A disparada do minério de ferro e do petróleo blindaram o Ibovespa da titubeação das bolsas em Nova York e da elevação dos juros e do dólar globalmente. A commodity metálica saltou 5% ante a expectativa de estímulos à siderurgia na China, enquanto a energética avançou 2% à medida que o temor com recessão econômica diminuiu. Com esses suportes, Vale ON subiu 1,35% e Petrobras ganhou 1,64% (ON) e 2,13% (PN). Ações de bancos grandes, como as preferenciais de Itaú Unibanco (+1,39%) e Bradesco (+3,72%), deram força adicional. Assim, o Ibovespa terminou o dia em 106.042,15, valorização de 0,85% e a maior cotação de encerramento em mais de três semanas. No exterior, dúvidas quanto à evolução do crédito, reforçadas por documento do Federal Reserve, tiraram ímpeto de papéis do setor bancário e de tecnologia. Nesta tarde, o relatório trimestral Senior Loan Officer Opinion Survey, do Fed, mostrou que os bancos vêm restringido o crédito em diversas modalidades e projetam um aperto à frente. O índice Dow Jones caiu 0,17%, o S&P 500 teve elevação de 0,05% e o Nasdaq subiu 0,18%. Os juros dos Treasuries avançaram, com a referência de 2 anos perto dos 4% no fim do pregão das bolsas. O índice para o dólar DXY subiu a 101,377 pontos (+0,16%). Além da pressão externa, a curva de juros e o mercado de câmbio locais reagiram em alta com a indicação do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, à diretoria de Política Monetária do Banco Central. Uma ala dos agentes acredita que o atual número dois de Fernando Haddad pode ampliar os ruídos na comunicação do BC e gerar atritos na autarquia, em meio à visão de que estaria mais alinhado à pressão do governo para baixar os juros. Houve ganho de inclinação na curva futura, reflexo da percepção de maior risco. O dólar à vista subiu a R$ 5,0115, alta de 1,37%.
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BOLSA
O Ibovespa retomou o nível de 106 mil pontos nesta segunda-feira, não visto em fechamento desde o intervalo entre 11 e 18 de abril. No melhor patamar intradia em quase um mês e encadeando três ganhos nesta abertura de semana, o Ibovespa subiu 0,85%, aos 106.042,15 pontos, entre 105.161,13, mínima na abertura, e 106.715,75 (+1,49%), na máxima no começo da tarde, mesmo com o sinal negativo de Nova York em boa parte da sessão. O bom desempenho das ações de commodities, em dia de recuperação para o petróleo e o minério de ferro, prevaleceu sobre a cautela externa e os ruídos domésticos, em sessão na qual o Ibovespa contou também com o impulso dos papéis do setor financeiro, de grande peso no índice.
"Otimismo prevaleceu desde a abertura com as commodities, a que o Ibovespa tem forte exposição", diz Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, observando que os mercados de Nova York ainda digeriam, nesta segunda-feira, leitura sobre o relatório do mercado de trabalho americano, na última sexta, bem como declarações da secretária do Tesouro, Janet Yellen, no fim de semana, em meio à disputa política pela elevação do teto de gastos federais. Expectativa também do mercado para novos dados de inflação nos Estados Unidos esta semana, acrescenta o analista. Ao fim, Dow Jones mostrava leve perda de 0,17% na sessão, com S&P 500 e Nasdaq em alta, respectivamente, de 0,05% e 0,18%.
Na ponta do Ibovespa, destaque para o prolongamento de ganhos nas ações da Braskem, em alta de 6,48% após avanço superior a 23% na sexta-feira, com os relatos sobre oferta de aquisição da empresa - hoje, atrás de Carrefour Brasil (+7,26%) e de Assaí (+6,57%), em recuperação técnica após ambas as redes terem indicado dificuldades no cenário ao divulgarem os respectivos resultados, na última semana, com aumento de concorrência e pressão sobre as margens, aponta Costa, da Toro. Destaque também nesta segunda-feira para Alpargatas (+7,44%) e BRF (+7,01%).
No lado oposto do Ibovespa nesta abertura de semana, SLC Agrícola (-6,80%), Iguatemi (-2,69%) e JBS (-2,63%). Entre as blue chips, Petrobras ON e PN fecharam o dia em alta, respectivamente, de 1,64% e 2,13%, enquanto Vale ON avançou 1,35% na sessão, de ganhos bem distribuídos também entre os grandes bancos (destaque para Bradesco PN +3,72%), à exceção de BB (ON -0,39%). Como na última sexta-feira, o giro na B3 mostrou-se mais agudo do que a média recente, hoje a R$ 29,3 bilhões.
Apesar da elevação do dólar frente ao real (+1,37%, a R$ 5,0115) e também da curva de juros doméstica, especialmente dos vencimentos mais longos - após a confirmação de que o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, é o indicado do governo para a diretoria de Política Monetária do BC, vaga desde o fim de fevereiro -, o Ibovespa conseguiu manter o viés positivo mesmo em dia negativo para as ações de utilities, em especial Eletrobras (ON -1,71%, PNB -1,74%). As perdas para a elétrica já superam 20% no ano, no caso da ação ordinária, em meio a investidas do presidente Lula contra a venda da (então) estatal pelo governo Bolsonaro.
Para Antonio Junqueira, head de research do Citi para a América Latina, atuação do governo junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que declare como inconstitucional a cláusula que limita a 10% o poder de voto da União na Eletrobras privatizada é uma manobra no sentido de tentar recuperar um direito que havia sido "vendido" na negociação do ativo, em tentativa, agora, de ruptura de contrato assinado pela administração anterior.
"O compromisso com contratos assinados por líderes anteriores é precisamente o que faz de um país um bom lugar para alocação de recursos de longo prazo - chave para investimentos em infraestrutura que melhoram diretamente a qualidade de vida de todos os brasileiros", acrescenta Junqueira em análise distribuída a clientes do Citi.
Embora esperada, a confirmação da indicação de Galípolo para o posto-chave de política monetária no colegiado do BC, comandado por Roberto Campos Neto - sob fogo cerrado há meses pelo nível da Selic -, refletiu-se mais no câmbio e nos juros do que propriamente na Bolsa, que ainda acumula descontos. No ano, o índice da B3 segue no negativo (-3,36%), após um mês de janeiro de avanço, sucedido por perdas entre fevereiro e março. Em maio, sobe agora 1,54%, após alta de 2,50% em abril.
"Por mais capacitado e técnico que o Galípolo seja - a questão não é entrar nesse mérito -, é óbvio que vai ter leitura do mercado de o governo 'forçar a barra' para direcionar a menores juros, de pautas de atividade e emprego sendo olhadas também pelo Banco Central. O mercado já esperava isso, não contraria a expectativa, mas sim a opinião do que eventualmente seria melhor para o BC", diz Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos.
"Mais um movimento para pressionar o Banco Central a cortar juros", enfatiza Marcatti, ressalvando que as decisões do BC são colegiadas e têm sido unânimes na atual configuração do Copom. "Baixar juros na marra não funciona, ainda que o governo mostre insatisfação. Faz parte do show o governo brigar por mais atividade, mas precisa fazer também a parte dele." (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 106042.15 0.84991
Máxima 106715.75 +1.49
Mínima 105161.13 +0.01
Volume (R$ Bilhões) 2.92B
Volume (US$ Bilhões) 5.88B
18:06
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 107010 0.38462
Máxima 108035 +1.35
Mínima 106690 +0.08
MERCADOS INTERNACIONAIS
O relatório do Federal Reserve (Fed) sobre as condições de crédito nos Estados Unidos ofereceu fôlego para o dólar e para os juros dos Treasuries ao longo da tarde. O documento revelou que os bancos americanos restringiram o crédito em diversas áreas e projetam aperto maior até o final de 2023, diante da perspectiva econômica menos favorável e tolerância reduzida ao risco. As constatações contribuíram para a pressão nas bolsas Nova York, embora tenham sido contrabalançadas pelo desempenho favorável de bancos regionais e do setor de comunicação. Ainda, o alívio nas preocupações com o setor bancário dos EUA levou o petróleo a estender ganhos e fechar em alta de 2%. Após o fechamento dos mercados, um novo relatório do Fed ressaltou a estabilidade de depósitos e resiliência dos grandes bancos americanos.
Publicado hoje, o relatório trimestral Senior Loan Officer Opinion Survey do Fed mostrou um aperto disseminado nas condições de crédito dos Estados Unidos. Segundo o levantamento, os bancos reportaram demanda mais fraca por empréstimos pessoais e comerciais, além de padrões mais rígidos para algumas categorias. Os bancos justificaram o aperto no primeiro trimestre pela perspectiva econômica menos favorável, tolerância reduzida das instituições ao risco e uma deterioração em valores de colateral nos seus portfólios. Os entrevistados também revelaram preocupações sobre os custos de financiamento e as posições de liquidez dos bancos, assim como projetaram aperto maior nas condições de crédito até o final deste ano.
O CIBC Economics analisa que o relatório apoia um tom mais cauteloso por dirigentes do Fed em relação às taxas de juros, observando que poucos bancos relataram mudanças "consideráveis" no crédito, sugerindo que apostas do mercado por cortes rápidos nos juros podem ser "equivocadas". Já a Oxford Economics avalia que a intenção dos bancos de endurecer a concessão de empréstimos e seu consequente aperto no crédito devem empurrar a economia dos EUA para uma recessão.
O dólar ganhou força ante outras divisas após a publicação do documento, levando o DXY às máximas. Por volta das 17 horas (de Brasília), o dólar subia a 135,17 ienes, o euro recuava a US$ 1,1005 e a libra tinha baixa a US$ 1,2619. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,16%, a 101,377 pontos.
Este cenário também favoreceu alta nos rendimentos dos Treasuries, impulsionando os rendimentos T-note de 10 anos e o T-bond de 30 anos às máximas. No horário citado, o retorno da T-note de 2 anos subia a 3,999%, na máxima do dia, o da T-note de 10 anos avançava a 3,511% e o do T-bond de 30 anos subia a 3,830%.
As constatações de perspectiva econômica menos favorável e maior aperto no crédito pesaram temporariamente sobre as bolsas de Nova York, contribuindo para a pressão já realizada por algumas techs e empresas do setor farmacêutico. A pressão, contudo, foi contrabalançada pelo desempenho de bancos regionais, em meio ao alívio nas turbulências, e do setor de comunicação. Assim, os índices encerraram a tarde mistos, com o Dow Jones cedendo 0,17%, o S&P 500 avançando 0,05% e o Nasdaq subindo 0,18%. Na divisão de setores da S&P, o de comunicação liderou a alta, subindo 1,27%.
Entre as ações de bancos regionais, o Pacwest terminou a sessão em alta de 3,65%, devolvendo boa parte dos ganhos da manhã, enquanto o First Horizon recuou 2,19%. No radar, fontes revelaram ao Wall Street Journal que a desistência do acordo para venda do First Horizon ao Toronto-Dominion Bank (TD Bank), na semana passada, resultou da resistência de reguladores americanos de aceitarem a operação, diante de dúvidas sobre as políticas do canadense para lidar com transações suspeitas. Já no setor farmacêutico, a Catalent despencou 25,74%, após a empresa adiar o lançamento do seu terceiro trimestre fiscal.
Após o fechamento dos mercados, o Fed divulgou um novo relatório, desta vez sobre a estabilidade financeira nos Estados Unidos. O estudo aponta que houve uma estabilização nos depósitos bancários graças a ações de reguladores, embora os desdobramentos dos estresses no setor ainda possam pesar sobre o crédito no país. Mais cedo, o presidente da distrital de Chicago, Austan Goolsbee, comentou que percebe sinais preliminares de uma crise de crédito nos EUA e que os efeitos das recentes turbulências bancárias no crédito serão cruciais para as próximas decisões de política monetária. Goolsbee tem direito a voto nas decisões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).
A perspectiva de alívio nas turbulências do setor bancário conseguiu oferecer impulso aos preços do petróleo nesta sessão, estendendo ganhos da última sexta-feira. Para o Danske Bank, e houver uma melhora mais significativa no sentimento de risco, os preços do Brent podem voltar a subir acima de US$ 80 o barril. No fechamento, o petróleo WTI para junho subiu 2,55% (+US$ 1,82), a US$ 73,16 por barril, e o Brent para julho avançou 2,27% (+US$ 1,71), a US$ 77,01 por barril. (Laís Adriana - [email protected])
JUROS
A curva de juros futuros ganhou inclinação nesta segunda-feira, 8, reflexo do aumento da percepção de risco do mercado após a confirmação de que o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, será indicado diretor de Política Monetária do Banco Central. Em meio a altas do dólar e dos rendimentos dos Treasuries, a informação levou a um aumento dos prêmios de risco nos contratos de DI, especialmente os mais longos.
Na comparação com o ajuste da última sexta-feira, 5, a taxa do contrato para janeiro de 2029 avançou 14,1 pontos-base, de 11,849% para 1,990%. O movimento se repetiu, em menor escala, nos contratos com vencimento para janeiro de 2024 (13,196% para 13,220%) e 2027 (11,472% para 11,575%). O contrato para janeiro de 2025 teve leve queda, de 1,5 ponto-base, de 11,705% para 11,690%.
A confirmação do nome de Galípolo no início da tarde chegou a sustentar uma queda pontual das taxas para 2024 a 2026, devido à avaliação de que o economista poderia servir como contraponto dovish no Comitê de Política Monetária (Copom), em linha com a pressão do governo pela diminuição da taxa Selic. Mas, ao longo da sessão, as preocupações em torno de ruídos na comunicação do BC levaram à reversão parcial do movimento.
Em entrevista ao Broadcast, o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman alertou que a indicação do economista seria lida como um sinal de que a autoridade monetária poderá se tornar "muito mais leniente" com a inflação nos próximos anos. Isso porque Galípolo é visto como favorito para a sucessão do atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, após o fim do seu mandato, em dezembro do ano que vem.
Também por isso, o Goldman Sachs alertou que a nomeação do secretário-executivo da Fazenda pode aumentar os ruídos na comunicação do BC e gerar atritos na autarquia. Em relatório, o diretor de Pesquisa Macroeconômica do banco para América Latina, Alberto Ramos, notou que a participação de Galípolo no Copom pode levar a decisões divididas de política monetária e a visões opostas sobre o nível correto dos juros.
"A ideia de indicar um sujeito que tem a perspectiva de se tornar o presidente do BC lá na frente de alguma maneira constrange o mandato da diretoria atual e, ao mesmo tempo, sinaliza que pode haver uma politização do BC mais à frente, e a curva refletiu isso", resume o economista-chefe da Terra Investimentos, João Maurício Lemos Rosal, lembrando o papel de Galípolo como braço direito do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
Para alguns profissionais, a indicação do economista ao BC serviu como gatilho para disparar as preocupações acumuladas com uma série de ruídos políticos na última semana, marcada por uma queda das taxas longas. Sobre o mercado, ainda pairam incertezas em torno do desenho final do novo arcabouço fiscal e da capacidade de articulação do governo, após a derrubada dos decretos do saneamento pela Câmara na última quarta-feira, 3.
O somatório de incertezas domésticas aumentou a percepção de risco em um dia já marcado por altas do dólar - que fechou com ganho de 1,37% em relação ao real, a R$ 5,0115 - e dos rendimentos dos Treasuries nos Estados Unidos, com pressão altista sobre a curva local. Ao fim da sessão, o spread entre os contratos para janeiro de 2025 e janeiro de 2029 era de 30 pontos-base, ante 24 pontos-base na última sexta-feira, 5.
"O dólar subindo e os Treasuries subindo ajudam a referendar esse movimento de abertura da curva hoje, depois do fechamento da semana passada", diz o operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos André Alírio. "Esse movimento de maior preocupação lá fora, numa linha de que talvez não tenha tanto espaço para alívio, talvez tenha puxado mais do que nossas discussões políticas." (Cícero Cotrim - [email protected])
CÂMBIO
O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 8, em alta de 1,37%, cotado a R$ 5,0115, alinhado ao sinal positivo da moeda americana frente a divisas fortes e emergentes pares do real, como peso mexicano e chileno. Operadores notaram também um movimento de realização de lucros e recomposição de posições defensivas, sobretudo em razão de temores de ingerência do governo na condução da política monetária, após a confirmação da indicação do secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, para a diretora de Política Monetária do Banco Central.
Em alta desde a abertura dos negócios, o dólar ultrapassou a barreira dos R$ 5,00 no fim da manhã, enquanto investidores digeriam a confirmação de Galípolo no BC, algo que vinha sendo ventilado desde o fim da semana passada, como mostrou o Broadcast. Já pressionado pelo quadro doméstico, o dólar renovou máxima a R$ 5,0175 ao longo da tarde, acompanhando o comportamento do índice DXY - termômetro do desempenho da moeda americana frente a seis divisas fortes. Moedas de países exportadores de commodities desenvolvidos se valorizaram, em dia de avanço do petróleo e do minério de ferro.
"Percebi uma alta maior do dólar após a notícia da indicação do Galípolo para o BC. Mercado retomou uma postura mais defensiva com medo de que o governo possa tentar interferir na condução da política monetária", afirma o analista de câmbio Elson Gusmão, da corretora Ourominas, ressaltando que, apesar do avanço hoje, a taxa de câmbio parece ter se acomodado em níveis mais baixos nas últimas semanas, ao redor de R$ 5,00. "Vamos ver como vai vir a ata do Copom amanhã e o CPI (índice de preços ao consumidor) americano, na quarta-feira".
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a primeira vez que ouviu a sugestão de Galípolo para uma diretoria do BC foi do próprio presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. A indicação seria uma forma de "entrosar as equipes do BC e Fazenda". Para a outra diretoria vaga do BC, a de Fiscalização, a escolha do governo foi Ailton Aquino, atual chefe do Departamento de Contabilidade, Orçamento e Execução Financeira.
Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmam que Galípolo não deve sofrer resistência dos técnicos do BC. Segundo relatos, o secretário-executivo da Fazenda é o melhor entre os nomes que circularam, tem experiência no mercado financeiro (foi presidente do Banco Fator entre 2017 e 2021) e já mantém uma boa interlocução com a autarquia. Um servidor ponderou, contudo, que se a intenção do governo Lula for colocar um "soldado" dentro do BC a favor de uma política monetária mais frouxa, pode se frustrar. Ir contra a área técnica, que dificilmente seria favorável a um "cavalo de pau" na política monetária, geraria um constrangimento para Galípolo.
A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, observa que o dólar subiu e voltou a superar R$ 5,00 hoje, apagando as perdas da semana passada, apesar da alta do Ibovespa e da valorização das commodities, diante da perspectiva de que a economia dos EUA não vai enfrentar uma desaceleração severa. "Quando olhamos para moeda, não vemos esse apetite por risco. Tem uma devolução da alta recente do real por conta de certa cautela com a tramitação do arcabouço fiscal e as nomeações para o BC. A leitura dos investidores é que o governo quer uma composição do BC nos próximos dois anos um pouco mais à esquerda", diz Abdelmalack.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o governo fará um esforço para que os dois nomes indicados por Fazenda à diretoria do BC sejam enviados entre hoje e amanhã ao Congresso Nacional. Padilha disse que vai marcar para esta semana uma conversa com o relator da proposta do arcabouço fiscal na Câmara, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), para tratar do tema. A expectativa, segundo Padilha, é que o texto seja entregue nesta semana e que a votação ocorra na semana que vem.
Entre indicadores, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) informou à tarde que a balança comercial registrou superávit de US$ 2,333 bilhões na primeira semana de maio. No ano, o superávit acumulado é de US$ 26,240 bilhões. Pela amanhã, o boletim Focus trouxe redução da mediana das projeções para o IPCA deste ano (de 6,05% para 6,02%) e de 2024 (de 4,18% para 4,16%). (Antonio Perez - [email protected])
18:02
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