DECEPÇÃO COM ARCABOUÇO PESA EM ATIVOS LOCAIS NA SEMANA, A DESPEITO DE MELHORA HOJE

Blog, Cenário

O alívio das perdas semanais nos ativos domésticos nesta quinta-feira pré-feriado foi incapaz de tirar do vermelho o real e a Bolsa e de descomprimir a curva futura de juros na comparação com a sexta-feira passada. O mau desempenho do "pacote Brasil" vem na esteira tanto de uma realização de lucros recentes quanto de uma má recepção do texto final do arcabouço fiscal. O grande número de exceções à regra incomodou os agentes, bem como a falta de punições caso a meta seja descumprida. O turbilhão que levou à demissão do general Gonçalves Dias do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) também pesou, uma vez que a CPMI sobre os atos terroristas de 8 de janeiro ganhou fôlego - e o mercado teme que ela rivalize as atenções com a tramitação do arcabouço. Hoje, contudo, houve ajuste local ante certo otimismo com o lançamento do novo modelo de garantias e do novo marco de PPPs, além de apostas em algum endurecimento do arcabouço pelo Parlamento. O dólar à vista fechou em R$ 5,0584, queda diária de 0,55% e alta semanal de 2,92%. O Ibovespa terminou o dia em 104.366,82 pontos, alta de 0,44% no dia e queda de 1,80% na semana. A curva de juros inclinou na comparação com a sexta-feira, embora hoje tenha tido queima de prêmios. Nas bolsas de Nova York, que funcionam normalmente amanhã, houve queda diante de falas de dirigentes do Federal Reserve reforçando que a inflação nos Estados Unidos ainda está alta e projetando juros acima de 5%. O mau desempenho das ações da Tesla (-9,75%) e da AT&T (-10,41%), após balanços, também arrastou para baixo os índices. Dow Jones caiu 0,33%, S&P 500 cedeu 0,60% e Nasdaq recuou 0,80%.

•CÂMBIO

•BOLSA

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

CÂMBIO

Após três pregões consecutivos de alta firme, período em que acumulou valorização de 3,49%, o dólar encerrou a sessão desta quinta-feira, 20, em queda de 0,55%, cotado a R$ 5,0584. Investidores se escoraram no sinal predominante de baixa da moeda americana no exterior, na esteira de indicadores de atividade mais fracos nos EUA, para ajustar posições e realizar lucros no mercado doméstico. Houve relatos de entrada de fluxo de exportadores, que aproveitaram a escalada recente da moeda para internalizar recursos.

Na véspera do feriado de Tiradentes, quando o mercado local estará fechado, a liquidez foi baixa e as oscilações, reduzidas, com o dólar à vista correndo menos de cinco centavos entre mínima (R$ 5,0373) e máxima (R$ 5,0867). Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para maio movimentou cerca de US$ 10 bilhões.

Apesar do refresco hoje, o saldo semanal é negativo para a moeda brasileira. O dólar termina a semana de quatro dias úteis com valorização de 2,92% no mercado doméstico, o que reduziu as perdas no mês - que chegaram a superar 3% - para 0,20%. O real e o peso colombiano apresentaram o pior desempenho entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities no período.

Embora a semana tenha sido marcada por recuperação da moeda americana no exterior, com altas das taxas dos Treasuries em meio à diminuição de apostas de redução de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco dos EUA) no segundo semestre, a alta do dólar no mercado doméstico é atribuída, sobretudo, à recomposição de prêmios de risco em razão do desconforto com o novo arcabouço fiscal.

Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, o saldo negativo de US$ 3,8 bilhões do fluxo cambial total na semana passada (de 10 a 14 de abril) mostra que o recuo do dólar para a casa de R$ 4,90 não era sustentável. "A fragilidade da regra fiscal e o seu risco não foram removidos. No exterior, colegiado do Federal Reserve mostra que a queda dos juros ainda vai demorar", afirma Velho.

Com direito a voto nas reuniões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), a presidente do Fed de Dallas, Lori Logan, disse hoje que a inflação nos EUA segue "muito alta" e que buscará ainda sinais de "melhoras sustentadas" na trajetória dos índices de preços. Na outra ponta, a presidente do Fed de Cleveland, Loreta Mester, afirmou que o BC americano está mais perto do que longe de chegar ao fim do ciclo de aperto monetário.

Apresentado ontem, o texto oficial do arcabouço desagradou pela série de exceções ao limite de gastos e pela ausência de sanções legais caso as metas estabelecidas não sejam alcançadas. Há muito ceticismo também em torno da geração de superávits primários, que dependeriam muito de ampliação de receitas, e da trajetória da dívida líquida/PIB.

"O real teve uma apreciação grande na semana passada com a questão fiscal. Mas a apresentação do texto nesta semana acabou trazendo um clima de tensão ao mercado. E lá fora dirigentes do Fed deram declarações mais duras nos últimos dias, o que mexeu com as curvas de juros americanas", afirma o sócio e head de câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac.

O presidente da Câmara, Artur Lira, confirmou, no Twitter, o nome do deputado Cláudio Cajado (PP-BA) para a relatoria do Projeto de Lei Complementar (PLP) do novo arcabouço, como já havia sido antecipado pelo Broadcast Político. Cajado é próximo de Lira, que recentemente acenou com aprovação célere da proposta na Casa, provavelmente em meados de maio. Uma ala do mercado vê possibilidade de que haja um endurecimento das regras fiscais durante a tramitação do texto.

No Congresso, crescem as chances de instalação de CPMI para apurar os atos em Brasília de 8 de janeiro, na esteira do pedido de demissão ontem do ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias, após divulgação de vídeo em que é flagrado no Palácio do Planalto interagindo com golpistas que invadiam o local no dia 8. Houve uma guinada na postura do governo e de parlamentares aliados, que passaram a apoiar a instalação da comissão parlamentar, em uma contraofensiva às teses bolsonaristas em torno de supostas participação do governo Lula nos ataques às instituições.

"Os ruídos políticos e a instalação da CPMI tiram o foco das reformas. O Congresso vai ter de exigir ajuste automático da despesa e impor penalidades na regra fiscal para melhorar a probabilidade de recuo da Selic em junho", afirma Velho, da JF Trust.

Com o mercado de câmbio já fechado, o deputado Cláudio Cajado disse que o novo arcabouço fiscal é prioritário e que espera votá-lo no Plenário até a primeira quinzena de março. Ele elogiou o projeto, que em suas palavras "trata, sim do controle de gastos", mas disse que vai "analisar profundamente as exceções incluídas no texto". (Antonio Perez - [email protected])

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.05840 -0.5544 5.08670 5.03730

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5058.000 -0.49184 5092.000 5042.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5122.000 19/04    

BOLSA

O Ibovespa saiu dos 106 mil pontos na terça-feira, chegou a 103,9 mil na sessão de ontem, e fechou a semana de volta aos 104 mil. Assim, aparou a perda de semana mais curta a 1,80%, vindo de ganho de 5,41% na anterior, quando teve o maior avanço semanal desde o intervalo que precedeu o Natal, entre 19 e 23 de dezembro. Hoje, entre mínima de 103.086,98 e máxima de 104.615,18, fechou em leve alta de 0,44%, aos 104.366,82 pontos, após ter recuado 2,12% ontem. No mês, o índice limita o avanço a 2,44%, cedendo 4,89% no ano. O giro de hoje, mesmo com o vencimento de opções sobre ações, ficou em R$ 23,7 bilhões, na véspera do feriado de Tiradentes.

Em semana pautada por certa frustração do mercado com o formato do arcabouço fiscal que enfim chegou ao Congresso, o Ibovespa devolveu parte do entusiasmo que o havia projetado acima dos 106 mil pontos na semana anterior, quando prevaleceu otimismo derivado de leituras mais fracas sobre a inflação, aqui e nos Estados Unidos, melhorando então a perspectiva dos investidores para as taxas de juros (Selic e Fed funds) no fechamento do ano.

Conhecido o arcabouço que passa a ser avaliado no Congresso, sem definição ainda do escopo de governo e oposição na hora do voto, as regras de exceção ao teto e a incerteza quanto ao potencial de arrecadação adicional para fundamentar gastos públicos lançaram os ativos brasileiros na defensiva ao longo desta semana. Lá fora, o período contou com declarações cautelosas de autoridades monetárias, nos Estados Unidos como na zona do euro, sem indicações de que cortes nas taxas de juros estejam a caminho, apesar da extensão do ciclo de aperto.

Hoje, a presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester, defendeu que o BC americano deve ser "prudente" na definição dos próximos passos da política monetária. Em discurso, ela apontou que parte dos efeitos do aperto recente ainda serão sentidos na atividade econômica e nos preços. Mester disse também que a autoridade monetária terá de aumentar juros acima de 5% e mantê-los nesse nível por algum tempo. Atualmente, a taxa básica americana está na faixa de 4,75% a 5,00%.

Com direito a voto nas reuniões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), a presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, afirmou, por sua vez, que a inflação nos Estados Unidos segue "muito alta" e que, ao avaliar os progressos em direção à estabilidade de preços, buscará sinais de "melhoras sustentadas" nos dados de inflação, a evolução da atividade econômica, e se houve mudança nos fatores que alimentaram a progressão de preços.

No Brasil, "o mercado de 'equities' tem buscado encontrar algo que favoreça descompressão, considerando que os ativos estão muito amassados", diz José Simão, sócio da Legend Investimentos, referindo-se ao ânimo visto na semana anterior com as leituras sobre a inflação. Mas, para destravar valor e sustentar retomada sólida na B3, seria necessário sinal mais evidente de que os juros, de fato, estejam para cair - o que se espera que venha a ocorrer no Brasil em algum momento do segundo semestre e, nos Estados Unidos, provavelmente ainda mais adiante, observa Simão. "O mercado tenta antecipar e tem estado atento a sinais nesse sentido."

Contudo, idas e vindas do governo em relação a pontos do arcabouço, como a tributação de plataformas de comércio eletrônico estrangeiras, como Shein e Shopee, sugerem indecisão ou mesmo dificuldade da equipe econômica quanto ao caminho a seguir, apontam fontes do mercado, estimando que pressão maior deve vir agora, no Congresso, quando a proposta tende a ser escrutinada não apenas pela oposição, mas especialmente pelo partido do governo (PT), após brechas abertas no texto que veio da Fazenda. "Fogo amigo é risco real, mais forte que o da oposição", diz uma fonte.

"O medo é de que o fiscal não seja tão exequível quanto poderia parecer num primeiro momento", observa Ricardo Campos, sócio e diretor de investimentos da Reach Capital. "O arcabouço desapontou por uma série de motivos. O plano inicial já era ruim, longe dos sonhos, mas considerado 'ok', o que ajudou o mercado a sair dos 100 mil pontos", diz o gestor, chamando atenção de que no Congresso, pela "natureza um pouco mais gastadora", alterações podem ainda vir a ocorrer.

Hoje, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), informou, pelo Twitter, que o relator do projeto do arcabouço fiscal será o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), nome que havia sido antecipado pelo Broadcast Político, em 1º de abril.

"Os líderes do Congresso prometeram empenho na aprovação rápida da proposta e alguns deputados já antecipam alterações que aumentem o ‘enforcement’ da lei ao cumprimento das metas fiscais. A autoridade monetária manteve a leitura de que o arcabouço está na direção correta, reduzindo os riscos de cauda da política fiscal, mas seu impacto sobre a política monetária é condicionado aos efeitos que venha a ter nas expectativas de inflação, que atualmente estão bastante afastadas da meta", aponta em nota a equipe da BlueLine Asset Management.

Na B3, o dia ao fim foi majoritariamente positivo para as ações de grandes bancos (Bradesco ON +1,16%, BB ON +0,95%) e ruim para Vale (ON -2,09%), mas o leve viés de alta foi também assegurado por Petrobras (ON +0,30%, PN +0,68%), mesmo com o sinal negativo do petróleo na sessão. Na ponta do Ibovespa, Hapvida (+9,75%), Soma (+5,87%), Petz (+5,45%) e Carrefour Brasil (+4,27%). No lado oposto, Usiminas (-3,62%), Embraer (-2,46%), Braskem (-2,17%) e Suzano (-2,16%), além de Vale.

O otimismo do mercado financeiro teve leve ajuste de expectativa para as ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa. Entre os participantes, 50,00% esperam que a próxima semana seja de alta para o Ibovespa, porcentual ligeiramente abaixo dos 62,50% no levantamento anterior. A projeção de queda saiu de 12,50% para 16,67% e a de estabilidade, de 25,00% para 33,33%. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 104366.82 0.43679

Máxima 104615.18 +0.68

Mínima 103086.98 -0.79

Volume (R$ Bilhões) 2.37B

Volume (US$ Bilhões) 4.69B

18:02

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 106145 0.25975

Máxima 106415 +0.51

Mínima 104750 -1.06

JUROS

Os juros futuros sustentaram trajetória de queda da abertura ao fechamento da sessão, em correção ao movimento de alta de ontem, estimulados pela percepção de menor risco de atuação mais agressiva do Federal Reserve na política monetária e expectativa de ajustes no texto do arcabouço fiscal no Congresso. Na semana, porém, as taxas subiram, com ganho de inclinação, refletindo os atrasos da entrega da regra fiscal ao Legislativo e a decepção com o teor do projeto.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,22%, de 13,27% no ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,11% para 11,96%. A taxa do DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,93%, de 12,09%, e a do DI para janeiro de 2029 recuou de 12,43% para 12,33%. Na semana, as taxas até o miolo avançaram até 10 pontos-base e as longas, até 25 pontos.

O mercado aparou prêmios especialmente nos vértices intermediários, refletindo ainda a opção do Tesouro de colocar lotes menores, em quantidades e risco, no leilão de prefixados. O giro de contratos, porém, foi limitado, com o DI para janeiro de 2025, girando 598 mil, ante média diária de 810 mil nos últimos 30 dias. Profissionais da renda fixa lembram que o feriado nacional de Tiradentes nesta sexta-feira (21) restringiu um pouco o apetite para os negócios, uma vez que no exterior os mercados funcionarão normalmente.

Logo pela manhã, os temores de recessão que se instalavam no exterior já influenciavam a curva de juros, após divulgação de balanços decepcionantes da Tesla, American Express e AT&T e aceleração nos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, além da ata do Banco Central Europeu (BCE), considerada "hawkish". Os juros dos Treasuries cederam, assim como o dólar.

"O movimento de desvalorização global do dólar favoreceu alguma recuperação do real e isso contribuiu para o fechamento da curva, porque temos os assuntos domésticos em banho-maria", destacou Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. No entanto, se comparada ao fim da semana passada, a curva se deslocou um pouco para cima, diz a economista, por conta da cautela com o arcabouço e incertezas que se tem com o tema dentro do Congresso.

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, lembrando que ontem a curva estressou bastante, disse que o movimento de correção teve contribuição dos sinais de atividade no exterior, que indicaram que o Federal Reserve não deve subir tanto o juros. "Há ainda uma discussão de que no Congresso o arcabouço pode sofrer alteração para colocar algum tipo de responsabilização em caso de descumprimento de regras", disse.

De acordo com apuração do Estadão, o dispositivo que retira a punição ao presidente da República caso descumpra a meta fiscal deve enfrentar forte resistência dos parlamentares, sobretudo do Centrão. Nesse contexto, foi bem recebida a confirmação de que o deputado Claudio Cajado (PP-AL) será o relator do texto na Câmara. O PP do presidente da Casa, Arthur Lira, não é oposição ao governo, mas também não faz parte da base aliada, o que, no raciocínio do mercado, aumenta as chances de eventuais ajustes.

Nesta tarde, Cajado, que prefere chamar o arcabouço de "novo marco fiscal", disse que vai "analisar profundamente as exceções incluídas no texto", mas que no momento não poderia dizer se o projeto vai ficar mais duro ou menos duro. Afirmou ainda que a tramitação do marco é prioritária e que a instalação de uma eventual Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar o caso Gabinete de Segurança Institucional (GSI) não deverá paralisar a Câmara. Por fim, informou que a Casa deve votar urgência e assim o projeto deve ir direto a plenário.

Para a equipe da Warren Política, o avanço ou não das propostas no Legislativo está muito mais relacionada à liberação das indicações do segundo e terceiro escalão e das emendas parlamentares do que à eventual CPMI. "A tendência é de que a 'máquina do governo' comece a girar neste sentido a partir de maio. Até lá veremos insatisfeitos ganhando espaços na mídia", disseram os analistas. (Denise Abarca - [email protected])

MERCADOS INTERNACIONAIS

O clima de aversão ao risco se agravou em Wall Street ao longo da tarde, em meio a falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed) reforçando que a inflação americana ainda está alta e projetando juros acima de 5%. O cenário acentuou as perdas de Nova York e amplificou a pressão sobre Tesla e AT&T, que terminaram com tombo de 10% após balanços corporativos. As incertezas aumentaram a demanda pelos Treasuries e atenuaram a queda do dólar, em detrimento de commodities. O euro, em particular, devolveu boa parte dos ganhos de mais cedo, quando ata do Banco Central Europeu (BCE) renovou expectativas por mais aperto monetário na Europa.

Nesta tarde, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, afirmou que a inflação segue teimosamente alta nos Estados Unidos, comentando que o BC americano terá que elevar os juros acima de 5% e mantê-los nesse nível por algum tempo. Presidente da distrital de Dallas, Lorie Logan reforçou os comentários, acrescentando que irá avaliar sinais de "melhoras sustentadas" nos dados de inflação para medir os progressos em direção à estabilidade de preços. Logan vota nas reuniões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).

O BMO avalia que os comentários reforçaram o coro de recentes comunicações oficiais do Fed que sugerem "amplamente um aumento de 25 pontos-base em maio" dos juros e sinaliza apoio a um movimento da taxa dos Fed funds no pico acima de 5%. Além disso, o banco de investimentos ressalta que os resultados corporativos permanecem um foco importante para investidores, que monitoram "qualquer evidência" de aperto nas condições de crédito.

Neste quesito, os balanços da Tesla e AT&T decepcionaram os mercados e intensificaram temores de recessão nos Estados Unidos, ao reportar resultados fracos no primeiro trimestre. Produtora de veículos elétricos, a Tesla informou redução de 24% no lucro líquido por ação diluída, em comparação ao mesmo período de 2022, enquanto a AT&T teve recuo na receita. As ações derreteram em Nova York, encerrando a tarde com queda de 9,75% e 10,41%, respectivamente. Pressionados, o Dow Jones cedeu 0,33%, o S&P 500 baixou 0,60% e o Nasdaq recuou 0,80%. Na contramão, os papéis da Alphabet subiram 1,07%, diante do otimismo quanto aos planos de inteligência artificial da empresa.

No campo das criptomoedas, a fuga de ativos de risco derrubou o bitcoin a níveis abaixo de US$ 28 mil, devolvendo parte dos ganhos de abril. No final da tarde, o bitcoin tinha queda de 3,47%, aos 28.250,00 pontos.

O clima de cautela intensificou a demanda por Treasuries e derrubou os rendimentos nesta sessão. Por volta das 17 horas (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos recuava a 4,144%, o da T-note de 10 anos baixava a 3,536% e o do T-bond de 30 anos caía a 3,746%.

Em contrapartida, o dólar ganhou fôlego e reduziu perdas, embora tenha mantido o desempenho fraco após a ata do BCE reforçar expectativa por mais aperto monetário na região, fortalecendo o euro. Na visão do BBH, o dólar "provavelmente permanecerá vulnerável" até que o mercado suspenda a precificação de cortes de juros pelo Fed ainda neste ano. No horário citado, o dólar recuou a 134,32 ienes, o euro avançou a US$ 1,0961 e a libra teve queda a US$ 1,2434. O índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais fortes, fechou em queda de 0,12%, a 101,840 pontos.

O cenário "desapontador" sobre a economia global "massacrou" os preços do petróleo nesta sessão, aliado a preocupações sobre demanda da China, analisa a Oanda. Assim, o petróleo WTI para junho fechou em queda de 2,36% (US$ 1,87), a US$ 77,37 por barril, e o Brent para o mesmo mês recuou 2,43% (US$ 2,02), a US$ 81,10 por barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

Ainda no radar dos investidores, o Banco Central da República Argentina (BCRA) aumentou as taxas de juros em 300 pontos-base, a 81%, segundo comunicado oficial divulgado há pouco.

No campo geopolítico, o presidente dos EUA, Joe Biden, pretende assinar uma ordem executiva nas próximas semanas que limitará o investimento em partes importantes da economia da China por parte de empresas americanas, informaram à Bloomberg pessoas familiarizadas com o assunto.

Nesta tarde, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, acusou a China de se aproveitar do poder econômico para "retaliar e coagir" parceiros comerciais vulneráveis. "Os Estados Unidos continuam sendo a economia mais dinâmica e próspera do mundo. Não temos motivos para temer uma competição econômica saudável com qualquer país", comentou Yellen. (Laís Adriana - [email protected])

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