Se a inflação ao consumidor dos EUA, acima das estimativas em janeiro, já trouxe a percepção de que os juros poderiam subir com mais intensidade por lá, James Bullard, dirigente do Fed, acabou tornando majoritária as apostas de que o primeiro aperto monetário na maior economia do mundo começará no ritmo de 0,50 ponto, e não em 0,25 ponto, como a maioria esperava. Isso ocorreu após ele dizer, no começo da tarde, que gostaria que os juros no país subissem 100 pontos base até 1º de julho. Como resultado, além da disparada dos yields dos Treasuries precificando esse novo cenário, as bolsas de Nova York aprofundaram as perdas e terminaram com recuo de mais de 1%, enquanto o dólar ganhou força ante uma parte das demais divisas. Tudo isso, porém, acabou não tendo efeito linear sobre os ativos domésticos. O câmbio foi o mais sensível, uma vez que a moeda dos EUA operou em baixa durante grande parte do dia e virou imediatamente após as palavras de Bullard, até terminar a R$ 5,2418 (+0,29%). E o que limitou um movimento mais forte do dólar foi, no fim das contas, o fluxo positivo de recursos para as rendas fixa e variável. Os juros futuros engataram mais uma sessão de acúmulo de prêmios, numa sequência que inclui, nesta ordem, ata do Copom mais dura, declarações hawkish do diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, e avanço das taxas nos EUA. Já o Ibovespa, puxado por ações ligadas a commodities, como Vale e Petrobras, além de papéis do setor financeiro, que se recuperaram do recuo da véspera, contrariou Wall Street e subiu 0,81%, aos 113.367,77 pontos. Esse descolamento da Bolsa ante os pares externos, aliás, tem sido frequente e muitos analistas tem chamado de rotação de portfólio, com investidores abandonando países desenvolvidos num momento de enxugamento da liquidez para buscar pechinchas entre ativos emergentes. Nunca é demais lembrar que o Ibovespa tombou 12% no ano passado, enquanto bolsas europeias e americanas acumularam ganhos de dois dígitos.
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MERCADOS INTERNACIONAIS
Depois de ver a inflação anual nos EUA bater 7,5% em janeiro, o presidente da distrital de St. Louis do Federal Reserve (Fed), James Bullard, afirmou que gostaria que os juros no país subissem 100 pontos base até 1º de julho. As apostas monitoradas pelo CME Group, que antes da fala do banqueiro central já apontavam probabilidade acima de 50% de aumento de 50 pontos-base na reunião de política monetária de março, chegaram a marcar quase 100% de chance de isso acontecer após os comentários. Os rendimentos dos Treasuries deram um salto durante a sessão, enquanto as bolsas de Nova York ficaram no vermelho. Já o dólar se mostrou volátil ante outras moedas fortes, enquanto o petróleo teve leve recuo, após registrar altas e baixas na sequência da divulgação do relatório mensal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Em entrevista à Bloomberg, Bullard - que tem direito a voto nas reuniões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) - disse que apoiaria um aumento de 50 pontos-base nos juros nos EUA, o primeiro desde 2000. O dirigente ainda cogitou a possibilidade de que em algum momento o Fed considere mexer nos juros entre as reuniões de política monetária. As sinalizações foram incorporadas por investidores, e segundo o monitoramento do CME, há pouco 98,6% das apostas eram de uma alta de 50 pontos-base já em março, e 1,4% de uma elevação de 25 pontos-base. Ontem o quadro era oposto: 24% de apostas em uma alta de 50 pontos-base e 76%, em 25 pontos-base.
O cenário elevou os rendimentos dos Treasuries, e levou o Danske Bank a aumentar sua previsão para o juro da T-note de 10 anos de 2,25% para 2,45% ao longo dos próximos 12 meses. Durante a tarde, um leilão de US$ 23 bilhões em T-bonds de 30 anos registrou yield de 2,340% e demanda acima da média. A sessão contou ainda com a inversão na curva de juros, com os rendimentos da T-note de 7 anos ultrapassando os da T-note de 10 anos em determinados momentos. Ao fim da tarde, o rendimento da T-note de 2 anos subia a 1,607%, o da T-note de 7 anos ia a 2,053%, o da T-note de 10 anos avançava a 2,055% e o T-bond de 30 anos tinha ganho a 2,328%.
"Uma inflação alta fez Wall Street se preparar para um aumento de meio ponto da taxa do Fed em março e com aumento de um ponto porcentual completo até julho", aponta Edward Moya, analista da Oanda. As ações dos EUA caíram depois que os preços em alta fizeram com que os investidores adicionassem outro aumento da taxa de juros, elevando o total para seis altas neste ano, segundo ele. A ferramenta do CME Group, entretanto, mostra que o mercado já incorpora alguma chance de que os juros cheguem à faixa de 2,50% a 2,75% neste ano.
"As ações de tecnologia sofreram o maior golpe, já que as pressões inflacionárias subjacentes permanecem fortes e sustentam as expectativas de relatórios mais quentes nos próximos meses ou dois", afirma Moya. Neste cenário, Apple (-2,34%), Amazon (-1,35%) e Netflix (-1,60%) estiveram entre os principais recuos. A temporada de balanços prosseguiu hoje, e Twitter (-1,98%) e Pepsico (-2,08%) recuaram. Já a Coca-Cola ampliou lucros e receita acima do esperado, avançando 0,54%. Ao final, o Dow Jones recuou 1,47%, o S&P 500 teve baixa de 1,81% e o Nasdaq caiu 2,10%. Na Europa, os principais índices tiveram um cenário misto, com o CAC 40 recuando 0,41% em Paris e o FTSE 100 subindo 0,38% em Londres.
Seguindo o CPI, o dólar se fortaleceu, mas na comparação com o euro, o Rabobank lembra que a moeda americana não conseguiu segurar os ganhos, "resultando em uma quebra rápida no sentido contrário". Além do recente posicionamento hawkish do Banco Central Europeu (BCE), o banco holandês vê condições de apoio à recuperação do euro. Entre as razões, o Rabobank cita declarações de dirigentes do BCE e uma maior sinalização de preocupações com a inflação. Deste modo, a instituição elevou sua projeção do euro ao meio do ano de US$ 1,10 para US$ 1,11. Hoje, ao fim da tarde, a moeda comum se valorizava a US$ 1,1440. Já o iene recuava, com o dólar a 115,98 ienes. Assim, o índice DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais, teve alta de 0,06%.
O petróleo chegou a ser pressionado pelo avanço da moeda americana, mas a reversão do movimento colocou maior atenção em questões geopolíticas e nas perspectivas de produção. Em relatório mensal, a Opep reiterou sua projeção de aumento de 4,2 milhões de barris por dia (bpd) na demanda global em 2022. Fora do grupo, a previsão segue de que a oferta suba em 3 milhões de bpd. O WTI para março fechou em alta de 0,25% (US$ 0,22), a US$ 89,88, o Brent para o mês seguinte caiu 0,15% (US$ 0,14), a US$ 91,41. (Matheus Andrade - [email protected])
CÂMBIO
A volatilidade deu o tom aos negócios no mercado de câmbio doméstico nesta quinta-feira (10), com investidores recalibrando as apostas para o ritmo de alta da taxa de juros nos Estados Unidos, após o índice de inflação ao consumidor (CPI) em janeiro (+0,6%) superar as estimativas (+0,4%) e apresentar taxa de 7,5% na comparação anual, a maior em 40 anos.
O dólar à vista trocou de direção diversas vezes ao longo do dia, em sintonia com o ambiente externo. Apesar da disparada do retorno das Treasuries, reflexo da perspectiva de uma elevação mais rápida e prolongada do juro nos EUA, a moeda americana teve um comportamento misto tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes - operando em queda firme na comparação com rand sul-africano e o peso chileno, mas em alta frente ao peso mexicano, o rublo e a rupia indiana.
Instável, o real trabalhou ora no grupo dos vencedores, ora no dos perdedores. As mínimas da sessão por aqui vieram no início da tarde, no melhor momento para os emergentes, quando o dólar à vista rompeu o piso de R$ 5,20 e desceu rapidamente R$ 5,1748. Já a máxima, a R$ 5,2509, ocorreu quando as bolsas americanas ampliaram as perdas e as taxas dos Treasuries tocaram máximas, insufladas por declarações do presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, que tem direito a voto nas reuniões de política monetária.
Maior expoente da ala conservadora do BC americano, Bullard afirmou que gostaria de ver um aumento de 100 pontos-base na taxa de juros dos EUA - hoje entre 0% e 0,25% - até 1º de julho deste ano, com um aumento inicial de 0,50 pontos-base. Segundo o monitoramento do CME, na esteira do CPI de janeiro, as apostas em torno de uma de elevação de 50 pontos-base já em março saltaram de cerca de 25% para mais de 80%. Além do índice de inflação cheio, o núcleo do CPI - que exclui preços de energia e alimentos, que são mais voláteis - também superou as estimativas, com alta de 0,6% em janeiro e 6% na comparação anual.
Após tantas idas e vindas, no fim do dia o sinal positivo prevaleceu por aqui, com nítida influência da aceleração da moeda americana ante emergentes pares lá fora. Assim, o dólar à vista fechou no mercado doméstico cotado a R$ 5,2418, em alta de 0,29%. Apesar da ter avançado hoje, a moeda acumula queda de 1,51% na semana. Em 2022, o dólar tem desvalorização de 5,99%. O giro com o contrato de dólar futuro para março, principal termômetro do apetite por negócios, foi robusto, superando US$ 15 bilhões.
Para o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o ambiente de volatilidade deve permanecer, mas o real pode continuar a se valorizar daqui para frente, caso não haja notícias internas muito negativas ou uma alta ainda mais aguda das taxas dos Treasuries nos Estados Unidos. "O Brasil tem uma taxa real de juros de 6%. Os preços das commodities, como milho, soja e café, estão altíssimos em dólar. É claro que se houver um estresse muito forte lá fora, com a Treasury de 10 anos indo para 4%, o real vai sentir. Mas não é isso que está no radar", afirma Weigt, para quem a permanência da taxa da T-note de 10 anos em 2% "não significa muita coisa", já que o "diferencial de juros continua enorme".
A tese da rotação de portfólio, com investidores abandonando países desenvolvidos para buscar pechinchas entre ativos emergentes, como ações e moedas, ainda predomina nas mesas de operação. Com a perspectiva de novas altas da Selic, após a ata do Copom e declarações, ontem, do diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra, a renda fixa brasileira fica cada vez mais atraente. A bolsa doméstica, com peso considerável de ações de valor ligadas a commodities, apresentou alta firme, desgarrando-se das perdas em Nova York.
O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, chama a atenção para o fato de a China continuar a promover estímulos financeiros, com redução de depósito compulsório e taxas juros. "O estoque de moeda (M2) passou de uma alta de 9,0% ao ano em dez de 2021 para 9,2% em janeiro, sendo que os "novos empréstimos" na China mais que triplicaram em janeiro, o que beneficia os preços das commodities, como o minério", afirma Velho, em relatório, acrescentando que hoje os mercados operaram mais sob influência da leitura de inflação nos EUA.
O professor Alexandre Cabral, que atua na B3 na Anbima, observa, no Twitter, que, entre 1º até 4 de fevereiro, os estrangeiros compraram US$ 931 milhões em ações. Como a entrada líquida de dólares nesse período foi de US$ 3,85 bilhões, conclui-se que a maior parte dos recursos externos (US$ 2,92 bilhões) acabou indo para renda fixa e fundos.
Dados da corretora Renascença mostram que ontem os fundos locais aumentaram ontem a posição vendida em dólar futuro na B3 (que ganha quando a divisa recua) em 12 mil contratos (US$ 6 bilhões), tendo os bancos na contraparte. (Antonio Perez - [email protected])
18:25
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.24180 0.2851 5.25090 5.17480
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5273.000 0.23762 5277.500 5195.500
DOLAR COMERCIAL 5320.000 09/02
JUROS
Os juros futuros voltaram a subir nesta quinta-feira, completando a terceira sessão seguida de alta no caso dos vencimentos de curto prazo. A curva doméstica hoje foi subjugada pelas forças externas, após a divulgação, nos Estados Unidos, da inflação de janeiro no maior nível em 40 anos e acima das previsões, o que catapultou o rendimento dos Treasuries - a taxa da T-Note de dez anos rompeu 2%. Ao mesmo tempo, as mensagens da ata do Copom e do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, sinalizando maior rigidez no ciclo de aperto da Selic continuaram inspirando cautela. Outro vetor altista foi o leilão de prefixados do Tesouro, com risco maior para o mercado.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 12,262% para 12,35% (regular), ao maior nível desde 1º de novembro, quando também fechou em 12,35%, e na estendida ficou em 12,345%. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 11,325% (regular) e 11,285% (estendida), de 11,191% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,30% (regular) e 11,28% (estendida), de 11,195%.
As que mais subiram foram as intermediárias, entre 2024 e 2026, horizontes que estão sujeitos tanto aos efeitos defasados das decisões do atual ciclo de política monetária quanto aos movimentos externos, além de servirem de hedge na montagem de posições para o leilão - hoje o Tesouro elevou significativamente a oferta de LTN em relação às operações anteriores.
Mas, de modo geral, a percepção dos agentes foi a de que, diante do estrago feito pelo índice de inflação ao consumidor nos EUA (CPI, em inglês) sobre os ativos globais, a pressão aqui foi limitada, dado que contra fluxo não há argumentos. "Os gringos perceberam que Bolsonaro está indo embora e não estão dando bola para as barbeiragens de Brasília", disse um gestor, lembrando que na memória dos não-residentes permanece a postura fiscal responsável do governo do ex-presidente Lula, que lidera com folga as pesquisa de intenção de voto na corrida eleitoral.
Além disso, o recado do Banco Central de que terá encerrado o ciclo de aumento de juros em "mais um par de reuniões mais ou menos" e a percepção de que, depois disso, a Selic se manterá elevada por um bom tempo dão conforto para posições aplicadas nas regiões mais longas da curva, preferidas pelos estrangeiros. E um dos melhores termômetros desse movimento é a taxa de câmbio, com o dólar hoje tendo caído abaixo de R$ 5,20 nas mínimas do dia.
Nos Estados Unidos, o CPI subiu 0,6% em janeiro, assim como também o núcleo, ante expectativa, para ambos, de 0,4%. Na comparação anual, a inflação deu um salto de 7,5%, o maior patamar desde fevereiro de 1982. Como resultado, o mercado já espera que o Federal Reserve vai começar o ciclo de início de aperto de juro com uma dose mais forte, de 50 pontos-base, na reunião de março. Nos ativos, a taxa da T-note de 10 anos superou 2% pela primeira vez desde agosto de 2019. À tarde, o presidente do Federal Reserve (Fed) de St. Louis, James Bullard, membro votante do Fomc, defendeu alta de 100 pontos-base até 1º de julho. Foi além e levantou a possibilidade de que em algum momento o Fed considere mexer nos juros entre as reuniões.
O temor de descontrole inflacionário vem se mostrando cada vez mais globalizado, com os bancos centrais de economias emergentes tendo saído à frente no combate à escalada dos preços. Hoje, o Banco Central do México (Banxico) elevou sua taxa de juros em 50 pontos, para 6,00%, em decisão dividida, com um dos cinco membros do conselho votando por um aumento de 25 pontos.
Ao Broadcast Live, o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, disse acreditar que o movimento coordenado dos Bcs das economias centrais vai ajudar o Brasil, mas com efeitos mais demorados. "Aqui, o BC vai ter de apertar o juro até 12,25%, 12,5% para conter a onda inflacionária", previu. Segundo ele, juros de 12,5% para a inflação projetada de 4% resultam em taxa real de 8%. "Vis-à-vis juro de equilíbrio de 4%, é muito contracionista", disse Megale para quem o País pode voltar a trabalhar com juro de um dígito, "não de 2% ou 4%, mas sim em torno de 7,5%", com mudanças estruturais.
No gerenciamento da dívida, o Tesouro vendeu 8,3 milhões de LTN, ou quase toda a oferta de 8,5 milhões no leilão, e 860,1 mil NTN-F, ante oferta de 900 mil, na primeira operação com títulos prefixados após o período off-dealers. Na oferta, o DV01 (risco) foi 74,7% acima da operação com mesmos vencimentos 15 dias atrás. (Denise Abarca - [email protected])
18:23
Operação Último
CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 10.87
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 10.65
Over Selic (%a.a) 10.65
BOLSA
Nem mesmo a sinalização presidente do Federal Reserve (Fed) de St. Louis, James Bullard, de que gostaria de ver uma alta de 100 pontos-base na taxa básica de juros americana até 1º de julho, foi suficiente para atrapalhar o desempenho da Bolsa brasileira nesta quinta-feira. Enquanto os índices de Nova York derretiam, o Ibovespa seguiu em inabalável trajetória de valorização, chegando a tocar máxima intraday. Encerrou o dia em alta de 0,81%, aos 113.367,77 pontos.
Na segunda etapa dos negócios, o bom desempenho do índice foi puxado sobretudo por papéis ligados a commodities, com Vale subindo 2,69% e Petrobras com valorização de quase 2%. Os investidores esperam bons resultados para as duas gigantes, que apresentam resultados no fim do mês. Ontem, a petroleira informou que bateu as metas de exploração para 2021, apesar de uma queda ante 2020. Hoje, a mineradora publica seu relatório de produção. As ações ligadas a metais sobem ainda na esteira da alta de 4,3% do minério de ferro no porto de Qingdao, na China. Já o petróleo teve dia de pouca força, com o Brent com viés negativo.
Ajuda também a recuperação do setor financeiro, que subia praticamente em bloco, após dia negativo ontem. O Bradesco, que puxou o desempenho para baixo de ontem após resultados que desapontaram o mercado, tinha hoje alta de quase 1,44% nas ações preferenciais.
O desempenho firme do Ibovespa ocorre a despeito da queda de mais de 1% dos principais índices americanos. Dow Jones recuou 1,47%, S&P500, 1,81% e Nasdaq, 2,10%. O gestor de portfólio da Kilima Asset, Luiz Adriano Martinez, lembra que o movimento não é isolado e que o descolamento tem ocorrido desde o início do ano. Tanto que, em 2022, o principal índice da Bolsa brasileira acumula alta de 8,15%, enquanto Dow Jones e S&P500 têm, respectivamente, queda de 3,02% e 5,50%.
"Se fizer uma análise um pouco mais longa, de como estão os setores da bolsa nesse ano, são energia, materiais básicos e setor financeiro (que estão puxando o Ibovespa). É relativamente comum, quando começa esse ciclo de aperto monetário global, os papéis que são mais orientados para crescimento de lucro sofrerem mais e papéis de valor, que não dependem muito de crescimento de lucro para performar, se valorizarem", aponta, destacando que a bolsa brasileira é particularmente concentrada nesse tipo de papel, com impacto forte de ações ligadas a materiais básicos.
O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, lembra que há uma expectativa pela demanda chinesa - o que afeta países produtores de commodities -, uma vez que a China, na contramão do resto do mundo, está disposta a estimular a economia fiscal e monetariamente para garantir uma estabilização do crescimento. "Você vê investidores indo não só em Brasil, mas em outros emergentes. Dow Jones chegou no ponto mais alto, o investidor realiza e vai pro mercado tentando aumentar rentabilidade no curto prazo", pontua.
Ele lembra, contudo, que o Brasil ainda tem muitos riscos, o que muitas vezes traz um recurso não perene para o País. "Ainda temos risco elevado, fiscal, estamos em ano de eleição. Ao mesmo tempo que vem rápido, esse capital é de saída rápida. Se investidor achar que chegou num patamar que pode realizar, vai sair. Esse ano vai ser marcado por esse movimento de volatilidade para cima e para baixo", completa. Para ele, a bolsa deve continuar nessa trajetória ao menos até romper uma barreira entre os 114 mil e 116 mil, que traria realização de lucros.
Na máxima do dia, o Ibovespa testou hoje chegar mais próximo dos 114 mil pontos. Com alta de 1,20%, o índice tocou os 113.812,47 pontos no pico intraday. Na mínima, por outro lado, pela manhã, caiu 0,27%, aos 112.163,10 pontos. O índice futuro, por sua vez, tinha alta de 0,91% às 18h17, aos 113.470 pontos.
O único setor que parece acompanhar o comportamento da bolsa americana é o de tecnologia. Enquanto Nasdaq registra queda firme lá fora, as ações do setor são destaque entre as principais baixas no Ibovespa, puxados pela expectativa cada vez mais dura para os juros globais. Destaque para Locaweb(-3,93%), Méliuz (-4,05%) e Banco Inter (-4,133%).
Na ponta positiva, Via e Magazine Luiza fecharam em altas de 7,43% e 5,15%, respectivamente, em dia positivo para varejistas. O fluxo de negócios no Ibovespa hoje foi de R$ 32,3 bilhões. (Bárbara Nascimento - [email protected])
18:21
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 113367.77 0.80595
Máxima 113812.47 +1.20
Mínima 112163.10 -0.27
Volume (R$ Bilhões) 3.23B
Volume (US$ Bilhões) 6.20B
18:25
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 113510 0.94264
Máxima 113975 +1.36
Mínima 112250 -0.18