CURVA DO DI ABRE E BOLSA CAI 2,5% EM AGOSTO, COM IMPASSE ORÇAMENTÁRIO E CRISE POLÍTICA

Blog, Cenário
A sessão de encerramento de agosto emulou, de certa forma, o comportamento dos ativos em todo o mês. Exceção feita ao real, os demais ativos domésticos terminaram essa jornada no campo negativo. Com o mercado cada vez mais de olho nos efeitos da corrida eleitoral de 2022 para as contas públicas, o fluxo de investimentos ao País e o andamento de reformas, a curva de juros abriu e a Bolsa amargou perda mensal de 2,48%. E nem mesmo o envio do Orçamento de 2022, hoje à tarde, trouxe maiores alívios na seara fiscal. Se por um lado há uma expectativa de redução forte do déficit no ano que vem, neste momento a peça cumpre apenas um requisito formal. O texto deverá ser amplamente ajustado assim que o governo encontrar uma solução para o impasse dos precatórios - o desfecho menos traumático para o mercado seria essa despesa toda dentro do teto de gastos. Também por causa dessas dívidas judiciais, o valor do Auxílio Brasil e sua ampliação seguem em suspenso. A 'sobra' decorrente dos ajustes nos precatórios deve ser usada no novo programa social do governo, mas há pressões também para uso em aumento de salários e gastos com obras. "Estamos sendo o mais transparente possível sobre incapacidades do Orçamento", admitiu o secretário de Orçamento Federal, Ariosto Culau. Em evento em São Paulo, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, um dos mais próximos ao presidente Jair Bolsonaro, deu o tom da demanda em pleno ano eleitoral: "no meu ministério está faltando dinheiro". As declarações mostram que o debate sobre o destino do dinheiro público seguirá quente em setembro, com o clima político cada vez mais intenso dados os impasses institucionais. A este cenário, junte-se ainda o agravamento da crise hídrica, que forçará o aumento médio de 6,78% nas contas de luz a partir de amanhã. No exterior, uma inclinação mais "dovish" do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, devido às incertezas da variante delta deu gás ao mercado de ações, ao passo que as dúvidas em torno da doença e a recuperação mundial deu viés de baixa aos preços das commodities. A postura monetária do Fed segurou a cotação global do dólar e, internamente, a despeito da piora doméstica, conduziu a moeda a uma baixa mensal de 0,73%, para R$ 5,1719 no encerramento do mês - menor valor desde 2 de agosto.
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JUROS A curva inclinou mais no período da tarde com a piora da percepção sobre a crise política e institucional e o risco fiscal no radar. As taxas curtas zeraram o viés de queda e terminaram estáveis e as longas subiram além dos 20 pontos-base. Depois da apresentação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2022, com redução drástica na previsão de déficit para 2022, chegaram a se afastar das máximas atingidas no começo da segunda etapa, mas no fechamento da sessão regular voltaram a acelerar. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passou de 6,759% para 6,74% e a do DI para janeiro de 2023, de 8,405% para 8,48%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 9,95%, de 9,723% ontem. O déficit do setor público consolidado em julho, de R$ 10,28 bilhões, veio abaixo da mediana das estimativas de saldo negativo de R$ 13,4 bilhões, mas não foi suficiente para se sobrepor às preocupações vindas de Brasília, com o mercado cada vez mais cauteloso com as manifestações programadas para 7 de setembro. Renan Sujii, analista de Investimentos, lembra que o mercado, que estará fechado naquela data, pode estar se antecipando a um eventual agravamento do quadro político uma vez que movimentos pró-Bolsonaro prometem "fazer barulho". No fim da tarde, o presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores em Uberlândia que na data será dado um recado para o Brasil e para o mundo "dizendo para onde País irá". "Vocês estarão mostrando no próximo dia 7 que quem manda no Brasil são vocês", afirmou. A tarde já começou com taxas batendo máximas atribuídas à piora do clima institucional, dada a apuração do <b>Broadcast Político</b> de que a insatisfação do Senado com Guedes cresceu nos últimos dias e com isso também o risco de a pauta econômica patrocinada pelo governo "subir no telhado". Também pesou a informação publicada pelo jornal O Globo de que o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, teria ameaçado bancos de perder negócios com o governo se assinassem nota da Fiesp. Na última hora da sessão regular, houve a apresentação do PLOA 2022 e o mercado viu com bons olhos a redução da estimativa de déficit primário, de R$ 170,5 bilhões para R$ 50 bilhões, o que permitiu uma breve despressurização da curva. O secretário do Orçamento Federal, Ariosto Culau, disse que o governo está cada vez mais próximo do equilíbrio das contas, do déficit zero. Porém, a repórter especial Adriana Fernandes observa, em sua coluna publicada às 16h55, que as contas do governo para 2022 fecham desde que as promessas eleitorais de Bolsonaro fiquem de fora. Comenta ainda que é totalmente falsa a argumentação de que o Orçamento é inexequível em 2022 porque há uma conta surpresa a pagar de R$ 89 bilhões com os precatórios, pois boa parte desse gasto (R$ 57,7 bilhões) já estava prevista nas contas desde sempre. "Portanto, o primeiro engodo é dizer que o 'meteoro' que caiu no planeta orçamento, nas palavras do ministro da Economia, Paulo Guedes, é de R$ 89,1 bilhões. Não é. No mínimo, a conta a ser coberta é de R$ 31,4 bilhões." Diante de todo esse contexto, agosto terminou com ganho importante de inclinação na curva do DI em vários tipos de métricas. Na comparação entre o contrato mais líquido, janeiro de 2023, com o janeiro de 2027, melhor expoente da ponta longa, o spread abriu 24 pontos em relação ao fim de julho. Entre janeiro de 2027 contra janeiro de 2022, o diferencial passou de 272 pontos no 30 de julho para 321 hoje. De lá para cá o drama fiscal só cresceu pela questão dos precatórios e pressão política por expansão dos programas sociais que não encontram respaldo em receitas, pelo aumento das tensões entre Judiciário e Executivo e falta de consenso na reforma do imposto de renda. A crise hídrica, do mesmo modo, piorou, com níveis dos reservatórios baixando e exigindo acionamento das térmicas, cuja energia é mais cara. Há pouco, Ministério das Minas e Energia informou que a tarifa da bandeira vermelha será de R$ 14,20/cada 100 kwh entre 1/9 e 30/4 e que a bandeira 'escassez hídrica' provocará alta de 6,78% na tarifa média. (Denise Abarca - [email protected]) 17:45 Operação   Último CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 5.44 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 5.15 Over Selic (%a.a) 5.15 BOLSA O Ibovespa chega ao fim da sessão e do mês estendendo as perdas iniciadas em julho, acumulando nesses dois últimos meses retração de 6,32%, em intervalo no qual o otimismo sobre a recuperação econômica e a relativa melhora das contas públicas deram lugar, rapidamente, a sinais de deterioração, puxada por perspectiva pior para o fiscal, pelo avanço da inflação e por ruídos políticos que se avolumaram, desembocando em crise institucional - situação que se agravou de forma a levar entidades empresariais a esboçar "manifestos" em defesa da harmonia entre Poderes, divulgados ou não, às vésperas do 7 de setembro. Nesta terça-feira, moderando a correção perto do fim do dia, o Ibovespa fechou em baixa de 0,80%, aos 118.781,03 pontos, acumulando perda de 2,48% em agosto, a qual, no pior momento do mês, havia chegado a superar o recuo de 3,94% colhido ao longo de julho. No ano, o Ibovespa volta a mostrar hoje perda, de 0,20%, e retração de 1,57% acumulada até aqui na semana, em duas sessões negativas após o entusiasmo da última sexta-feira, desde o exterior, com o discurso 'dovish' do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio anual de Jackson Hole. Vindo de duas sessões de volume enfraquecido, o giro financeiro foi a R$ 42,5 bilhões neste 31 de agosto. Na mínima, o Ibovespa chegou hoje aos 117.910,97 pontos, à tarde, saindo de máxima pela manhã aos 120.156,94 pontos, com abertura a 119.737,95 pontos. No pior momento do mês, aos 114,8 mil pontos no intradia de 19 de agosto, tocou o menor patamar desde 29 de março. O nível de fechamento, hoje, foi o pior desde o último dia 26 (118.723,97 pontos). "Há cinco fatores que explicam as coisas, como temos visto desde julho: a variante Delta e a ameaça de outras variantes no futuro, que podem afetar a cadeia de suprimentos; a regulação na China, com o presidente Xi Jinping interferindo diretamente em setores da economia para consolidar ainda mais o poder; o barulho sem fim em Brasília; o enfraquecimento da confiança do consumidor americano, frustrado com os aumentos nos 'big ticket items', como casas e veículos; por fim, a incerteza ainda grande sobre o Fed e o 'tapering' - dependendo da leitura do payroll desta sexta-feira, se for forte, pode levar o Fed a fazer o anúncio em setembro, sobre o começo e o prazo (de efetivação da retirada de estímulos)", diz Scott Hodgson, gestor de renda variável na Galapagos Capital. No Brasil, "há um imbróglio complexo entre política e fiscal, um não desenrolando o outro, e com STF e passeata (de 7 de setembro) no meio. E as reformas, sem avanço, assim como a definição sobre como ficarão o futuro Bolsa Família e o pagamento de precatórios. O exterior segue positivo e líquido, com o S&P 500 renovando por 12 vezes máximas históricas ao longo de agosto. Hoje, tivemos dados da China que não ajudaram, mas está faltando também um 'trigger' que leve o Ibovespa ao preço justo de 130 mil, para buscar, quem sabe, os 150 mil pontos. Há espaço para subir, tem gringo comprando por 'valuation', está barato", diz Rodrigo Knudsen, gestor da Vítreo. Após ter renovado máxima histórica de encerramento em 7 de junho, a 130.776,27 pontos, e encerrado aquele mês aos 126.801,66 pontos, o Ibovespa iniciou julho já refletindo a piora da percepção do político, em momento no qual, desde o fim de junho, a CPI da Covid passava da averiguação de desvios de conduta na gestão da pandemia a superfaturamento em compra de vacinas, o que se combinou à má percepção sobre a proposta inicial de reforma do IR apresentada pelo governo. A instabilidade crescente - agravada pela queima de largada no calendário eleitoral em meio à queda de popularidade do presidente Bolsonaro - traduz a perda de capacidade de iniciativa do governo, via reformas, mesmo com o Centrão abrigado no Palácio do Planalto. Aparente perdedor, o ministro da Economia, Paulo Guedes, passou da condição de 'Posto Ipiranga' à de 'Faria Loser', transformado em efígie de cédula "lambe-lambe" pregada no coração financeiro de São Paulo, dias depois de mostrar tolerância, senão conformismo, com o nível da inflação. Com os ruídos políticos contaminando a pauta econômica, há também a percepção de que, independente de quem esteja sentado na cadeira de ministro, e da habilidade de interlocução ou de expressão verbal que possa ter, é difícil avançar quando o foco está no modelo da eleição - que só ocorrerá em 2022 - e na instabilidade institucional. "O foco do Congresso foi para se a urna vai disparar ou não voto impresso, se há ameaça ou não à democracia, de forma que a agenda econômica foi ficando de lado", observa Knudsen, da Vítreo. Ainda assim, leniência com o avanço dos preços reforça o temor do mercado quanto a uma guinada populista na gestão fiscal, com o presidente Jair Bolsonaro atrás nas pesquisas de intenção de voto frente a Lula - e analistas políticos considerando mesmo a possibilidade de que não tenha força para chegar a um segundo turno contra o favorito no momento, o ex-presidente. Nesta tarde, o Ministério da Economia apresentou o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2022. Segundo a proposta, o teto de gastos, regra que limita o avanço das despesas à inflação, terá um crescimento de R$ 136,6 bilhões no próximo ano, e gasto total sujeito ao teto poderá chegar a R$ 1,61 trilhão no ano que vem. A proposta considera o total de R$ 89,1 bilhões em despesas com precatórios, antes da solução que está sendo costurada pelos três Poderes para adiar uma parte dessa despesa, e não prevê nenhuma ampliação no Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil. Segundo a Economia, o Orçamento de 2022 destina R$ 34,7 bilhões ao programa social, o que seria suficiente para alcançar 14,7 milhões de famílias. "O mercado mais uma vez estressado, também com o Orçamento, que parece que não para de pé, já bem próximo de deadline. O mercado segue preocupado com o fiscal: andamos, andamos, e sempre voltamos para o mesmo assunto, o perigo fiscal no Brasil e a discussão do Orçamento, que não para de pé, o que se reflete não só na Bolsa, mas também em estresse nos DIs, com o câmbio surpreendendo hoje, depois de movimento técnico para formação da Ptax", diz Pedro Lang, head de renda variável da Valor Investimentos. Em dólar, o Ibovespa fechou agosto a 22.966,61 pontos, após fim de julho a 23.378,71 pontos, vindo de 25.496,99 pontos no encerramento de junho, tendo chegado a superar a marca de 26 mil no início daquele mês, com o índice da B3 então na máxima histórica também no intradia, a 131.190,30 pontos em 7 de junho, e com dólar a R$ 5,0324 no mesmo dia - foi então a 26.069,14 pontos, superando as marcas observadas em maio, com a moeda americana chegando a R$ 4,90 no melhor momento de junho. Nesta última sessão de agosto, leitura desfavorável sobre o nível de atividade na China manteve as ações de commodities sob pressão, com perda de 1,37% para Vale ON e de 3,92% para Petrobras PN - em dia negativo para o Brent e no qual o presidente Bolsonaro voltou a manifestar preocupação com o preço de combustíveis -, e recuo de até 4,99% (CSN ON) no setor de siderurgia. O efeito foi em parte contrabalançado pelo desempenho majoritariamente positivo do setor financeiro na sessão, recuperado no fechamento, com ganhos de 0,56% (Bradesco PN) a 1,57% (Unit do Santander) entre as maiores instituições. Na ponta do Ibovespa, destaque para alta de 5,60% em Braskem, à frente de Copel (+4,11%) e de Hypera (+3,49%). Na face oposta, CSN (-4,99%), Americanas ON (-4,24%) e Petrobras PN (-3,92%). (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:32 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 118781.03 -0.80084 Máxima 120156.94 +0.35 Mínima 117910.97 -1.53 Volume (R$ Bilhões) 4.25B Volume (US$ Bilhões) 8.26B 17:45 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 119180 -1.18564 Máxima 120795 +0.15 Mínima 118420 -1.82 MERCADOS INTERNACIONAIS A cautela após a publicação de indicadores persistiu ao longo da tarde e pressionou ativos de risco, ante a percepção de que o impacto da variante delta pesou nos dados de Estados Unidos e China. As bolsas de Nova York fecharam na maioria em baixa, após renovarem recordes nas últimas sessões. Apesar das quedas de hoje, o S&P 500 e o Nasdaq terminam o mês de agosto com ganhos relevantes. O petróleo também caiu, com o mercado atento ainda aos desdobramentos da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). Os dados da economia americana levaram o dólar a oscilar ante a maioria das moedas, enquanto os rendimentos dos Treasuries operaram em alta. "Os investidores estão tirando alguns riscos da mesa depois que as duas maiores economias do mundo mostram sinais de fraqueza no curto prazo", aponta Edward Moya, analista da Oanda. Em sua visão, os dados da indústria e de serviços na China, neste caso apresentando a primeira contração em 16 meses, levantam preocupações de que a variante delta tenha impactado a economia global de forma mais forte que o esperado. É o caso também dos EUA, onde a mutação pode ter um efeito "maior do que o inicialmente previsto e isso não é um bom presságio para os gastos do terceiro trimestre", argumenta Moya. O índice S&P 500, porém, perdeu pouco fôlego, "já que os investidores veem a recente fraqueza no consumidor dos EUA e nos setores de manufatura e serviços da China como temporária", e provavelmente um catalisador para que os BCs locais permaneçam na ofensiva com suporte, diz o analista sobre o impacto nas ações. Hoje, alguns dos piores desempenhos foram de petroleiras, pressionadas pela queda no barril, como Chevron (-1,69%) e ExxonMobil (-1,16%). O Dow Jones fechou em baixa de 0,11%, em 35.360,73 pontos, o S&P 500 caiu 0,13%, a 4.522,68 pontos, e o Nasdaq teve baixa a 0,04%, a 15.259,24 pontos. Já no mês, as altas foram de 1,21%, 2,90% e 4,00%, respectivamente. Na Europa, o tom foi semelhante: o FTSE 100 recuou 0,40% em Londres, e o DAX teve baixa de 0,33% em Frankfurt. O petróleo recuou ainda observando o furacão Ida, que atingiu a Costa do Golfo. Para o Commerzbank, os preços da commodity seguem em "níveis elevados", uma vez que a expectativa da redução da demanda de petróleo bruto das refinarias americanas, por conta do fenômeno, e da expansão da produção de petróleo pela Opep+ ainda não pesa nas cotações. O barril de WTI com entrega para outubro fechou em queda de 1,03% (US$ 0,71), a US$ 68,50. Já o Brent para novembro caiu 0,83% (US$ 0,60), a US$ 71,63. No mês de agosto, o recuo acumulado foi de 7,37% e 5,01%, respectivamente. O dólar ofereceu poucos indicativos para o mercado de commodities, na medida em que operou perto da estabilidade ante as principais moedas rivais. O índice DXY, que mede o ativo americano ante seis rivais, recuou 0,03%, a 92,626 pontos. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 110,01 ienes, o euro avançava a US$ 1,1809 e a libra tinha baixa a US$ 1,3754. No caso da moeda comum, a trajetória foi marcada hoje pela publicação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) com forte avanço em agosto. O Rabobank avalia que o avanço da inflação não deve ser o suficiente para mudar a trajetória da política monetária na região, e que o euro deve seguir se desvalorizando ante o dólar. Nos próximos seis meses, o banco holandês espera uma queda em direção ao nível do euro, cotado a US$ 1,16. Neste cenário, a Capital Economics avalia que os rendimentos dos títulos públicos da zona do euro e dos EUA tendem a subir nos próximos anos. No entanto, a consultoria espera que a inflação surpreenda mais no caso americano, o que tende a fazer com que os juros dos Treasuries tenham uma elevação maior do que os pares europeus. No caso da T-note de 10 anos, a Capital Economics projeta um aumento de 95 pontos-base até o fim de 2022, valor que fica nos 40 pontos-base no caso alemão. Hoje ao fim da tarde, o retorno da T-note de 2 anos estava estável, em 0,199%, o da T-note de 10 anos subia a 1,300% e o da T-bond de 30 anos avançava a 1,922%. (Matheus Andrade - [email protected]) Volta CÂMBIO O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira (31), a última de agosto, em terreno negativo, alinhado à maré positiva para moedas emergentes no exterior, movimento atribuído tanto a dados fracos dos Estados Unidos - como o índice de confiança do consumidor em agosto (113,8, ante expectativa de 123,1) - quanto à continuidade dos ajustes ao tom ameno do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta-feira. Afora uma alta pontual logo após a abertura do pregão, o dólar trabalhou em queda durante todo o dia, com perdas mais acentuadas pela manhã, em meio à disputa pela formação da Ptax de agosto, referência para contratos futuros e balanços corporativos. Dados positivos da economia brasileira (taxa de desemprego até junho e déficit primário do setor público em julho abaixo das projeções) teriam contribuído para o fortalecimento o real na primeira etapa de negócios, servindo do suporte as operações de "vendidos" (que apostam na queda do dólar), que já se beneficiavam dos ventos externos favoráveis. Ao longo da tarde, passada a batalha pela formação da Ptax, o que deixou o mercado tecnicamente mais leve, dólar desacelerou o ritmo de perdas. O impulso externo também já era menor, com o índice DXY, que chegou a operar em queda firme pela manhã, passando a trabalhar entre leve alta e estabilidade. Por aqui, a piora da Bolsa e o avanço dos juros futuros, em meio a ruídos políticos, teriam tirado parte do fôlego do real. Em meio à divulgação do Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2022 e declarações de membros da equipe econômica, o dólar chegou a ser negociado momentaneamente na casa de R$ 5,18. Apesar de trazer uma redução na previsão de déficit para 2022, o PLOA considera o pagamento total de R$ 89,1 bilhões em precatórios e não prevê ampliação do Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil. Não se sabe ainda como atender ao desejo do presidente Jair Bolsonaro de reajustar o benefício social e manter o pagamento dos precatórios sem furar, mesmo que informalmente, o teto de gastos. Em coletiva para falar sobre o PLOA, o secretário especial do Tesouro e Orçamento do ministério da Economia, Bruno Funchal, afirmou que a proposta de parcelamento dos precatórios tem como "grande objetivo" compatibilizar o pagamento das dívidas com o teto de gastos, o que traz "credibilidade". No fim do pregão, o dólar voltou a ceder um pouco mais, para a casa de R$ 5,17. Com máxima a R$ 5,1978 e mínima a R$ 5,1167, a moeda americana fechou a R$ 5,1719, em queda de 0,34%, encerrando agosto com desvalorização modesta (0,73%), após ter subido 4,76% em julho. No pior momento deste mês, a moeda americana chegou a superar R$ 5,40, ao fechar a 5,4228, no dia 19. A perda de força do dólar nos últimos dias veio na esteira de uma combinação de fatores domésticos e externos. Lá fora, o principal evento foi a sinalização do presidente do Federal Reserve de que a política monetária americana seguirá acomodatícia. Por aqui, contribuíram para o alívio declarações recentes de respeito ao teto de gastos de autoridades, como o presidente da Câmara, Arthur Lira. A busca por uma solução para o imbróglio dos precatórios em conjunto com o Judiciário diminuiu também os temores de um descontrole das contas públicas. O head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, ressalta que o real tem tido um desempenho similar a de outras moedas emergentes, mas que ainda acumula uma desvalorização relevante na comparação com seus pares, como o peso mexicano e o rand sul-africano - fenômeno que ele atribui, sobretudo, aos problemas domésticos. "O dólar já poderia estar abaixo do nível de R$ 5,00. A sensação é que o real se mantém desvalorizado por toda essa questão fiscal, dos precatórios e do Bolsa Família, e dos problemas políticos, com essa briga do presidente com o STF", afirma Weigt, ressaltando que, a despeito das quedas recentes, o preço de commodities exportadas pelo Brasil, como minério de ferro e soja, ainda está em patamares elevados. Weig também lembra que os exportadores optam por manter os recursos no exterior, mesmo perdendo a remuneração oferecida pelos juros locais, cada vez mais elevados, justamente por causa da incerteza doméstica. "Olhando a liquidez grande lá fora, os fundamentos internos e as outras moedas emergentes, o real deveria se apreciar. Mas o clima de incerteza ainda é muito grande", diz. Em evento hoje pela manhã, o ex-diretor do Banco Central e economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, afirmou que há fundamentos, como os termos de troca e a taxa Selic mais elevada, para apreciação do câmbio brasileiro, mas admitiu que "talvez não dê tempo" de alcançar a projeção de fim deste ano, de R$ 4,75. Mesquita observou que houve aumento do prêmio de risco, por causa das incerteza em relação à política fiscal, e que pode ocorrer uma antecipação de remessas de lucros e dividendos de multinacionais em meio à discussão da reforma do Imposto de Renda no Brasil. Na B3, o dólar futuro para outubro recuava 0,36%, a R$ 5,1900, com giro forte, na casa de US$ 18 bilhões. (Antonio Perez - [email protected]) 17:45 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.17190 -0.3353 5.19780 5.11670 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5143.000 -0.81959 5198.000 5137.500 DOLAR COMERCIAL 5179.500 -0.54724 5219.500 5138.000
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