A desconfiança em relação à política fiscal brasileira continuou pesando sobre os ativos, mas o Ibovespa conseguiu se desvencilhar dessa espiral negativa recente, ajudado pelo comportamento positivo das bolsas em Nova York e pelo avanço dos papéis da Petrobras. A estatal teve influência do julgamento, no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a possibilidade de vender ou não suas refinarias sem passar pelo aval do Congresso. O resultado favorável à petroleira, que começou a se desenhar do meio da tarde em diante, deu impulso às ações e à Bolsa, que passou grande parte da sessão refletindo o mau humor dos agentes com o Brasil. Com isso, o Ibovespa começou outubro com ganho de 0,93%, aos 95.478,52 pontos. Juros e câmbio, no entanto, continuaram absorvendo a cautela com o cenário fiscal brasileiro. A incerteza em relação à origem dos recursos para bancar o Renda Cidadã, assim como algumas declarações dissonantes dentro do governo e do Congresso sobre usar ou não precatórios e Fundeb para pagar o programa, impede qualquer alívio em relação ao risco Brasil. E tal cenário, no caso dos juros, pode afetar a estratégia de política monetária do Banco Central, que trabalhava com a ideia de manter a Selic baixa por um longo período, mediante a retomada do ajuste fiscal. Hoje, em um seminário fechado com investidores, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, admitiu que se houver "criatividade" em relação ao teto de gastos, o forward guidance do Copom tem que ser abandonado. Não por acaso, diante desse cenário, os juros curtos já precificam chance de 40% de alta de 0,25 ponto da Selic em outubro e 80% de possibilidade de aperto em dezembro. Além disso, o miolo da curva voltou a acumular prêmios. Para completar a pressão sobre os DIs, o dólar voltou a subir diante do real, para R$ 5,6541 no mercado à vista, com valorização de 0,63%, ampliando o avanço no ano para quase 41% e suscitando questionamentos sobre se já não seria o momento de o BC agir. Em Nova York, os principais índices acionários até perderam um pouco de fôlego à tarde, com alguns sinais de impasse sobre o pacote de estímulos nos EUA. Mas a perspectiva de que, cedo ou tarde, saia um acordo manteve as bolsas no território positivo.
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