DI CONTRARIA RECADO DO COPOM E RECUA FORTE; NO EXTERIOR, BCS HAWK PENALIZAM ATIVOS

Blog, Cenário

O mercado doméstico de renda fixa 'desafiou' a comunicação do Banco Central e ampliou a aposta em um alívio na Selic ainda em 2023, agora precificado na ordem de 300 pontos-base. O argumento dos operadores é de que, por ter começado bem antes o aperto monetário, o BC brasileiro colherá uma desinflação mais cedo, contando com ajuda adicional da tendência de arrefecimento das commodities e com cenário benigno para as condições fiscais locais. Essa tese foi compartilhada pelos agentes dos mercados acionário e de câmbio, ampliando os preços dos ativos brasileiros de forma generalizada. Ainda reverbera positivamente a reaproximação do ex-ministro Henrique Meirelles e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao fim do dia, o DI para janeiro de 2024 tinha queda de 30 pontos, o dólar à vista estava negociado aos R$ 5,1143 (baixa de 1,13%) e o Ibovespa subia aos 114.070,48 pontos (+1,91%). Mas o investidor doméstico não contrariou apenas o Copom como também os ventos externos. O saldo parcial da 'Super Semana' de decisões dos BCs é de condições monetárias cada vez mais restritivas. Na esteira das mensagens hawkish do Federal Reserve ontem e do BC da Suécia anteontem, hoje foi a vez de o Banco da Inglaterra (BoE) endurecer o tom mais um pouco. Exceção feita ao Banco do Japão (BoJ), que manteve sua política ultrafrouxa e, como consequência, teve de fazer uma rara intervenção cambial. Neste cômputo, as bolsas de Nova York cederam entre 0,35% (Dow Jones) e 1,37% (Nasdaq). O DXY escalou na máxima aos 111,81 pontos e chegou ao fim da tarde perto dos 111,3. E os juros dos Treasuries foram para cima.

•JUROS

•CÂMBIO

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS

O pós-Copom foi de forte ajuste em baixa nos juros, principalmente nos vértices intermediários, numa reação aparentemente contrária ao que o Banco Central pretendia com a mensagem 'hawkish' no comunicado e também à sinalização emitida pelo dissenso de votos, com dois dos nove diretores defendendo aumento de 25 pontos-base na Selic. Apesar de o texto alertar sobre o risco de a Selic voltar a subir, o mercado não somente zerou as apostas de aumento para os próximos meses como ampliou o orçamento de cortes para 2023 para mais de 300 pontos-base. Além de ignorar o recado do Copom, a curva não se abalou com a escalada dos yields dos Treasuries, num dia em que também as commodities avançaram.

A quinta-feira foi de ajustes técnicos pesados, com fluxos em ambas as direções, mas os relatos são de que investidores estrangeiros estiveram firmes na ponta vendedora. O destaque absoluto do dia foi o DI para janeiro de 2024, com giro de mais de 2 milhões de contratos e taxa abaixo de 13%, o que não era visto desde o último dia 12 - fechou hoje em 12,785%, de 13,083% ontem. A taxa do contrato de DI para janeiro de 2023 fechou em 13,675%, de 13,736% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 11,485% (11,737% ontem) e a do DI para janeiro de 2027, em 11,185%, de 11,363% ontem.

A queda era moderada pela manhã e restrita aos vencimentos de curto e médio prazos, com o mercado limpando as apostas de alta de 25 pontos da Selic para setembro embutidas na curva depois que o Copom endossou o consenso de manutenção dos 13,75%. Os vencimentos longos, porém, eram pressionados pela instabilidade do câmbio e leilão de prefixados do Tesouro com risco bem maior para o mercado.

Passado o leilão, o rali foi ganhando força ao longo da tarde, em movimento que surpreendeu os próprios players. "É estranho esse DI janeiro de 2024 fechar tanto, pois o Copom foi hawkish como tinha de ser e temos outros bancos centrais com discursos duros. Powell ontem foi 'faca na caveira'", disse a economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira.

Em comentário, Sandro Sobral, da área de Tesouraria do Santander, avalia que o risco de continuidade do aperto foi removido, abrindo espaço para o bom desempenho dos DIs, embora reconheça que o alívio surpreendeu. Para ele, apesar da mensagem dura do Copom e da decisão dividida, "a curva segue invertida e as taxas caíram". "Isso é consequência da confiança de que a inflação vai cair e que o novo governo conseguirá restaurar a credibilidade, ao menos no início, não importa quem vença", afirmou.

"Por mais que o BC diga que a Selic pode subir, é fato que o ciclo acabou", disse o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano, atribuindo o movimento da curva ao otimismo com o cenário de inflação, por sua vez, amparado nos preços das commodities bem comportados, na expectativa de esfriamento gerado pelos efeitos, ainda defasados, da política monetária sobre a economia e com o viés desinflacionário do exterior.

Em seus cálculos, a curva aponta apenas 2 pontos-base de alta na Selic para o fim de 2022. Para o fim de 2023, a precificação indica taxa em 10,60%, de 11,25% ontem, ou seja o orçamento de cortes subiu de 260 para 315 pontos-base. O timing para o início do ciclo de quedas, como ontem, segue sendo em maio.

De acordo com Serrano, o anúncio de redução dos preços do gás de cozinha pela Petrobras nesta quinta não chegou a influenciar as taxas, dado o efeito marginal sobre o IPCA, estimado pelos economistas em no máximo 5 pontos-base.

Com o mercado mais afeito ao risco, o Tesouro encontrou espaço para ampliar as ofertas de prefixados no leilão. Vendeu integralmente a oferta de 14,5 milhões de LTN e parcialmente (775 mil) o lote de 900 mil, com DV01 (risco) de US$ 616 mil, segundo a Necton, que informou ainda que as taxas saíram abaixo do consenso no caso da LTN. "O mês de setembro já teve um ritmo diferente do mês anterior, com a média semana saindo de R$ 32 bilhões para R$ 27 bilhões. Em agosto, a LTN teve uma média semanal de R$ 13,3 bi enquanto em setembro está em R$ 9,7 bi", comentouo estrategista da instituição Fernando Ferez. (Denise Abarca - [email protected])

17:35

 Operação   Último 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 13.66

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

Volta

CÂMBIO

Após uma manhã e início de tarde marcados por instabilidade e trocas de sinal, o dólar se firmou em baixa no mercado doméstico nas últimas horas da sessão desta quinta-feira (22), em meio à arrancada do Ibovespa, na contramão de Nova York, ao fortalecimento de divisas emergentes e à redução da alta da moeda americana em relação a pares fortes. Com renovação sucessiva de mínimas na reta final do pregão, quando rompeu o patamar de R$ 5,11 e desceu até R$ 5,1072, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 1,13%, a R$ 5,1143. Com isso, a moeda passa a acumular perdas de 2,76% na semana.

Segundo analistas, o real e os demais ativos brasileiros se portaram muito bem no "day after" à decisão e ao tom duro do Federal Reserve (Fed, o BC americano). O desempenho da moeda brasileira, em particular, é atribuído em parte à diminuição da percepção de risco fiscal, sobretudo após o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles dar seu apoio formal ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas. Outros pontos são o fato de o BC brasileiro ter saído na frente no ajuste da política monetária, provavelmente encerrado ontem com manutenção da Selic em 13,75%, o arrefecimento da inflação e o avanço surpreendente do PIB neste ano.

"Mais uma vez a moeda brasileira se destaca. É natural que tenhamos volatilidade diante do ambiente global. O dólar pode beliscar bandas de R$ 5,25 no curto prazo, porém estou convencido pelos fundamentos locais e potencial fluxo de taxa mais perto de R$ 5,10", afirma o diretor de produtos da Venice Investimentos, André Rolha.

O especialista em mercados internacionais da C6 Bank, Gabriel Cunha, viu como exagerada a reação do mercado de câmbio ao apoio formal de Meirelles ao ex-presidente Lula, uma vez que tanto o petista quanto o presidente Jair Bolsonaro já acenaram que não tem compromisso com a manutenção do teto de gastos, pelo menos não no formato atual. "Mas é fato que, desde a aparição de Meirelles ao lado de Lula, o real tem tido uma performance melhor que outras moedas. Mesmo em dia em que o dólar subiu lá fora, o real se descolava. Continuamos vendo uma performance melhor agora", diz Cunha, que aponta o juro real elevado como um dos determinantes da trajetória da moeda no curto prazo. "Como prevemos aumento da dívida líquida no ano que vem, temos projeção para o dólar superior a do mercado. Nossa projeção é de R$ 5,50 para o fim deste ano e de R$ 5,80 no próximo".

Como esperado, o BC americano elevou a taxa básica americana em 75 pontos-base, para a faixa 3% a 3,25%. As projeções econômicas de integrantes do Fed desenharam, contudo, um quadro desafiador para a economia dos EUA: desaceleração da atividade, juros em níveis restritivos e inflação ainda resistente a caminhar rumo à meta. Com perspectiva de taxa básica americana acima de 4% e juros reais ao longo de toda a curva, segundo palavras do presidente do Fed, Jerome Powell, os retornos dos Treasuries escalaram e o dólar experimentou uma roda de fortalecimento na comparação com seus pares.

A taxa da T-note de 2 anos superou o patamar de 4,10%, enquanto o retorno do papel de 10 anos chegou a tocar 3,70% - a inversão da curva de juros americana é vista como um prenúncio de recessão econômica. O índice DXY não apenas se manteve acima da linha dos 111,000 pontos como esboçou tocar nos 112 mil, ao atingir máxima aos 111,814 pontos. Quando o mercado doméstico fechou, girava ao redor dos 112,290.

Entre as moedas fortes, o destaque do dia foi o iene, com ganhos de mais de 1% em relação ao dólar, após o governo intervir no mercado de câmbio, comprando divisas pela primeira vez em 20 anos. A moeda japonesa havia entrado em queda livre com o sinal do presidente do Banco do Japão (BoJ), Haruhiko Kuroda, de que as taxas de juros devem permanecer perto do zero nos próximos anos.

Na esteira do Fed, o Banco da Inglaterra (BoE) aumentou a taxa de juros, o que limitou as perdas da libra esterlina. Os bancos centrais de Suíça e Noruega também elevaram os juros. Entre emergentes, a África do Sul subiu a taxa básica de 5,50% para 6,25%. O rand sul-africano se apreciou, mas em menor medida que o real. Na contramão, o BC turco cortou a taxa de 13% para 12%, a despeito da inflação elevada. A lira turca acabou destoando e apresentou em leve baixa frente ao dólar.

Para Cunha, do C6 Bank, as projeções de integrantes do Federal Reserve, em especial para o nível terminal da taxa de juros, "surpreenderam o mercado" e levaram a alta dos Treasuries e manutenção do dólar forte frente a seus pares no exterior. "O Fed estava atrás da curva e agora não está mais. Ele sinalizou que os juros vão ser restritivos até 2025", afirma Cunha, que prevê um dólar globalmente forte e tempos difíceis para as bolsas lá fora. "Enquanto o mundo não estiver crescendo, um ciclo de dólar fraco é muito difícil. China e Europa estão desacelerando". (Antonio Perez - [email protected])

17:35

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.11430 -1.1347 5.18630 5.10720

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5126.000 -1.10929 5195.500 5116.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5198.000 21/09    

BOLSA

No Brasil, o câmbio e a Bolsa continuaram a mostrar nesta “super-quinta” pós-Fed, com diversas decisões sobre juros no dia posterior à do BC americano, notável descolamento da elevação de custos de crédito simultânea em outras partes do mundo, em países tão distintos quanto Reino Unido e Noruega ou Suíça e África do Sul. Aqui, na noite de ontem, o aguardado sinal do Copom de que o ciclo de aperto monetário terminou com a Selic a 13,75% corrobora a percepção de que o BC ainda colhe frutos por ter largado bem na frente de outras autoridades monetárias na correção de rumo, com os preços caminhando para provável terceiro mês de deflação no País.

Assim, mesmo com perdas que superavam 1,5% à tarde em Nova York (Nasdaq), o Ibovespa fechou o dia em alta de 1,91%, aos 114.070,48 pontos, com máxima a 114.392,42 pontos, maior nível intradia desde 20 de abril, quando saiu de abertura a 115.056,66 naquela sessão. Hoje, iniciou a 111.941,66 e chegou na mínima a 111.818,53 pontos. Na semana, o índice da B3 sobe 4,38%, colocando o ganho do mês a 4,15% e o do ano a 8,82%. O giro desta quinta-feira foi a R$ 33,6 bilhões. O nível de fechamento do Ibovespa na sessão também foi o melhor desde 20 de abril, a 114.343,78 naquele encerramento.

Em dia de forte pressão sobre o índice DXY, que contrapõe o dólar a referências como euro, iene e libra, em viés de alta e perto dos 112 pontos na máxima da sessão, a moeda americana cedeu 1,13% ante a brasileira, cotada a R$ 5,1143 no fechamento, o que contribuiu para dar sustentação ao Ibovespa na contracorrente da cautela externa. Lá fora, a pressão sobre os rendimentos dos Treasuries no pós-Fed manteve as bolsas de Nova York na defensiva, embora com perdas moderadas no fim da tarde no blue chip Dow Jones (-0,35%), mas ainda relevantes no Nasdaq (-1,37%).

Na B3, em dia de desempenho favorável de commodities como petróleo e minério, os ganhos se espalharam por ações e setores mais líquidos, como Vale (ON +2,29%), Petrobras (ON +2,05%, PN +2,47%) e bancos (Bradesco PN +2,30%). Entre as siderúrgicas, a alta chegou a 3,67% (CSN ON) na sessão. Destaque também para ações com exposição à economia doméstica, como Cogna (+8,76%), na ponta do Ibovespa, à frente de Yduqs (+5,80%), SLC Agrícola (+5,72%) e Soma (+5,06%). No lado oposto, IRB (-5,79%), Magazine Luiza (-3,16%), CVC (-2,79%) e Méliuz (-1,61%). O índice de consumo (ICON) fechou em alta de 1,63% e o de materiais básicos (IMAT), de 2,06%.

“A manutenção da Selic era amplamente esperada pelo mercado. Nosso BC saiu na frente a assim permanece quando comparado aos do o resto do mundo no ataque ao problema da inflação, que é global. E pela própria experiência que tem nisso (inflação), tem liderado”, observa Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos, acrescentando que a ata da reunião de ontem do Copom ainda será importante para a compreensão dos próximos passos da autoridade monetária, mesmo com a indicação de que o ciclo de aperto chegou ao fim.

“O Banco Central deixou claro que o ciclo de aperto monetário terminou mas que deve continuar monitorando os indicadores de inflação e agirá prontamente, se necessário, para ajustar a inflação para a meta. Ou seja, o tom foi ainda duro, hawkish. Como as projeções de inflação para 2023 e 2024 ainda estão acima da meta, é provável que a Selic permaneça nesse nível por um período prolongado”, aponta Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.

“O comunicado do Copom trouxe mensagem bem mais clara de que a Selic permanecerá nesse patamar elevado por período mais longo. Tinha uma parte do mercado que já esperava por isso, mas não tão unânime quanto a expectativa pela manutenção da Selic a 13,75%. Achamos que o patamar de dois dígitos devem permanecer pelo menos até o final de 2023, no nosso cenário-base”, diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group.

Entre a noite de ontem e a manhã desta quinta-feira, a BGC Liquidez realizou pesquisa com 128 players institucionais sobre as percepções pós-Copom, inclusive sobre a decisão não unânime pela manutenção da Selic a 13,75%, por sete votos a dois. Quanto questionados se a falta de consenso seria um sinal 'hawkish', metade dos que responderam não considerou como tal. A mediana para a Selic no fim de 2023 ficou em 11,25%, aponta o levantamento.

Entre traders/gestores, o comunicado da noite de ontem foi percebido por 56% deles como “neutro” e por 30% como mais 'hawkish' do que o esperado, enquanto os economistas ouvidos na pesquisa mostraram “call bem mais dividido” após o comunicado. Antes da decisão, 82% dos economistas ouvidos esperavam comunicado “hawkish”, fatia que caía para 62% entre os traders. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 114070.48 1.907

Máxima 114392.42 +2.19

Mínima 111818.53 -0.10

Volume (R$ Bilhões) 3.36B

Volume (US$ Bilhões) 6.50B

17:35

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 114735 1.89609

Máxima 115210 +2.32

Mínima 112520 -0.07

MERCADOS INTERNACIONAIS

Após o Federal Reserve (Fed) preocupar o mercado com suas projeções para a taxa dos Fed Funds na quarta-feira, hoje foi a vez de outros BCs seguirem o exemplo e enviarem sua mensagem hawkish. O destaque é o Banco da Inglaterra (BoE) , que elevou os juros em 50 pontos-base e deve continuar nessa trajetória agressiva nas próximas reuniões, de acordo com analistas. Neste cenário, com o sentimento de cautela predominando, as bolsas de Nova York caíram, enquanto os rendimentos dos Treasuries e o dólar avançaram. Na contramão do mundo, o Banco do Japão (BoJ) manteve sua política acomodatícia, o que levou o iene ao menor nível ante a divisa americana em 24 anos. O movimento, porém, não se sustentou, já que o governo do país asiático anunciou a primeira intervenção cambial desde 1998. No entanto, a expectativa do mercado é que a medida não tenha tanta eficácia, sobretudo no médio prazo. Entre as commodities, o petróleo subiu, após notícias de novas sanções ao óleo russo pela União Europeia (UE).

"As ações globais estão lutando, pois o mundo antecipa que as taxas crescentes desencadearão uma recessão global muito mais cedo e possivelmente severa. O rescaldo após o Fed foi uma onda de aperto agressivo por vários outros bancos centrais. A maioria desses aumentos de taxas em todo o mundo ainda não foi feita, o que significa que a corrida para território restritivo não terminará até mais perto do final do ano", analisa o economista Edward Moya, da Oanda.

Entre os bancos centrais que elevaram juros hoje, estão o da Suíça (SNB), em 75 pontos-base; o da Noruega, em 50 pontos-base, e da África do Sul, em 0,75 ponto porcentual. O grande destaque, no entanto, foi o BoE, que decidiu elevar sua taxa em 50 pontos-base, a 2,25%. A Capital Economics avalia que o BoE ainda tem muito trabalho a fazer para levar a inflação do Reino Unido à meta de 2%, e por isso terá de subir os juros a 4% e deixar um eventual corte para 2024.

"O aumento das taxas de juros e as possíveis consequências econômicas tornaram difícil se sentir confortável em investir em ativos de risco, de ações a títulos de alto rendimento", disse Justin Gmelich, diretor global de mercados da King Street, gestor de ativos. Neste cenário, as bolsas de Nova York caíram em bloco. O Dow Jones fechou em queda de 0,35%, em 30.076,68 pontos, o S&P 500 caiu 0,84%, a 3.757,99 pontos, e o Nasdaq recuou 1,37%, a 11.066,81 pontos. Por outro lado, os juros dos bônus avançaram, atingindo máximas em anos. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,109%, o da T-note de 10 anos tinha alta a 3,696% e o do T-bond de 30 anos avançava a 3,696%. Esses são os maiores níveis desde 2007, 2011 e 2014, respectivamente.

Na contramão da onda global de aperto monetário, o Banco Central da Turquia decidiu cortar o juro básico no país em um ponto porcentual, de 13% para 12%. A decisão surpreendeu analistas, dada a inflação de 80,2% em agosto, maior taxa desde setembro de 1998. O BoJ, por sua vez, manteve suas taxas de juros ultrabaixas: as taxas de juros de curto prazo ficaram em -0,1% e a meta para o rendimento dos títulos do governo japonês de 10 anos seguiram em torno de zero. Em reação, o iene recuou ao menor valor em 24 anos ante o dólar. O movimento não durou muito, pois o Japão interveio no mercado cambial, comprando ienes pela primeira vez em 24 anos. A Oxford Economics acredita que a "a intervenção unilateral e esterilizada provavelmente será ineficaz, e os mercados tentarão testar novamente o compromisso de defender o nível do dólar a 145 ienes nas próximas semanas".

No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 142,34 ienes, o euro recuava a US$ 0,9846 e a libra tinha baixa a US$ 1,1264. O índice DXY registrou alta de 0,64%, a 111,353 pontos.

Mesmo com a valorização do dólar, os contratos futuros de petróleo fecharam com ganhos, após notícia da Reuters de que UE mira impor um teto ao preço do petróleo da Rússia e controlar exportações de alta tecnologia ao país, além de outras sanções individuais, em resposta à escalada das tensões da guerra na Ucrânia, após discurso do presidente Vladimir Putin. O petróleo WTI para novembro fechou em alta de 0,66% (US$ 0,55), em US$ 83,49 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês avançou 0,70% (US$ 0,63), a US$ 90,46 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). (Letícia Simionato - [email protected])

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