BOLSAS TOMBAM E DÓLAR DISPARA COM FED E CHINA, ENQUANTO JURO CAI COM TREASURIES

Blog, Cenário

O pregão de forte aversão ao risco se prolongou pela tarde e resultou em perdas importantes para as bolsas, com valorização firme do dólar. A única exceção foram os juros futuros, que alinhados à queda dos yields dos Treasuries e diante do recuo das commodities, devolveram os prêmios acumulados mais cedo e acabaram em baixa. Seja como for, a espiral negativa na qual os mercados entraram recentemente e que teve continuação hoje tem os mesmos vetores: temores sobre uma política monetária mais apertada nos EUA, em meio à persistência inflacionária, e também em relação à desaceleração da atividade chinesa - e, por consequência, global - com a política de Covid zero mantida pelo gigante asiático. Essa receita, que ainda inclui a continuidade da guerra na Ucrânia, tem feito o investidor buscar algum porto seguro, o que até ajuda a explicar o recuo dos retornos dos títulos americanos num pregão como o de hoje. E isso também explica o tombo das bolsas em Nova York, novamente mais pronunciado no caso do Nasdaq, que perdeu 4,29%. E claro que isso contaminou o Ibovespa, que ainda viu na queda das commodities, provocada pela cautela em relação à China, fator adicional para cair 1,79%, aos 103.250,02 pontos. Assim, o índice volta ao menor nível desde 10 de janeiro e zera os ganhos acumulados no ano até então. O câmbio também refletiu esse cenário, uma vez que o dólar operou perto de suas máximas em 20 anos ante rivais e, ante do real, teve valorização de 1,60%, a R$ 5,1565 - maior valor desde meados de março. Na renda fixa, nem essa disparada do dólar foi suficiente para manter o avanço das taxas dos DIs, que ainda operaram à espera da ata do Copom, amanhã, e da inflação ao consumidor aqui e nos EUA, na quarta-feira.

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•BOLSA

•CÂMBIO

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MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York tiveram mais uma sessão de fortes quedas, enquanto as perspectivas para aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed) prosseguem, na medida que as pressões inflacionárias persistem. O presidente da distrital de Atlanta, Raphael Bostic, disse que uma elevação de juros em 75 pontos base não está no seu cenário, e avaliou que há sinais de que a inflação está desacelerando nos Estados Unidos. Neste quadro, os rendimentos longos dos Treasuries, que vinham em alta, passaram a recuar durante a tarde. Ainda assim, diante do provável contínuo aumento de juros, as ações foram penalizadas, especialmente de tecnologia, o que também pesou no bitcoin, que caia mais de 12%. Já o dólar operou perto da estabilidade ante os principais rivais, com a moeda americana perto de suas máximas em 20 anos. Enquanto isso, o petróleo sofreu forte queda, diante ainda das perspectivas de menor demanda da China por conta da covid-19, após dado fraco da balança comercial do país, e das dificuldades que a União Europeia enfrenta para impor embargo ao óleo da Rússia.

Wall Street continua desmotivada para "comprar a queda", já que a inflação parece destinada a permanecer alta, o que forçará o Fed a apertar a política a níveis que comprometerão o pouso suave que a maioria dos traders esperava, avalia Edward Moya, analista da Oanda. Muitos investidores estão no modo de fuga do risco e visando um mercado de baixa para ações de tecnologia, uma vez que muitas empresas terão dificuldades com custos crescentes, pois pagam seus funcionários com capital próprio, aponta Moya. Entre as grandes quedas de techs, Meta (-3,69%), Apple (-3,08%) e Amazon (-5,12%) recuaram. Outro setor com fortes perdas foi o das petroleiras, com Chevron (-6,76%) e ExxonMobil (-7,89%) acompanhando a queda do barril. Neste quadro, Dow Jones caiu 1,99%, a 32.245,70 pontos, S&P 500 recuou 3,20%, a 3.991,24 pontos, e Nasdaq teve queda de 4,29%, a 11.623,25 pontos. O bitcoin sofreu forte queda, e, ao fim da tarde, o contrato do ativo para maio recuava 12,78%, a US$ 31.335,00. Na visão de Moya, caso a barreira de US$ 30 mil seja quebrada, uma onda de vendas ainda maior pode ocorrer. Na Europa, o cenário também foi de baixas entre os principais índices, com destaque para a queda de 2,75% do CAC 40, em Paris e várias praças encerrando nas mínimas do dia.

Segundo Moya, os papéis estenderam quedas depois que pesquisa do Fed de NY mostrou que as expectativas de inflação de longo prazo aumentaram, provocando temores de um crescimento mais fraco, o que provavelmente levaria a uma recessão. As expectativas de inflação daqui a três anos passaram de 3,7% para 3,9%, enquanto para um ano caíram de 6,6% para 6,3%. Sobre o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de abril nos EUA que será publicado nesta semana, o Citi avalia que os detalhes serão fundamentais para mostrar que o ritmo subjacente da inflação permanece forte e amplo em todas as categorias. "Embora os preços dos bens possam permanecer um pouco fracos novamente neste mês, os de serviços serão um fator mais importante para a forte inflação", projeta. Um aumento nos serviços após uma alta muito forte nos custos de emprego no primeiro trimestre criaria mais riscos hawkish, já que a alegação do Fed de que não há uma espiral de preços salariais é cada vez mais questionada, avalia o banco.

Na renda fixa, os rendimentos dos Treasuries operaram mistos hoje, em uma sessão volátil, porém caíram no dia. Para o Citi, "o aumento contínuo nos rendimentos dos Treasuries e o declínio nos preços das ações é o tipo de ajuste de mercado necessário para reduzir a inflação", diz. Mas o movimento perdeu fôlego hoje, e, ao fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos caía a 2,606%, o da T-note de 10 anos tinha queda a 3,037% e o do T-bond de 30 anos recuava a 3,164%. O dólar também interrompeu as fortes altas recentes ante rivais, e operou sem sinal único, com o DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais, fechando em leve queda, de 0,01%.

Enquanto isso, o petróleo caiu mais de 6%. Hoje, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viajou à Hungria para debater um embargo ao petróleo russo com o premiê Viktor Orbán. Após o encontro, a líder europeia afirmou que "mais trabalho" será necessário para impor as sanções. Ainda, o Commerzbank ressalta que os preços estão caindo rapidamente, à medida que os temores de destruição da demanda aumentam, "dada a situação da covid-19 da China e o evento de redução de risco que acontece com as ações dos EUA". O barril do WTI com entrega para junho caiu 6,09% (US$ 6,68), a US$ 103,09 o barril, enquanto o do Brent recuou 5,74% (US$ 6,45), a US$ 105,94. (Matheus Andrade - [email protected])

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BOLSA

A conjuntura de aversão global a risco que vem se desenhando desde a semana passada, após a decisão de juros nos EUA, somada a um dia negativo para as commodities globalmente, na esteira do receio de uma desaceleração na China, culminaram em mais um dia negativo para a bolsa brasileira. O Ibovespa cedeu ao nível dos 103 mil pontos, no menor patamar desde 10 de janeiro, e apagou os ganhos do índice no ano.

O Ibovespa terminou o dia em queda de 1,79%, aos 103.250,02 pontos, mais próximo da mínima (102.768) do que da máxima (105.109) registrada hoje. O desempenho ainda foi melhor do que o dos índices americanos, com Nasdaq recuando mais de 4%. No mês e no ano, a queda é de 4,29% e 1,50%.

Os índices aqui e lá fora respondem a um conjunto de fatores que retiram do investidor o apetite por correr riscos. O investidor monitora os dados chineses, em busca de sinais do tamanho do impacto dos lockdowns na atividade do país e, consequentemente, na cadeia de suprimentos global. Apesar de acima do esperado, os dados da balança comercial chinesa divulgados hoje não foram bem interpretados por aqui ao apresentarem uma queda contundente nas importações de minério de ferro.

Assim, os papéis ligados às commodities metálicas sofreram, com destaque para a Vale (-4,10%). A commodity teve queda de 6,18% no porto de Qingdao, na China. O petróleo teve tombo parecido, com o barril do Brent desabando 5,74%, negociado a US$ 105,94. Com isso, as ações de petroleiras figuraram entre as piores quedas do índice hoje. PetroRio e 3R Petroleum despencaram 8,60% e 8,70%, respectivamente. E Petrobras caiu 2,72% (PN) e 4,01% (ON).

Além disso, o investidor monitora os sinais da política monetária americana. Mesmo após o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, ter dito que uma alta ainda mais agressiva dos juros, de 75 pontos-base, estaria fora da mesa, sinalizações dos diretores da instituição parecem deixar a porta mais entreaberta do que o que foi sinalizado na semana passada.

Mais cedo, o presidente da distrital do Fed em Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que não espera uma alta de 75 pontos-base nos juros, embora tenha ponderado que prefere "não descartar" qualquer opção. Essa possibilidade de alta mais agressiva de juros não apenas ameaça o já conturbado cenário de crescimento global, como também diminui o custo de oportunidade de se investir em ativos de risco. Em maior grau, retira interesse em países emergentes.

"É uma combinação de coisas (que derrubam a bolsa hoje). Nos EUA você tem uma continuidade do movimento de realização das bolsas. Aversão a risco com yield das Treasuries atingindo novos picos e isso impactando setores como tecnologia. Aqui, na bolsa local, soma-se o efeito de commodities. Você tem um sentimento crescente de impacto dos lockdowns na China e isso está afetando negativamente o preço do petróleo e do minério", pontua o gestor de renda variável da Western Asset, Naio Ino.

O diretor de Alocação e Distribuição da InvestSmart XP, André Meirelles, lembra que um movimento tão negativo paras as commodities é especialmente ruim para a bolsa brasileira. "A redução no preço das commodities tende a influenciar negativamente o índice, visto que mais de 30% de sua composição está atrelada ao setor", disse.

Especialista em renda variável da Blue3, Dennis Esteves lembra que os efeitos da guerra da Ucrânia não foram esquecidos pelo mercado e adicionam mais uma camada de incerteza ao cenário. "Hoje o movimento é de digestão, por parte do mercado, do aumento de juros nos EUA na semana passada. Ele reprecifica os mercados globais. Mas temos também o desaquecimento da economia por parte da China e ainda a questão da guerra pairando como um fantasma sobre o mercado. No Brasil, a gente sofre nessa linha de frente com reprecificação das commodities", disse.

Por outro lado, o setor financeiro tentava - ainda que com pouco fôlego - impedir uma queda maior, ancorado em bons desempenhos corporativos dos últimos dias. Bradesco subiu 1,49% (PN) e Santander tinha alta de 0,91%. BTG, por sua vez, figurou entre os maiores ganhos do índice hoje e subiu 3,61%. Apesar do resultado em linha com o esperado, no entanto, os papéis do Itaú Unibanco tiveram dia no vermelho e caíram 1,43%. (Bárbara Nascimento - [email protected])

17:24

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 104620 -1.57117

Máxima 105645 -0.61

Mínima 103935 -2.22

CÂMBIO

O dólar marcou seu terceiro pregão seguido de valorização na sessão desta segunda-feira (9) e fechou no maior nível desde meados de março, insuflado pela onda de aversão ao risco que toma conta dos mercados mundo afora. Investidores abandonaram bolsas e correram para se abrigar na moeda americana diante da possibilidade de que a economia global rume para a estagflação, em meio à expectativa de aperto monetário mais intenso nos Estados Unidos, ao prolongamento da guerra na Ucrânia e a sinais de desaceleração da economia da China, cujas exportações cresceram em abril no ritmo mais baixo em quase dois anos.

Com o quadro externo adverso, o dólar já abriu em alta superior a 1% e operou em terreno positivo ao longo de todo pregão. Entre mínima a R$ 5,1020, no início da tarde, e máxima a R$ 5,1605, o dólar à vista encerrou com alta de 1,60%, a R$ 5,1565 - maior valor de fechamento desde 15 de março (R$ 5,1591). Com o avanço de hoje, a moeda já acumula valorização de 4,33% em maio, maior do que toda alta registrada em abril (+3,81%). A queda da divisa em 2022, que chegou a ser de 17%, agora é de 7,52%. Às 17h05, o dólar futuro para junho subia 1,46%, a R$ 5,19100, com giro na casa de US$ 12,8 bilhões.

Pela manhã, houve um relato de que o mercado operou por certo tempo sem acesso a registro e liquidação de operações de câmbio. Em resposta, o BC disse que a informação não procedia e que "nenhuma indisponibilidade foi reportada nem pela manhã nem pela tarde".

No exterior, o dólar subiu em bloco na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com ganhos superiores a 1% ao peso chileno, ao rand sul-africano e ao real. Afora uma pequena baixa à tarde, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - trabalhou em alta ao longo de toda a sessão, com máxima aos 104,187 pontos. Quando o mercado local fechou, era negociado ao 103,697 pontos - maior patamar em 20 anos.

Diante das preocupações com o crescimento global, o dia foi negativo para commodities. O minério de ferro caiu 6,18% no porto de Qingdao, na China, que persiste na política de adoção de lockdowns para combater a covid-19. As cotações do petróleo recuaram mais de 5%, com o tipo Brent, referência para a Petrobras, fechando em baixa de 5,74%, a US$ 105,94 o barril. À tarde, houve noticias de que a União Europeia decidiu abandonar planos de proibir navios do bloco de transportar óleo russo. Commodities agrícolas como milho e soja também recuaram.

O economista-chefe do Banco Fibra, Cristino Oliveira, vê o mercado realinhando preços à perspectiva de ajuste da política monetária americana. A economia global, diz Oliveira, tem sido impactada por choques cujos desdobramentos são difíceis de estimar. "Os recentes lockdowns na China e a percepção de que o conflito militar entre Rússia e Ucrânia poderá se estender por mais tempo deterioram o cenário de crescimento e inflacionário para os próximos meses - elevando o risco de um processo de estagflação global", afirma, em relatório, Oliveira, para quem o tombo do real em maio reflete recuo dos preços das commodities, além do fluxo negativo de recursos.

À espera da divulgação do índice de inflação ao consumidor dos EUA (CPI) na quarta-feira (11), investidores monitoram discursos de dirigentes do Banco Central americano. Pela tarde, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse não esperar uma alta de 75 pontos-base da taxa básica americana em junho. O dirigente espera "dois ou três" novos aumentos de 50 pontos-base nos juros, que já representam uma postura "agressiva" do Fed para combater a inflação.

Os estrategistas do Citi informaram, em relatório, o encerramento da aposta em queda do dólar frente ao real, adotada após a decisão de política monetária do Federal Reserve na quarta-feira passada, seguida de declaração do presidente da instituição, Jerome Powell, descartando a possibilidade de uma alta de 0,75 pontos-base. "A reação amena do dólar ao Fomc (comitê de política monetária do Fed) teve vida mais curta do que imaginávamos", afirmam os estrategistas do Citi, relatando que fecharam a operação hoje com perda de 4,22%.

A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, observa que "o vetor externo" continua sendo preponderante para a perda de força do real, mas que a moeda tem sofrido também por causa da crise institucional interna, da saída de capital externo da B3 e da forte elevação da posição comprada em derivativos cambiais por parte dos estrangeiros. "Persiste a elevada volatilidade da moeda dado o cenário externo adverso, porém o fluxo comercial no curto prazo tende a fazer o contraponto, ainda que parcialmente", diz a economista da Armor, em relatório.

Para a economista Bruna Centeno, especialista em renda fixa da Blue3, com um arrefecimento da aversão ao risco e diminuição da volatilidade da moeda, a taxa de câmbio pode voltar ao nível de R$ 5,00, na esteira do aumento do apetite pelo carry trade (operações que exploram diferencial de juros entre países). "O Copom deixou a porta aberta para uma alta de 0,5 da taxa Selic na próxima reunião, para 13,25%. Ainda vamos ver estrangeiros atraídos pelos nossos juros altos", diz Centeno. (Antonio Perez - [email protected])

17:24

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.15650 1.5979 5.16050 5.10200

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5189.000 1.41698 5196.000 5137.500

DOLAR COMERCIAL 5124.500 02/05    

JUROS

O mercado de juros operou em dois tempos nesta segunda-feira, tendo como principal referência o movimento dos Treasuries. A alta firme vista pela manhã, alinhada à pressão do câmbio e ao avanço dos yields dos títulos americanos, foi zerada no começo da tarde e as taxas locais viraram para baixo, na medida em que os rendimentos longos na curva americana também passaram a cair e que o petróleo ampliou as perdas para 6%. O movimento da commodity, em tese, poderia trazer algum alívio à expectativa de reajuste imediato nos preços da gasolina, mais cedo exacerbada pelo anúncio de aumento do diesel pela Petrobras. O quadro ganha mais importância diante da agenda da semana, que tem em destaque IPCA no Brasil e inflação nos Estados Unidos na quarta e, amanhã, a ata do Copom.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 13,29%, de 13,344% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 13,056% para 12,955%. A do DI para janeiro de 2025 fechou em 12,42%, de 12,565%, e a do DI para janeiro de 2027 terminou em 12,295%, de 12,39%.

Mesmo com o dólar fechando em alta, a R$ 5,1565, os juros caíram, com o mercado de olho no exterior, principalmente nos sinais do Federal Reserve. "O mercado de juros local replica o que acontece nas curvas dos mercados globais", resume Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management. A parte da manhã foi tensa para os negócios, com o yield da T-Note de dez anos chegando a bater em 3,20%, refletindo a percepção de uma atuação mais dura do banco central americano, apesar do discurso do presidente da instituição, Jerome Powell, na semana passada descartando uma possível aceleração no ritmo de aperto monetário.

À tarde, o cenário mudou e a T-Note de dez anos passou a cair fortemente. No fechamento da sessão regular do DI, marcava 3,06%, mas depois cedeu ainda mais, para 3,03% por volta das 17h. No começo da tarde, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que uma alta de 75 pontos base nos juros não está em seu cenário, e fez indicações de que a inflação está desacelerando nos Estados Unidos.

Se o alívio do petróleo for uma tendência, os bancos centrais terão um forte aliado no combate à inflação e talvez não precisem ser tão agressivos, dado o peso da commodity na inflação. O petróleo devolveu hoje, num só dia, a alta de 5% apurada na última semana, refletindo temores sobre a demanda em meio à discussão na União Europeia sobre embargo ao petróleo russo e sinais negativos da economia da China. A questão é que, em meio à guerra, o cenário tem mudado rapidamente. "Em se tratando de petróleo, a palavra que define é volatilidade", comentou Olivares.

Desse modo, apesar do comportamento da commodity, o mercado mantém a percepção de que a Petrobrás terá de elevar o preço da gasolina, até porque o câmbio está se depreciando. A Petrobrás anunciou aumento de 8,87% no diesel, mas que não chegou a afetar a curva, uma vez que o que pesa diretamente no IPCA é a gasolina. A defasagem do diesel ante os preços internacionais era maior e, por isso, era esperado que fosse priorizada. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem do insumo agora caiu para 11% na comparação com os preços praticados no Golfo do México. Já a gasolina, que não teve o preço alterado, tem defasagem média de 19%.

Analistas do Citi lembram que historicamente o diferencial é de até 10%, então a margem extra, que calculam em torno de 15%, tem de acompanhar a paridade. "Cada 1% de aumento na gasolina, repassado integralmente, implica em mais 4 pontos-base no IPCA cheio", afirmam. A equipe da instituição está no aguardo da definição sobre o preço da gasolina e do IPCA de abril para eventuais ajustes nas expectativas, mas alerta que o risco é para cima.

O Citi estima IPCA de abril, na quarta, em 0,95%, variação pouco abaixo da mediana de 1,0% coletada pela pesquisa do Projeções Broadcast, ante 1,62% em março. Mesmo antes do índice ser divulgado, a Porto Seguro Investimentos elevou hoje de 7,4% para 8,0% a projeção para 2022 e de 4,0% para 4,5% em 2023.

Olivares, da Azimut, lembra que outro fator a pesar sobre o mercado de juros é ausência do Boletim Focus, por causa da greve dos funcionários do Banco Central. "O mercado está operando sem uma bússola importante. O Focus sempre chama a atenção após a decisão do Copom", destaca. Com isso, cresce a expectativa pela ata da reunião amanhã, que deve dar mais detalhes sobre o plano de voo do Banco Central. No comunicado, a autoridade monetária sinalizou mais um aumento da Selic em junho, em magnitude menor do que a de 1 ponto aplicada em maio. "Houve melhora na comunicação do BC ante o Copom de março, com a entrada dos novos diretores e menor dispersão de opiniões." (Denise Abarca - [email protected])

17:24

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 12.72

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 12.65

Over Selic (%a.a) 12.65

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