CONFLITO ENTRE RÚSSIA E UCRÂNIA TRAZ SEMANA DE PERDAS A BOLSAS, MAS REAL SE DESTACA

Blog, Cenário

As tensões entre Rússia e Ucrânia, com sinalizações sobre um eventual conflito ganhando corpo, garantiram um dia bastante volátil, mas no qual prevaleceu nova rodada de deterioração para as bolsas globais. Até porque, funcionários do governo dos Estados Unidos continuam a afirmar que esperam um ataque de Moscou aos ucranianos nos próximos dias, enquanto a Otan garante que houve aumento de tropas nas fronteiras, e não retirada, conforme disse o presidente russo, Vladimir Putin, nesta semana. Nesse ambiente - e de olho nas discussões sobre o ritmo de aumento de juros nos EUA -, os índices de ações terminaram a sexta-feira e a semana com perdas em Nova York. Por aqui, a Bolsa não escapou da dinâmica negativa, enquanto câmbio e juros, por sua vez, tiveram trajetória própria. O Ibovespa, que caiu 0,57%, aos 112.879,85 pontos, viu a série de cinco semanas consecutivas de ganhos ter fim hoje, ao terminar o acumulado dos últimos cinco pregões com perda de 0,61%. Mesmo assim, enquanto moedas emergentes sofreram, o real voltou a se destacar. E a dinâmica local favorece esse comportamento da moeda. Afinal, os juros já elevados e as sinalizações recentes de que o aperto monetário no Brasil deve ir além do que se imaginava, tem favorecido um fluxo de entrada no País e a montagem de posições favoráveis ao real, com o investidor de olho em operações de carry trade. E foi esse quadro que fez o dólar cair 0,52% hoje, a R$ 5,1400, com desvalorização de 1,95% na semana. Por fim, na renda fixa, as taxas dos DIs passaram o pregão em baixa, alinhadas ao dólar, mas terminaram perto da estabilidade, divididas entre o câmbio e as tensões externas em dia de agenda vazia.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

As sinalizações de um eventual conflito militar na Ucrânia levaram cautela aos mercados no exterior, derrubando as bolsas de Nova York e da Europa e alimentando a busca por Treasuries e dólar. Para analistas, se não fossem os inícios de avanço nas negociações para retomada do acordo nuclear com o Irã, o petróleo, que hoje fechou em leve alta, já estaria sendo negociado acima dos US$ 100 por barril. Ainda assim, a commodity segue sendo uma das principais fontes de pressão inflacionária, tema que foi alvo da reunião financeira do G20, que terminou hoje. Discursos de dirigentes dos principais BCs do mundo mostram que ainda não há um consenso sobre a melhor estratégia para conter o avanço generalizado de preços.

O chefe da autoproclamada República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, afirmou hoje que a situação na região está caminhando para a guerra. Mais cedo, ele disse que devido à ameaça de uma ofensiva da Ucrânia, começou uma evacuação em massa da população para a região de Rostov, dentro das fronteiras oficiais da Federação Russa. "Por volta das 19:00 [horário local] um carro foi explodido no estacionamento perto do prédio do governo", disse o Centro Conjunto de Controle e Coordenação do Regime de Cessar-fogo, segundo noticiou a agência Tass.

Na visão de Edward Moya, analista da Oanda, os investidores estão tendo dificuldade em segurar ativos de risco com a probabilidade de que o impasse entre o Ocidente e a Rússia acabe levando a algum confronto. As ações "desistiram dos ganhos anteriores depois que a imprensa russa confirmou relatos da evacuação de moradores do leste da Ucrânia para a Rússia e depois ficaram negativas após relatos sobre uma explosão em Donetsk", afirma o analista. Os EUA acreditam que o risco é muito alto de que a Rússia invada a Ucrânia e isso significa que Wall Street permanecerá nervosa até vermos uma grande desescalada, o que agora parece improvável, de acordo com Moya. Com os mercados de ações dos EUA fechados na segunda-feira para o Dia do Presidente, muitos investidores estão preferindo segurar o dinheiro devido à intensificação da situação na fronteira com a Ucrânia, resume o analista.

Em Nova York, depois das ações da Nvidia recuarem seguindo a publicação do balanço da empresa que apontou problemas por conta da escassez de chips, a Intel também caiu hoje, em dia marcado por uma série de revisões para baixo de analistas para o preço de recomendação de compra dos papéis da companhia. Neste cenário, ambas as fabricantes de chips recuaram, Nvidia (-3,53%) e Intel (-5,32%). Ao final, o Dow Jones recuou 0,68%, o S&P 500 teve baixa de 0,72% e o Nasdaq caiu 1,23%. Na Europa, o cenário também foi de quedas, com o DAX recuando 1,47% em Frankfurt, e o FTSE MIB caindo 0,61% em Milão.

Para Moya, os riscos de uma guerra regional estão crescendo e esse é um ambiente difícil para o apetite ao risco. Por outro lado, com a maior busca pela segurança da renda fixa, os rendimentos dos Treasuries longos recuaram, e ao fim da tarde, o da a T-note de 10 anos caía a 1,926% e o T-bond de 30 anos baixava a 2,238%. O retorno da T-note de 2 anos oscilou no decorrer do dia e chegou ao fim da tarde em alta, a 1,477%.

Outro tema de atenção foi a postura do Fed. O presidente da distrital de Nova York, John Williams, reconheceu hoje as dificuldades trazidas pela inflação, mas disse não ver motivos para um passo rápido no aumento de juros já no início. Em tom semelhante, o dirigente do Fed de Chicago, Charles Evans afirmou que é ideal que se evite um aperto excessivo "desnecessário", a menos que o nível inflacionário fique incompatível com a meta de 2% ao ano no longo prazo.

Para a Capital Economics, embora tenha se recuperado hoje, o dólar perdeu um pouco de terreno contra a maioria das principais moedas ao longo da semana como um todo, já que as ata do Fed levou a uma redução das expectativas do mercado para o aperto e o sentimento de risco oscilante nas tensões Rússia-Ucrânia contínua. Ao fim da tarde, o euro recuava a US$ 1,1327, e a libra baixava a US$ 1,3599. Já o DXY, que mede o dólar ante seis rivais, teve alta de 0,25%.

O petróleo fechou em leve alta, impulsionado com as ameaças de tensões à oferta. Ainda assim, a commodity é pressionada por um possível acordo para retomar o pacto nuclear de 2015, que poderia retirar sanções à produção do Irã e, desta forma, aumentar a oferta global. "Se não fossem os relatos de que o acordo é iminente nas negociações com o Irã, os preços do petróleo provavelmente já teriam tentado superar a marca de US$ 100 por barril", diz o Commerzbank. O WTI para abril subiu 0,19% (US$ 0,17), a US$ 90,21, enquanto o Brent para o mesmo mês avançou 0,61% (US$ 0,57), a US$ 93,54.

Em comunicado conjunto, os ministro das Finanças e presidentes de BCs do G20 se comprometem a promover esforços para solucionar os gargalos as cadeias de fornecimento, que são apontados como parcialmente responsáveis pela escalada inflacionária global. Dizem ainda que vão monitorar as tensões geopolíticas crescentes e as vulnerabilidades financeiras, além de adotar análise sistemática dos riscos referentes às mudanças climáticas. (Matheus Andrade - [email protected])

BOLSA

O Ibovespa acumulou nesta sexta-feira a primeira perda semanal desde o intervalo entre 3 e 7 de janeiro, quando havia cedido 2,01%, vindo a referência da B3 de retração de quase 12% ao longo de 2021. Depois da abertura negativa do novo ano vieram cinco semanas de recuperação, iniciada logo na seguinte, entre 10 e 14 de janeiro, quando o índice avançou 4,10%. Agora, com a perda de 0,57% nesta sexta-feira, aos 112.879,85 pontos, o Ibovespa recua 0,61% na semana em que aos 115,1 mil pontos, anteontem, obteve seu melhor nível de encerramento desde 14 de setembro. De lá para cá, em duas sessões negativas, retrocedeu 2,3 mil pontos, refletindo a aversão global a risco, com elevação do grau de incerteza sobre o que sucederá entre Ucrânia e Rússia.

Assim como ontem, as perdas em Nova York foram superiores às observadas na B3 na maior parte da sessão, ao final relativamente limitadas à faixa de 0,68% (Dow Jones) a 1,23% (Nasdaq). No mês, o Ibovespa ainda avança 0,66%, com ganho de 7,69% em 2022. O giro financeiro desta sexta-feira foi de R$ 31,4 bilhões, em dia de vencimento de opções sobre ações. Entre a mínima e a máxima do dia, o Ibovespa oscilou dos 112.701,12 aos 114.213,43, saindo de abertura aos 113.533,58 pontos.

Nesta última sessão da semana, prevaleceu a cautela associada a uma combinação de eventos: o teste com mísseis balísticos e intercontinentais a que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pretende assistir no sábado e o feriado de segunda-feira nos Estados Unidos pelo Dia do Presidente, data federal em que não haverá negócios com ações e títulos no país.

Assim, sem desdobramentos nas últimas 24 horas que contribuíssem para amenizar a fervura no leste europeu, os investidores compraram Treasuries, em busca de proteção, e venderam ações em Nova York - o dia também foi negativo na Europa e na Ásia, com destaque para Frankfurt (-1,47%) e Hong Kong (-1,88%). O dólar DXY, que o contrapõe a seis outras moedas de referência, teve alta moderada nesta sexta-feira.

Funcionários do governo dos Estados Unidos continuam a afirmar que esperam um ataque russo à Ucrânia nos próximos dias, o que pode envolver uma ampla combinação de caças, tanques, mísseis balísticos e ofensivas cibernéticas, com a intenção final de tornar a liderança do país impotente. Autoridades americanas afirmam agora que a perspectiva de evitar a guerra parece muito frágil, e acrescentam que a gestão Joe Biden continuará tentando manter a janela aberta para a diplomacia.

Pela manhã, a indicação de que o secretário de Estado americano, Antony Blinken, deve se reunir com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, na próxima semana, contribuía para alimentar a expectativa de que uma solução diplomática para o impasse sobre a Ucrânia ainda é possível, aponta em nota a Guide Investimentos. O acirramento da tensão entre os separatistas do leste e o governo ucraniano, com relatos de deslocamento de população e ataques pontuais como o que atingiu uma escola ontem, contribui para reforçar a narrativa de que um conflito aberto estaria próximo.

“A imprensa russa confirmou relatos da evacuação de moradores do leste da Ucrânia para a Rússia, e depois (as ações em NY) ficaram negativas após relatos sobre uma explosão em Donetsk”, diz em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York. “Os EUA acreditam que o risco é muito alto de que a Rússia invada a Ucrânia e isso significa que Wall Street permanecerá nervosa até vermos uma grande desescalada, o que agora parece improvável. Os riscos de uma guerra regional estão crescendo e esse é um ambiente difícil para o apetite ao risco. Com os mercados de ações dos EUA fechados na segunda-feira para o Dia do Presidente, muitos investidores estão preferindo segurar o dinheiro devido à intensificação da situação na fronteira com a Ucrânia”, acrescenta.

Ante a incerteza, as expectativas do mercado financeiro para o desempenho das ações no curtíssimo prazo estão mais equilibradas no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira em comparação ao levantamento da semana passada. Entre os participantes, 41,67% disseram que a percepção é de alta para o Ibovespa na próxima semana, enquanto para 25,00% o período entre 21 e 25 de fevereiro será de queda para o índice. Para 33,33%, a variação será neutra. No último Termômetro, 57,14% esperavam ganhos para esta semana; 7,14%, perdas; e 35,71%, estabilidade.

Depois de ter caído mais de 2% pela manhã, os contratos futuros do petróleo fecharam o dia em leve alta, com o Brent acima de US$ 93 por barril - Petrobras ON cedeu 0,64%, mas a PN obteve ganho de 0,61% na sessão. De acordo com a Reuters, um alto funcionário da União Europeia disse nesta sexta-feira que um entendimento entre EUA e Irã para reviver o acordo nuclear iraniano de 2015 está próximo, mas seu sucesso depende da vontade política dos envolvidos. Além da tensão no leste europeu, a aproximação de um acordo nuclear entre Irã e o Ocidente, com potencial para aumentar a oferta da commodity, tem afetado os preços do petróleo recentemente.

Em contraponto ao enfraquecimento de Petrobras, e do grau menor de dinamismo visto em Vale (ON +0,21%), as ações do setor financeiro, o de maior peso no índice, tiveram sessão positiva, com destaque, entre outras, para Banco do Brasil (ON +2,04%), Bradesco (PN +0,57%) e B3 (+0,49%). Na ponta do Ibovespa, Cielo (+12,30%), MRV (+2,73%) e BB (+2,04%). O mercado reagiu bem ao anúncio da Cielo de que sua subsidiária nos Estados Unidos assinou na quinta-feira, 17, contrato para vender a Merchant E-Solutions para a Sam I, subsidiária da Integrum Holdings, em transação que pode chegar a US$ 290 milhões. No lado oposto do Ibovespa, Rumo (-8,81%), Locaweb (-7,12%) e Natura (-5,65%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 112879.85 -0.57134

Máxima 114213.43 +0.60

Mínima 112701.12 -0.73

Volume (R$ Bilhões) 3.14B

Volume (US$ Bilhões) 6.12B

18:28

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 114185 -0.55304

Máxima 115825 +0.88

Mínima 114070 -0.65

CÂMBIO

Os ganhos firmes da moeda americana no exterior e o mau humor predominante das bolsas em Nova York ao longo da tarde - com investidores reduzindo exposição ao risco diante de temores de uma possível invasão russa à Ucrânia nos próximos dias - não foram capazes de tirar o brilho do real nesta sexta-feira (18).

Afora uma alta pontual logo após a abertura dos negócios, o dólar operou sempre em queda no mercado doméstico, na contramão do sinal predominante da moeda tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes.

No início da tarde, o dólar chegou a flertar com o nível de R$ 5,10, ao descer até a mínima de R$ 5,1120 (-1,06%). Com uma desaceleração das perdas na reta final do pregão, fechou R$ 5,14, em baixa de 0,52% - acumulando desvalorização de 1,95% na semana e de 3,13% em fevereiro, após ter recuado 4,84% em janeiro. O real - que muito apanhou no ano passado - lidera o ranking das melhores moedas do mundo em 2022.

Segundo operadores, após a pausa de ontem para ajustes e realização de lucros, a moeda brasileira retomou sua tendência de apreciação, em meio a contínuo fluxo de recursos estrangeiros para os ativos domésticos, além da montagem de posições no mercado de derivativos. Há relatos de grande apetite por operações de "carry trade" (que exploram diferencial de juros entre países) e até o uso do real como hedge (proteção) - uma vez que o Brasil ostenta a maior taxa de juros entre países emergentes (prevê-se que a Selic, hoje em 10,75%, aproxime-se de 13% nos próximos meses), enquanto os países desenvolvidos ainda estão no início de seu processo de normalização monetária.

"Apesar da grande volatilidade por conta da questão geopolítica, que tem quadro bastante indefinido, existe um fluxo de investidores estrangeiros para o Brasil via bolsa e renda fixa, justamente pelo diferencial de juros. Isso é positivo para o comportamento da nossa moeda", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest. Ela não descarta, contudo, a possibilidade de que um agravamento das tensões lá fora possa comprometer em algum momento o apetite ao risco.

Declarações de dirigentes do Federal Reserve ao longo desta tarde esfriaram as apostas em uma alta inicial dos juros nos Estados Unidos em 0,50 ponto porcentual no encontro do BC americano em março. "Não há realmente nenhum tipo de argumento convincente de que você precisa ser realmente mais rápido desde o início", disse John Willians, presidente do Fed de Nova York, acrescentando que a redução do balanço patrimonial da instituição - o que significa retirada dinheiro do sistema - deve ser um processo "estável e previsível". O chefe da distrital de NY do Fed tem sempre poder de voto nas decisões de política monetária.

Economistas e gestores ouvidos pelo Broadcast nos últimos dias afirmam que o mercado já absorveu em grande parte a perspectiva de altas seguidas de juros nos EUA (de quatro a seis) neste ano, além do início da redução do balanço. Na rotação global de portfólios, o real se destaca graças ao juros elevados e ao apetite de investidores por ações de empresas de commodities, o que traz dinheiro para a Bolsa brasileira.

Para o sócio e economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, o Fed deu sinais de que, apesar do tom hawkish", não será "tão agressivo", uma vez que não quer provocar perspectiva de queda expressiva da atividade e dos mercados. A taxa de juros americana - hoje entre 0% e 0,25% - deve atingir no máximo 2% neste ano, podendo chegar em 2,5% em 2023. "As taxas de juros no Estados Unidos em 2022 devem aumentar para uma faixa de até 1,0% e 1,25% no final do primeiro semestre, com prolongamento do ajuste para no máximo 2% no final do segundo semestre, que seria o juro neutro estimado", afirma Velho.

Por aqui, o economista acredita que o atual nível do dólar já reflete a possibilidade de taxa Selic na casa de 12,5%. Embora a atenção neste momento esteja voltada à continuidade do fluxo de recursos estrangeiros e aos desdobramentos da questão envolvendo Rússia e Ucrânia, Velho acredita que, a partir da próxima semana, o mercado de voltar a prestar mais atenção a projetos envolvendo preços de combustíveis em andamento no Congresso, sobretudo as PEC no Senado.

"A racionalidade e a sazonalidade sugerem que esse movimento do dólar tem limites, com a perspectiva da deterioração fiscal que ocorrerá em 2022", afirma Velho. "A agenda política e a perspectiva dos rumos da política econômica ainda não estão precificados pelo mercado".

Quartaroli, do Banco Ourinvest, também chama a atenção para o pano de fundo macroeconômico "frágil", tendo em vista a possibilidade de perda de arrecadação em caso de aprovação da PEC dos Combustíveis do Senado. "Isso pode acabar comprometendo o quadro fiscal, o que é ruim para a nossa moeda", diz a economista, acrescentando que, a despeito da queda recente, a taxa de câmbio pode reagir a qualquer notícia que resulte em aumento da percepção de risco.

Em relação à crise geopolítica, funcionários do governo dos Estados Unidos hoje à tarde disseram esperar um ataque russo à Ucrânia nos próximos dias. Mais cedo, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou hoje que a Rússia continua a enviar reforços militares para a fronteira com a Ucrânia e busca criar um contexto de falsas provações como pretexto para uma invasão. Já o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, descreveu como alarmante o aumento de bombardeios no leste da Ucrânia - o que teria levado grupos separatistas pró-Rússia a promover evacuação de pessoas da região. (Antonio Perez - [email protected])

18:28

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.14000 -0.5206 5.17040 5.11200

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5145.500 -0.69478 5178.500 5117.000

DOLAR COMERCIAL 5196.000 -0.51694 5196.000 5189.000

Volta

JUROS

Os juros passaram o dia em queda, assim como o dólar, na contramão da aversão ao risco no exterior sustentada pela expectativa de invasão da Rússia à Ucrânia que penalizou as ações. No fim da sessão regular, porém, o movimento perdeu força e taxas fecharam perto da estabilidade, com uma maior cautela do investidor ante o fim de semana. A agenda local mais uma vez esvaziada e a falta de destaques no noticiário enfraqueceram os negócios, com o alívio de prêmios ainda justificado pelas boas perspectivas de fluxo externo. Na semana, a curva praticamente manteve os níveis de inclinação, com uma queda ligeiramente maior das taxas curtas ante as longas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou em 12,38% (regular) e 12,365% (estendida), de 12,413% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,456% para 11,400% (regular) e 11,395% (estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,31% (regular) e 11,30% (estendida), de 11,331%.

O bom desempenho do real, uma das poucas moedas emergentes a ganhar hoje do dólar, acabou ajudando a aliviar os prêmios da curva durante todo o dia, até pela falta de referência melhor nesta sexta-feira de poucas novidades. Se o risco geopolítico continua presente em grau elevado, por outro lado a Selic a caminho de superar 12% tem servido de escudo para atrair capital, o que se vê não só no movimento de rotações de setores nas Bolsas, mas também na renda fixa.

Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Renascença DTVM, ressalta o aumento das emissões de NTN-F ao longo de 2022, "o que decorre do aumento da demanda por parte de investidores não-residentes e da percepção, por parte de alguns players, de que taxas a termo (FRA de juros) de longo prazo próximas a 12% embutem um prêmio de risco não desprezível". Segundo ele, em 2022, o DV01 (risco) colocado de NTN-F representa 56% de participação relativa das emissões de prefixados, enquanto em 2021 houve concentração das emissões de pré em LTN, que tiveram 71% de participação relativa no DV01.

Para o estrategista-chefe do CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, a entrada de fluxo tem permitido certo descolamento dos ativos domésticos das tensões externas, graças não só à antecipação do aperto da política monetária mas também à melhor percepção dos investidores estrangeiros sobre as eleições em relação aos locais. "Lá fora, a impressão geral é de que não haverá ruptura na macroeconomia", afirmou. Ainda, diante das controvérsias relacionadas ao presidente Jair Bolsonaro, os não-residentes parecem mais cautelosos com uma possível reeleição do atual mandatário.

Até que o fator "eleição" comece a fazer preço de fato nos ativos, é possível imaginar que o mercado local siga blindado pelo juro elevado, até porque a avaliação é de que o Federal Reserve optará pelo gradualismo no processo de elevação do juro. "As altas do Fed estão sendo muito bem telegrafadas, o que suaviza o risco para os emergentes", disse Caramaschi.

Na reunião de hoje entre analistas do mercado, a diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central, Fernanda Guardado, que acumula interinamente a diretoria de Política Econômica, e o diretor de Política Monetária, Bruno Serra, o destaque foi o debate em torno do grau necessário de aperto monetário frente ao enfraquecimento da atividade e a persistência da inflação.

De acordo com uma fonte, houve discordância entre dois grupos de economistas. De um lado, estava a ala em defesa de uma taxa básica de juros elevada, de no mínimo 12,25% e com viés de alta, que considera a inflação pressionada e a inércia causada por ela como a principal questão do momento. De outro, os que firmaram posição por uma Selic que não chegue a 12,0%, ante o risco de recessão forte neste ano e em um crescimento fraco em 2023. (Denise Abarca - [email protected])

18:27

 Operação   Último 

CDB Prefixado dias (%a.a) 11.00

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 10.65

Over Selic (%a.a) 10.65

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