DI MANTÉM CAUTELA COM TRANSIÇÃO, MAS BOLSA E REAL SEGUEM APETITE AO RISCO EXTERNO

Blog, Cenário

Os ativos domésticos assumiram tendências distintas ao longo da tarde desta terça-feira, à medida que o investidor assimila as informações vindas do gabinete de transição e em meio à volatilidade dos mercados externos. O mercado ainda digere a mescla de nomes liberais, como Pérsio Arida, e desenvolvimentistas, como Nelson Barbosa, na equipe de economia da transição, além de manter o alerta ligado ao peso que os ex-ministros Aloizio Mercadante e Guido Mantega terão no processo. Mas mais do que a bolsa de apostas para a composição de governo, o que pesou mais hoje foi o debate sobre qual será a solução extrateto para acomodar as promessas de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva. O Broadcast mostrou que o petista bancou a hipótese de uma PEC de R$ 175 bilhões em detrimento à solução via crédito extraordinário. Dois modelos estão à mesa, a serem debatidos com o Congresso: uma chamada "PEC transparente", mostrando detalhadamente onde seriam usados os recursos extras e, por isso, de tramitação mais difícil; e a "PEC prática", que apenas carimba, no momento, R$ 70 bilhões para a novo Bolsa Família, deixando o uso dos R$ 105 bilhões a serem debatidos posteriormente. Termômetro desta cautela fiscal, os juros futuros de prazo mais longo subiram hoje pouco mais de 10 pontos, intensidade menor que a de ontem. Mas Bolsa e câmbio absorveram esse noticiário e ficaram mais expostos à cena externa. Lá fora, em dia de bastante volatilidade, as bolsas americanas e as moedas concorrentes do dólar subiram, seguindo o passo da eleição de meio de mandato nos Estados Unidos. A expectativa é de vitória republicana contra os democratas, em pelo menos uma das casas legislativas. Seguindo Nova York (Dow Jones +1,02% e S&P 500 +0,56%), o Ibovespa terminou o dia em alta de 0,71%, aos 116.160,35 pontos. O dólar à vista cedeu aos R$ 5,1440, queda de 0,56%, numa sessão em que o DXY baixou a 109,636 pontos (-0,43%).

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

JUROS

O mercado de juros deu continuidade ao movimento de ontem, com taxas em alta em boa parte da sessão, ainda motivada pela cautela em relação aos nomes que vão compor os ministérios no governo Lula. Além disso, o mercado evitou se expor ao risco antes de conhecer os detalhes da PEC da Transição, de certa forma assustado com a possibilidade de autorização de gasto de R$ 175 bilhões acima do teto para acomodar os compromissos sociais assumidos em campanha. O cenário externo, hoje com queda nos preços do petróleo e no rendimento dos Treasuries, exerceu um papel secundário no desenho da curva. O leilão de NTN-B teve boa demanda, com risco menor para o mercado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 passou de 13,03% ontem no ajuste para 13,05% (regular) e 13,06% (estendida). A do DI para janeiro de 2025 subiu a 12,00% (regular) e 12,01% (estendida), de 11,91% ontem. O DI para janeiro de 2027 avançou de 11,73% para 11,85% (regular) e 11,86% (estendida).

Nas mesas de renda fixa, a percepção é a de que, após os DIs terem devolvido prêmios na semana passada com a redução do risco político-institucional, desde ontem o mercado vem corrigindo o movimento, dado o prolongamento da indefinição sobre quem vai ocupar os cargos-chave na gestão Lula. O grau de agonia dos agentes varia de acordo com os nomes que vêm sendo ventilados. Ontem, a aposta do ex-ministro da Educação Fernando Haddad na Fazenda cresceu, mas hoje arrefeceu, especialmente depois de falar sobre a transição do governo no setor educação, em entrevista.

"Depois de muitas especulações sobre a possibilidade de Haddad ir para o Ministério da Fazenda, ele surge falando sobre Educação", ressalta a equipe de Política da Warren Renascença, destacando ainda que ele não falou nada sobre pautas econômicas. "Como temos sinalizado desde o day after das eleições, Haddad não está na nossa lista de potenciais ministro da Fazenda", afirma a instituição, para a qual podem assumir o ministério ou algum posto de destaque na economia Geraldo Alckmin; Wellington Dias; Rui Costa e Camilo Santana.

Com isso, as taxa chegaram a melhorar no começo da segunda etapa, zerando a alta e até oscilando com viés de baixa, mas voltaram a piorar no fim do dia, na esteira do aumento dos ruídos em torno da PEC da Transição.

De acordo com fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, estão em discussão duas alternativas, apelidadas de “PEC transparente” e “PEC prática”, ambas abrindo espaço a despesas do novo governo de cerca de R$ 175 bilhões além do teto. A primeira direcionaria valores exatos para política que o novo governo deve recompor ou turbinar. Já o segundo modelo carimbaria apenas o Auxílio Brasil, trazendo todo o programa social para fora do teto de gastos. Nesse caso, além dos R$ 70 bilhões adicionais, a emenda também deslocaria para essa licença especial de despesas os R$ 105 bilhões do Auxílio que já previstos no orçamento do próximo ano, liberando esse espaço dentro do teto a todas as outras políticas de interesse do novo governo. A destinação do dinheiro, porém, seria discutida em um segundo momento.

Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), porém, o valor da PEC ficará entre R$ 100 bilhões e R$ 150 bilhões.

Como destacou a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, no Twitter, a proposta fiscal do novo governo está sendo dividida em duas etapas, uma aprovação imediata de um "waiver" para gastos além do teto em 2023, e posteriormente uma discussão sobre a nova regra. "Sem saber qual será a nova regra, o tamanho do waiver se torna importante sinalizador do comprometimento com a responsabilidade fiscal", afirmou. Ou seja, diz, um "waiver" muito além de R$ 70 bilhões já no primeiro ano de governo dificultaria ainda mais o ajuste nos anos seguintes, além de aumentos significativos de gastos resultarem em mais inflação.

No fim da tarde, Alckmin trouxe os nomes para a transição, com André Lara Resende, Pérsio Arida, Guilherme Mello e Nelson Barbosa confirmados no núcleo de Economia, sem surpresa para o mercado. A informação de que o ex-ministro da Fazenda da gestão Dilma Rousseff Guido Mantega também participará do governo de transição, ainda que não área econômica, chegou a gerar algum desconforto, mas que foi posteriormente absorvido.

Na gestão da dívida pública, o Tesouro vendeu integralmente as 800 mil NTN-B ofertadas, com risco para o mercado 52% menor do que o leilão da semana passada. O especialista em renda fixa Alexandre Cabral destaca que os papéis saíram todos com taxa de corte - "o Ago60 mais de 85%" - e emitidos com a taxa menor do que a do consenso. "Se o Tesouro quisesse emitiria mais, tem comprador nesses níveis", disse, ponderando que a taxa do papel 15/8/2060 foi a maior desde 13 de setembro. (Denise Abarca - [email protected])

08:25

 Operação   Último 

CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 13.66

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

MERCADOS INTERNACIONAIS

O mercado esteve focado nesta terça-feira nas eleições de meio mandato dos Estados Unidos, diante da expectativa majoritária de que os republicanos assumam pelo menos uma das casas legislativas - o que poderia dificultar os planos fiscais expansivos do presidente Joe Biden. Tal cenário foi visto como positivo por investidores no mercado acionário, o que sustentou alta nas bolsas de Nova York. O dólar e os rendimentos dos Treasuries arrefeceram, por sua vez. Mesmo com o enfraquecimento da divisa americana, os contratos de petróleo caíram, à medida que as preocupações com o avanço da covid-19 na China pesam sobre a commodity.

O Citi comenta que os mercados podem mostrar uma reação limitada ao resultado das eleições americanas. "Se os republicanos tomarem a Câmara (90% de probabilidade de acordo com os mercados de previsão e cerca de 84% de acordo com modelos estatísticos), isso implicaria em alguma versão de governo dividido, independentemente do resultado no Senado", explica o banco.

O Rabobank destaca que, em termos do impacto das eleições de hoje nos EUA, a alta probabilidade de os republicanos assumirem o controle da Câmara já está amplamente precificada. Já o Stifel acredita que a votação de hoje parece ter um significado particular, "pois o resultado determinará o impulso direcional da economia por algum tempo, enquanto o Federal Reserve (Fed) luta para desacelerar a demanda para conter a inflação". "Uma mudança de poder para os democratas provavelmente resultará em uma política fiscal mais expansionista, enquanto uma oscilação do pêndulo de poder para a direita provavelmente resultará em um impasse. Claro, lembre-se, nenhum dos lados parece ser o partido da responsabilidade fiscal. Mas, do ponto de vista da política monetária, o último resultado é o preferido, se resultar em gastos fiscais reduzidos ou impedir uma maior expansão da oferta monetária, sem dúvida um fator contributivo considerável para o atual ambiente inflacionário", completa o banco.

Neste cenário, no fechamento, o Dow Jones subiu 1,02%, aos 33.160,83 pontos, o S&P 500 ganhou 0,56%, aos 3.828,11 pontos, e o Nasdaq teve alta de 0,49%, aos 10.616,20 pontos. Houve queda de ativos ligados a criptomoedas, após a Binance fazer um acordo para comprar a rival de criptomoedas FTX. O acordo representa a união de duas grandes potências do mercado de criptomoedas.

A Fitch pondera que um governo americano dividido resultará em um impasse legislativo, diminuindo a possibilidade de qualquer nova tributação importante ou iniciativas de gastos durante o restante do mandato de Biden, ao mesmo tempo em que atrasa qualquer entrega significativa de reforma do programa de direitos. "Isso também significa um aumento nos riscos de governança, incluindo o potencial de disputas sobre o orçamento e o teto da dívida com as paralisações do governo resultantes", destaca a agência de risco. O Julius Baer também acredita que o cenário mais provável é um impasse, o que fará com que a política econômica do governo de Biden provavelmente se concentre muito mais na regulamentação do que nas medidas fiscais no próximo ano, já que o financiamento desta última exigiria aprovação do Congresso. "Isso reduz os riscos de um aumento nos rendimentos dos títulos do governo dos EUA, já que surpresas desagradáveis em relação à dívida pública dos EUA são menos prováveis de ocorrer".

Com relação ao dólar, o analista de câmbio do MUFG, Lee Hardman, disse, em nota acessada pelo The Wall Street Journal, que o impacto imediato das eleições sobre a moeda provavelmente será silenciado, mas com o governo dividido, pode ser que, no futuro, se a economia desacelerar acentuadamente, o Fed fique sob pressão para afrouxar a política monetária causando uma reversão da força do dólar.

Dessa forma, no fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos caía a 4,654%, o da T-note de 10 anos perdia a 4,143% e o do T-bond de 30 anos tinha queda a 4,143%. O índice DXY caiu 0,43%, a 109,636 pontos. O dólar recuava a 145,58 ienes, o euro subia a US$ 1,0079 e a libra avançava a US$ 1,1537.

Nem o enfraquecimento da moeda americana conseguiu fornecer apoio ao petróleo, que fechou em queda. O óleo foi pressionado pelas preocupações com o avanço da covid-19 na China, em meio ao aumento de casos da doença no país. O país asiático registrou o seu maior nível de infecções por covid-19 em seis meses, com 5.600 novos casos em todo o país. O petróleo WTI para dezembro fechou em queda de 3,14% (US$ 2,88), a US$ 88,91 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para janeiro de 2023 caiu 2,61% (US$ 2,56), a US$ 95,36 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).[Letícia Simionato - [email protected]]

BOLSA

O Ibovespa mostrou ganho em torno de 1,5% na máxima da sessão, mas perdeu fôlego em direção ao fim da tarde com a piora em Nova York, onde S&P 500 e Nasdaq ensaiaram devolver os ganhos vistos mais cedo. No fechamento, as referências de NY mostravam recuperação, em alta de 1,02% (Dow Jones), 0,56% (S&P 500) e 0,49% (Nasdaq), apesar da relativa cautela para as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, hoje, cujo resultado pode vir a afetar a governabilidade democrata em Washington. A tarde, no exterior, foi marcada especialmente por forte correção em ativos cripto, como o Bitcoin, em queda superior a 11% em determinado momento.

Mais cedo, o relativo bom humor que prevalecia em Nova York apesar da incerteza eleitoral levava o Ibovespa a testar o nível de 117 mil, no melhor ponto da sessão. Mas se acomodou a um avanço menor no encerramento, moderado também pelas incertezas domésticas relacionadas à formação do novo governo e aos trabalhos da equipe de transição, em particular a viabilização (além do teto de gastos) de promessas de campanha, como o reajuste real do salário mínimo e a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600.

Assim, em dia no qual o dólar variou entre mínima de R$ 5,13 e máxima de quase R$ 5,25, para fechar na casa de R$ 5,14, o Ibovespa subiu 0,71%, aos 116.160,35 pontos, com giro a R$ 33,9 bilhões nesta terça-feira. Da mínima à máxima do dia, a referência da B3 foi dos 114.687,75 aos 117.072,45 pontos, saindo de abertura aos 115.339,64 pontos. Na semana, o Ibovespa cede 1,69%, quase zerando os ganhos do mês, em alta agora de apenas 0,11% em novembro - no ano, avança 10,82%.

Enquanto as definições de nomes para a equipe de transição saem gradualmente, o mercado continua a dar o benefício da dúvida, após ter mostrado ontem algum desconforto com que o ex-ministro da Educação e candidato derrotado ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, pudesse vir a ser alçado pelo PT à condição de homem forte da economia. Aos poucos, porém, o mercado vai revertendo a torcida por um perfil técnico e fiscalista, como o de Henrique Meirelles, e se acostumando à possibilidade de que prevaleça um nome político, de perfil negociador, mais alinhado às ideias do partido.

Para além dos nomes que virão a comandar a economia no futuro governo, desponta, ainda antes, o desenho fiscal para 2023 em que já se abraça, de imediato, o cumprimento de questões como o reajuste do mínimo e a extensão do benefício social de R$ 600. "A tal 'PEC da Transição' está se tornando (mais um) trem da alegria brasiliense de crescimento dos gastos descontrolado, e a mídia já fala de mais de duzentos bilhões de gastos, algo completamente descabido, para falar o mínimo", observa carta da Verde Asset, do gestor Luis Stuhlberger.

Lula deve bater amanhã, em Brasília, o martelo sobre os termos da PEC, segundo Gilberto Carvalho, ex-ministro muito próximo ao presidente eleito. Em coletiva nesta tarde, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou três portarias relacionadas à transição, em que se cria o gabinete de trabalho. Ele confirmou também o economista Aloizio Mercadante como coordenador do grupo técnico e a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, como coordenadora do gabinete político. “Haverá 31 grupos técnicos na transição”, disse Alckmin, que informou ainda que outros nomes da equipe de transição serão anunciados amanhã.

Hoje, Alckmin confirmou também que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega participará do governo de transição. “Guido Mantega deve participar, teremos outros conselhos técnicos e ele irá participar, é muito importante a sua participação”, declarou Alckmin na coletiva de imprensa. “Contamos com a sua experiência”, afirmou o vice eleito. Para o grupo da economia, Alckmin nomeou quatro economistas: André Lara Resende, Guilherme Mello, Nelson Barbosa e Persio Arida, como antecipado ontem pelo Broadcast Político.

A incerteza doméstica, natural em troca de governo, ocorre em meio a um ambiente externo que - a despeito de momentos de respiro como os vistos também em parte desta terça-feira, de agenda relativamente esvaziada aqui e no exterior - permanece desafiador, com a elevação dos custos de crédito na maior parte do mundo.

“Fazia 14 anos que não se comprava título americano de 2 anos com juro a 4,70% - uma raridade -, com curva ainda invertida com o vencimento de 10 anos em grau que não se via há duas décadas”, observa Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, chamando atenção para o alto rendimento oferecido por um ativo considerado, praticamente, livre de risco. Ele destaca que o mercado interpretou como “puxada de tapete” os sinais do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, nos comentários após a decisão de política monetária da quarta-feira passada.

As indicações vieram em momento em que os agentes econômicos já precificavam desaceleração do ritmo de alta da taxa de juros de referência dos Estados Unidos em dezembro, e foram surpreendidos pela abordagem de que a extensão do ciclo de alta permanece em aberto, podendo levá-la para além de 5% ao ano. Nesta terça-feira, o yield americano de 2 anos orbitou a faixa de 4,67%, com o de 10 anos na casa de 4,13%.

Na B3, o avanço do Ibovespa na sessão derivou em boa medida das ações do complexo de mineração e siderurgia, com destaque para Vale (ON +3,03%), acompanhando recuperação dos preços do minério de ferro na China - o insumo vem de uma sequência positiva, embora ainda bem abaixo de US$ 100 por tonelada, na casa de US$ 93,8 em Dalian. Gerdau Metalúrgica fechou o dia em alta de 3,21% e CSN ON, de 3,35%. Por outro lado, o sinal majoritário dos grandes bancos no fechamento foi negativo, à leve exceção de BB (ON +0,48%). Petrobras, por sua vez, encerrou o dia sem sinal único, com a ON sem variação no encerramento e a PN, com ganho de 0,74%.

Na ponta positiva do Ibovespa, CSN Mineração (+9,84%), Qualicorp (+5,17%) e Minerva (+4,35%). No lado oposto, Petz (-6,21%), Ecorodovias (-4,88%) e Yduqs (-4,31%).

"Em dia de agenda vazia, o mercado seguiu alinhado ao exterior e à valorização do minério de ferro, que favoreceu os papéis do setor. Vejo espaço para mais altas no Ibovespa. Porém, o mercado deve seguir atento à montagem da equipe do novo governo, bem como aos desdobramentos da política econômica e o equilíbrio fiscal, que devem pautar a tomada de risco", aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:23

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 116160.35 0.70915

Máxima 117072.45 +1.50

Mínima 114687.75 -0.57

Volume (R$ Bilhões) 3.39B

Volume (US$ Bilhões) 6.56B

18:28

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 117725 0.90858

Máxima 118585 +1.65

Mínima 115240 -1.22

CÂMBIO

A instabilidade deu o tom aos negócios no mercado doméstico de câmbio na sessão desta terça-feira (8). Com troca de sinais, sobretudo pela manhã, e oscilação de mais de 11 centavos entre a máxima (R$ 5,2484) e a mínima (R$ 5,1310), o dólar à vista encerrou o pregão cotado a R$ 5,1440, em queda de 0,56%, alinhado ao sinal predominante de baixa da moeda americana em relação a divisas fortes e emergentes.

As cotações foram influenciadas tanto pelo vaivém do apetite ao risco no exterior quanto pelas notícias relacionadas à transição do governo, em especial os rumores sobre os gastos que podem ser incluídos na chamada PEC da Transição. Operadores afirmam que, após a disparada do dólar ontem (2,19%), havia espaço para realização de lucros e ajustes para aparar excessos, a despeito das incertezas no front doméstico.

No fim da tarde, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou nomes da equipe de transição, que terá como coordenador técnico o ex-ministro Aloizio Mercadante. Como ventilado ontem, os economistas André Lara Resende e Persio Arida, pais do Plano Real, vão integrar o grupo da economia, que terá também Guilherme Mello (que assessorou Lula na campanha) e o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa (governo Dilma Rousseff), de visão mais heterodoxa. Alckmin disse que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que não conta com a simpatia dos investidores, também participará da transição de governo, provavelmente em outros conselhos.

A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, afirma que, apesar da queda do dólar hoje, o ambiente ainda é de muita cautela. "Alckmin anunciou participantes da equipe de transição, mas não temos os nomes para os ministérios nem uma definição sobre como será a condução da política fiscal daqui para frente", afirma Quartaroli, acrescentando que ainda há muito ruído em torno da chamada PEC da Transição.

Alckmin disse que há várias possibilidades para assegurar recursos para promessas de campanha de Lula, como o Auxílio Brasil de R$ 600 (com acréscimo de R$ 150 para famílias com crianças menores de seis anos) e o aumento real do salário mínimo. "A definição se vai ser PEC ou não, o valor e o formato será tomada nos próximos dias", disse. "Podem ser outros caminhos. O TCU tem outra hipótese, de crédito extraordinário. Tem o Judiciário… Outras alternativas".

Mais cedo, fontes ouvidas pelo Broadcast afirmaram que aliados de Lula no Congresso teriam sido avisados de que o petista decidiu bancar a PEC da Transição. Ex-chefe de gabinete de Lula e com bom trânsito nos bastidores do PT, Gilberto Carvalho afirmou que o presidente eleito deve "bater o martelo" sobre a configuração da PEC amanhã, em Brasília.

Nas mesas de operação, há temores de que o governo eleito infle demais os gastos que serão incluídos na emenda constitucional. Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmam que estão na mesa duas alternativas para a configuração final da PEC de transição, apelidadas de "PEC transparente" e "PEC prática" - ambas abrindo espaço para despesas extrateto de cerca de R$ 175 bilhões. A "PEC transparente" traria detalhes do caminho do dinheiro, ao passo que a "PEC prática" carimbaria apenas os recursos para o Auxílio Brasil.

"Existe o temor de que a PEC seja uma licença para Lula romper o teto dos gastos como bem entender, até acabando, na prática, com a regra do teto", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, para quem a volatilidade deve continuar a dar o tom aos negócios no mercado de câmbio. "A postura defensiva tende a prevalecer nos próximos dias, com o dólar sem definir uma tendência com toda essa incerteza sobre o tamanho dos gastos fora do teto", afirma a especialista em renda fixa Fernanda Bandeira, da Blue 3, para quem o recuo do dólar hoje se deve a um ajuste pontual para realização de lucros.

Outro tema que preocupa é a escolha do titular da economia. Profissionais do mercado atribuíram a disparada do dólar ontem à possibilidade de que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad pudesse ser indicado para o ministério da Fazenda, rumor que perdeu força hoje após o próprio Haddad falar sobre edução. A leitura nas mesas de operação é a de que o entorno de Lula estaria soltando "balões de ensaio" para medir a reação do mercado, enquanto o presidente ainda define nome do comandante da economia.

No exterior, o índice DXY - termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em queda firme ao longo da sessão, abaixo do piso de 110,000 pontos e com mínima aos 109,366 pontos, com o mercado de olho nas eleições parlamentares de meio de mandato nos Estados Unidos. (Antonio Perez - [email protected])

18:28

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.14400 -0.5587 5.24840 5.13100

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5162.500 -0.61604 5269.500 5151.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5173.236      

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