Depois do rali da véspera, com um chacoalhão no mercado de renda fixa global na esteira da crise envolvendo os bancos americanos SVB e Signature, os juros devolveram hoje mundo afora parte do movimento. As preocupações com a saúde do sistema bancário dos Estados Unidos persistem no cenário, mas o investidor reage com um pouco menos de apreensão após a resposta rápida dos reguladores. Ao mesmo tempo, velhos problemas, como a inflação persistente nas economias avançadas, atestada hoje pelo CPI americano, seguem incomodando. Este foi o ambiente perfeito para um reequilíbrio nas curvas a termo de rendimentos. O juro da T-note de 2 anos, que ontem ficou abaixo de 4%, chegou ao fim da tarde em Nova York na casa de 4,20%. Ainda que a aposta em manutenção dos juros na semana que vem tenham voltado a ganhar terreno ao longo da tarde, ainda é majoritária a precificação de aperto de 25 pontos-base (73,8% segundo o CME Group) pelo Federal Reserve. Aqui, nada mudou em relação à aposta de Selic no fim do ano (12,25%), com a flexibilização começando em maio e ganhando força a partir de junho. À medida que a maturação dos contratos era maior, maior também era o ajuste para cima hoje, resultando em ganho de inclinação da estrutura. Localmente, o investidor segue de olho no arcabouço fiscal, esperado para o fim desta semana, e em declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No mercado de ações, a Bolsa chegou a flertar com o menor fechamento desde 1º de agosto, mas acabou conseguindo manter-se um pouco acima da marca em um dia marcado por liquidez baixa. Aos 102.932,38 pontos (-0,18%) no fechamento, o Ibovespa sentiu o peso de Petrobras (tanto ON quanto PN em queda de 1,78%), que por sua vez seguiu o movimento do petróleo no exterior. Lá, o barril do Brent perdeu o suporte dos US$ 80, entrando em uma espiral de perdas que fez a queda superar os 4% no encerramento. O petróleo negociado em Londres caiu 4,11%, a US$ 77,45, e o vendido em Nova York cedeu 4,64%, a US$ 71,33. No mercado de câmbio, houve uma devolução do movimento da véspera e a moeda à vista recuou aos R$ 5,2574 (-0,22%).
•JUROS
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•BOLSA
•CÂMBIO
JUROS
Os juros futuros fecharam a sessão em alta, mais expressiva nos vencimentos de longo prazo, resultando em ganho de inclinação para a curva. O movimento esteve alinhado ao comportamento dos rendimentos dos Treasuries, que também subiram, e no fim da sessão pesaram ainda riscos fiscais. Em ambos os casos, os mercados devolveram parte do tombo de ontem, quando os receios de que o colapso de dois bancos norte-americanos pudesse gerar uma crise sistêmica provocaram aumento nas apostas de alívio monetário tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Nesta terça-feira, a percepção de que a questão bancária aparentemente está sob controle e a leitura negativa da abertura do índice de preços ao consumidor (CPI em inglês) puxaram uma correção nas curvas globais.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,07%, de 13,00% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 12,16% para 12,24%. O DI para janeiro de 2027 fechou em 12,61%, de 12,45% ontem, e a do DI janeiro de 2029, em 13,03%, de 12,84%.
Em dia de agenda esvaziada no Brasil, o exterior continuou ditando a dinâmica dos mercados locais, com as taxas dos DIs em alta durante todo o dia. Os yields dos títulos do Tesouro nos Estados Unidos subiam com mais força pela manhã. O da T-note de 2 anos chegou a apresentar maior alta diária em quase 14 anos durante a sessão, mas no fim da tarde estava em 4,21%, de 3,988% ontem. O da T-Note de dez anos projetava 3,67%, de 3,54% ontem.
O CPI subiu 0,4% em fevereiro, no índice cheio, em linha com o consenso, mas a alta de 0,5% do núcleo superou a mediana das estimativas (0,4%). Analistas citaram a abertura ruim, com preços de serviços rodando em níveis elevados. O economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, acredita que, diante do discurso "hawkish" do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na semana passada, o CPI de hoje daria espaço para o mercado voltar a apostar numa postura mais conservadora da instituição na reunião de política monetária na semana que vem. "Não fosse o ruído do SVB, o mercado voltaria a precificar aumento de 50 pontos", disse.
Para ele, a tensão com a quebra do Sillicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank foi em boa medida absorvida, após a pronta atuação do Fed nas intervenções. "Não há uma crise sistêmica. Logo vamos esquecer que houve o episódio do SVB. As taxas já estão voltando, assim como os preços de ações do setor financeiro, já que não tivemos outros casos". Comentou.
A aposta de manutenção do juros nos EUA perdeu espaço e o mercado voltou a colocar mais fichas na possibilidade de um aumento de 25 pontos. No Brasil, o quadro de apostas para a política monetária pouco se alterou em relação ao que se via ontem. A precificação de Selic para março segue apontando praticamente 100% de chance de manutenção nos 13,75% e para maio, em torno de 30% de probabilidade de queda de 25 pontos, contra 70% de estabilidade. Para o fim de 2023, a curva projeta taxa de 12,30%, de 12,25% ontem.
O noticiário em torno o arcabouço fiscal ficou no radar, mas evoluiu pouco nesta terça. No capítulo de hoje, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou a proposta ao vice-presidente Geraldo Alckmin, e disse que vai levá-la ao presidente Lula ainda nesta semana. A ideia do governo é anunciar a nova regra antes da viagem de Lula à China no fim da semana que vem, quem sabe até mesmo antes do Copom do dia 22.
Ainda que a antecipação do anúncio seja bem recebida e vista como uma forma de pressionar o Copom a aliviar a política monetária, o mercado está cético de que o governo conseguirá uma ação efetiva de corte da Selic já em março, embora concorde que possa haver um afrouxamento de discurso via comunicado. "Apenas a divulgação da proposta não deve levar o Copom a alterar os rumos da política monetária no curto prazo, em um contexto inflacionário que segue desafiador", disse o economista da Tendências Consultoria Silvio Campos Neto.
No fim da sessão, as taxas longas renovaram máximas, com o mercado monitorando declarações de autoridades que trouxeram alguma cautela na área fiscal. O diretor financeiro do BNDES, Alexandre Abreu, mostrou preocupação com redução da carteira de crédito da instituição, que segundo ele, era de 7% do PIB em 2008 e em 2022, de 5%. "Se continuar assim, em algum momento vamos ter problema de resultado", afirmou Abreu. Mais cedo, Lula, em reunião com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), prometia trabalhar para que bancos públicos emprestem dinheiro aos municípios.
O leilão de NTN-B do Tesouro teve boa demanda, especialmente nos prazos mais curtos. Da oferta total de 1,55 milhão, foram vendidas 1,481 milhão, sendo que os lotes de 750 mil e 150 mil para 2028 e 2040 foram colocados na íntegra. O especialista em renda fixa Alexandre Cabral afirma que o volume para um prazo que considera razoável, 2028, foi "excelente", mas o ponto negativo do leilão foram as taxas maiores do que o consenso nos prazos de 2040 e 2060. "No geral eu gostei, principalmente pelo volume. Acho que parte dessa grana pode ser do investidor que não quer correr risco privado", anotou, no Twitter. (Denise Abarca - [email protected])
MERCADOS INTERNACIONAIS
O petróleo acelerou queda ao longo da tarde e o Brent perdeu a marca de US$ 80, entrando em uma espiral de perdas ao longo da tarde e fechando em queda de mais de 4%. O movimento reflete a reprecificação nos mercados ativada pelo índice de preços ao consumidor (CPI), que apontou inflação de serviços persistente e esfriou as apostas por manutenção de juros pelo Federal Reserve (Fed) na semana que vem. O cenário consolidou a expectativa por elevação de 25 pontos-base e abriu espaço para a recuperação parcial dos rendimentos dos Treasuries, após o tombo dos últimos dias diante de incertezas após a quebra de dois bancos. A ausência de novidades que pudessem alimentar o pânico quanto à saúde do sistema bancário, aliás, induziu a compra dos descontados papéis do setor, sobretudo das instituições regionais.
A avaliação nas mesas de operações é a de que, até o momento, há poucos indícios de que o colapso de Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank disseminará uma crise semelhante à de 2008. Mesmo porque, desta vez, Federal Reserve (Fed) e outros reguladores foram rápidos em agir para garantir todos os depósitos, até dos que superam o valor coberto pelo seguro de US$ 250 mil. "Os riscos de contágio bancário estão evaporando e Wall Street está pronta para voltar aos ativos de risco", decreta o analista Edward Moya, da Oanda, em movimento à demanda por ações aquecida.
Em Nova York, First Republic Bank (+27,84%), Western Alliance (+14,36%) e PacWest Bancorp (+33,85%) lideraram os ganhos que firmaram a busca por risco. No fim do pregão, o índice Dow Jones subiu 1,06%, a 32.155,40 pontos; o S&P 500 ganhou 1,68%, a 3.920,56 pontos; e o Nasdaq se elevou 2,14%, a 11.428,15 pontos.
Apesar disso, a queda forte do petróleo denunciou os resquícios de cautela que ainda prevalecem nos negócios. Afinal, a situação dos bancos complica o trabalho do Fed, que deve subir juros em 0,25 ponto porcentual, conforme precificação majoritária apontada pelo CME Group. A aceleração do núcleo da inflação ao consumidor (CPI) diminuiu consideravelmente as chances de manutenção monetária que vinham sendo aventadas depois da quebra de SVB. "Os formuladores de políticas podem usar outras ferramentas além das taxas de juros para aliviar as pressões no sistema bancário", explica a Oxford Economics.
Com isso, o barril do WTI para abril fechou em queda de 4,64% em Nova York, a US$ 71,33, enquanto o do Brent para maio cedeu 4,41%, a US$ 77,45, em Londres. O dólar, por sua vez, se estabilizou após a desvalorização acentuada das sessões anteriores. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante seis rivais fortes, ficou estável, com euro em alta a US$ 1,0742 e libra em baixa a US$ US$ 1,2180.
Na renda fixa, os rendimentos dos Treasuries também recompuseram a queda recente, diante da menor possibilidade de uma pausa no aperto do Fed. Perto do fechamento das bolsas de Nova York, o yield da T-note de 2 anos avançava a 4,208%, o da T-note de 10 anos aumentava a 3,662% e o do T-bond de 30 anos se elevava a 3,784%.
A Capital Economics acredita que uma crise bancária geral será evitada, mas o acesso ao crédito ficará mais restrito, em um quadro que diminuirá a demanda e, consequentemente, a inflação. "Isso, que por enquanto nos parece o resultado mais provável, pode significar que os rendimentos dos títulos soberanos cairão ao longo do resto do ano", avalia.
Seja como for, a Moody's alterou sua perspectiva para o sistema bancário dos EUA, de estável para negativa, após corrida por depósitos em SVB, Silvergate Bank e Signature Bank. Na visão da agência, a tendência é a de que o Fed siga com o ciclo de aperto e promova uma deterioração no apetite de bancos a conceder crédito. "O Fed não deve parar com os aumentos de taxas de juros até que a inflação retorne a sua meta [de 2%]", afirma.(André Marinho - [email protected])
BOLSA
O Ibovespa acompanhou de longe o desempenho de Nova York, positivo, ao longo desta terça-feira. À tarde, com os índices de NY mostrando em certo momento menos fôlego, a referência da B3 neutralizou os ganhos moderados e fechou abaixo da estabilidade, com leve perda de 0,18%, a 102.932,38 pontos, bem mais perto da mínima (102.482,23), do fim da tarde, do que da máxima (104.153,48) do dia. Assim, após ter esboçado reação mais cedo, o Ibovespa emendou o quarto recuo, ainda no menor nível desde 16 de dezembro (102.855,70) para o fechamento. Hoje, saiu de abertura aos 103.121,36, na véspera do vencimento de opções sobre o Ibovespa.
Na semana, o índice da B3 perde 0,66%, no mês cai 1,91% e no ano cede 6,20%. Após recuperação moderada em algumas recentes sessões, o giro financeiro voltou a se enfraquecer hoje, a R$ 22,8 bilhões, o que favorece a volatilidade.
Com a agenda doméstica relativamente esvaziada nesta terça-feira, o destaque do dia veio ainda pela manhã, dos Estados Unidos: a leitura de fevereiro sobre a inflação ao consumidor (CPI), que ganhou importância extra desde o fim da semana passada, com a quebra do banco SVB. O colapso foi visto como um sinal de que a taxa de juros, já em nível elevado pelo padrão histórico do país, começa a deixar sequelas em bancos regionais, como o Silicon Valley Bank, bem ativo no fluxo de recursos ao segmento de startups, muito presente na Califórnia.
Se, por um lado, dificuldades pontuais no sistema de crédito americano contribuem para reforçar a cautela de que os Estados Unidos estejam, de fato, mais perto de uma recessão, por outro, quando se olha o copo meio cheio, a percepção é de que o Federal Reserve seja levado a segurar a mão quanto ao espaço à frente para novos aumentos de juros.
"O dado desta manhã confirmou a desaceleração da inflação ao consumidor conforme a expectativa, após uma segunda-feira de forte alívio nos rendimentos dos Treasuries", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. Ela acrescenta que, com os sinais de fragilidade vistos em parte do sistema bancário, o mercado tem alterado apostas para os juros americanos, com o entendimento de que o Fed será "menos agressivo" daqui para frente, em sua missão de fazer com que a inflação retorne à meta de 2% ao ano.
"O índice de preços ao consumidor nos EUA apresentou inflação de 0,4% em fevereiro em comparação a janeiro, em linha com as expectativas do mercado. No acumulado em 12 meses, a alta é de 6,0%, abaixo dos 6,3% de janeiro", aponta em nota Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. "A situação para o Fed é complicada, mas ainda é cedo para compreender a real dimensão dos problemas envolvendo o SVB sobre o sistema financeiro norte-americano", acrescenta. Ele observa que "o cenário inflacionário é preocupante, pois ainda não dá sinais claros de convergência para a meta de longo prazo."
Na B3, em dia de forte queda do petróleo, em baixa superior a 4%, as ações de Petrobras (ON -1,78%, PN também -1,78%) não tiveram como ajudar Vale (ON +0,91%) e as siderúrgicas (à exceção de CSN ON, -2,12%) a carregar o Ibovespa nesta terça-feira, moderadamente negativa para os papéis de grandes bancos, exceto Santander Brasil (Unit +0,34%). Na ponta do Ibovespa, destaque para Embraer (+3,88%), Raízen (+3,44%), 3R Petroleum (+3,07%) e Azul (+2,83%). No lado oposto, Natura (-17,49%), após o balanço do quarto trimestre, à frente de CVC (-7,89%) e Rede D´Or (-5,07%).
O índice de consumo, que reúne ações com exposição à economia doméstica, fechou o dia em baixa de 1,48%, enquanto o de materiais básicos, que concentra as ações de commodities, expostas à demanda externa, subiu 0,31%. "Os juros altos são um freio para a economia, é possível que o crescimento do PIB fique abaixo de 1% este ano. E isso se reflete na Bolsa, especialmente nas ações do setor de varejo. Fica a questão se os juros (Selic) estão em nível adequado, com o freio que se coloca sobre a produção e o consumo", observa Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 102932.38 -0.18326
Máxima 104153.48 +1.00
Mínima 102482.23 -0.62
Volume (R$ Bilhões) 2.27B
Volume (US$ Bilhões) 4.35B
18:02
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 104035 -0.15835
Máxima 105135 +0.90
Mínima 103385 -0.78
CÂMBIO
O dólar encerrou a sessão desta terça-feira, 14, cotado a R$ 5,2574, em queda de 0,22%, devolvendo uma pequena parte da alta de 1,66% ontem, quando foi impulsionado pela aversão ao risco no exterior diante de temores de recessão nos EUA após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB). O respiro do real hoje foi atribuído a ajuste fino de posições, em meio a um ambiente de recuperação de divisas emergentes pares da moeda brasileira, como peso chileno e mexicano. A banda de oscilação foi pequena, de pouco mais de quatro centavos entre a mínima (R$ 5,2217) e a máxima (R$ 5,2620).
Operadores notam que agentes adotam uma postura cautelosa e evitam apostas mais contundentes, à espera de sinais mais claros sobre a extensão dos estragos no sistema financeiro americano e a postura do Federal Reserve na condução da política monetária. Após o mergulho de ontem, as taxas dos Treasuries avançaram hoje, com o retorno da T-note de 2 anos subindo quase 6% e voltando a superar 4,20%. Termômetro do comportamento do dólar frente a seis divisas fortes, o índice DXY, que ontem caiu quase 1%, hoje alternou hoje entre ligeiras altas e baixas.
"O mercado de câmbio devolveu um pouco da alta de ontem, mas continua bastante pressionado, porque existe muita incerteza. Os investidores não conseguem visualizar o que o Fed vai fazer com os juros após os problemas nos bancos e dados pouco conclusivos de atividade e inflação nos EUA", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.
Divulgado pela manhã, o índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA marcou alta de 0,4% em fevereiro, em linha com a mediana da pesquisa Projeções Broadcast. Já o núcleo do índice, que exclui preços mais voláteis de energia alimentos, subiu 0,6%, superando as expectativas (+0,4%). Em tese, esse quadro desautorizaria uma pausa o processo de alta de juros do Fed aventado desde ontem por analistas e parte do mercado.
Monitoramento da CME Group mostra que as chances de alta da taxa básica em 25 pontos-base na reunião do BC americano no próximo dia 22 estão por volta de 70%. Outros 30% são para manutenção dos Fed Funds. Pela manhã, logo após a divulgação do CPI de fevereiro, as apostas em elevação da taxa em 25 pontos-base chegaram a atingir 90%.
"Na semana passada, apostava-se até numa alta maior do que 25 pontos na reunião do Fed. Houve uma mudança de pensamento, para alta de 25 pontos ou até pausa. Essa indefinição para trajetória dos juros deixa os investidores em compasso de espera", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. "As divisas emergentes sofreram muito ontem e o real acompanhou. Mesmo voltando um pouco hoje, o dólar ainda continua operando em uma banda elevada, ao redor de R$ 5,25, por conta do ambiente externo".
No front doméstico, as expectativas giram em torno da espera pela divulgação do novo arcabouço fiscal. Após reunião ministerial no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou hoje que o presidente Lula pediu que seus assessores marquem reunião ainda nesta semana para que a equipe econômica apresente sua proposta para controle das contas públicas.
Haddad repetiu a intenção de tornar público o texto de lei complementar - já com o aval de Lula - ante da viagem presidencial à China, no fim da próxima semana.Haddad disse que apresentou a nova regra hoje para o vice-presidente Geraldo Alckmin, cuja reação teria sido "muito boa". Na semana passada, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, conheceu o teor do arcabouço.
A perspectiva é que o Comitê de Política Monetária (Copom) bata o martelo sobre a taxa Selic no dia 22 à noite não apenas à luz da decisão de política monetária do Fed como também de posse dos detalhes da nova regra fiscal. Especula-se que o BC, com esse conjunto de informações em mãos, possa amenizar o tom em seu comunicado e, quiçá, acenar com redução dos juros ainda no primeiro semestre, algo já espelhado nas taxas de juros futuros locais. (Antonio Perez - [email protected])
18:02
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.25740 -0.2164 5.26200 5.22170
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL 5272.000 0.08543 5281.500 5239.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5300.000 13/03