DI PRECIFICA SELIC FINAL MENOR, LIMITA PERDAS DA BOLSA EM DIA RUIM DE NY E PUXA DÓLAR

Blog, Cenário

Se resultados corporativos ruins e a indicação de aperto monetário em diversas economias importantes fizeram as bolsas caírem em Nova York, os ativos brasileiros reagiram muito mais à nova sinalização do Banco Central sobre os juros por aqui, que devem subir menos a partir da próximo encontro do Copom. E as taxas dos DIs estampam bem esse rebalanceamento de expectativas depois da decisão do BC de elevar a Selic para 10,75% ontem. Os vencimentos curtos caíram e, agora, indicam de forma majoritária um aperto de 1 ponto porcentual na reunião de março, com a Selic terminal em 12,25%, e não mais acima disso como chegou a ser precificado. Essa mudança de perspectiva tem efeitos distintos sobre Bolsa e dólar. No caso das ações, um juro final abaixo do que chegou a ser considerado aumenta a atratividade de alguns setores, sobretudo os mais dependentes do crédito. Mesmo assim, em novo dia de valorização do minério e de papéis relacionados, o Ibovespa oscilou até terminar com leve baixa de 0,18%, aos 111.695,94 pontos. E se o desempenho não foi literalmente positivo, foi infinitamente superior ao dos pares em Wall Street, onde o tombo das ações da Meta, controladora do Facebook, ajudou Nasdaq e S&P 500 a caírem mais de 2%. Em contrapartida, o dólar recuou ante moedas fortes, como euro e libra, depois que Banco Central Europeu (BCE) e Banco da Inglaterra (BoE) emitiram sinais mais fortes no combate à inflação. Em relação ao real, contudo, a moeda dos EUA ganhou espaço. E aí pesou de novo a política monetária. No fim das contas a combinação de juros não tão altos no Brasil com a possibilidade de um ciclo de aperto no exterior, especialmente pelo Fed, acaba limitando um pouco a atratividade de operações de carry trade, o que justificou a reprecificação do dólar, que subiu 0,36% no mercado à vista, a R$ 5,2954.

•JUROS

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

JUROS

A formalização do plano do Banco Central de elevar a Selic nas próximas reuniões a um ritmo menor do que os 150 pontos-base de ontem provocou queda forte nos juros futuros de curto prazo. As apostas para o mês de março são amplamente majoritárias em 100 pontos-base, e houve redução substancial nos meses de maio e junho. A taxa terminal e no fim do ano embutida nos preços passou de 12,50% a 12,25%. A curva também perdeu inclinação negativa, com o diferencial entre os contratos de 2023 e 2027 passando de -116 pontos-base a -94,5 pontos-base.

O DI para janeiro de 2023 caiu de 12,143% a 11,91% (regular) e 11,895% (estendida). O janeiro 2024 recuou de 11,47% a 11,315% (regular) e 11,29% (estendida). O janeiro 2025 passou de 10,993% a 10,88% (regular) e 10,86% (estendida). E o janeiro 2027 foi de 10,981% a 10,965% (regular) e 10,95%¨(estendida).

Este movimento decorreu da interpretação do comunicado do BC, que disse textualmente que "em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros. Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante". Mesmo que na frase seguinte o BC faça um 'hedge' ao citar que os "passos futuros" poderão ser ajustados, a sinalização clara é de que a intenção do colegiado é a de continuar subindo os juros, mas em intensidade distinta.

Assim, a precificação para as próximas reuniões se alterou. Para março, a curva embute 70% de Selic a 11,75% e 30% a 12%. Ontem, a precificação era unânime em 12%. Para maio, os DIs projetam juros a 11,75% (19% das apostas) a 12% (81%), de 12% (26% de chance) a 12,25% (74%) ontem. Para junho, os contratos apontam para taxa entre 12% (81% das apostas) e 12,25% (19%), de 12,25% (77% de chance) a 12,50% (23%).

Para o encerramento de 2022, as apostas ontem eram de taxa entre 12,25% (12% de chance) a 12,50% (88% de chance). Hoje, passaram a Selic entre 12% (22% de chance) a 12,25% (78% de chance).

Na prática, como usual, o mercado ainda embute um prêmio maior do que o estimado por analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast. A mediana para março, fim do ciclo e fim de 2022 é a mesma: 11,75%. Mas a pesquisa anterior apontava para uma taxa em maio e terminal maior, sendo, respectivamente, 11,88% e 12%.

"O comunicado nos trouxe informações relevantes e, com base nisso, os agentes de mercado ajustam as expectativas", explica o estrategista-chefe do modalmais, Felipe Sichel. "A gente está com um cenário de 12,25%. Já na semana passada, pré-Copom, a gente estava comentando que seria uma alta de 100 pontos [em março] e 50 [em maio], ainda que, com todos os fatores que influíam na decisão do BC, como cenário externo e expectativas de inflação, teria sentido ainda dar 150 em março. Mas, para todos os sentidos, ele fecha a possibilidade de isso acontecer, ele não deixou uma opcionalidade."

Para Andres Abadia, economista-chefe de América Latina da Pantheon Macroeconomics, o Copom elevará a Selic a 11,75% e é aí que a taxa deve ficar até o fim do ano, supondo que a inflação continue diminuindo. "Mas não podemos descartar um aperto mais modesto no segundo trimestre, se as pressões do núcleo de inflação permanecerem rígidas e o aumento do risco político colocar o real sob forte pressão", diz.

Na gestão da dívida, o Tesouro vendeu toda a oferta de 3,5 milhões de NTN-F e 800 mil de LTN de um total oferecido de 1,3 milhão. Os montantes de LTN ofertados foram inferiores aos das duas semanas anteriores e os de NTN-F, ficaram bem acima dos lotes ofertados nos dois últimos leilões. O risco para o mercado em DV01 ficou 74,1% maior em relação ao último leilão e 91,4% maior em relação ao leilão retrasado, de mesmos vencimentos, segundo a Renascença DTVM.

Ao largo do debate monetário e do leilão do Tesouro, o mercado monitorou hoje o desenrolar das discussões dos projetos que visam diminuir a tributação sobre combustíveis.

O deputado Christino Áureo (PP-RJ) apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permite reduzir ou zerar impostos sobre combustíveis e gás em 2022 e 2023, sem compensação fiscal. A medida vale para o governo federal, Estados, Distrito Federal (DF) e municípios.

Em contrapartida, no Senado, o relator do projeto de combustíveis na Casa, Jean Paul Prates (PT-RN), afirmou que há um consenso entre governadores em torno da proposta que cria uma conta de compensação para amenizar o preço da gasolina e do diesel no Brasil.

O projeto estabelece que os preços deverão ter como referência as cotações médias do mercado internacional, os custos internos de produção e os custos de importação. Além disso, cria um programa de estabilização com uma espécie de "colchão" para reduzir a volatilidade dos preços, usando dividendos da Petrobras devidos à União e um imposto sobre exportação de petróleo. (Mateus Fagundes - [email protected])

18:25

 Operação   Último 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 10.73

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 10.65

Over Selic (%a.a) 10.65

BOLSA

A indicação pelo Copom, na noite de ontem, de que o ciclo de elevação da Selic está mais próximo do fim do que parte do mercado precificava foi o contraponto, nesta quinta-feira, ao forte ajuste visto nas bolsas europeias e de Nova York - aquelas em reação a sinais mais claros de restrição da liquidez provida nos últimos anos pela política monetária, e as de NY, especialmente a Nasdaq, a decepção com os resultados trimestrais da empresa controladora do Facebook, a rede social que pela primeira vez em 18 anos registrou decréscimo no número de usuários diários.

Ao fim, após tocar de leve terreno positivo no começo e ao fim da tarde, o Ibovespa mostrava baixa moderada de 0,18%, aos 111.695,94 pontos, enquanto as perdas nos principais mercados da Europa chegaram hoje a 1,57% (Frankfurt) e a 3,74% em Nova York (Nasdaq). Na B3, o giro foi contido nesta quinta-feira pós-Copom, limitado a R$ 24,3 bilhões, com a referência entre mínima de 111.224,91 e máxima de 112.502,18 pontos, saindo de abertura aos 111.897,22. Na semana, o Ibovespa cede 0,19% e, no mês, 0,40%, ainda acumulando bom ganho de 6,56% no ano.

No exterior, além da tensão proporcionada pelas movimentações militares entre a Otan e a Rússia, hoje a elevação de juros pelo Banco da Inglaterra, a 0,50%, e o maior grau de preocupação com a inflação emitido pelo Banco Central Europeu (BCE) contribuíram para reforçar a cautela dos investidores, vista desde o início de janeiro, quando o Federal Reserve redobrou as indicações de que se aproxima o momento de elevação do custo de crédito na maior economia do mundo.

Com o processo de restrição na política monetária de emergentes, como o Brasil, mais adiantado do que no mundo desenvolvido, o Copom, em linha com o esperado, elevou ontem a Selic de 9,25% para 10,75% ao ano, indicando, no comunicado, que tende a tirar o pé após este ajuste de 1,50 ponto porcentual. A leitura sobre o sinal não deixa de ser ambivalente: por um lado, o nível e a trajetória da inflação ainda preocupam o mercado, o que tem se refletido na curva de juros; por outro, um ciclo menor de ajuste da Selic tenderia a ajudar a economia e o nível de atividade, que também preocupam.

Assim, as ações dos setores de serviços e consumo (Yduqs +2,18%, CVC +2,08%, Americanas ON +2,53%) estiveram entre as favorecidas pelos investidores na sessão, também positiva para os grandes bancos (Itaú PN +1,16%, Bradesco PN + 1,47%), enquanto as de commodities mostraram desempenho negativo, especialmente Petrobras (ON -1,07%, PN -1,38%), mesmo com o avanço das cotações do Brent e do WTI nesta quinta-feira. O mercado ponderou declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que prometeu, caso eleito, acabar com a paridade internacional de preços da estatal, dizendo estar mais preocupado com as donas de casa do que com acionistas.

Do Copom, “o que veio com certa surpresa foi a indicação, para próximas reuniões, de aumento menor do que os 150 pontos-base, deixando alguma margem caso as condições e a inflação mudem até lá. O ciclo de aumento de juros já está no final, o que não deixa de ser positivo para a economia e o crescimento”, diz Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos.

“A redução do ritmo de ajuste para a próxima reunião foi a novidade, mudança que vinha dividindo o mercado: uma parte acreditava que o BC daria esse sinal, outra de que deixaria a porta aberta. Pode ser traiçoeiro deixar já esta definição, porque a inflação pode mostrar evolução ainda em ritmo alto neste primeiro trimestre, com o mercado precificando patamares mais altos na curva de juros, por conta desta persistência”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, acrescentando que tal ponto pode vir a ser melhor esclarecido na ata do Copom.

“Embora o BC tenha optado por não aumentar o ritmo de ajuste neste momento, mesmo com a inflação surpreendendo negativamente, voltamos a um patamar de dois dígitos na taxa Selic, e já vemos revisões do crescimento para baixo, que devem tirar pressão da inflação no médio prazo, sugerindo que o movimento do Banco Central tem sido prudente”, observa Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.

“De qualquer forma, o comunicado trouxe novamente tom de alerta, principalmente sobre o quadro fiscal e possíveis impactos que um aumento nos gastos poderia ter sobre a inflação. Ou seja, o mercado pode interpretar que o ciclo de ajuste da Selic pode ser um pouco mais longo do que o previsto anteriormente. O mercado projetava juros de 11,75% para o final deste ano e essa projeção pode subir após a decisão (de ontem). Talvez para 12%, não muito mais que isso”, acrescenta.

“Os membros do comitê continuam receosos sobre a questão fiscal doméstica, enquanto se mostraram mais preocupados com o cenário externo diante da possibilidade de um ciclo de alta mais acelerada nos juros americanos, o que dificultaria a situação financeira para economias emergentes como o Brasil. Além de ainda manterem a cautela no que tange aos impactos da pandemia sobre a recuperação das cadeias globais de produção”, aponta Paloma Brum, analista de investimentos na Toro.

“Ao analisarmos o comunicado do Copom, os ajustes refletidos nos juros futuros estão, de certa forma, alinhados com o caminho que o BC quer seguir, apesar da redução momentânea do ritmo de ajuste. Por isso, considerando somente esse fator, a tendência é de que a curva não sofra alterações bruscas nos próximos dias”, avalia Vinicius Romano, especialista de renda fixa na Suno Research.

Para Davi Lelis, especialista da Valor Investimentos, o 'forward guidance' que emergiu ontem do comunicado do Copom foi de juros a 12% no primeiro semestre e a 11,75% no fim do ano, “com mais uma alta e depois começando a cair”. “O BC cumpriu o que prometeu, para neutralizar inflação que vem elevada ao longo do tempo”, acrescenta. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:21

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 111695.94 -0.17733

Máxima 112502.18 +0.54

Mínima 111224.91 -0.60

Volume (R$ Bilhões) 2.43B

Volume (US$ Bilhões) 4.59B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 112365 0.3707

Máxima 112760 +0.72

Mínima 111495 -0.41

MERCADOS INTERNACIONAIS

O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, ampliou perdas à tarde, com o euro e a libra em alta diante das posturas do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco da Inglaterra (BoE). Com isso, o petróleo inverteu o sinal de mais cedo e fechou com ganho considerável. Além do câmbio, a commodity foi influenciada por relatos da imprensa americana de que a Rússia buscaria pretextos para invadir a Ucrânia - hoje a Casa Branca voltou a alertar para o risco de um pacote de sanções contra os russos, caso Moscou leve adiante essa iniciativa. A postura do BCE e do BoE colaborou para a alta dos juros dos Treasuries, com investidores também atentos à audiência para confirmação de novos dirigentes do Federal Reserve (Fed) e em dia de queda nas bolsas americanas. O mercado acionário em Nova York teve como destaque o recuo de mais de 25% da Meta (ex-Facebook), após balanço que decepcionou analistas publicado depois do fechamento da quarta-feira.

As tensões geopolíticas seguiam como foco importante. Reportagem do jornal The New York Times apontou que, segundo os EUA, haveria um suposto esforço russo para fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia. Porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki comentou que o governo Joe Biden continua a elaborar um pacote de sanções, com a intenção de dissuadir o rival a dar esse passo, enquanto a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) alertou para a atividade militar da Rússia na Bielorrússia. Paralelamente, os EUA entregaram dois helicópteros militares à Croácia, enquanto a Rússia tem armado a vizinha Sérvia.

Contatos diplomáticos e entre líderes mundiais continuam intensos e seguem sendo monitorados pelo mercado, com reflexos sobretudo no petróleo. O contrato do WTI para março fechou em alta de 2,28%, em US$ 90,27 o barril, na Nymex, e o Brent para abril avançou 1,83%, a US$ 91,11 o barril, na ICE.

A commodity foi impulsionada também pelo recuo do dólar. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 114,96 ienes, o euro avançava a US$ 1,1434 e a libra tinha alta a US$ 1,3591, enquanto o índice DXY recuava 0,58%, a 95,384 pontos. As moedas europeias foram impulsionadas pela postura de seus bancos centrais. O BoE elevou a taxa básica em 25 pontos-base, em decisão dividida e com vários dirigentes já preferindo uma alta de 50 pontos-base agora. Para o Wells Fargo, o BoE elevará juros em maio e também em agosto, nos dois casos em 25 pontos-base. Em entrevista à emissora ITV, o presidente do BoE, Andrew Bailey, enfatizou a tarefa de evitar que o problema da inflação piore no Reino Unido. Já o BCE manteve os juros, mas sua presidente, Christine Lagarde, enfatizou na entrevista coletiva os riscos de alta da inflação e o potencial ajuste na política que isso acarretará. O Morgan Stanley acredita que a postura de Lagarde e o quadro inflacionário fazem com que o BCE acabe por elevar os juros já em dezembro.

Entre os Treasuries, a cautela geopolítica, a postura dos BCs da Europa e a queda das bolsas apoiaram a demanda pela segurança dos bônus. No horário citado, o juro da T-note de 2 anos subia a 1,185%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,827% e o do T-bond de 30 anos, a 2,151%. Declarações de indicados para o Fed durante audiência no Senado também estiveram no radar, com Sarah Bloom Raskin enfatizando a importância da independência do BC, Nattan Jefferson destacando as pressões de alta sobre a inflação, com gargalos internacionais nas cadeias de produção, e Lisa DeNell Cook se declarando alinhada com a postura atual do Fed.

As bolsas de Nova York, por sua vez, renovaram mínimas à tarde, com perdas consideráveis. Meta esteve em foco, com queda de 26,44% após o Facebook perder usuários no balanço trimestral pela primeira vez desde o início da rede social. O Dow Jones fechou em queda de 1,45%, em 35.111,16 pontos, o S&P 500 recuou 2,44%, a 4.477,44 pontos, e o Nasdaq perdeu 3,74%, a 13.878,82 pontos. Apesar da fraqueza de hoje, o Bank of America (BofA) destacou em levantamento que, no meio da temporada atual de balanços, o lucro das empresas nos EUA no quarto trimestre supera a média das previsões em 5,4% até o momento.

Ainda no noticiário, o Instituto de Finanças Internacionais (IIF) estimou em relatório que os mercados emergentes receberam US$ 1,1 bilhão em janeiro, com fluxo em bônus de dívidas de US$ 4,5 bilhões, mas fluxo negativo nos mercados acionários, neste caso de US$ 3,4 bilhões. Segundo o IIF, o quadro de aperto monetário, cautela geopolítica e fraqueza em vários emergentes provoca um freio "abrupto" no investimento estrangeiro em ações e bônus nesses mercados. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])

CÂMBIO

O dólar ganhou força no mercado doméstico na sessão desta quinta-feira (03) em meio a ajustes de posições na esteira dos sinais emitidos pelo Copom, que ontem elevou a taxa Selic a 10,75% ao ano, e ao avanço predominante da moeda americana frente a divisas emergentes pares do real. Em seu comunicado, o comitê do Banco Central sinalizou que vai diminuir o ritmo de alta dos juros e que o ciclo de aperto monetário está perto do fim - o que desautoriza, por ora, aposta em taxa básica acima de 12% e, por tabela, de ampliação ainda maior entre o diferencial de juros interno e externo.

Ao recado do Copom ontem se somou hoje a segunda alta consecutiva de juros por parte do Banco da Inglaterra, para 0,50%, e o tom surpreendentemente mais duro do Banco Central Europeu. Após anunciar a manutenção dos juros na zona do euro, a presidente do BCE, Christine Lagarde, mostrou preocupação com a inflação, levando o euro a uma forte valorização frente ao dólar. Após a fala de Lagarde, casas como o Danske Bank e o Morgan Stanley passaram a prever uma elevação inicial da taxa de juros na zona do euro no fim deste ano. O programa de compra de títulos pode terminar no terceiro trimestre.

Com o Federal Reserve na vanguarda, os bancos centrais dos países desenvolvidos vão embarcar em um processo de normalização da política monetária nos próximos meses enquanto o BC brasileiro já está quase no fim de seu ciclo de aperto. Era natural que, diante de tal quadro, houvesse ajustes e realização de lucros no mercado de câmbio local, após a recente rodada expressiva de apreciação da moeda brasileira.

Esse movimento de ajuste na taxa de câmbio foi mais intenso pela manhã, quando o dólar tocou na casa de R$ 5,32, ao correr até a máxima de R$ 5,3226. Já no início da tarde o dólar desacelerava e, após passar a etapa vespertina orbitando R$ 5,30, fechou o dia a R$ 5,2954, em alta de 0,36%. A moeda ainda acumula queda de 1,76% na semana e desvalorização de 5,03% neste ano.

Lá fora, com a arrancada do euro após o discurso de Lagarde, o índice DXY - que mede a variação do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - trabalhou em baixa firme, na casa dos 95,300 pontos. Em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, a moeda apresentou sinal predominantemente positivo, com alta frente o peso mexicano, o peso chileno e o rublo, enquanto recuou ante o rand sul-africano.

Para o gestor de juros e moedas da RPS Capital, Joaquim Sampaio, após a queda expressiva do dólar em janeiro, com forte fluxo de recursos externos, é difícil que haja uma nova rodada de apreciação do real. "Com os bancos centrais desenvolvidos cada vez mais 'hawks' (com postura mais dura) e os fundamentos locais ruins, não vejo uma entrada de recursos expressiva por parte dos estrangeiros daqui para frente", diz Sampaio, que classifica o forte fluxo externo para ativos domésticos no mês passado como um evento pontual.

Sampaio ressalta também que a apreciação recente do real não foi fruto de um movimento "idiossincrático" que abrangeu apenas ativos brasileiros. A queda do dólar por aqui se deu em conjunto com a recuperação de divisas pares, à exceção do peso mexicano. Na esteira do discurso mais duro do Federal Reserve, investidores promoveram um rearranjo global de portfólio que favoreceu os emergentes, cujas moedas estavam em patamares atraentes.

Se não vê chance de o dólar cair muito mais no mercado doméstico, o gestor da RPS também não acredita em depreciação relevante do real, uma vez que a taxa de juros local torna muito custosa as apostas contra a moeda brasileira. "Não sou mais tão pessimista com o Brasil. Mas com crescimento baixo e juro real alto, não acredito em uma melhora grande dos ativos. Pode ter alguns pequenos ralis, mas nada consistente", diz Sampaio.

Já o head de câmbio da HCI Invest, Anílson Moretti, aposta em manutenção do apetite de estrangeiros por ativos locais ao longo deste mês, suportado em grande parte por uma taxa de juros ainda elevada, apesar da sinalização do Copom de redução do ritmo de aperto. "Depois de vários dias de baixa, tivemos uma alta do dólar. Mas acredito que o nosso suporte de R$ 5,26 será rompido ainda em fevereiro. Depois vamos ter outro suporte em R$ 5,15", afirma Moretti. (Antonio Perez - [email protected])

18:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.29540 0.362 5.32260 5.27100

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