DÓLAR E DI CORRIGEM EXCESSOS NA VOLTA DO FERIADO,ENQUANTO NY SE FIRMA NO AZUL À TARDE

Blog, Cenário

A quinta-feira foi um dia de aparar as arestas nos mercados locais de câmbio e juros. A postura excessivamente cautelosa vista na terça-feira, antes do feriado, foi deixada de lado, à medida que o pós-7 de Setembro não se provou com tanta instabilidade institucional como o de 2021. No caso particular das moedas, até havia motivo para o dólar subir, já que foi duro o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), Jerome Powell. Foi também hawkish a postura do Banco Central Europeu (BCE), que elevou os juros em 75 pontos-base. Contudo, o fluxo positivo e os ajustes à valorização das divisas emergentes ontem prevaleceram. O dólar à vista terminou o dia cotado a R$ 5,2062, recuo de 0,61%. Em relação à renda fixa, além dos efeitos do câmbio na redução dos prêmios, o ajuste de baixa veio da percepção de desaceleração da inflação global ante a postura firme dos bancos centrais na política monetária e pelo comportamento das commodities - o petróleo acumula queda na casa de 4% na semana. Por fim, nos mercados acionários, o Ibovespa se descolou de Nova York durante a tarde, mas nos minutos finais acabou seguindo a referência externa. O índice brasileiro terminou o dia com 109.915,64 pontos, alta de 0,14%. O giro financeiro foi moderado em relação à última terça-feira, hoje a R$ 24,8 bilhões. Em Nova York, após titubearem ao longo do dia, o sinal positivo foi predominante no fim entre os principais índices, à medida que papéis de instituições financeiras se destacaram entre as altas. O Dow Jones terminou com alta de 0,61%, S&P 500 ganhou 0,66% e Nasdaq subiu 0,60%.

•CÂMBIO

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

CÂMBIO

O dólar à vista recuou na sessão desta quinta-feira (8), devolvendo parte do ganho de 1,63% registrado na terça-feira (6), quando o pregão foi marcado por aversão ao risco e cautela em torno de possível aguçamento das tensões políticas no 7 de setembro. Segundo operadores, fluxo positivo, correção de postura excessivamente cautelosa no pré-feriado e ajuste à valorização das divisas emergentes ontem, quando o mercado local estava fechado, deram fôlego à moeda brasileira hoje.

Em queda desde a abertura, o dólar chegou a romper o piso de R$ 5,20 nas primeiras horas de negociação, quando desceu até a mínima de R$ 5,1820 (-1,07%). Esse movimento se dava na contramão do avanço da moeda americana frente a divisas fortes e emergentes pela manhã, em meio ao reforço das apostas em uma postura agressiva do Federal Reserve, após discurso do presidente da instituição, Jerome Powell.

No início da tarde, quando as bolsas em Nova York viraram para o negativo, arrastando o Ibovespa, que chegou a perder a linha dos 109 mil pontos, o dólar spot reduziu bastante a queda e o contrato futuro para outubro operou pontualmente em terreno positivo. No restante do pregão, com melhora do humor nas bolsas nos EUA e fortalecimento de pares latino-americanos do real, como peso mexicano e chileno, o dólar voltou a trabalhar em queda firme por aqui. No fim do dia, a moeda era negociada a R$ 5,2062, em baixa de 0,61%, passando a apresentar recuo de 0,41% na semana.

"A maioria das moedas de países emergentes está apreciando, com destaque para real. Vale lembrar que ontem, com os mercados fechados no Brasil, o dólar depreciou contra a maioria das moedas, então isso explica em parte a performance do real hoje", afirma o especialista em mercados internacionais do C6 Bank, Gabriel Cunha.

Lá fora, o índice DXY - termômetro do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes - chegou a superar os 110,200 pontos, com máxima aos 110,243 pontos. Quando o mercado local fechou, apresentava leve queda, ao redor dos 109,600 pontos. Essa virada veio com perdas pesadas frente à coroa sueca e desaceleração dos ganhos ante euro, iene e libra esterlina.

Como esperado por ala majoritária do mercado, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou alta da taxa de juros da zona do euro em 75 pontos-base. A presidente da instituição, Christine Lagarde, adotou tom duro e sinalizou com ao menos duas elevações dos juros nas próximas cinco reuniões de política monetária. Não foi suficiente para dar fôlego ao euro, que continua a sofrer diante da perspectiva de aperto monetário nos EUA e da própria fragilidade da economia europeia, às voltas com a crise energética provocada pela interrupção do fornecimento de gás pela Rússia.

Em evento, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse hoje que a instituição precisa "agir agora com firmeza" e "manter esse trabalho [de controle da inflação] até que ele seja concluído". Em aparente recado a quem já espera corte dos Fed Funds em 2023, Powell afirmou que a "história adverte fortemente contra o afrouxamento prematuro da política monetária". O mercado tratou logo de ajustar as expectativas. Monitoramento do CME Group mostrou que a chances de uma alta de 75 pontos-base na taxa básica americana neste mês superaram 80% ainda pela manhã.

"As falas dos presidentes do BCE e do Fed pesaram no preço do dólar hoje. De um lado, Lagarde adotou um tom mais austero e avisou que os juros continuarão subindo na Europa. Já Powell fez um discurso menos duro que o anterior, no evento de Jackson Hole, mas sinalizando que os juros devem permanecer altos por mais tempo", afirma Cunha, do C6 Bank. "O tom mais duro de Lagarde fez a taxa curta de juros abrir 20 pontos-base na Europa, impactando os ativos de risco e levando a uma depreciação do principal índice de ações da Europa, do euro e da maioria das moedas dos demais países europeus."

Por aqui, o BC divulgou que o fluxo cambial na semana passada (de 29 de agosto a 2 de setembro) foi positivo em US$ 1,647 bilhão, graças à entrada líquida de US$ 3,294 bilhões via comércio exterior. Já o canal financeiro apresentou saídas líquidas de US$ 1,646 bilhão. No fechamento de agosto, o fluxo positivo foi modesto, de apenas US$ 217 milhões em agosto - com entrada de US$ 1,045 bilhão do lado comercial e saída de US$ 828 milhões pela conta financeira.

Do lado político, o presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de usar o 7 de setembro para fazer campanha eleitoral e de ameaçar novamente a estabilidade institucional, voltou a acenar com mais benesses sociais. Na propaganda eleitoral que foi ao ar na TV nesta quinta-feira, a campanha à reeleição prometeu conceder adicional de R$ 200 a beneficiários do Auxílio Brasil que conseguirem trabalho, o que levaria o total a R$ 800.

Para o Bank of America, o real, que apresenta melhor desempenho que seus pares latino-americanos neste ano, pode sofrer volatilidade com o período eleitoral, mas deve ser beneficiado pelo recente repique dos preços das commodities. "Embora a eleição presidencial de outubro seja um risco no Brasil, esperamos que o mercado continue esperando um resultado relativamente neutro para a política econômica, com a incerteza inferior à de outras eleições na região, dado que os dois candidatos líderes são bem conhecidos", diz o BofA, ponderando, contudo, que o aumento de juros nos EUA e a recuperação gradual da China podem favorecer o dólar. (Antonio Perez - [email protected], com Cícero Cotrim)

17:30

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.20620 -0.609 5.23850 5.18200

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5239.000 -0.45601 5271.000 5211.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5306.890 01/09    

Volta

JUROS

A volta do feriado de 7 de Setembro foi de baixa para os juros futuros, mais aguda nos intermediários, também os que mais tinham avançado na sessão anterior. O principal vetor foi a percepção de desaceleração da inflação global ante a postura firme dos bancos centrais na política monetária e o comportamento das commodities - o petróleo hoje subiu em torno de 1%, mas ontem havia caído mais de 5%. Embora os rendimentos dos Treasuries tenham mostrado alta moderada, no câmbio o dia foi de queda para o dólar em relação ao real, o que também dá mais conforto para o mercado reduzir prêmio, assim como o risco menor dos leilões de prefixados do Tesouro.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,02%, de 13,09% no ajuste de terça-feira, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,93% para 11,76%. O DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,41%, de 11,62%.

Com as celebrações "cívicas" do 7 de Setembro sem maiores consequências, o mercado pode se ajustar ao dia ontem positivo no exterior, embora as taxas não tenham devolvido na íntegra a alta da terça-feira. A correção de rota nas estimativas para a Selic encampada pelos dirigentes do Banco Central no começo da semana manteve alguma rigidez nos contratos de curto prazo, com os demais vencimentos repercutindo a ideia de que a ação coordenada dos bancos centrais deve produzir efeito na inflação, embora também enfraqueça a atividade. Justamente pelo temor de recessão é que ontem os preços do petróleo cederam mais de 5%, fechando no menor nível do ano. Hoje, o tipo Brent subiu 1,31%, mas ainda fechou abaixo de US$ 90, a US$ 89,15 o barril.

Lá fora, declarações dos dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) e do Federal Reserve, do mesmo modo, seguiram em tom de alerta. O presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou que o foco é trazer a inflação de volta a 2% e advertiu sobre um relaxamento prematuro. Numa Europa abalada pela crise do gás, a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que a autoridade monetária deve voltar a subir juros nas próximas reuniões, mas que a dose de 75 pontos-base aplicada no encontro de hoje não é a norma. Reiterou que a inflação na zona do euro está alta demais e deve continuar acima da meta de 2% por algum tempo.

O economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, argumenta, para explicar o movimento da curva nesta semana, que a inflação no mundo dá sinais de que já está cedendo e, ao mesmo tempo, BCs de países desenvolvidos indicam que serão agressivos. "Um deles será o Fed e os outros não têm outra opção se não a de acompanhar", disse.

Na avaliação dele, o endurecimento das declarações de dirigentes do Fed e do BCE é o que motivou as falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Monetária, Bruno Serra na segunda e na terça. "O BC começou a subir muito antes e tinha dado como praticamente encerrado do ciclo, mas agora os 'atrasados' estão falando grosso", comentou Olivares, para quem o BC só poderia ter sinalizado o fim do ciclo num cenário de maior clareza sobre as ações do Fed, dado o contexto de expectativas de inflação ainda muito desenquadradas das metas.

Internamente, o cenário prospectivo para a inflação torna-se mais positivo em função do petróleo, com o mercado estimando a defasagem da gasolina ante preços internacionais em 10% e apostas em mais três anúncios de corte até a eleição. O BC informou hoje que o Índice de Commodities do Banco Central (IC-Br) caiu pelo terceiro mês consecutivo em agosto, em 0,72% ante julho.

Olivares vê a queda da inflação indo muito além das medidas de desoneração, com queda das commodities e bens industriais ajudando. "Estão acontecendo mais coisas na inflação do que só impactos pontuais", disse. Hoje, a FGV informou que o IGP-DI de agosto caiu 0,55%, pouco mais do que apontava o consenso de -0,53%, com destaque para o tombo de 1,14% do IPA Industrial.

Para André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Ibre/FGV, a desaceleração da economia global, que diminui a demanda e, consequentemente, os preços de commodities agrícolas e minerais, deve manter as próximas leituras de inflação em patamares baixos. "Podemos esperar uma continuidade dessas taxas baixas. Não dá para cravar que vai ter queda, mas vai ter taxa baixa, por conta dessa desaceleração da economia mundial, muito concentrada na China e na Europa. A China é muito importante para a formação de preços de commodities", lembrou Braz.

Amanhã, sai mais um IPCA deflacionário, com as expectativas para o índice em agosto apontando queda de 0,40%, segundo a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast.

O Tesouro também ajudou a tirar pressão da curva, ao anunciar oferta de 7,5 milhões de LTN e de 650 mil NTN-F, menor do que a da semana passada. O lote de LTN foi vendido integralmente. Nas NTN-F, foram vendidas 609.100. O DV01 (risco para o mercado) foi de US$ 302 mil, de US$ 572 mil no leilão anterior, segundo a Necton Investimentos. (Denise Abarca - [email protected])

17:30

 Operação   Último 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 13.70

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

MERCADOS INTERNACIONAIS

Mesmo após o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, ter reafirmado o tom hawkish em comentários durante evento nesta quinta-feira, as bolsas de Nova York conseguiram manter o ímpeto e fechar em alta, apoiadas por papéis de bancos. Os rendimentos dos Treasuries, por sua vez, avançaram, enquanto o índice DXY do dólar caiu. O arrefecimento da divisa americana ajudou a apoiar os contratos futuros de petróleo, que registraram ganhos, após queda de mais de 5% na sessão anterior. Do outro lado do Atlântico, o foco esteve na postura agressiva do Banco Central Europeu (BCE), que elevou juros, e nos comentários da presidente da instituição, Christine Lagarde, que garantiu que o aperto monetário continuará. No Reino Unido, autoridades de diferentes países e organizações lamentaram publicamente a morte da Rainha Elizabeth II.

Powell reforçou hoje o foco da autoridade monetária em controlar os preços na maior economia do mundo e fazer a inflação retornar à meta de 2%. "Nós precisamos agir agora com firmeza, fortemente como temos feito e nós precisamos manter esse trabalho [de controle da inflação] até que eles esteja concluído", disse ele, em debate na 40ª Conferência Anual Monetária do Cato Institute. O banqueiro central também fez um alerta quanto à necessidade de se monitorar as expectativas de inflação, apesar de acreditar que elas estão bem ancoradas no longo prazo. Isso porque se elas sobem, explicou, podem tornar o trabalho de controle dos elevados preços nos EUA mais difícil.

Para o ING, não há nada nos comentários de Powell que sugira uma moderação iminente no ritmo dos aumentos das taxas. Pelo contrário, para o banco holandês, o discurso é claramente favorável a uma terceira subida consecutiva dos juros em 75 pontos-base, na reunião de 21 de setembro. "A necessidade de 'agir agora' para controlar a inflação em um ambiente em que a economia está experimentando um crescimento decente, forte criação de empregos e um provável aumento no núcleo da inflação na próxima semana aponta para um terceiro aumento de 75 pontos-base em 21 de setembro", analisa o ING.

Apesar disso, numa sessão marcada pela volatilidade, as bolsas de Nova York conseguiram fechar em alta, assim como os rendimentos dos Treasuries. "Wall Street espera ver algum alívio da pressão de preços com o relatório de inflação da próxima semana, mas isso não deve atrapalhar o atual ritmo de aperto de 75 pontos-base", analisa Edward Moya, da Oanda. "Não espero nenhuma redução nos aumentos das taxas. Acho que continuarão em um ritmo agressivo", disse Megan Horneman, diretora de investimentos da Verdence Capital Advisors, ao The Wall Street Journal. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,61%, em 31.774,52 pontos, o S&P 500 subiu 0,66%, a 4.006,18 pontos, e o Nasdaq avançou 0,60%, a 11.862,13 pontos. Papéis do Bank of America (+3,16%), JPMorgan (2,24%) e Wells Fargo (+3,06%) subiram. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 3,522%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,313% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,461%. Para os três títulos, os retornos renovaram máximas próximos ao fim do pregão local.No câmbio, o índice DXY do dólar recuou 0,12%, a 109,707 pontos, enquanto o euro caía a US$ 1,0000, a libra depreciava a US$ 1,1500 e o dólar subia a 143,99 ienes.

Entre as commodities, os contratos futuros de petróleo registraram ganhos, recuperando parte das perdas de mais de 5% da sessão anterior. O Departamento de Energia (DoE) informou que os estoques de petróleo dos EUA avançaram 8,845 milhões de barris na última semana, quando analistas previam alta bem menor, de 300 mil. Os estoques de gasolina cresceram 333 mil barris, contrariando a previsão de queda.

Na Europa, em meio à persistente escalada da inflação na zona do euro, o BCE aumentou as taxas básicas de juros em 75 pontos-base, em linha com as expectativas majoritárias do mercado. Além disso, a instituição avisou que novas elevações devem ser realizadas nas próximas reuniões. O ING acredita que a decisão mostra que o BCE está disposto a aumentar as taxas de juros em direção ao limite superior ao nível neutro. "De fato, parece que as pombas deixaram o ninho do BCE", analisa, em relatório enviado a clientes. Já o Morgan Stanley destaca que o aumento de 75 pontos-base sinaliza aos mercados que a entidade está disposta a enfrentar os custos do aperto monetário à atividade para retornar a inflação à meta de 2%.

Logo em seguida ao anúncio da decisão, Lagarde antecipou, em coletiva de imprensa, que a autoridade monetária deve voltar a subir juros nas próximas reuniões, mas disse que as decisões futuras dependerão de dados e serão tomadas a cada encontro. Ela também ressaltou que o aumento de 75 pontos-base nos juros básicos "não é a norma" e "não necessariamente" será replicado na próxima reunião.

Já no Reino Unido, a rainha Elizabeth II, a monarca com o reinado mais longo da história britânica, morreu "pacificamente" aos 96 anos. Autoridades de diferentes países e organizações lamentaram publicamente a morte. (Letícia Simionato - [email protected])

BOLSA

Após oscilação na virada da manhã e também no fim da tarde, o Ibovespa se reconectou ao sinal de Nova York, embora sem deslanchar, vindo de perda de 2,17% antes do feriado de 7 de setembro. Hoje, fechou em leve alta de 0,14%, a 109.915,64, tendo operado abaixo dos 109 mil na mínima da sessão, no começo da tarde, a 108.618,97 (-1,04%), menor nível intradia desde 1º de setembro. No piso do dia, o Ibovespa virava de ganho para perda em setembro, de 0,77%. Ao fim da sessão desta quinta-feira, ainda sustenta alta de 0,36% no mês, com retração de 0,86% na semana - no ano, sobe 4,86%. Moderado, o giro desta quinta pós-feriado ficou em R$ 24,8 bilhões, após bom volume de negócios, de R$ 31,2 bilhões, na terça-feira.

O 7 de setembro sem maiores atribulações foi um dado positivo para a retomada dos negócios, mas, acima da disputa eleitoral - até aqui sem causar maior volatilidade para a Bolsa -, o cenário externo, de elevação de juros e enfraquecimento da atividade econômica, mantém-se como principal 'driver' também na B3. Ontem, nos Estados Unidos, o Livro Bege, sumário das condições econômicas compilado pelas unidades regionais do Federal Reserve, mostrou que 9 de 12 distritos relataram alguma moderação de preços, embora a inflação americana ainda permaneça em nível muito elevado considerando o histórico do país.

"O Livro Bege trouxe esta boa notícia no momento em que inflação, nível de atividade e de juros são preocupações centrais. E hoje veio a decisão do Banco Central Europeu (BCE), com a alta de 0,75 ponto porcentual na taxa de juros de referência, em linha com a expectativa majoritária do mercado", diz Marcelo Boragini, especialista em renda variável da Davos Investimentos.

"A última vez que o BCE elevou as taxas em 0,75 ponto porcentual foi um ajuste técnico de três semanas para suavizar o lançamento do euro em janeiro de 1999", observa Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, acrescentando que a inflação na zona do euro, apesar da correção de curso em andamento no BCE, tem se acelerado, chegando a 9,1% em agosto no acumulado em 12 meses, muito acima da meta oficial, de 2% ao ano.

Com o euro tendo caído ao menor nível em 20 anos frente ao dólar, elevando o preço das importações, os desdobramentos "reforçaram o argumento" para que o BCE adote "medidas mais agressivas para conter a inflação, mesmo que isso custe emprego e crescimento", aponta a economista-chefe da Reag.

No Brasil, onde o BC saiu bem na frente de pares do exterior no ajuste restritivo da política monetária, as notícias que chegam sobre a inflação são mais favoráveis. "Hoje saiu o IGP-DI, mais uma vez com deflação um pouco acima do esperado pelo mercado, com pressão para baixo dos combustíveis, especialmente diesel e gasolina, que afetam a leitura sobre o atacado", diz Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group, que antecipa para amanhã, no IPCA de agosto, também uma leve deflação, da ordem de -0,30%.

"A queda de 0,55% no IGP-DI, após -0,38% no mês anterior, traz o efeito da redução do ICMS principalmente sobre os combustíveis, e pegou também essa temporada de queda das commodities", diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos, destacando em especial a retração do petróleo nos últimos 30 dias, negociado agora abaixo de US$ 90 por barril. "Porém, a redução dos impostos tem data, vai até dezembro. No ano que vem, devem voltar, afetando novamente o preço dos combustíveis", acrescenta.

Embora a questão ainda não esteja sacramentada, o governo previu no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2023 a possibilidade de manter a desoneração de tributos sobre combustíveis. De acordo com o texto, divulgado no último dia 31, isso representaria redução de R$ 52,9 bilhões na arrecadação. No dia 1º de setembro, o relator-geral do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), adiantou que a proposta de continuar com a redução de impostos federais sobre combustíveis em 2023 será bem recebida pelo Congresso.

Nesse contexto de possível prorrogação de desonerações a 2023, a promessa feita pelo presidente Jair Bolsonaro, na propaganda eleitoral que foi ao ar na TV nesta quinta-feira - de conceder Auxílio Brasil no valor de R$ 800 a beneficiários que conseguirem trabalho - faz lembrar o alerta feito na segunda-feira pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento em São Paulo: financiamento de programa social será um desafio significativo à frente.

Ante incertezas aqui e fora, o Ibovespa tem se mantido acomodado recentemente, após a escalada vista entre meados de julho e agosto, beneficiado então por fluxo estrangeiro. Assim, nesta quinta-feira, um número limitado de ações do índice conseguiu escapar ao sinal negativo, com destaque para Vale (ON +1,32%), pelo peso que tem no Ibovespa, e papéis como B3 (+4,92%) e Cemig (+2,61%). Com o Brent negociado de ontem para hoje na faixa de US$ 88 por barril, Petrobras ON e PN fecharam, respectivamente, em baixa de 1,00% e 0,93%. O dia também foi negativo para as ações de grandes bancos, com perdas até 0,71% (Itaú PN) no encerramento.

Na ponta ganhadora, destaque para Magazine Luiza (+7,25%), Azul (+6,46%) e Via (+5,54%), com os frigoríficos na ponta oposta (Marfrig -5,84%, JBS -4,99%), em meio a dúvidas sobre o mercado chinês após estimativa do Departamento de Agricultura dos EUA de que o consumo de carne bovina no país asiático deve cair 3% no ano que vem. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 109915.64 0.13836

Máxima 110767.67 +0.91

Mínima 108618.97 -1.04

Volume (R$ Bilhões) 2.47B

Volume (US$ Bilhões) 4.74B

17:30

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 111245 0.58318

Máxima 112045 +1.31

Mínima 109770 -0.75

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