CAUTELA PRÉ-FED PESA EM NY À TARDE, ENQUANTO ATIVOS LOCAIS TÊM OSCILAÇÃO MODERADA

Blog, Cenário

A sessão que abriu a "super semana" de política monetária foi de perdas fortes no mercado acionário de Nova York e de movimentos contidos nos ativos brasileiros. Em meio à expectativa em relação ao teor do comunicado da decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) e o tom a ser adotado pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, o investidor em NY optou por uma postura defensiva hoje. A agenda esvaziada lá fora ajudou na queda das ações, que também refletiu, em alguma medida, realização dos ganhos recentes. Balanços de gigantes de tecnologia esta semana inspiram cautela. Assim, o índice Dow Jones caiu 0,77%, o S&P 500 recuou 1,30% e o Nasdaq cedeu 1,96%. Aqui no Brasil, também à espera da decisão da Selic e com agenda igualmente fraca, os ajustes foram bem mais contidos. O Ibovespa terminou o dia aos 112.273,01 pontos (-0,04%), pressionado por NY por um lado, mas tendo a ajuda de ações de varejo, consumo e da Petrobras. Nos juros futuros, em especial, houve certo desconforto com falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, hoje mais cedo. Na Fiesp, Haddad defendeu a necessidade de se "harmonizar" a política monetária e fiscal e disse ver espaço para "acomodação virtuosa" do câmbio e juros no Brasil sem comprometer a competitividade da indústria brasileira. E relatando encontro com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, Haddad disse ter tratado da substituição do diretor de Política Monetária, Bruno Serra Fernandes, mas que este é um tema que "tem de ser tratado com muita naturalidade". No dólar, as falas do ministro da Fazenda foram apenas monitoradas. A moeda americana à vista terminou com oscilação de 0,06%, a R$ 5,1150, em dia de giro modesto de negócios.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•JUROS

•CÂMBIO

MERCADOS INTERNACIONAIS

Enquanto aguardam por balanços de grandes empresas e pelas decisões de grandes bancos centrais nesta semana - incluindo a do Federal Reserve (Fed), que deve arrefecer o ritmo de aperto para uma alta 25 pontos-base -, investidores operaram com cautela nas bolsas de Nova York, ao passo que os juros dos Treasuries e o dólar avançaram. Também influenciado por esse "modo espera", o petróleo caiu. No âmbito geopolítico, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) afirmou que está preparada para um conflito direto com a Rússia.

"O mercado teve algumas semanas de voo. Mas, à medida que nos aproximamos da reunião do Fed, a cautela é algo que certamente vai se infiltrar", disse Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Asset Management, ao The Wall Street Journal (WSJ). No ajuste de fechamento, o índice Dow Jones caiu 0,77%, a 33.717,09 pontos; o S&P 500 perdeu 1,30%, a 4.017,77 pontos; e o Nasdaq teve queda de 1,96%, a 11.393,81 pontos. Papéis da Meta, Alphabet e Apple se desvalorizaram 3,08%, 2,45% e 2,01%, respectivamente. Todas divulgarão balanços nesta semana.

A expectativa majoritária do mercado é que o banco central americano arrefeça novamente o ritmo de aperto monetário e eleve juros em 25 pontos-base (pb), para a faixa de 4,5% a 4,75%. Enquanto isso já está altamente precificado, o mercado deve se atentar ao teor do comunicado e aos comentário do presidente Jerome Powell.

"O Fed também deve sinalizar a necessidade de remoção adicional de suporte de política monetária, já que a inflação permanece teimosamente elevada. Em outras palavras, um ritmo mais lento de ascensão provavelmente resultará em um nível mais alto de taxas, uma percepção que o mercado não abraçou totalmente, já que a maioria dos investidores ainda antecipa uma taxa terminal de menos de 5% e o primeiro corte de taxa em julho", analisa a Stifel.

O diretor de investimentos da Robertson Stephens, Stuart Katz, disse ao WSJ que os mercados acreditam que o período sombrio de 2022 pode estar indo "rapidamente para o espelho retrovisor". Porém, ele ponderou que o otimismo é prematuro, citando a desconexão entre os investidores e o Fed sobre quando mudar para aumentos mais brandos nas taxas de juros.

O Citi comenta que o quão confortável Powell está com o afrouxamento das condições financeiras deve ficar mais evidente na coletiva de imprensa na quarta-feira, após fim da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, em inglês). "Vemos os riscos distorcidos de forma modesta, embora as próximas leituras de inflação mais fortes possam tornar a reunião de março o local mais óbvio para Powell enviar uma mensagem mais agressiva", conclui o banco.

No fim da tarde em Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos se elevava a 4,260%, o da T-note de 10 anos tinha alta a 3,545% e do do T-bond de 30 anos subia a 3,661%. No câmbio, o dólar subia a 130,47 ienes, o euro recuava a US$ 1,0851 e a libra tinha baixa a US$ 1,2349. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, subiu 0,34%, a 102,276 pontos.

Além da cautela nas mesas de operações, os contratos futuros do petróleo também foram pressionados pela valorização do dólar ante rivais. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março de 2023 fechou em queda de 2,23% (US$ 1,78), a US$ 77,90 o barril, enquanto o Brent para abril, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em queda de 2,20% (US$ 1,90), a US$ 84,50 o barril.

O analista Edward Moya, da Oanda, comenta que os preços de petróleo estão caindo à medida que os riscos para as perspectivas globais se tornam maiores. "A economia da China não está se recuperando, os temores de recessão global estão voltando", analisa. No entanto, para o Julius Baer, o forte desempenho econômico na China "será mantido enquanto a política seguir acomodatícia", podendo durar até o fim do primeiro semestre de 2023. O banco suíço afirma que é esperado um fortalecimento ainda maior da economia chinesa.

No front geopolítico, hoje o presidente do Comitê Militar da Otan, o almirante Rob Bauer, da Marinha da Holanda, afirmou que a aliança ocidental está preparada para um conflito direto com a Rússia e defendeu que os países-membros mantenham uma “economia de guerra” em tempos de paz. (Letícia Simionato - [email protected])

BOLSA

O Ibovespa teve um dia de leves variações, oscilando menos de 900 pontos entre a mínima e a máxima da sessão até perto da hora final dos negócios, em que conseguia preservar a marca de 112 mil pontos, apesar do dia majoritariamente negativo no exterior com a expectativa para a decisão de política monetária desta quarta-feira nos Estados Unidos, em semana de deliberação sobre juros também no Brasil. O giro financeiro na B3 se manteve limitado a R$ 25,1 bilhões nesta segunda-feira.

Na B3, o índice ensaiou leve alta no meio da tarde, mas ao fim cedeu 0,04%, aos 112.273,01 pontos, entre piso de 111.823,63 às 16h53, acompanhando então a piora dos índices de Nova York, e pico de 112.920,30 mais cedo na sessão, em que emendou a terceira perda. No mês, sobe 2,31%, faltando apenas amanhã para o encerramento de janeiro. Se o desempenho positivo se confirmar na conclusão desta terça-feira, será o primeiro ganho para o Ibovespa desde outubro, vindo de perdas de 2,45% em dezembro e de 3,06% em novembro.

Apesar do desempenho negativo do petróleo nesta segunda-feira - pressionado pela apreciação do dólar -, as ações da Petrobras se firmaram em alta à tarde, mas perderam fôlego em direção ao fechamento (ON +0,31%, PN +0,51%), dando algum suporte ao índice. A sessão era majoritariamente ruim para os grandes bancos até bem perto do fechamento, quando o segmento deu guinada para cima à exceção de Santander (-0,45%). O dia foi de recuo para Vale, amenizado perto do fim da sessão (ON -0,36%). As siderúrgicas tiveram fechamento em geral positivo (CSN ON +0,55%, Gerdau PN +0,46%).

"O mercado está ainda bem preocupado de que Americanas respingue nos balanços dos bancos, além de acompanhar de perto a formação da diretoria da Petrobras e de como poderá afetar a política de preços (da estatal)", diz Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos. A temporada de balanços de bancos brasileiros começa na próxima quinta-feira, pelos números do Santander. E para o conselho da Petrobras, apurou o Broadcast, devem ser indicados nomes ligados à academia, além de especialistas tarimbados no setor e empresários com bom trânsito no governo.

Na ponta do Ibovespa nesta segunda-feira, ações do setor de consumo e varejo, como Arezzo (+6,36%), Natura (+5,49%) e Petz (+4,46%), além das exportadoras de papel e celulose Klabin (+2,87%) e Suzano (+2,66%). No lado oposto do índice, CVC (-14,40%), Raízen (-4,97%), Cielo (-4,78%) e Magazine Luiza (-3,75%). O anúncio de que a Louis Dreyfus Commodities (LDC) programou para a próxima quarta-feira um 'block trade' a R$ 3,15 por ação para zerar posição na Raízen puxou a queda dos papéis da empresa na sessão, reporta Wilian Miron, do Broadcast.

No canto oposto, as ações da Natura, embora tenham limitado o grau de avanço em direção ao fechamento, subiram com "a notícia de que a LVMH e a L´Oréal têm intenção de fazer oferta por participação em um dos ativos da empresa, a Aesop, o que é avaliado de forma positiva pelo mercado", diz Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos.

"Na semana passada, o Ibovespa sofreu na quinta e especialmente na sexta-feira, ainda com volume fraco - em geral, as commodities sofrendo e os bancos refletindo o problema das Americanas. Aqui, o mercado acompanha também a definição, nesta semana, da eleição para as presidências da Câmara e do Senado. Para os Estados Unidos, o cenário ainda é de 'soft landing' em 2023, uma desaceleração (econômica) bastante gradual", aponta Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, chamando atenção para a próxima "superquarta", com a deliberação sobre juros nos Estados Unidos e no Brasil - na quinta, será a vez da zona do euro e da Inglaterra.

No noticiário doméstico, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou hoje previsões negativas de economistas sobre os impactos das incertezas fiscais na inflação e no câmbio. "Faz só 30 dias que os economistas previram o caos", disse em reunião de diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

No evento, Haddad voltou a defender a necessidade de se "harmonizar" a política monetária e fiscal. "Essas políticas se divorciaram no último período: o juro foi a 13,75% e o fiscal se perdeu, com desonerações sem base técnica", observou o ministro. Ele disse também que a reforma tributária vai avançar em duas etapas: a primeira delas terá foco no imposto sobre consumo. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 112273.01 -0.03842

Máxima 112920.30 +0.54

Mínima 111823.63 -0.44

Volume (R$ Bilhões) 2.51B

Volume (US$ Bilhões) 4.92B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 112995 0.11075

Máxima 113620 +0.66

Mínima 112380 -0.43

JUROS

O mercado de juros não conseguiu sustentar o alívio nos prêmios e as taxas encerraram a sessão com viés de alta, refletindo uma postura mais defensiva dos agentes após declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, num dia também negativo no ambiente internacional. Pela manhã, o mau humor externo era neutralizado por notícias domésticas positivas, mas à tarde começou a pesar junto com a fala do ministro sobre câmbio, juros e política fiscal dentro da estratégia de "reindustrialização" do país, além das trocas na diretoria do Banco Central. A agenda pesada da semana, com destaque para as reuniões de vários bancos centrais e o payroll americano, também limitou o alívio nas taxas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 terminou em 13,55%, de 13,54% no ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou em 12,91%, de 12,84%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,92% (de 12,85% na sexta) e o DI para janeiro de 2029, com taxa de 13,11% (de 13,08%).

Após as taxas avançarem na semana passada, o mercado ensaiou uma correção pela manhã, com queda firme na ponta longa, de mais de 10 ponto-base nos contratos a partir de 2025 nas mínimas do dia. Os agentes repercutiam a informação, publicada pela Folha de S.Paulo, de que, apesar das críticas do presidente Lula, o governo não estaria considerando alterar os atuais níveis das metas de inflação. O mercado vinha estressado nos últimos dias pela possibilidade de o governo alterar as metas para cima, o que representaria uma tolerância maior à alta de preços e sobrecarregaria a política monetária num cenário de pressão fiscal.

Além disso, no sábado (28), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, havia dito não haver neste momento discussão sobre estender a desoneração tributária da gasolina, o que foi lido como um possível incremento de receitas permanentes para ajudar as contas públicas. "Tudo isso servia, pela manhã, de contraponto a uma pesquisa Focus muito ruim e ao exterior negativo", afirma o economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, destacando que o alívio, na sequência, não resistiu ao discurso de Haddad, na Fiesp.

Sem nada pontualmente muito forte, a fala do ministro, reforçada no caráter desenvolvimentista, teria pesado no conjunto. Além de ter dito não haver alteração prevista na questão dos combustíveis, o ministro defendeu a necessidade de se "harmonizar" a política monetária e fiscal e disse haver que espaço para "acomodação virtuosa" de câmbio e juros. É o tipo de afirmação que traz desconforto ao mercado, em meio à discussão colocada pelo próprio ministro sobre política de crédito para ajudar a indústria e o papel de fomento do BNDES.

A troca na diretoria de Política Monetária do Banco Central - Bruno Serra deixa o cargo em 28 de fevereiro - também foi abordada por Haddad. Segundo ele, a substituição foi discutida com o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, em reunião nesta segunda-feira, e que uma avaliação "em parceria" será feita com cuidado. De acordo com ele, uma lista com "bons nomes" será levada a Lula. Para o mercado, olhando o copo cheio, Lula poderá escolher entre nomes indicados por Campos Neto, que desfruta de credibilidade. Por outro lado, também nada garante que o nome sairá desta lista. A conferir.

Já as previsões de IPCA não param de avançar. No Focus, a mediana para 2023 saltou de 5,48% para 5,74%, já 1 ponto acima do teto da meta (4,75%) e a de 2024, que cada vez ganha mais peso no horizonte relevante, foi para 3,90%, se distanciando do centro de 3,00%. Para 2025, manteve-se em 3,50%.

Grandes instituições, porém, já estão com números ainda piores. O Banco Safra já vê a inflação este ano em 6,2% e o Bradesco revisou sua estimativa de 5,1% para 5,7%, mantendo para 2024 em 4%. O Barclays também prevê agora IPCA de 5,7% em 2023, de 5,3% anteriormente, e ajustou 2024 de 3,6% para3,7%.

Quanto à Selic, no Focus, as previsões seguem em 12,50% e 9,50% para o fim deste e do próximo ano. Para o Copom de quarta-feira (1º), é consenso a estimativa de manutenção dos atuais 13,75% e o mercado vai se concentrar no comunicado, que deve abordar a forte deterioração das estimativas de inflação e alertar sobre o aumento dos riscos fiscais. "Alguma possibilidade de voltar a elevar juros nas próximas reuniões ainda deve ser reconhecida, como foi feito nos comunicados anteriores, porém sem maior ênfase", afirmam os economistas da SulAmérica.

No mesmo dia, haverá reunião do Federal Reserve e o consenso é de redução da magnitude do aperto para 25 pontos-base. Na quinta, haverá encontro de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco da Inglaterra - em ambos os casos é esperado aumento e 50 pontos - e na sexta-feira tem o relatório de emprego nos Estados Unidos. Nesse cenário, os juros dos Treasuries avançaram, com a taxa da T-Note de dez anos projetando 3,54% no fim do dia. (Denise Abarca - [email protected])

CÂMBIO

O mercado de câmbio doméstico trabalhou em marcha lenta na sessão desta segunda-feira, 30, abertura da semana marcada pela chamada "super quarta" (1° de fevereiro), com decisão de política monetária aqui e nos Estados Unidos. Com oscilação de apenas cerca de cinco centavos entre a mínima (R$ 5,0842) e a máxima (R$ 5,1341), o dólar à vista encerrou o pregão cotado a R$ 5,1150, em alta de 0,06%, após ter caído 1,84% na semana passada.

Operadores atribuíram as mínimas, pela manhã, à entrada pontual de fluxo comercial e financeiro. Já as máximas, ao longo da tarde, se deram em sintonia com o comportamento global da moeda americana, que se valorizou tanto em relação a pares fortes quanto ante divisas emergentes. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para fevereiro girou menos de US$ 10 bilhões.

Falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre política fiscal e monetária no início da tarde foram monitoradas e, embora tenham provocado certo ruído no mercado de juros futuros, não tiveram papel relevante na formação da taxa de câmbio. Pela manhã, investidores assimilaram nova rodada de deterioração das expectativas de inflação para este ano (de 5,48% para 5,74%) e 2024 (de 3,84% para 3,90%), segundo o Boletim Focus.

"Os dados econômicos e as projeções do Boletim Focus têm vindo piores, mas o mercado está em um marasmo, com poucos negócios, na expectativa pela super quarta", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, para quem o dólar pode até romper o piso de R$ 5,00 no curto prazo, dada a perspectiva de manutenção de fluxo externo para ativos locais.

Dados da B3 mostram que houve ingresso de R$ 1,048 bilhão na bolsa doméstica no pregão do dia 26 (quinta-feira), último dado disponível. Em janeiro, os investidores estrangeiros já aportaram R$ 9,923 bilhões em ações locais. Operadores também relatam entrada de recursos externos para renda fixa brasileira, para aproveitar o juro real na casa de 8%.

"Falta um lugar seguro para o estrangeiro alocar e há preferência pelo Brasil. Pode haver uma enxurrada de dólares no curto prazo. Se isso vai perdurar, está nas mãos do Haddad", acrescenta Galhardo, em referência a dúvidas sobre a política fiscal e a credibilidade da política monetária, em meio a debate a respeito de eventual mudança da meta de inflação.

Na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Haddad voltou a defender a necessidade de "harmonizar" as políticas fiscal e monetária. "Essas políticas se divorciaram no último período: o juro foi a 13,75% e o fiscal se perdeu, com desonerações sem base técnica", disse o ministro, para quem deve haver espaço para "acomodação virtuosa" de câmbio e juros.

Haddad revelou já ter conversado com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre nomes que podem substituir o atual diretor de Política Monetária da entidade, Bruno Serra, cujo mandato se encerra em 28 de fevereiro. A escolha do substituto de Serra é tida como evento que pode dar sinais sobre o rumo que o governo Lula gostaria que o BC, que tem autonomia operacional, desse à política monetária.

É dado como certo que o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncie na quarta-feira a manutenção da taxa Selic em 13,75% ano. As atenções estarão voltadas ao tom do comunicado do colegiado. "Esperamos que o Copom continue apontando o impacto dos riscos fiscais para a dinâmica da inflação e da política monetária", afirma a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, em relatório.

Nos EUA, é quase unânime a aposta de que o Federal Reserve vai desacelerar o ritmo de alta da taxa de juros de 50 pontos-base para 25 pontos-base, levando os Fed Funds para a faixa entre 4,50% e 4,75%. A perspectiva é de que a taxa terminal não vá muito além de 5%, tendo em vista sinais de arrefecimento de inflação e da atividade.

O economista-chefe do Instituto Finanças internacionais (IIF), Robin Brooks, observa que o mercado projeta 25 pontos de alta nesta semana e mais 25 pontos em março. "Mas os mercados acham que esses aumentos serão revertidos no fim de 2023", escreve, no Twitter, Brooks, que vê uma desinflação rápida nos EUA. (Antonio Perez - [email protected])

18:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.11500 0.0587 5.13410 5.08420

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5118.000 0.13696 5136.000 5085.000

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