CAUTELA GERAL LEVA T-NOTE DE 10 ANOS À MAIOR TAXA DESDE 2011 E S&P AO BEAR MARKET

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CENÁRIO-2: CAUTELA GERAL LEVA T-NOTE DE 10 ANOS À MAIOR TAXA DESDE 2011 E S&P AO BEAR MARKET

Dois dias antes de o Federal Reserve anunciar sua decisão sobre os juros, os mercados globais seguiram em cautela generalizada e reprecificando os ativos frente a uma política monetária mais restritiva. Embora as apostas sejam ainda majoritárias em uma elevação de 50 pontos-base do Fed fund (72% de chance, segundo a CME), a expectativa dos agentes é de um endurecimento do tom por parte da instituição e de seu presidente, Jerome Powell. São esperadas posturas mais conservadoras também por parte do Copom e do Banco da Inglaterra (BoE). Assim, o yield da T-note de 10 anos, ativo mais líquido do planeta, superou os 3,40% e atingiu o maior nível desde abril de 2011. Em Nova York, a queda livre das bolsas pôs o S&P 500 em bear market, com baixa diária de 3,88% e de 21,33% em 2022. Nasdaq mergulhou 4,68% e Dow Jones cedeu 2,79%. Os ativos domésticos espelharam esse comportamento de fuga do risco. Não bastassem os efeitos colaterais do combate tardio à inflação pelos BCs desenvolvidos, há notícias de retomada de lockdowns em Xangai, na China, pressionando commodities e, por consequência, ativos a elas atrelados, como os brasileiros. O Ibovespa recuou aos 102.598,18 pontos (-2,73%), o menor nível desde 10 de janeiro. No índice, somente quatro ações subiram. Com o mercado à espera de um reajuste de combustíveis, Petrobras aparou um pouco as perdas no fechamento (ON -1,52% e PN -1,28%). O dólar subiu ao maior nível desde 12 de maio, cotado a R$ 5,1151 (+2,54%) no fim da sessão à vista. E a pressão do câmbio pode recomendar uma extensão do ciclo de aperto para os próximos meses ou ao menos adiar o início do processo de distensão monetária pelo BC, o que levou para cima os juros futuros.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

O mercado segue apreensivo diante da perspectiva de forte aperto monetário nos Estados Unidos e outras economias desenvolvidas, em semana que terá decisões monetárias do Federal Reserve (Fed), Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) e Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês). Desta forma, o sentimento durante toda tarde foi de aversão ao risco, e as bolsas de Nova York terminaram o pregão em forte baixa, com o S&P 500 fechando em território de bear market, após acumular perdas de mais de 20% no acumulado desde janeiro. Já os juros dos Treasuries subiram mais uma vez e o retorno da T-note de 10 anos superou seu maior valor desde abril de 2011, enquanto o dólar se manteve forte ante pares globais e apoiou o índice DXY, que fechou no seu maior valor em duas décadas. Apesar da busca por segurança, o petróleo marcou leve alta, após a Líbia, um dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), informar queda além do estimado em sua produção.

O movimento dos mercados nesta segunda-feira refletiu em boa parte o da sessão anterior, na última sexta-feira, quando os temores de inflação global se intensificaram após o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) americano subiu além do esperado, alimentando riscos de um aumento dos juros mais agressivo pelo Fed, que se reúne a partir de amanhã para decidir sua política monetária. A maioria das análises projetam alta de meio ponto porcentual da taxa básica, e uma sinalização de elevação mais forte nas reuniões seguintes, seja no comunicado ou durante a coletiva de imprensa do presidente Jerome Powell, ficará no foco de investidores.

Sob a perspectiva de aperto acelerado das condições financeiras, as bolsas de Nova York tiveram um novo dia de fortes perdas, e o S&P 500 se juntou ao Nasdaq em território de bear market - que ocorre quando um índice ou ativo cai 20% ou mais em relação ao seu pico mais recente. "As ações dos EUA só tinham um caminho a percorrer depois que os temores de inflação se intensificaram e aumentaram o risco de um aperto mais forte do Fed e uma recessão muito mais cedo", comenta o analista Edward Moya, da Oanda.

O Dow Jones fechou em queda de 2,79%, o S&P 500 baixou 3,88% e o Nasdaq recuou 4,68%. Grandes companhias de tecnologia estiveram entre as mais penalizadas hoje, com Meta (-6,44%) e Amazon (-5,45%) como destaques negativos.

A espera pelos próximos passos do Fed também reduziu a demanda pela renda fixa americana, e os juros subiram em ritmo forte. O retorno da T-note de 10 anos terminou a sessão acima do rendimento do título com prazo de 30 anos e bateu seu maior valor desde abril de 2011, quando a máxima foi de 3,590%. Às 17h00 (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos subia a 3,345%, o da T-note de 10 anos aumentava a 3,383% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,363%.

Apesar do rápido achatamento da curva de juros nos EUA, o Fed deve continuar subindo mais vezes os juros ao invés de optar por altas mais agressivas, de acordo com o BMO Capital Markets. Na avaliação do banco, essa abordagem preserva a credibilidade do BC americano e evita elevar a incerteza do mercado em um contexto já volátil.

A ferramenta do CME Group que monitora a probabilidade para as diferentes faixas de juro do Fed corrobora a visão do BMO, ao mostrar 71,6% de chance de alta de 50 pontos-base na quarta-feira, e 28,4% para elevação maior, de 75 pontos-base. O porcentual que indica o aumento mais agressivo, no entanto, cresceu consideravelmente após o CPI americano. Há uma semana, havia apenas 3,1% de probabilidade de juro básico na faixa entre 1,50% a 1,75%. Atualmente, os Fed funds estão no patamar de 0,75% a 1,00%.

Com a aversão global ao risco, o dólar se fortaleceu ante pares globais mais ligadas ao sentimento por risco, como o euro e a libra. A divisa britânica marcou recuo mais acentuado à medida que a contração do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido entre março e abril indicou um aperto monetário mais cauteloso pelo BoE, que decide juro na próxima quinta-feira. Ainda que não veem a leitura do PIB divulgada hoje como tão preocupante, o ING e a Capital Economics praticamente descartam aumento de meio ponto porcentual do juro no Reino Unido diante do dado.

O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares, subiu 0,89%, aos 105,078 pontos, terminando a sessão na maior pontuação desde novembro de 2002. No fim da tarde em Nova York, a libra cedia a US$ 1,2130 e o euro recuava a US$ 1,0404.

Apesar do pessimismo do mercado e o avanço do dólar, o petróleo fechou em alta em Nova York e Londres, com o barril do WTI com entrega prevista para julho subindo 0,22% na Nymex, a US$ 120,93, e o do Brent para agosto em alta de 0,21% na ICE, a US$ 122,27. O óleo ganhou força após a Líbia relatar queda além do esperado na sua produção diária, a 100 mil barris por dia (bpd). Após decidir elevar o acréscimo na oferta de julho e agosto, a Opep, que tem a Líbia como um dos países membros, enfrenta descofiança do mercado, que vê pouca capacidade do cartel de aumentar mais sua oferta. (Gabriel Caldeira - [email protected])

Volta

BOLSA

Com a aversão a risco externa, o Ibovespa fechou hoje em baixa de 2,73%, aos 102.598,18 pontos, engatando a sétima perda e igualando em extensão a série da segunda quinzena de abril, entre os dias 14 e 26 daquele mês. Agora, a inclinação do ajuste é maior em pontos, com o Ibovespa acumulando retração de quase 9,8 mil desde o fechamento do último dia 2, comparados a 8,5 mil pontos naquela ocasião. O nível de fechamento nesta segunda-feira foi o menor desde 10 de janeiro (101.945,20 pontos), tendo saído, em 2 de junho, do maior nível de encerramento desde 20 de abril. Assim, perto do fim da primeira quinzena do mês, a referência da B3 acumula perda de 7,86% em junho, passando do positivo ao negativo no ano (-2,12%), após a recuperação de maio (+3,22%) ante abril (-10,10%).

Devolvendo a relativa melhora do começo da tarde, quando o Ibovespa conseguia se manter acima dos 103 mil pontos, o índice acompanhou a piora em Nova York no fim da sessão, em que tanto S&P 500 como Nasdaq chegaram a assinalar perdas na casa de 4%. Na mínima de hoje, o Ibovespa foi aos 101.699,55 pontos, também o menor nível intradia desde 10 de janeiro, saindo de máxima a 105.476,39 pontos, quase correspondente à abertura da sessão (105.478,15 pontos). Em porcentual, foi a maior queda do Ibovespa desde 5 de maio (-2,81%). O giro foi de R$ 31,5 bilhões nesta segunda-feira.

A aversão a risco neste começo de semana superou a da última sexta, quando dados de inflação nos Estados Unidos, acima do esperado, já favoreciam recalibragem de expectativas para os futuros passos do Federal Reserve, cujo comitê de política monetária, o Fomc, volta a se reunir nesta semana, assim como o Copom. A expectativa por aumento de meio ponto na taxa de referência do Fed se mantém para a reunião, mas há grande apreensão para o comunicado da instituição, após a decisão desta quarta-feira. Dessa forma, a curva de juros e o câmbio também reagiram por aqui, com a moeda americana à vista chegando a R$ 5,1374 na máxima da sessão.

Hoje, o índice amplo de Nova York (S&P 500) fechou em queda de 3,88%, enquanto o tecnológico (Nasdaq) mergulhou 4,68%. “As ações dos EUA só tinham um caminho a percorrer. Os temores de inflação se intensificaram, e aumentou o risco de aperto mais forte do Fed e de uma recessão muito mais cedo. Wall Street está enfrentando uma infinidade de notícias negativas, mas o problema é que, até vermos deterioração nas condições de crédito e no funcionamento do mercado, o Fed tem luz verde para apertar ao máximo”, aponta em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York, destacando o retorno do S&P 500 para o “bear market”, em viés de baixa sustentada em relação ao pico histórico mais recente - e a disfunção observada no volátil terreno das criptomoedas.

Na B3, desde a manhã, o dia foi de forte correção nas ações de companhias aéreas (Gol, -14,46%, Azul -10,92%) e viagens (CVC -11,72%) - respondendo à escalada do dólar (+2,54%, a R$ 5,1151 no fechamento) - e para as ações de varejo (Via -9,89%, Petz -9,87%, Americanas ON -8,74%), expostas à demanda doméstica. Ações e setores de peso no índice, como Vale (ON -3,17%) e as de siderurgia (CSN ON -6,06%, Gerdau PN -5,32%), também mostraram perdas acima do índice de referência. Apenas quatro ações do Ibovespa conseguiram fechar a sessão no positivo: Cielo (+1,32%), Suzano (+0,70%), Energias BR (+0,64%) e Taesa (+0,30%).

“A inflação nos Estados Unidos, muito acima do esperado para maio, continuou a causar reflexos hoje, desde antes da abertura do mercado por aqui. O aperto monetário por lá ainda não está surtindo o efeito esperado, e os juros precisarão subir mais, o que afetará a orientação da política monetária de outras grandes economias, como a europeia”, diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos. “Juros para cima e crescimento travado afetam de fato a renda variável, com a fuga dos investidores para a segurança em ativos de renda fixa, principalmente do Tesouro americano”, acrescenta.

“Os mercados caíram forte antes da 'superquarta', também com os anúncios de mais casos de Covid na China. Assim, as perdas começaram na sessão da Ásia e se estenderam para os mercados da Europa e dos Estados Unidos, com forte avanço do índice do medo, o VIX, em Nova York”, diz Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, chamando atenção para o vencimento de opções sobre ações na sexta-feira na B3, pós-feriado de Corpus Christi e pós-deliberações do Fed e do Copom - ainda na quarta-feira (15), há o vencimento de opções sobre o Ibovespa. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 102598.18 -2.73324

Máxima 105478.15 -0.00

Mínima 101699.55 -3.59

Volume (R$ Bilhões) 3.15B

Volume (US$ Bilhões) 6.17B

17:36

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 102620 -2.69296

Máxima 104040 -1.35

Mínima 101760 -3.51

CÂMBIO

Após encerrar a semana passada com valorização de 4,39%, o dólar subiu mais de 2,5% na sessão desta segunda-feira (13), terminando o pregão na casa de R$ 5,11, no maior nível de fechamento em mais de um mês. O dia foi marcado por liquidação global de ativos de risco e busca de refúgio na moeda americana. Investidores ajustam posições à perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), que anuncia sua decisão de política monetária na quarta-feira (15), tenha que ser mais agressivo no processo de alta dos juros, dada a aceleração da inflação ao consumidor nos EUA em maio para o maior nível em mais de 40 anos.

O aperto das condições financeiras provavelmente vai se estender para outros mercados desenvolvidos, lançando dúvidas sobre o ritmo de crescimento global. Na quinta-feira (16), o Banco da Inglaterra (BoE) deve anunciar novo aumento de juros. O Banco Central Europeu (BCE) adotou um tom mais duro ao falar da inflação e acenou com alta da taxas em julho. Não bastasse os efeitos colaterais do combate tardio à inflação pelos BCs desenvolvidos, há notícias de retomada de lockdowns em Xangai, na China, o que joga uma sobra sobre a demanda por commodities.

É grande também a expectativa para saber como o Comitê de Política Monetária (Copom) vai se comportar tendo em vista a deterioração do ambiente externo. Por ora, as apostas são de que o BC vai elevar a taxa Selic, na quarta-feira, em 0,50 ponto porcentual, para 13,25% ao ano, e deixar a porta aberta para um aumento adicional. Como o BC brasileiro saiu na frente no ciclo de aperto monetário, o diferencial de juros interno e externo tende a continuar elevado. A aversão ao risco e a volatilidade da taxa de câmbio, contudo, reduzem a atratividade das operações de carry trade, uma das molas recentes de apreciação do real.

A corrida ao dólar no exterior levou o índice DXY - que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis pares fortes - ao ultrapassou 105 mil pontos, no maior patamar desde novembro de 2002, e derrubou as divisas emergentes, com exceção do rublo russo. O peso mexicano foi o destaque negativo, com perdas superiores a 3,5%, seguido pelo real. As taxas dos Treasuries subiram em bloco, com o yield T-note de 10 anos, principal ativo do mundo, superando 3,40% nos momentos mais agudos, para o maior patamar em 11 anos.

No mercado doméstico, o dólar já abriu em alta superior a 1%, acima da linha de R$ 5,00. A barreira de R$ 5,10 foi rompida ainda pela manhã, com a moeda correndo até a máxima de R$ 5,1314 (+2,98%). Após passar boa parte da tarde entre R$ 5,09 e R$ 5,10, o dólar voltou a acelerar o ritmo de alta na última hora do pregão, em sintonia com a piora no exterior, e chegou tocar pontualmente o nível de R$ 5,13. No fim do dia, subia 2,54%, cotado a R$ 5,1151 - maior valor de fechamento desde 12 de maio (R$ 5,1402). Com isso, já acumula valorização de 7,63% em junho.

"Está se desenhando um aperto das condições financeiras nos Estados Unidos e também na Europa, o que provoca um forte aumento de aversão ao risco. As bolsas caem, os spreads de crédito sobem e a moeda americana se fortalece", afirma o economista Homero Guizzo, da Terra Investimentos.

A resistência do real aos choques externos vai depender de como o Banco Central brasileiro vai se portar, avalia Guizzo. Uma elevação superior a 0,50 ponto porcentual da taxa Selic ou até mesmo um discurso mais duro, garantindo o prolongamento do aperto monetário, podem amenizar as pressões sobre a moeda brasileira. "A variável do diferencial de juros já não traz uma apreciação da taxa de câmbio, mas pode ajudar a segurar o dólar. Esse patamar de R$ 5,10 embute alguns exageros. É preciso ver qual será o tom do Fed e do Copom na quarta-feira", diz Guizzo.

Por ora, é majoritária a expectativa de que o Fed vai elevar a taxa básica americana - hoje entre 0,75% e 1% - em 50 pontos-base na quarta-feira. Crescem as apostas, contudo, de que o BC americano possa acelerar no mês que vem. A plataforma de monitoramento do CME Group mostra que as chances de uma alta de 75 pontos-base nos juros já em junho saltaram de 3,1% há uma semana para mais de 30%.

A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, afirma que a alta do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA em maio, com núcleo também pressionado, reforça a leitura de que "a inflação americana ainda não fez pico" e impõe maior pressão sobre a estratégia de ajuste monetário conduzida pelo Fed.

"Esperamos que o Fed suba os juros em 50 pontos-base, porém adote um discurso mais duro em relação ao patamar de juros necessário para a convergência da inflação à meta", afirma Damico, em relatório, que, além do movimento global de fortalecimento do dólar, vê o real abalado pelo aumento do risco fiscal doméstico com as propostas de redução dos preços dos combustíveis, vistas como "eleitoreiras" pelo o mercado.

Damico projeta duas altas seguidas da taxa Selic (em junho e agosto) em 50 ponto porcentual, para 13,75% ao ano, dada a necessidade de ancorar as expectativas e garantir o processo de desinflação. Apesar do grande diferencial de juros e dos ganhos dos termos de troca na balança comercial, Damico acredita que ainda haverá muita volatilidade na taxa de câmbio, em meio à tramitação das medidas de redução dos preços dos combustíveis no Congresso. (Antonio Perez - [email protected])

17:36

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.11510 2.5358 5.13740 5.03180

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5144.500 2.54136 5165.000 5058.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5050.992 23/03    

JUROS

O mercado de juros acompanhou o estresse dos ativos globais com taxas em forte alta, alinhadas à curva dos Treasuries, na qual os rendimentos dispararam, e à pressão sobre o câmbio. O índice de preços ao consumidor americano na sexta-feira, acima do consenso, ainda fez estragos, somando-se a outros sinais de inflação global e elevando o risco de uma atuação mais firme dos bancos centrais, sobretudo o Federal Reserve que, junto com o Copom, tem reunião na quarta-feira. Para o BC brasileiro, prevalecem as apostas amplamente majoritárias de uma elevação da Selic em 0,5 ponto porcentual, mas o quadro internacional e as incertezas domésticas podem recomendar uma extensão do ciclo de aperto para os próximos meses ou ao menos adiar o início do processo de distensão monetária.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 13,545%, de 13,375% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2024 encerrou na máxima de 13,29%, de 12,991% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 12,745% (12,495% no ajuste de sexta-feira) e a do DI para janeiro de 2027 fechou na máxima de 12,74% (de 12,49%).

O temor nos mercados se estabeleceu logo cedo e foi ganhando corpo ao longo do dia, na medida em que cresciam as apostas de uma ação mais agressiva do Federal Reserve, de um aumento de 75 pontos-base nos fed funds esta semana. Contudo, elas ainda não são majoritárias (28% contra 72% de chance de 50 pontos). No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos renovava sucessivas máximas rumo a 3,50% e no maior nível desde abril de 2011, puxando máximas também na curva longa local.

No fim da sessão regular, porém, as taxas que mais subiam eram as de curto prazo, às vésperas do Copom. "Esse câmbio está colocando pressão na política monetária. Medo de o Banco Central estender o ciclo", comentou o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano.

Enquanto a precificação de Selic na curva para o Copom de quarta-feira subiu ligeiramente, de 53 na sexta para 55 pontos-base hoje, para agosto avançou de 25 para 35 pontos, ou seja, quadro quase dividido entre apostas de 0,25 ponto porcentual (60%) e 0,50 ponto (40%). A precificação para setembro saltou de 9 para 25 pontos.

Variável que atinge uma série de preços, o dólar acima de R$ 5,10 neste momento pressiona ainda mais a defasagem dos preços do petróleo domésticos ante as cotações internacionais, juntamente com o barril a US$ 120 e que algumas casas já veem escalando os US$ 130. De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem média da gasolina é de 17% e do diesel, 16%. Considerando só a Petrobras, chega a 20%, no caso da gasolina, e 19% no do diesel.

Há uma expectativa de que a estatal anuncie reajustes para ambos esta semana, o que mitigaria parte do efeito das desonerações previstas no pacote de combustíveis que está sendo discutido no Senado. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pautou o projeto para a sessão desta segunda-feira.

Além do risco de um alongamento do ciclo, cresce a percepção de que a taxa básica deve permanecer em níveis elevados por um período maior do que o esperado antes de começar a cair. O Banco Fibra informou hoje que agora espera Selic estável durante 2022 e 2023, "dada a (esperada) lenta convergência da inflação (e das expectativas) para o centro da meta no horizonte relevante". A instituição prevê um último aperto de 0,50 ponto na Selic nesta semana. "Neste momento, acreditamos que apenas o cenário de recessão global e, consequente, desinflação generalizada de preços, poderia antecipar o ciclo de corte da taxa de juros, que esperamos, dar-se-á apenas em 2024", afirmam os economistas Cristiano Oliveira e Ágila Cunha.

O contexto local e internacional conturbado também alimenta a ideia de que o Copom até poderá encerrar o ciclo, mas não deve sinalizar isso em seus documentos. "O ideal seria deixar 'data dependent', seria contraproducente antecipar qualquer coisa agora na medida em que a partir de agosto 2024 já entra no cenário do BC", afirma o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez. (Denise Abarca - [email protected])

17:35

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 13.12

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 12.65

Over Selic (%a.a) 12.65

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