externo conturbado, a busca pelo dólar (para hedge ou pura especulação) é alimentada em parte pelos riscos político-institucionais domésticos às vésperas do início oficial da corrida eleitoral. Mesmo com dados positivos de arrecadação corrente, há também percepção de aumento do risco fiscal, uma vez que não se sabe de onde virá o dinheiro para manter isenções tributárias e benefícios sociais em 2023.

Afora uma queda pontual pela manhã, quando registrou mínima a R$ 5,4302, o dólar trabalhou em alta firme ao longo de toda a sessão, tendo alcançado o patamar de R$ 5,51 à tarde ao registrar máxima a R$ 5,5146. No fim do dia, a moeda avançava 0,65%, a R$ 5,4962. Com isso, a moeda passou a acumular valorização de 4,99% em julho.

Lá fora, o dia foi de perda de fôlego do dólar frente a divisas fortes. Com muita volatilidade, o euro apresentou uma leve recuperação das baixas recentes. A presidente do BCE, Christine Lagarde, reconheceu que a economia da região desacelera, mas descartou a possibilidade de recessão neste ou no próximo ano, a despeito do conflito na Ucrânia e do aperto das condições financeiras. O iene, que renovou nas últimas semanas mínimas desde 1998 em relação ao dólar, apresentou alta firme hoje. O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), afirmou nesta quinta-feira que a inflação provavelmente vai superar a meta de 2% neste ano fiscal, mas manteve inalterada as taxas de juros e sinalizou que vai seguir com a política monetária expansionista.

Com o avanço de iene e euro, o índice DXY acabou em queda de cerca de 0,30%, voltando a trabalhar abaixo da linha dos 107,000 pontos. A perspectiva de analistas é de manutenção de dólar em patamares elevados frente a divisas fortes, em especial o euro, uma vez que os Estados Unidos terão desempenho econômico e taxas de juros superiores aos europeus. O mercado dá como certo que o Federal Reserve anunciará na próxima quarta-feira (27) nova elevação da taxa de juros em 75 pontos-base. A Europa sofre com os impactos duplamente recessivos e inflacionários dos preços de energia. A Rússia retomou as entregas de gás à região por meio do gasoduto Nord Stream 1, mas há dúvidas sobre manutenção e volume de fornecimento.

"O Banco Central Europeu demorou muito a reagir à inflação. Tem muito da questão geopolítica no enfraquecimento do euro. Mas o fato é que os EUA tem elevado os juros mais rapidamente, o que fez o dólar se fortalecer bastante nos últimos tempos", afirma Nicolas Giacometti, especialista em renda fixa da Blue 3. "Aqui, estamos às cegas em relação ao fluxo cambial, porque não há ainda dados atualizados. E com esse movimento todo de fortalecimento do dólar ante outras moedas, o real acaba sofrendo por tabela".

Apesar do tropeço frente a divisas fortes, o dólar subiu em bloco na comparação com moedas emergentes e de países exportadores de commodities, em especial pares do real como o peso mexicano e chileno. Quem destoou foi o rand sul-africano, que se fortaleceu amparado pela decisão do Banco Central do Sul subir sua taxa básica de juros em 75 pontos-base hoje, para 5,50% (analistas esperavam alta de 50 pontos-base).

As cotações do petróleo recuaram, com o tipo Brent para setembro, referência para Petrobras, em baixa de 2,86%, a US$ 103,86 o barril. O minério de ferro fechou em queda de 1,90% em Qingdao, na China, onde se avolumam preocupações com a crise no setor imobiliário e com possível nova onda de casos Covid-19. Commodities agrícolas, como milhões, tribo e soja, também sofreram.

"As dívidas das incorporadoras chinesas não podem ser subestimadas, pois o impacto pode ser relevante sobre os preços dos ativos. Tende a trazer um viés negativo para o mercado de commodities no curto prazo", afirma, em relatório, o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho.

Por aqui, destaque para a arrecadação de R$ 181,040 bilhões de impostos e contribuições federais em junho, alta real de 17,96% na comparação anual e acima da medida de projeções Broadcast, de R$ 175,106 bilhões. Nas mesas de operação, é figurinha fácil a avaliação de que a foto das contas públicas é positiva, mas que a história contada pelo filme assusta. O governo provavelmente terá que promover um corte de gastos em torno de R$ 5 bilhões para cumprir a regra do teto em 2022. As dúvidas recaem sobre a peça orçamentária de 2023, dado que a PEC dos Benefícios assegura gastos extrateto apenas neste ano.

"O combo de política econômica atual visa apenas à reeleição do atual grupo sem qualquer preocupação com o fundamentos macro. Está se criando uma armadilha para o próximo governo, seja qual for. Isso num contexto global mais desafiador", afirma, em nota, o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, para quem o mercado ainda está "muito complacente" com riscos fiscais, políticos e eleitorais. (Antonio Perez - [email protected])

17:33

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.49620 0.6538 5.51460 5.43020

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5509.000 0.4101 5527.000 5442.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5515.000 20/07    

BOLSA

De pouco em pouco, o Ibovespa sustenta cautelosa recuperação, conseguindo deixar as mínimas do ano, da semana passada, então aos 96 mil pontos (no intradia, 95 mil), para recuperar e manter a linha dos 98 mil nas últimas duas sessões, chegando hoje a novo degrau, aos 99 mil. A referência da B3 emendou o quinto ganho seguido, uma sequência sem quebras não vista desde meados de maio, embora o ritmo se mantenha contido, tanto no giro financeiro como no grau de recuperação, de pouco menos de 3 mil pontos em relação ao mais recente fechamento negativo, de 14 de julho.

Hoje, o índice teve alta de 0,76%, aos 99.033,17 pontos, entre mínima de 97.087,62 e máxima de 99.056,79, do fim da tarde, saindo de abertura aos 98.286,46. O giro ficou em R$ 23,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa acumula alta de 2,57%, zerando as perdas do mês (agora, +0,50%) - no ano, a referência ainda cede 5,52%. O fechamento de hoje foi o de maior nível desde 8 de julho, então aos 100.288,94 pontos.

Na ponta do Ibovespa, destaque nesta quinta-feira para Rede D'Or (+7,80%), à frente de Sul América (+6,79%) e Banco Pan (+6,53%), com Petz (-3,84%), 3R Petroleum (-3,76%) e Klabin (-3,20%) na ponta oposta. Entre as blue chips, o dia foi positivo para os grandes bancos (Bradesco PN +1,35%, Itaú PN +0,81%), e também para Vale ON (+1,75%), em recuperação parcial após a correção do dia anterior, quando prevaleceu a decepção com os dados de produção e venda trimestrais. Com petróleo em queda na sessão, Petrobras ON e PN cederam hoje, respectivamente, 1,10% e 0,51%, antes da divulgação do relatório sobre produção e vendas da empresa, nesta noite.

Apesar da falta de maior dinamismo das commodities na sessão, “no começo da tarde o Ibovespa passou a acompanhar a recuperação vista no S&P 500, que estava mais fraco pela manhã, negativo, com o Nasdaq já então no positivo”, diz Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos.

“O mais relevante do dia foi a elevação de 0,5 ponto, e não de 0,25 ponto porcentual conforme era esperado, na taxa de juros de referência do Banco Central Europeu. Nos Estados Unidos, os dados sobre pedidos iniciais de auxílio-desemprego, acima do esperado para a semana, foram recebidos bem, já que, com o ritmo muito forte de inflação, números mais fracos sobre o mercado de trabalho americano contribuem para segurar um pouco a preocupação quanto ao ritmo de elevação dos juros por lá”, acrescenta.

No velho continente, “a decisão do BCE foi correta, embora o mercado esperasse uma alta menor, de 0,25 ponto porcentual. Diante do ambiente geopolítico caótico, do risco de uma desaceleração mais forte no fim do ano e a tensão envolvendo o fornecimento de gás russo, a alta hoje de 0,50 ponto, que era prevista pelo mercado para setembro, acelera a normalização de juros na zona do euro”, aponta Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. Ele acrescenta que o aumento de 0,50, antecipado para a reunião desta quinta-feira, pode virar “base” para o encontro seguinte, em setembro, com parte dos agentes podendo já se posicionar para uma alta maior, de 0,75 ponto porcentual.

“O BCE está bem atrasado em relação a outros BCs, com inflação bem alta também (na zona do euro)”, diz. “É bom apertar agora quando a atividade ainda não dá sinais tão claros de desaceleração e o mercado de trabalho está aquecido, do que no final do ano, quando a situação pode ficar bem mais complicada no inverno europeu”, observa o estrategista.

Para Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, o movimento de recuperação do euro frente ao dólar após a decisão do BCE reflete a ponderação de que, como a economia do bloco da moeda única é muito sensível - e já vem sendo prejudicada - nos efeitos da guerra no leste europeu, “talvez a potência de política monetária por lá seria limitada”, na medida em que uma “política monetária mais agressiva viria a ter resposta relevante em uma atividade econômica que já se encontra em ritmo muito moderado”.

Ela acrescenta que as dúvidas em relação ao fornecimento de gás podem prejudicar em especial o motor industrial do bloco, a Alemanha. “O BCE deu essa resposta à inflação, que está em 8,6% ao ano (na zona do euro), e agora a gente precisa entender os próximos passos”, a serem sinalizados pela instituição.

“As taxas negativas são agora apenas história na Europa. O BCE surpreendeu o mercado com um aumento de 50 pontos-base. O BCE qualificou seu movimento maior do que o esperado ao moderar a orientação futura, para a reunião de setembro, enfatizando que esse movimento foi antecipado - e não um passo incremental, (no sentido) 'hawkishness'”, observa em nota Andrew Mulliner, head de Global Aggregate Strategies na Janus Henderson. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 99033.17 0.75935

Máxima 99056.79 +0.78

Mínima 97087.62 -1.22

Volume (R$ Bilhões) 2.31B

Volume (US$ Bilhões) 4.22B

17:33

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 99775 1.00729

Máxima 99845 +1.08

Mínima 97800 -0.99

MERCADOS INTERNACIONAIS

Diante de diversos drivers, os mercados internacionais operaram sem direção única nesta tarde. Em Wall Street, as bolsas fecharam no azul, apesar do que tem se mostrado uma temporada de balanços mista. As ações da Tesla subiram quase 10%, após resultado melhor que o esperado da empresa. Já na Europa, o aumento de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) acima do previsto deu forças ao euro ante o dólar, apesar das contínuas incertezas com a entrega de gás russo pelo Nord Stream 1 e a dissolução do Parlamento italiano. Os juros dos Treasuries caíram, enquanto o spread entre os títulos alemão e italiano aumentou. O petróleo, por sua vez, fechou em queda, em meio a temores sobre a menor demanda de gasolina nos Estados Unidos.

Na avaliação da Oanda, Wall Street tem tido dificuldades em encontrar razões para ser otimista, com os resultados trimestrais variados entre empresas, a retomada de fluxo de gás pela Rússia e a postura mais agressiva pelo BCE com a primeira alta em 11 anos. "O foco da semana sempre esteve na decisão do BCE e nas ofertas de energia à União Europeia", diz. Apesar da entrega de gás pelo Nord Stream 1 ter sido retomada, mesmo que em 40% de sua capacidade, o bloco europeu "não está nem perto" de resolver seus problemas com o combustível, afirma, uma vez que o presidente Vladimir Putin já alertou que outra turbina deve entrar em manutenção na próxima terça-feira, 26.

O comentário é endossado pela Rystad Energy, que nota que "as mensagens conflitantes" de Moscou continuam "a pesar duramente sobre os preços e o sentimento" do preço de gás. Para a consultoria, a Rússia deve começar a perder domínio no continente, conforme os compradores diversifiquem seus fornecedores.

Ainda na Europa, a alta de 50 pontos-base nos juros básicos pelo BCE, acima das Projeções Broadcast, segue sendo avaliada pelos operadores. O Morgan Stanley destaca que a decisão acende um sinal amarelo para as preocupações com a inflação europeia. Na avaliação do C6 Bank, a maior amplitude da elevação não significa que o BCE alterou sua meta para a taxa neutra, mas sim que deve acelerar o ritmo para alcançá-la. O Citi, por sua vez, observa que o Instrumento de Proteção à Transmissão (TPI, na sigla em inglês), criado pelo BCE para conter a ampliação de spreads de títulos soberanos na zona do euro, é poderosa em teoria, mas seus critérios e propósito ainda estão muito vagos para tranquilizar os mercados e o Conselho da autoridade monetária não deve estar tão inclinado a usá-lo. Neste cenário, o euro se fortaleceu ante o dólar e subia a US$ 1,0208, no fim da tarde em Nova York. Já a libra caía a US$ 1,1977 e o índice DXY fechou em baixa de 0,16%, a 106,910 pontos.

Nos Estados Unidos, os balanços ficaram em foco. A Tesla fechou com alta de 9,78%, após informar lucro acima do esperado no segundo trimestre do ano. O Wells Fargo chegou a elevar a meta de preço da ação, de US$ 820 para US$ 830, segundo a Dow Jones Newswires. Também esteve no radar a venda de 75% dos bitcoins da empresa comandada por Elon Musk, que acrescentou US$ 936 milhões a seu balanço de abril a junho. Apple (+1,51%), Alphabet (+0,39%) e Microsoft (+0,98%) também subiram.

Na contramão, AT&T (-7,62%), United Airlines (-10,17%) e American Airlines (-7,43%) recuaram, após resultados decepcionantes para o mercado.

O índice Dow Jones subiu 0,51%, a 32.036,90 pontos, o S&P 500 avançou 0,99%, a 3.998,95 pontos, e o Nasdaq teve alta de 1,36%, a 12.059,61 pontos. Na renda fixa, os juros da T-note de 2 anos caía a 3,095%, o da T-note de 10 anos recuava a 2,906% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 3,065%.

Na política, esteve no radar a notícia de que o presidente Joe Biden testou positivo para covid-19. Do outro lado do Atlântico, o destaque ficou para a dissolução do Parlamento italiano pelo presidente Sergio Mattarella.

Entre commodities, operadores ainda digeriam a alta nos estoques de gasolina nos Estados Unidos, informada pelo Departamento de Energia (DoE) do país ontem. Além disso, suprimentos da Líbia estão retornando ao mercado mundial, observam analistas. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para setembro recuou 3,53% (US$ 3,53), a US$ 96,35, e o do Brent para o mesmo mês cedeu 2,86% (US$ 3,06) na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 103,86. (Ilana Cardial - [email protected])

JUROS

Os juros futuros retomaram sua trajetória de alta, com recomposição de prêmios estimulada pela pressão do câmbio e os receios fiscais e do cenário eleitoral mantidos como pano de fundo. Nem a queda das commodities nem mais uma leva de bons números da arrecadação fiscal foram suficientes para que o mercado desse sequência ao ajuste de baixa nas taxas visto ontem, sob a percepção de que a política expansionista terá de ser equilibrada se não por um aperto mais forte da Selic, pela manutenção da taxa em patamares elevados por mais tempo. Nesse contexto, o Tesouro novamente não conseguiu ser bem-sucedido no leilão de prefixados, vendendo apenas parcialmente uma oferta já reduzida e pagando taxas elevadas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou a sessão regular em 13,905%, de 13,886% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 terminou na máxima de 13,995%, de 13,887% ontem. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 13,345% para 13,49% (máxima) e a do DI para janeiro de 2027, de 13,295% para 13,41%.

"Temos o real perdendo contra o dólar, entre as piores moedas emergentes hoje, o que alimenta a ideia de inflação persistente", disse o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito. Ele nota que o fato de a curva ter ignorado os dados de arrecadação ilustra o grau de desconfiança do mercado. "(Os dados) São uma boa sinalização para o curto prazo, mas o mercado vê o resultado com uma certa distância porque a preocupação está na política fiscal de médio prazo", explicou.

A arrecadação somou R$ 181,040 bilhões em junho, aumento real de 17,96% ante o mesmo mês de 2021, superando a mediana das estimativas de R$ 175,106 bilhões. É o maior valor arrecadado para meses de junho na série histórica, assim como a arrecadação de R$ 1,089 trilhão no primeiro semestre foi recorde para período.

"Esse crescimento da arrecadação tem acontecido porque a inflação está bombando, o preço dos combustíveis subiu demais. Agora com as reduções, vamos ver como vai se comportar de julho em diante", afirma o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, para quem, no entanto, as perspectivas para as contas públicas seguem negativas. "As expectativas de crescimento para o ano que vem estão cada vez menores, com risco de recessão. A sustentabilidade dessa condição fiscal está em xeque."

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, avalia que o viés de alta dos juros seria mesmo mais provável. "Não há motivos para se ter uma queda dos juros do DI de forma sustentável, com o risco de 'inflacionar' gastos no orçamento de 2023, além do prolongamento da inflação da energia global", afirmou. Enquanto o governo corre para ajustar o orçamento com um novo contingenciamento de curto prazo, para 2023 "o risco fiscal de descumprimento da regra do teto dos gastos segue", complementa, lembrando que os dois principais candidatos a presidente defendem a manutenção do valor do Auxílio-Brasil em R$ 600 e aumento do número de beneficiados.

No exterior, o aperto monetário de 50 pontos-base no juro pelo Banco Central Europeu (BCE) surpreendeu o mercado, que esperava por uma alta de 25 pontos, intensificando a pressão sobre os bônus na Europa, especialmente sobre o BTP italiano, afetado adicionalmente pela confirmação da renúncia do primeiro-ministro Mario Draghi. Num primeiro momento, a curva dos Treasuries acompanhou o movimento, como alta dos yields, diante da possibilidade de o Federal Reserve também surpreender no encontro do dia 27 com elevação mais firme no juro. Posteriormente, os retornos das T-Notes inverteram o sinal para a queda com a informação de que o presidente Joe Biden testou positivo para a aovid.

No Brasil, o dólar esteve em alta e no patamar de R$ 5,50 em boa parte do dia, com o real prejudicado pelo recuo das commodities (petróleo, minério e grãos) e aversão ao risco pelo temor de que o aperto monetário global provoque recessão, além do risco fiscal e político que também assola do mercado de juros.

Analistas acreditam que, embora o risco de recessão global melhore a perspectiva de equilíbrio entre oferta e demanda por produtos, os efeitos na inflação brasileira tendem a ser em grande parte anulados pela depreciação cambial decorrente da piora na percepção de risco fiscal (veja matéria publicada às 14h53).

Na gestão da dívida pública, o Tesouro reduziu a oferta no leilão de LTN, com 4,5 milhões de títulos, de 7,5 milhões e 5 milhões nas operações anteriores. Mesmo assim, não vendeu tudo (4.4105.300). Houve demanda integral pela LTN 1/10/2023 (1 milhão) e LTN 1/1/2026 (2 milhões). Do lote de 1,5 milhão da LTN 1/10/2024, porém, vendeu 1.105.300.

Nas NTN-F, o leilão foi ainda mais fraco, com apenas 81 mil dos 300 mil títulos ofertados. "O papel é de gringo e ele não quer", resume o especialista em renda fixa e professor ligado a Mercado Financeiro na B3, na Anbima e FIA, Alexandre Cabral, destacando que as taxas foram recordes - 13,6688% (1/1/2029) e 13,7150% (1/1/2033). (Denise Abarca - [email protected])

17:31

 Operação   Último 

CDB Prefixado dias (%a.a) 13.43

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.15

Over Selic (%a.a) 13.15

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