O comportamento negativo dos ativos brasileiros esteve alinhado à aversão ao risco externa, depois que a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse que os juros podem ter de subir para evitar um superaquecimento da economia. Mas a dinâmica por aqui foi amplificada pela cautela que envolve o cenário político e econômico local. Para começar, o depoimento do ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta no primeiro dia de CPI da Covid, além de declarações desfavoráveis ao governo, foi iniciado ainda pela manhã e até agora não acabou, o que joga luz sobre os atrasos que a comissão pode trazer para o andamento das reformas. Ao mesmo tempo, o Broadcast apurou que parlamentares e a ala política do governo trabalham para derrubar parcialmente vetos do orçamento, reabrindo espaço para gastos com obras num momento de situação fiscal delicada. E como essa possibilidade surge na véspera da decisão do Copom, com o mercado já guardando cautela adicional para uma eventual postura mais hawkish na linguagem da autoridade monetária, ainda que um aperto de 0,75 ponto porcentual da Selic seja praticamente consenso, os juros futuros, sobretudo intermediários e longos, voltaram a subir, conferindo nova rodada de inclinação à curva. Ao mesmo tempo, a Bolsa brasileira aprofundou as perdas no período vespertino e teve desempenho pior do que o aferido pela maioria dos pares em Wall Street, onde o Dow Jones zerou as perdas nos minutos finais e o S&P 500 cedeu menos de 1%. O Ibovespa terminou dois níveis abaixo da véspera e no menor patamar em quase um mês, na casa de 117 mil pontos, ao cair 1,26%, para 117.712,00 pontos. No câmbio, o real oscilou em margens apertadas durante a tarde, mas com o cenário doméstico cheio de ruídos, não escapou da dinâmica global de valorização do dólar. Com isso, a moeda americana subiu 0,22% ante a brasileira, a R$ 5,4307 no mercado à vista, a despeito de relatos sobre o prosseguimento do desmonte de posições contra o real no mercado futuro de câmbio.
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