O aumento das chances de vitória do democrata Joe Biden, ao longo da segunda metade da sessão, fortaleceu o apetite por risco no mundo, fez as bolsas dispararem, deu fôlego às divisas emergentes, inclusive ao real, e ajudou na forte baixa das taxas de juros. Mesmo que nunca tenha sido o preferido do mercado, Biden pode representar, neste momento de uma segunda onda de covid, menos incerteza para os negócios. E enquanto a possibilidade cada vez maior de judicialização do pleito nos EUA foi relegada ao segundo plano, a grande chance de divisão do Congresso americano, com maioria democrata na Câmara e, republicana, no Senado, foi vista pelo lado do copo meio cheio. Isso porque, se o pacote de estímulo à economia tende a ser menor do que se Biden tivesse maioria nas duas casas, também fica mais difícil para o democrata promover mudanças regulatórias profundas ou aumento de impostos. Tal fato ajuda a explicar a alta firme dos principais índices em Wall Street, com destaque para o avanço de 3,85% do Nasdaq, visto que o setor de tecnologia é o grande vitorioso com esse cenário: vinha sendo alvo do presidente Donald Trump e poderia sofrer com regulações e impostos por parte de Biden. E como esse eventual quadro mais estável nos EUA também deve beneficiar emergentes, o Ibovespa pegou carona no otimismo e saltou quase 2 mil pontos na sessão de hoje, ao subir 1,97%, para 97.866,81 pontos. No câmbio, o dólar teve ampla oscilação ante o real, de cerca de 12 centavos entre a máxima e a mínima desta quarta-feira, mas firmou-se em queda e terminou perto do piso do pregão, ao ceder 1,88%, a R$ 5,6538, influenciado pelo exterior, mas também por fatores positivos no âmbito doméstico: aprovação da autonomia do Banco Central, no Senado, e derrubada do veto presidencial à desoneração da folha de pagamentos, no Congresso. E até mesmos os juros futuros deixaram de lado as incertezas com a questão fiscal brasileira e embarcaram em um movimento consistente de devolução de prêmios, com desinclinação da curva a termo.
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