CAUTELA LOCAL SEGURA ATIVOS NO DIA E DESCOLA MERCADO BRASILEIRO DO EXTERNO NA SEMANA

Blog, Cenário

Os ativos brasileiros voltaram a andar distantes dos pares externos nesta sexta-feira, a exemplo do que ocorreu ao longo de boa parte da semana. E os motivos são os mesmos: ruídos políticos envolvendo nova carga de pressão do governo sobre o Banco Central - e também sobre a Petrobras -, além da incerteza sobre a política fiscal. Assim, mesmo hoje, com a alta da Bolsa - após uma sequência de cinco perdas - e leve queda do dólar, o desempenho foi muito pior do que o visto no exterior. No caso dos juros futuros, aliás, nem a baixa dos yields dos Treasuries conseguiu manter a devolução de prêmios vista na primeira metade do dia e as taxas terminaram entre estabilidade e viés de alta, diante do quadro doméstico e da piora do câmbio à tarde. Com isso, o balanço final desta semana é bastante negativo para o mercado local. O Ibovespa, apesar da leve alta de 0,52% neste pregão, aos 103.865,99 pontos, acumulou perda de 1,83% desde a última sexta. Na renda fixa, houve nova inclinação da curva a termo de DIs, com os longos subindo entre 30 e 40 pontos, bem mais do que os curtos. Já o dólar, que cedeu 0,07% ante o real, a R$ 5,2002, teve pequena valorização de 0,03% em uma semana em que a divisa dos EUA perdeu valor ante outras divisas, incluindo de países emergentes. Em Wall Street, mesmo com os temores de que os grandes bancos centrais estendam o aumento de juros e mantenham as taxas elevadas por mais tempo, sobretudo após dados mostrarem resiliência da atividade, os principais índices acionários subiram entre 1% e 2%, impulsionados pelo setor de tecnologia e pelo avanço do petróleo. E os ganhos desta sexta-feira sacramentaram uma semana positiva para Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq.

•BOLSA

•JUROS

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

BOLSA

Ante o menor nível de fechamento do ano, ontem, o Ibovespa obteve hoje recuperação de 0,52%, aos 103.865,99 pontos, vindo de perdas nas últimas cinco sessões, no que foi sua mais longa série negativa desde outubro. O desempenho desta sexta-feira limitou o recuo da semana a 1,83%, após tombo de 3,09% acumulado na anterior. Após recuperação em sessões desta semana, o giro voltou a se enfraquecer hoje, a R$ 21,8 bilhões. No ano, o Ibovespa cede 5,35% e, nestas três sessões de março, cai 1,02%.

Hoje, a referência da B3 oscilou entre 103.322,71 e 104.440,12 pontos, em variação de pouco mais de 1,1 mil pontos entre a mínima e a máxima do dia, saindo de abertura a 103.325,61 pontos. Em Nova York, os ganhos nesta sexta-feira ficaram entre 1,17% (Dow Jones) e 1,97% (Nasdaq), com altas na semana entre 1,75% (Dow Jones) e 2,58% (Nasdaq). O índice amplo de Nova York, S&P 500, subiu hoje 1,61% e avançou 1,90% na semana.

Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para Marfrig (+7,27%), após a confirmação de que o caso de vaca louca identificado no Brasil é atípico, o que abre caminho para a retomada das exportações de carne para a China. Logo depois, vieram Azul (+6,63%), Méliuz (+6,17%) e 3R Petroleum (+4,89%) entre as vencedoras do dia. No lado oposto, Hapvida (-8,22%), Via (-4,92%) e Multiplan (-4,63%).

Entre as blue chips, o sinal foi em geral positivo na sessão, com destaque para recuperação parcial em Petrobras (ON +3,65%, PN +4,30%), que ainda assim cedeu 2,03% (ON) e 1,04% (PN) na semana, em meio à confirmação de que a política de preços mudará para se adequar a necessidades domésticas, o que tende a afetar a rentabilidade da empresa e a distribuição de dividendos. Vale ON fechou o dia em leve alta de 0,34%, acumulando ganho de 5,01% na semana, com a melhora na perspectiva para a demanda chinesa, após forte leitura do índice de atividade PMI do país asiático esta semana.

Para o segmento de bancos, a semana foi amplamente negativa, mas alguns nomes conseguiram aparar perdas do intervalo nesta sessão, com Banco do Brasil ON hoje em alta de 1,12%, Bradesco PN, de 0,55%, e Itaú PN, de 0,12% - na semana, a primeira recuou 6,50%, a segunda ação, 3,16%, e a terceira, 5,61%, com as quedas entre os grandes bancos no período chegando a 7,48% para a Unit de Santander Brasil.

"O Ibovespa continua muito descontado. O mercado está 'short', vendido, fazendo caixa. E qualquer movimento técnico, de reduzir caixa e olhar alguma oportunidade (de compra), acaba tendo um efeito exponencial, na medida em que o mercado está muito leve", diz Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset. Ele destaca o papel que o arcabouço fiscal, prometido pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) para março, poderá ter para a recuperação da confiança, caso se mostre “crível”, o que abriria caminho também para que o Banco Central inicie a redução de juros - em condições técnicas, não por pressão política, ressalta o gestor.

"Incerteza resulta em volatilidade e descolamento do Brasil. Tem muitos [do governo] falando ao mesmo tempo e o mercado para e ouve cada um deles", diz Mikail. "É preciso descer do palanque, entender que o mercado é a soma de todas as pessoas que poupam, que pensam no futuro e precisam de alguma previsibilidade sobre regras. Taxar exportações (de petróleo bruto, anunciada nesta semana por quatro meses) vai contra isso, e faz lembrar a Argentina. Uma empresa que investe para e pensa sobre qual setor pode ser o próximo", acrescenta o gestor, destacando os sinais de “heterodoxia” que prevaleceram nesta semana na solução dada pelo governo à reoneração dos combustíveis, de forma a que Haddad não saísse na condição de perdedor vis-à-vis a ala política.

"O momento não é bom e isso tem se refletido nos índices de confiança. A espera é pela âncora fiscal crível - e se não vier com credibilidade, o mercado vai estressar. Quando se pressiona o BC para baixar juro na marra, o juro longo abre e mata o mercado: aumenta o risco, a inflação anda e se exige mais prêmio. O ponto-chave ainda é a confiança que se tem na autoridade monetária", conclui.

"Hoje, o Ibovespa conseguiu acompanhar o bom desempenho dos mercados lá fora, com indicadores positivos especialmente na China, mas também na Europa e nos Estados Unidos", diz Lucas Martins, especialista em renda variável da Blue3, destacando, na zona do euro, o PMI composto (indústria + serviços) no maior nível em oito meses. "Apesar dos atritos entre BC e governo, que impedem um avanço mais forte dos ativos brasileiros, os setores de comércio e alimentos subiram hoje, assim como as ações de petróleo e gás, inclusive as 'petro juniores', o que contribuiu para fôlego adicional no índice em um dia sem tantas novidades no mercado local", acrescenta.

A grande maioria (75%) dos participantes do Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira prevê estabilidade para o comportamento do Ibovespa na próxima semana, porcentual bem acima dos 57,14% registrados no levantamento da semana passada. Os grupos que esperam alta e queda têm, cada um, fatia de 12,50%. No último Termômetro, a expectativa de alta para a Bolsa nesta semana tinha 28,57% do universo e a de baixa, 14,29%. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 103865.99 0.52299

Máxima 104440.12 +1.08

Mínima 103322.71 -0.00

Volume (R$ Bilhões) 2.17B

Volume (US$ Bilhões) 4.18B

18:35

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 104950 0.43062

Máxima 105770 +1.22

Mínima 104560 +0.06

JUROS

O mercado de juros até tentou, a partir do alívio na curva dos Treasuries, corrigir parte do estresse que jogou as taxas ontem para cima, mas a queda vista pela manhã se esvaiu na segunda etapa e as taxas fecharam entre a estabilidade e viés de alta. Acabaram prevalecendo os riscos domésticos, principalmente o desconforto com a pressão que o governo voltou a fazer para que o Banco Central (BC) reduza os juros a partir do resultado ruim do PIB do quarto trimestre, num dia sem novidades no noticiário e agenda esvaziada.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,38%, de 13,34% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 12,79% para 12,85%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa estável em 13,18% e a do DI para janeiro de 2029 também manteve-se em 13,55%. Na semana, a curva teve ganho de inclinação, com as taxas curtas avançando pouco mais de 10 pontos-base e as longas, entre 30 e 40 pontos. O spread entre os contratos para janeiro de 2029 e janeiro de 2025 abriu de 64 pontos na sexta-feira passada para 70 pontos hoje, com pico de 75 ontem.

Enquanto a Bolsa, e de forma mais moderada, o câmbio acompanharam a melhora do apetite ao risco no exterior, com seus pares tendo bom desempenho, na curva local o forte recuo dos yields dos Treasuries - a taxa da T-Note voltou a ficar abaixo de 4% - conseguiu influenciar as taxas praticamente só pela manhã. À tarde, as taxas operaram basicamente de lado, e com viés de alta no fim da sessão especialmente nos vencimentos de curto e médio prazos, uma vez que a entrevista do presidente Lula fez uma espécie de sombra ao exterior durante todo o dia.

Lula voltou a criticar a taxa de juros de 13,75% e também ao trabalho do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, para o presidente, "tem que pensar como reduzir a taxa de juros". "Ele tem que estar preocupado com inflação, emprego e crescimento da economia", pontuou o presidente. Lula, contudo, disse que não tem interesse em brigar com o presidente do Banco Central.

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, diz ter estranhado a melhora da curva americana num dia de ISM de serviços ainda forte e discursos hawkish de dirigentes do Federal Reserve, mas vê o mercado doméstico fragilizado pela postura do governo. "Teremos de ter um belo arcabouço fiscal para atenuar as pressões e melhorar o balanço de riscos do BC", disse. Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a pasta vai concluir esta semana os trabalhos sobre a nova âncora.

O mercado teme que com a antecipação da nova regra, que o governo diz querer apresentar antes da decisão do Copom, no dia 22, cresça a pressão para um corte de juros, num momento em que as expectativas de inflação ainda muito pressionadas no avalizariam tal movimento. A Bradesco Asset elevou sua expectativa de IPCA para 2023 (5,7% para 6%) e 2024 (3,9% para 4%) e, ao mesmo tempo, subiu a projeção de Selic no fim deste ano para 13%, de 12%. Além disso, postergou do terceiro para o quarto trimestre a previsão de início de cortes da taxa básica.

"O efeito da apresentação do arcabouço não será automático nas estimativas. Os analista vão se debruçar e olhar se faz sentido e o BC vai observar se há impacto nas expectativas", disse Lima.

Em carta divulgada nesta sexta-feira, o gestor Pedro Jobim, da Legacy Capital, mostra pessimismo com os rumos da economia e indica que o novo arcabouço pode frustrar. Intitulado "A previsível tragédia do novo governo: um filme em alta velocidade", o texto diz que dada a "evidente disposição do governo em ampliar os gastos" parece impossível que o arcabouço seja consistente com crescimento agregado das despesas primárias do governo inferior a 2% em termos reais, por ano. "Uma taxa maior do que esta, na casa de 2,5%-3,0%, nos parece mais provável", afirma. No desfecho, diz que o país está envelhecido, endividado, e submetido à crescente insegurança jurídica. "Parece pronto a mergulhar num caminho de difícil retorno."

Para o sócio e estrategista de juros e câmbio da Garin, Felipe Beckel, a curva de juros também embute em boa medida o estresse que atinge o mercado de crédito privado, numa movimento que começou com a crise nas Americanas e vêm ganhando escala nas últimas semanas com outras empresas em dificuldades entrando no radar. "Não é só a questão do governo", disse. Do mesmo modo, o mercado secundário de títulos públicos também opera pressionado, com as Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-B) nos "picos" desde 2017.

CÂMBIO

Em pregão de liquidez reduzida e com algumas trocas de sinal, o dólar encerrou a sessão desta sexta-feira, 3, em baixa de 0,07%, cotado a R$ 5,2002, após correr menos de cinco centavos entre mínima (R$ 5,1848) e máxima R$ (5,2304). Assim, a moeda termina a semana praticamente estável (+0,03%). Principal referência do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para abril teve giro fraco hoje, abaixo dos US$ 10 bilhões, o que revela pouca disposição dos agentes para apostas mais firmes.

Segundo analistas, a cautela em torno dos desdobramentos das críticas do presidente Lula ao Banco Central, reforçadas ontem após a divulgação do PIB do quarto trimestre, impediu que o real se beneficiasse de forma mais abrangente da rodada de enfraquecimento do dólar no exterior. O dia foi de apetite ao risco lá fora com dados fortes do setor de serviços na China e indicadores bons de atividade nos EUA e Europa.

Termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em queda firme, abaixo da linha dos 105,000 pontos. A moeda americana caiu em relação à maioria de divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com perdas fortes ante pares do real como peso chileno e mexicano.

Segundo o head de câmbio da Trace Finance, Evandro Caciano, a formação da taxa de câmbio hoje esteve em "um cabo de guerra" entre a tendência externa de baixa da moeda americana e o quadro político doméstico conturbado. "A questão política prejudica a nossa moeda. Tivemos dados chineses muito melhores, o que é muito favorável para o real, mas ainda há muita preocupação com a pressão do governo sobre o Banco Central", afirma Caciano, ressaltando que os agentes ainda estão digerindo o significado da forte saída de recursos da bolsa brasileira em fevereiro.

De fato, no mês passado os estrangeiros retiraram R$ 1,68 bilhão da B3. E no primeiro pregão de março, houve saída de R$ 423,2 milhões. O saldo acumulado do ano, contudo, ainda é positivo em R$ 10,447 bilhões. Na quarta-feira, o BC informou que o fluxo cambial na semana passada (entre 22 a 24 de fevereiro, com menos dias úteis em razão do carnaval) foi negativo em US$ 791 milhões, com saída líquida de US$ 320 milhões pelo canal financeiro. Em fevereiro, porém, o saldo foi positivo em R$ 4,169 bilhões, sendo US$ 1,931 bilhão via conta financeira.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, diz que o comportamento do dólar no exterior hoje parece sinalizar que investidores já teriam incorporaram aos preços a 'repreficação' da curva de juros americana, com a expectativa de que o Federal Reserve eleve a taxa básica de juros para mais de 5,5%. Já as divisas emergentes têm sem beneficiado da perspectiva de preços de commodities mais elevados, dada à sequência de indicadores positivos da economia chinesa, que ganha fôlego com a reabertura após o fim da política de covid zero.

"A China está ajudando bastante o real. A taxa de câmbio que está até certo ponto resistindo a esse ambiente pior com essa pressão política sobre o Banco Central, que se reflete mais na curva de juros", afirma Velho.

Ontem à noite, em entrevista a BandNews FM, o presidente Lula, sob impacto da desaceleração do PIB, voltou a atacar a gestão da política monetária. "Qual é a explicação de ter juros a 13,75% ao ano em um país em que a economia não está crescendo?", questionou.

Ao se referir ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Lula disse que é "um cidadão que não foi eleito para nada" e que "acha que tem o poder de decidir as coisas" e ajudar o país. "Não, você não tem que pensar como ajudar o Brasil, tem que pensar como reduzir a taxa de juros", disse. "Ele tem que estar preocupado com inflação, emprego e crescimento da economia".

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu ontem que a pasta vai concluir nesta semana os trabalhos sobre a proposta do novo arcabouço fiscal, que deve ser anunciada ainda neste mês. A leitura de analistas é que, com a reoneração parcial dos preços dos combustíveis (receitas estimadas em quase R$ 30 bilhões) e a promessa da nova âncora, o governo quer pôr o BC nas cordas justamente nas semanas que antecedem o encontro do Copom (dias 20 e 21).

"Se o BC tomar uma decisão prematura de reduzir ou sinalizar que vai reduzir as taxa de juros em breve no Copom deste mês, o ambiente para ativos domésticos pode piorar, com curva longa subindo, porque as expectativas de inflação não estão recuando", afirma Velho, da JF Trust. (Antonio Perez - [email protected])

18:32

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.20020 -0.0711 5.23040 5.18480

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5228.000 -0.20996 5261.000 5214.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5261.000 02/03    

MERCADOS INTERNACIONAIS

O alívio na curva de juros dos Treasuries, após o forte avanço recente, ajudou a revigorar o ânimo em Wall Street. Investidores avaliam que o banco central americano pode encerrar o ciclo de aperto monetário em meados deste ano, ainda que dados tenham indicado resiliência do setor de serviços nos EUA. Assim, as bolsas de Nova York subiram mais de 1%, com os papéis do setor de tecnologia apoiados pelo recuo dos rendimentos dos títulos públicos. O cenário de busca por risco pressionou o dólar no exterior, em um movimento que favoreceu o petróleo. A commodity também foi sustentada pela notícia de que fontes esclareceram que os Emirados Árabes Unidos não têm planos de deixar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).

"As ações dos EUA subiram depois que outro impressionante índice de serviços ISM sugere que parte da economia permanece saudável. Wall Street teve muito discurso do Fed para digerir na semana passada, mas parece claro que os traders acreditam que estamos muito perto do pico, apesar de todos esses sinais de uma economia resiliente", analisa Edward Moya, da Oanda. Segundo o Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), o índice de gerentes de compras (PMI) do setor de serviços dos Estados Unidos caiu de 55,2 em janeiro para 55,1 em fevereiro, sendo que analistas previam queda maior, a 54,3.

"Os dados desta semana pouco fizeram para alterar a imagem de que a economia não está enfraquecendo o suficiente para acabar rapidamente com a inflação. A atividade manufatureira está se contraindo apenas gradualmente, enquanto o setor de serviços continua a se expandir em um ritmo sólido, conforme mostraram os dados de hoje", conclui o Wells Fargo, que ainda acrescenta que a resiliência da atividade do setor de serviços pode aumentar a pressão sobre os formuladores de políticas para fazer mais para combater a inflação.

Essa percepção, entretanto, foi ignorada por Wall Street hoje. Assim, o índice Dow Jones encerrou o pregão com valorização de 1,17%, a 33.390,97 pontos; o S&P 500 subiu 1,61%, a 4.045,64 pontos; e o Nasdaq avançou 1,97%, a 11.689,01 pontos.Meta teve alta de 6,14%, depois da notícia de que a controladora de Facebook e Instagram cortou os preços de seu fone de realidade virtual. Apple (+3,51%), Amazon (+3,01%) e Alphabet (+1,79%) também subiram. Por outro lado, no fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,854%, o da T-note de 10 anos perdia a 3,961%, o do T-bond de 30 anos cedia a 3,881%. A queda dos rendimentos, por sua vez, prejudica o dólar. Assim, o euro subia a US$ 1,0632, e a libra avançava US$ 1,2044. Em relação à moeda japonesa, o dólar caía a 135,82 ienes. O índice DXY, que mede a divisa dos EUA ante seis rivais fortes, fechou a sessão em baixa de 0,48%, a 104,521 pontos, com perda de 0,66% na semana.

Mesmo com esse otimismo em Nova York, dirigentes do Fed mantiveram o tom hawkish hoje:

presidente da distrital em Boston, Susan Collins, reiterou que os juros devem subir mais e ficar em território restritivo "por algum tempo" para assegurar o retorno da inflação à meta de 2% nos Estados Unidos. Já o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Larry Summers defendeu que o BC americano precisa deixar a "porta aberta" a um aumento de 50 pontos-base nos juros na reunião de março, em meio a sinais de que pressões inflacionárias persistem. O relatório semianual do Fed trouxe ainda que o processo de redução da inflação de volta à meta deve demandar um período de crescimento econômico abaixo da tendência histórica. Ademais, documento reitera o posicionamento oficial de que uma política "suficientemente restritiva" será necessária para assegurar a estabilidade de preços.

Além da melhora do sentimento de risco dando seu apoio hoje, os contratos futuros do petróleo foram favorecidos após veículos noticiarem que fontes esclareceram que os Emirados Árabes Unidos não têm planos de deixar a Opep. Anteriormente,reportagem exclusiva do WSJ trouxe que os Emirados Árabes Unidos pressionaram privadamente a Opep+ para poder produzir mais petróleo. Assim, poderia estar ocorrendo uma racha dentro do cartel, já que as divergências entre Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos estão se espalhando cada vez mais. O texto ainda dizia que os Emirados estão tendo um debate interno sobre deixar a Opep, uma decisão que abalaria o grupo e minaria seu poder nos mercados globais de óleo. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril fechou em alta de 1,94% (US$ 1,52), a US$ 79,68 o barril, enquanto o Brent para maio, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), subiu 1,27% (US$ 1,08), a US$ 85,83 o barril. Na semana, as altas foram de 4,40% e 3,21%, respectivamente. (Letícia Simionato - [email protected])

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