O sentimento de cautela em Nova York, com os investidores à espera da divulgação da inflação ao consumidor medida pelo CPI nos Estados Unidos em julho, amanhã, aliado à falta de surpresa em relação aos dados do IPCA e da ata do Copom, na manhã de hoje, abriram espaço para ajustes de posições no mercado doméstico. Na reta final do pregão, porém, embalado pela valorização mais acentuada de ações de primeira linha, o Ibovespa conseguiu fôlego para engatar o sexto dia consecutivo de ganhos. O avanço do EWZ, em meio a índices negativos em Wall Street, também indicava apetite por Brasil. O dólar, que havia tocado os R$ 5,1517 ainda na etapa vespertina, arrefeceu o ritmo de alta para 0,32%, cotado a R$ 5,1295 no fechamento. Na renda fixa, o avanço da divisa americana serviu de pretexto para a recomposição de parte dos prêmios devolvidos nas últimas sessões. Assim, as taxas de médio e longo prazo subiram, enquanto a ponta curta fechou com leve viés de alta. Se no Brasil, o combo ata do Copom-IPCA chancela a visão mais "dove" e sustenta o interesse pelo risco, nos EUA, o CPI forte - juntamente com dados mais aquecidos do mercado de trabalho vistos no payroll de sexta passada - pode manter a aposta em uma postura agressiva do Federal Reserve. Essa perspectiva impulsionou o rendimento dos Treasuries, mas não favoreceu totalmente o dólar, que fechou perto da estabilidade frente a outras divisas fortes.
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BOLSA
Com IPCA e ata do Copom dentro do esperado, o Ibovespa mostrou fôlego para levar a recuperação adiante, atingindo os 109.331,29 pontos na máxima de hoje, no maior nível intradia desde 8 de junho (110.142,34). Contudo, em dia mais uma vez negativo em Nova York, com perdas até 1,19% (Nasdaq), a referência da B3 oscilou e se manteve levemente no negativo em boa parte da sessão. Na reta final, voltou a descolar do exterior para emendar o sexto ganho diário, ao fechar nesta terça-feira em alta de 0,23%, aos 108.651,05 pontos, ainda o melhor nível de encerramento desde 7 de junho (110.069,76). O giro ficou em R$ 26,9 bilhões, após ter encostado em R$ 30 bilhões ontem. Na semana, o Ibovespa sobe 2,05%; no mês, 5,32%, e no ano, 3,65%.
"O IPCA veio em linha com o esperado, com a deflação de 0,68% em julho [praticamente em linha com o consenso, de -0,66% para o mês]. Temos uma inflação acalmando, o que em tese traz alívio também para os ativos de risco. Mas o mercado continua olhando muito para o exterior, e estará atento, amanhã, à divulgação da inflação nos Estados Unidos", observa Caio Tonet, sócio-fundador e head de renda variável da W1 Capital, referindo-se à cautela observada em parte da sessão na B3.
"Depois de cinco altas consecutivas, uma queda marginal hoje parecia desenhada para o Ibovespa, ainda segurando os 108 mil pontos, no que seria uma correção natural, entregando um pouco dos ganhos, em semana em que o destaque é o índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos, um dado ainda muito relevante nesse momento. A inflação americana tem balizado movimentos de mercado ao redor do mundo", diz Welington Filho, especialista em renda variável da Blue3.
O bom desempenho das ações de maior peso e liquidez contribuiu, no entanto, para que o ajuste, de queda discreta, fosse transformado em moderado avanço: Petrobras ON e PN subiram, respectivamente, 1,32% e 1,64%, enquanto Vale ON teve alta de 2,07% e os ganhos entre os grandes bancos chegaram a 2,61% (Itaú PN), com boa recepção aos números trimestrais do Itaú, apresentados na noite anterior. Na ponta do Ibovespa, destaque para Qualicorp (+3,45%), à frente de Itaú (+2,61%) e de Braskem (+2,20%). No lado oposto, CVC (-10,96%), Natura (-9,62%) e Méliuz (-8,96%).
"A deflação de julho, de 0,68%, foi muito embasada na redução do ICMS. Se excluíssemos isso, ainda teríamos uma inflação elevada, na casa de 0,70%, o que justifica esse movimento de realização [de lucros] no setor de consumo, que teve fortes altas nos últimos dias, na expectativa de alívio da inflação", aponta Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.
Aqui, "na ata do Copom, o BC procurou conduzir a comunicação para um patamar terminal da Selic provavelmente a 13,75%. O plano de voo do comitê parece ser deixar a Selic nesse patamar e mantê-la alta por mais tempo. A ata do Copom deixou a comunicação mais clara", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
"A ata me pareceu um pouco mais 'hawkish' do que o comunicado, com mais trechos mencionando a possibilidade de seguir com ajustes, de entrar em território ainda mais contracionista, linguagens que já foram utilizadas anteriormente para indicar novas altas [de juros]", diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
"Lógico que um ponto que chama atenção também, por outro lado, no sentido de que já teria acabado o ciclo [de alta de juros], é o parágrafo 20, quando falam que vão avaliar se somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente longo asseguraria a convergência para a meta [de inflação]. Ou seja, demorar mais para cortar juros no ano que vem, para realmente segurar as expectativas de inflação", acrescenta Cruz.
Ao mencionar que as projeções de inflação para o início de 2024 estão ao redor da meta, a ata da reunião de agosto do Copom sinalizou que a Selic deve permanecer em 13,75% na próxima reunião, em setembro, avalia em relatório o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita. Segundo ele, a interpretação é reforçada pela menção de que os efeitos defasados da política monetária devem se intensificar no segundo semestre e pela ponderação de que a interpretação desse impacto pode ser confundida pelos recentes estímulos fiscais de curto prazo.
"A deflação de julho ganhará as manchetes como a mais aguda desde a criação do IPCA. Contudo, mais importante que a deflação do índice cheio - um resultado obtido inegavelmente pelo choque da queda do ICMS sobre combustíveis e energia elétrica - é o fato de a abertura ter sido bastante benigna", observa em nota a Terra Investimentos, acrescentando que "o índice de difusão caiu de 72,4% em maio e 66,6% em junho para 62,9% em julho".
No exterior, a reação do Fed, que assim como o Copom voltará a se reunir nos dias 20 e 21 de setembro, permanece no centro do interesse do mercado, que monitorará de perto a mais recente leitura sobre a inflação nos Estados Unidos, a ser conhecida amanhã. "Nas circunstâncias atuais, acreditamos que o movimento recente dos mercados é mais condizente com um repique temporário, ou seja, um 'bear market bounce', do que com o início de um movimento estrutural de alta. Ainda resta ao Fed um trabalho relevante de desaceleração de demanda a ser feito para permitir o reequilíbrio entre oferta e demanda na economia global", aponta, em carta mensal, a equipe da Persevera Asset Management. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:32
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 108651.05 0.2295
Máxima 109331.29 +0.86
Mínima 107841.98 -0.52
Volume (R$ Bilhões) 2.69B
Volume (US$ Bilhões) 5.25B
17:35
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 109420 0.13269
Máxima 109590 +0.29
Mínima 108130 -1.05
JUROS
O mercado de juros recompôs parte dos prêmios devolvidos nas últimas sessões e as taxas de médio e longo prazo subiram, enquanto a ponta curta fechou com leve viés de alta. Após dias consecutivos de forte alívio, a abertura da curva americana e o avanço do dólar serviram de pretexto para um ajuste, num dia de agenda pesada, mas sem surpresa. A ata do Copom endossou a mensagem do comunicado de que a intenção do Copom é não subir mais a Selic e a deflação histórica do IPCA de julho ligeiramente acima da esperada não gerou reação. O leilão de NTN-B veio pouco menor que os anteriores, mas com taxas mais baixas ante a semana passada.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,72%, de 13,746% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,918% para 12,96%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 11,91%, de 11,852% ontem, e o DI para janeiro de 2027, com taxa de 11,775% (máxima), de 11,658%.
O movimento de realização de lucros foi bastante parcial em comparação ao que a curva vinha devolvendo. A taxa do DI para janeiro de 2024 segue abaixo de 13% e a do DI para janeiro de 2027, abaixo de 12%. O diferencial entre estes vértices segue com forte inclinação negativa, acima de 100 pontos. No dia da reunião do Copom, o spread havia fechado em -80 pontos-base e hoje -119 pontos, de -125 pontos ontem.
Eduardo Velho, economista-chefe e sócio da JF Trust, atribui a alta a partir do trecho intermediário à recomposição dos yields das Treasuries, enquanto a falta de surpresa com a ata ancorou a ponta curta. "O Bacen não surpreendeu ante o comunicado, reiterando que o horizonte relevante do juros será o IPCA do 1º trimestre de 2024, reforçando a probabilidade de
manutenção prolongada da Selic em 13,75% (ou no máximo 14%)", disse.
O economista Eduardo Vilarim, do Banco Original, também chama a atenção na ata para o destaque à inflação acumulada em 12 meses no primeiro trimestre de 2024. "Isso nos traz a sensação de que o Banco Central está alongando a decisão para 2024, onde há um maior acúmulo de juros e, diante do aspecto de dissipação dos efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias, suas expectativas de inflação se encontram dentro da meta", afirma o economista, para quem o colegiado optará por findar o ciclo de alta da Selic em 13,75%, mantendo o juro nominal neste patamar por pelo menos 1 ano ou “suficientemente prolongado”.
Como no comunicado, a ata diz que o Copom "avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude", do que o deste mês em sua próxima reunião, em setembro. Segundo a sinalização do BC, a Selic poderia ser mantida em 13,75% ou subir a 14,00% no encontro do mês que vem.
Desse modo, na curva de juros, as apostas para manutenção da Selic no Copom de setembro são levemente majoritárias em relação às de aumento de 25 pontos-base, mas já há expectativas de cortes a partir do primeiro trimestre de 2023. Um gestor comenta que a precificação de cerca de 250 pontos de queda da Selic em 2023 na curva foi endossada pela ata e, com isso, a curva hoje inclinou, com a contribuição do avanço do yield dos Treasuries. "Vale destacar que o fechamento da curva dos últimos dias foi pela atuação dos estrangeiros, enquanto os locais estavam leves de risco", disse.
Além da ata, o IPCA de julho dividiu as atenções do mercado, mas a deflação mensal histórica de 0,68% - a mais intensa desde o início da série em 1980 - não foi suficiente para puxar as taxas para baixo, mesmo com leitura positiva dos preços de abertura. O cenário favorável para a inflação já vinha sendo antecipado nos últimos dias e, ademais, o mercado trata o quadro da inflação como artificial, dado que a queda dos preços é puxada por medidas temporárias de desoneração tributária.
Lá fora, os rendimentos dos Treasuries subiram, com o mercado já à espera do CPI do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) americano de julho, amanhã.
Na gestão da dívida, o Tesouro vendeu 996.350 NTN-B no leilão, pouco abaixo da oferta de 1,1 milhão, nesta que foi a última operação do período de hiato dos dealers. O risco para o mercado (DV01) foi de US$ 552 mil, pouco abaixo dos US$ 554 mil da semana passada, segundo a Necton Investimentos.
O especialista em renda fixa e professor ligado a Mercado Financeiro na B3, na Anbima e FIA, Alexandre Cabral, considerou o leilão "muito bom". "As taxas caíram bem em relação ao último leilão", disse, atribuindo a uma possibilidade de bancos estarem apostando no fechamento das taxas, "comprando a ideia do BC controlando a inflação". (Denise Abarca - [email protected])
17:35
Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 13.66
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 13.65
Over Selic (%a.a) 13.65
CÂMBIO
Depois de quatro pregões seguidos de queda, em que acumulou baixa de 3,15%, o dólar à vista subiu na sessão desta quarta-feira (9), em meio a ajustes de posições e movimentos de realização de lucros. A ata do Copom trouxe um tom 'dovish' e ratificou a percepção de fim do ciclo de aperto monetário, com taxa Selic congelada em 13,75% ao ano, ao passo que o IPCA de julho, como esperado, apresentou deflação recorde com tombo dos preços dos combustíveis.
No exterior, a moeda americana teve sinal misto frente a divisas fortes e emergentes, embora tenha caído ante pares do real como o peso chileno e o rand sul-africano. Depois de o resultado acima do esperado do relatório de emprego (payroll) na sexta-feira (5) mitigar temores de recessão nos EUA, investidores aguardam a divulgação, amanhã, do índice de preços ao consumidor (CPI) em julho para calibrar as apostas em torno do ritmo de alta dos juros pelo Federal Reserve.
Afora uma queda pontual na primeira hora de negócios, quando rompeu o piso de R$ 5,10, ao descer até a mínima de R$ 5,0931 (-0,39%), o dólar trabalhou em alta durante toda a sessão. Com máxima a R$ 5,1517, registrada à tarde, a divisa fechou cotada a R$ 5,1295, avanço de 0,32%. Na semana, a moeda apresenta leve perda, de 0,72%. A liquidez foi reduzida, com o contrato de dólar futuro para setembro - principal termômetro do apetite por negócio - girando menos de US$ 10 bilhões.
"O dólar caiu bastante nos últimos dias com entrada de fluxo externo e também desmonte de posição comprada [que ganha quando o dólar sobe] do estrangeiro no mercado futuro. Estamos vendo um movimento de correção hoje", afirma o operador de câmbio Hideaki Iha, da Fair Corretora, para quem o mercado se animou com a geração de emprego nos EUA. "Isso acabou mexendo com as commodities. É melhor uma alta de juros maior nos EUA com a economia ainda forte do que uma recessão".
Segundo o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, houve também uma atuação mais intensa por parte de importadores na sessão de hoje, o que contribuiu para a alta do dólar. "Percebi compras de importadores importantes, que aproveitaram a queda recente para realização de grandes pagamentos", afirma Gusmão.
Lá fora, o índice DXY - que mede o comportamento do dólar frente a seis divisas fortes - apresentou leve queda, na casa dos 106,300 pontos, com perda frente ao euro e ganhos na comparação com o iene e a libra esterlina. Por ora, seguem majoritárias as apostas de que o Federal Reserve vai elevar a taxa básica em 75 pontos-base em setembro, apesar de um ala do mercado acreditar que a inflação americana pode já ter atingido seu pico.
Segundo a mediana das expectativas de 26 analistas consultados por Projeções Broadcast, o CPI avançou 0,2% em julho ante o mês anterior, com alta de 8,7% na comparação anual. Caso se confirme, o resultado representará uma desaceleração, após os avanços de 1,3% e 9,1% de maio, respectivamente.
"O CPI vai ser importantíssimo para ver como anda a economia americana. Se vier acima do esperado, abre espaço para especulação de um aumento maior os juros nos EUA, o que pode dar novo impulso ao dólar", afirma Gusmão, da Ourominas.
Por aqui, o IPCA fechou julho com queda de 0,68%, um pouco superior à mediana de Projeções Broadcast (-0,66%). Foi a maior deflação da série histórica iniciada em 1980. Em 12 meses, o índice desacelerou de 11,89% em junho para 10,07% em julho. Analistas ponderam que a queda do IPCA no mês passado se deve, sobretudo, à redução da alíquota do ICMS para gasolina e energia elétrica. A abertura do índice revela uma dinâmica inflacionária qualitativamente ruim.
Na ata, o Copom seguiu a toada de seu comunicado na semana passada e afirmou que "avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, na próxima reunião, com o objetivo de trazer a inflação para o redor da meta no horizonte relevante". Como as projeções de inflação neste ano e em 2023 estão "sujeitas a impactos elevados associados às alterações tributárias", o Copom alargou o chamado horizonte da política monetária e, como diz na ata, "optou por dar ênfase à inflação acumulada em doze meses no primeiro trimestre de 2024". (Antonio Perez - [email protected])
17:35
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.12950 0.3247 5.15170 5.09310
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5162.000 0.31092 5185.500 5126.000
DOLAR COMERCIAL 5189.547 27/07
MERCADOS INTERNACIONAIS
A cautela predomina nos mercados internacionais nesta tarde, véspera do resultado de inflação de julho nos Estados Unidos. A expectativa é que o indicador apresente alta de 8,7% na taxa de 12 meses, mostra o Projeções Broadcast. Apesar da desaceleração, o dado não deve ser suficiente para mudar as expectativas por uma postura hawkish do Federal Reserve (Fed), dizem analistas. Hoje, apostas do CME Group apontam para maior probabilidade de alta de 75 pontos-base (pb) nos juros básicos em setembro. Em Wall Street, ganhos abaixo do esperado por fabricantes de chips pesaram sobre as ações de tecnologia, apesar da sanção da lei que visa estimular o setor, e os índices fecharam no vermelho. Os juros dos Treasuries, por sua vez, subiram e o dólar ficou misto ante suas principais rivais. Após uma sessão volátil, de olho no aperto de oferta, o petróleo encerrou o dia em leve queda.
Mesmo bem-vindo após o salto de 9,1% em junho, uma leitura mais baixa no índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) pode ser decepcionante na perspectiva de política monetária, avalia a Stifel. "Afinal, os membros do Comitê [Federal de Mercado Aberto, o Fomc] têm sido claros há vários meses que uma redução acentuada nos preços é necessária antes que o Fed possa dizer confortavelmente que a inflação está voltando ao controle", nota a empresa, que afirma que "o declínio mínimo de um mês" não será suficiente para apontar uma tendência e nem para ter impacto substancial sobre a retórica agressiva contra a inflação do Fomc e seus planos de potencial aumento de 75 pb pela terceira reunião consecutiva.
Levantamento do CME Group mostra que, próximo ao horário de fechamento, a chance de alta de 75 pb era de 68,5% contra 31,5% para 50 pb, nas apostas monitoradas.
O BMO Capital Markets diz que os cálculos do presidente do Fed, Jerome Powell, se tornam mais complicados se o CPI provocar frustração generalizada. Neste cenário, o banco central americano deve enfrentar o desafio de comunicar aos investidores o grau de moderação necessário para desacelerar o ritmo de aperto monetário ou até mesmo considerar uma pausa.
De olho no desenrolar da macroeconomia americana, no fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 3,255%, o da T-note de 10 anos avançava a 2,791% e do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,002%. Já o dólar ficou misto ante rivais e o DXY, que mede a divisa frente seis pares, caiu 0,06%, a 106,374 pontos. Na marcação, a moeda americana subia a 135,16 ienes, o euro avançava a US$ 1,0208 e a libra caía a US$ 1,2070.
As bolsas, por sua vez, recuaram: o índice Dow Jones perdeu 0,18%, a 32.774,41 pontos, o S&P 500 cedeu 0,42%, a 4.122,47 pontos, e o Nasdaq recuou 1,19%, a 12.493,93 pontos. Analista da Oanda, Edward Moya avalia que uma nova rodada de dados econômicos têm lembrado Wall Street que "a estagflação está aqui". "As ações de tecnologia continuam a se enfraquecer depois que outro fabricante de semicondutores divulgou um alerta de receita. Parece que é um mercado desafiador para todos, depois que a Nvidia e a Micron tiveram que reduzir suas perspectivas", opina.
A Micron Technology (-4,09%) informou hoje que, no trimestre atual, suas vendas podem ficar abaixo do esperado, com a receita no limite do mínimo ou até mesmo abaixo da projeção informada anteriormente. O anúncio vem um dia depois da Nvidia (-3,97%) ter publicado seu resultado financeiro do trimestre mais recente, aquém das projeções. Paralelamente, o presidente Joe Biden sancionou um projeto de lei que destinará US$ 280 bilhões do orçamento ds Estados Unidos para fortalecer a indústria doméstica de alta tecnologia, especialmente no que se trata de semicondutores.
Entre commodities, o petróleo caiu ante rivais, com operadores de olho no avanço da União Europeia em reviver o acordo de 2015 com o Irã e a redução de fluxo do óleo russo para o Centro e Leste da Europa. Ainda, a Bloomberg mostrou que o Reino Unido está se preparando para a escassez de gás em janeiro, quando ocorre o inverno no Hemisfério Norte. O petróleo WTI para setembro fechou em queda de 0,29% (-US$ 0,26), em US$ 90,50 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para outubro caiu 0,35% (-US$ 0,34), a US$ 96,31 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). (Ilana Cardial - [email protected])