BOLSA VOLTA AOS 108 MIL PONTOS COM EXTERIOR E COMBUSTÍVEL, QUE PESAM EM DÓLAR DE NOVO

Blog, Cenário

Se ontem o exterior blindou o Ibovespa de queda mais pronunciada diante da crise dos combustíveis, a fuga do risco vista nas ações lá de fora pressionou uma Bolsa já calejada com o impasse político interno. O principal índice da B3 regrediu aos 108.367,67 pontos (-1,55%) no fechamento, a menor marca em mais de duas semanas. A incerteza externa só se avoluma, e ganhou novos contornos hoje após revisão para baixo do crescimento global pela OCDE e por temores de que o ajuste nas políticas monetárias dos países centrais gere recessão. Nesta véspera de decisão do Banco Central Europeu (BCE), que deverá deixar claro o caminho para alta em breve de juros, a cautela se impôs. Nova York terminou no vermelho, com quedas de 0,81% (Dow Jones), 1,08% (S&P 500) e 0,73% (Nasdaq), mesmo com alta do setor de energia, na esteira da disparada do petróleo. A commodity superou os US$ 122 (Nymex) e US$ 123 (Brent) em meio a dúvidas quanto ao suprimento global. Essa esticada adicional dos valores do barril penalizou a Petrobras (ON -0,38% e PN -0,49%), que trabalha cada vez mais com seus preços descolados do exterior. O vento externo não ajudou e as dúvidas quanto à resolução do plano de barateamento de combustíveis só pioraram o sentimento em relação ao País. Perto do fechamento, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) apresentou o parecer do projeto que fixa teto de 17% ao ICMS sobre combustíveis e energia elétrica com poucas mudanças em relação ao que foi aprovado na Câmara - o que sugere que as discussões com Estados ainda se arrastarão. Em meio a esse cenário, o dólar também escalou mais um pouco, com o segmento à vista encerrando em R$ 4,8901 (+0,33%). Nos juros futuros, depois do estresse da véspera, o investidor decidiu esperar para ver qual será a resolução ao imbróglio dos combustíveis, e assim as taxas fecharam perto do ajuste.

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BOLSA

Em dia de novo avanço, ainda que moderado, para o dólar, o Ibovespa regrediu mais dois degraus neste começo de junho, agora na faixa dos 108 mil pontos, após ter iniciado o mês aos 111,3 mil e chegado no melhor momento aos 112.392,91, considerando o fechamento do dia 2. De lá para cá, a referência da B3 emendou quatro perdas diárias, atingindo no encerramento de hoje os 108.367,67 pontos, em baixa de 1,55%, com mínima aos 108.045,38 pontos, saindo de abertura aos 110.066,83 - bem perto da máxima do dia, de 110.142,34.

Assim, o Ibovespa registrou hoje a menor marca intradia desde 20 de maio (107.056,05) e o menor nível de fechamento desde o dia 19 do mesmo mês (107.005,22). Ainda moderado, o giro desta quarta-feira ficou em R$ 22,5 bilhões. Na semana, o Ibovespa cede 2,46% e, no mês, 2,68%. No ano, limita a alta a 3,38%.

Em contexto de persistente pressão das commodities sobre a inflação global - o Brent de agosto foi negociado a US$ 124,40 por barril na máxima do dia - e de risco crescente de que algum parêntese recessivo venha a se impor no momento em que as maiores economias tornam as respectivas políticas monetárias mais restritivas, o quadro doméstico tem se tornado também mais desafiador, após reação inicial positiva do Ibovespa pela exposição a matérias-primas.

A aproximação do calendário eleitoral e a dificuldade da costura política de uma solução aceitável para os entes federativos sobre a desoneração de combustíveis recolocam sobre a mesa preocupações com a situação fiscal, não vistas desde o fim do ano passado. A 'folga de arrecadação' que havia contribuído para a melhora da percepção fiscal emerge agora como elemento acenado pelo governo para conquistar apoio à proposta de controlar a inflação por meio de atuação sobre o preço da energia na ponta final do consumo.

"Apesar do impacto positivo - a possibilidade de contenção da inflação -, existe um custo fiscal relevante caso a proposta (de desoneração tributária) seja aprovada. Um custo para o qual ainda não foi apresentada fonte de financiamento. Essa incerteza gera preocupação quanto a risco fiscal, um velho conhecido nosso", diz Antônio Sanches, analista da Rico Investimentos.

"A desoneração dos combustíveis tem aspectos positivos e negativos. O que o governo está colocando é usar um pouco de sua folga de arrecadação. O governo já vinha sinalizando nessa direção, de forma que não chega a ser uma surpresa para o mercado. À medida que a eleição se aproxima, a volatilidade sempre costuma aumentar, o que se reflete em câmbio, curva de juros e Bolsa. Mas, diferentemente da última eleição, em que Paulo Guedes trouxe uma agenda mais liberal para o debate, os dois lados, hoje, têm discurso populista", diz André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos.

Os sobressaltos domésticos se somam à incerteza sobre o grau de ajuste das políticas monetárias no exterior, em momento de commodities ainda pressionadas, em meio à reabertura da China, e de falta de sinal quanto a uma resolução da guerra entre Ucrânia e Rússia, que se arrasta desde o fim de fevereiro. "O principal fator de risco ainda são os juros americanos. O aumento em curso por lá não é algo trivial, pode produzir grande efeito sobre empresas e setores mais alavancados", diz Luzbel, acrescentando que, no Brasil, os juros de referência tendem a permanecer na casa de dois dígitos por mais tempo do que se antecipava.

Por aqui, o aumento do custo de crédito, em meio ao ajuste da Selic, tem afetado em particular as ações do varejo, enquanto as de commodities e de exportadoras seguem na preferência dos investidores, inclusive estrangeiros - com as de bancos sendo também favorecidas no ano, como boas pagadoras de dividendos.

"O mercado teve hoje um dia de realização, acompanhando também o exterior, com mais aversão a risco por conta da inflação. Amanhã, tem a reunião do Banco Central Europeu (BCE), com expectativa de sinal sobre retirada de estímulos e sobre quando a zona do euro começará a elevar juros. A discussão continua a ser também sobre em quanto o Federal Reserve, nos Estados Unidos, conseguirá elevar juros sem que isso interfira na economia e reverta em recessão", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, mencionando também o "aumento do ruído na questão fiscal", no Brasil. "O custo fiscal é alto, com a renúncia a impostos."

No último dia aberto à adesão dos possuidores de recursos no FGTS, as ações da Eletrobras (ON +0,81%, PNB +0,68%) conseguiram se descolar do sentimento negativo que prevaleceu sobre o Ibovespa, assim como outros papéis, como Qualicorp (+3,20%), Hapvida (+3,07%), Cogna (+2,41%) e Via (+2,38%), na ponta positiva do índice na sessão. O lado oposto foi liderado por WEG (-5,93%), CSN (-4,93%), Gerdau PN (-4,90%) e Usiminas (-4,32%), com Vale ON (-3,44%) também mostrando forte ajuste. Entre os grandes bancos, as perdas chegaram a 1,92% (Itaú PN) no fechamento. Petrobras ON e PN encerraram, respectivamente, em baixa de 0,38% e 0,49%.

Na agenda doméstica, destaque amanhã para o IPCA de maio. "Com os dados do IPCA, amanhã, talvez fique mais clara a movimentação [de hoje nos juros futuros], mas aparentemente o mercado parece precificar a persistência da pressão inflacionária no curto prazo, porém enxergando um cenário de melhora mais à frente", observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora, chamando atenção para o "comportamento misto" dos juros futuros nesta quarta-feira. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 108367.67 -1.54637

Máxima 110142.34 +0.07

Mínima 108045.38 -1.84

Volume (R$ Bilhões) 2.25B

Volume (US$ Bilhões) 4.62B

17:30

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 108715 -1.45039

Máxima 110375 +0.05

Mínima 108220 -1.90

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York fecharam em queda, ampliando perdas à tarde, com temores sobre uma eventual recessão global no radar. No mercado de Treasuries, porém, a busca por segurança não foi maior do que o ajuste para cima nos retornos, com a expectativa por aperto monetário na próxima semana e investidores à espera do índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos, que sai nesta sexta-feira. No câmbio, o índice DXY do dólar subiu, com a moeda americana batendo máximas desde fevereiro de 2002 frente ao iene, por causa da política monetária relaxada do Banco do Japão (BoJ). Já o euro teve leve alta, enquanto o mercado esperava que na próxima manhã o Banco Central Europeu (BCE) prepare o caminho para uma alta de juros em breve. Entre as commodities, o petróleo avançou mais de 2%, após dado de estoques dos EUA na semana e com dúvidas sobre a oferta, inclusive da Rússia, diante da guerra na Ucrânia e das sanções decorrentes.

O alerta da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre os impactos da guerra da Ucrânia na atividade global esteve no radar hoje. A entidade cortou sua projeção de crescimento do mundo em 2022 de 4,5% a 3,0% e advertiu que os custos do conflito podem crescer mais com o tempo. A Stifel resgatava em relatório declaração do Banco Mundial de que muitos países terão dificuldades de escapar de uma recessão. O Deutsche Bank, por sua vez, acredita que a chance de recessão nos Estados Unidos tende a crescer, sobretudo em 2023 com o aperto monetário do Fed para conter os preços. Já a S&P Global revisou em alta previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA neste ano, de 2,4% a 2,5%, mas projetou alta no desemprego adiante, com o aperto monetário para conter a inflação.

A Casa Branca disse hoje esperar que o CPI dos EUA de maio venha elevado, atribuindo a culpa do problema ao presidente russo, Vladimir Putin, pela invasão na Ucrânia. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, falou em linha similar mais cedo, defendendo a postura do governo Joe Biden nesse quadro. Yellen ainda disse que os EUA podem rever algumas tarifas sobre a China, buscando foco mais "estratégico" nesse ponto.

Com a inflação e o Fed no radar, o juro da T-note de 2 anos subia a 2,782%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,028% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,187%, no fim da tarde em Nova York. Em Washington, Michael Barr teve apoio no Comitê Bancário do Senado para o cargo de vice-presidente para Supervisão Bancária do Fed - o economista deve ainda ter a confirmação votada pelo pleno do Senado.

Nas bolsas, os índices chegaram a ficar mistos em parte da manhã, mas o quadro negativo prevaleceu, com os temores sobre a economia global. O índice Dow Jones fechou em baixa de 0,81%, em 32.910,90 pontos, o S&P 500 caiu 1,08%, a 4.115,77 pontos, e o Nasdaq recuou 0,73%, a 12.086,27 pontos. Os setores imobiliário, industrial e financeiro estiveram entre as maiores baixas.

O ANZ diz que o BCE, nesta semana, e o Fed, na próxima, devem trazer em suas projeções atualizadas crescimento menor, mais inflação e a perspectiva de mais altas de juros. No câmbio, o euro subiu na véspera da decisão do banco central da moeda comum, enquanto o iene continuou pressionado pela postura relaxada do BoJ. No horário citado, o dólar subia a 134,24 ienes, o euro avançava a US$ 1,0715 e a libra tinha baixa a US$ 1,2539. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,22%, a 102,318 pontos. Na Europa, a Eurasia prevê que o BCE também fale sobre alternativas caso ocorra forte estresse em mercados de bônus da região.

Entre as commodities, o petróleo WTI para julho fechou em alta de 2,26%, em US$ 122,11 o barril, na Nymex, e o Brent para agosto avançou 2,50%, a US$ 123,58 o barril, na ICE. O Canadá anunciou embargo contra a Rússia em alguns setores, o de petróleo incluído, por causa da guerra na Ucrânia. O Instituto de Finanças Internacionais (IIF), por sua vez, projetou que a Rússia terá contração de 15% neste ano e de 3% no seguinte, dizendo ainda que o embargo da União Europeia ao petróleo pode piorar ainda mais o quadro das exportações do país. Ainda no setor, os estoques de petróleo dos EUA recuaram 2,025 milhões de barris na semana, contrariando a previsão de queda de 1,9 milhão dos analista, enquanto os de gasolina caíram 812 mil, quando se esperava alta de 300 mil barris. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])

CÂMBIO

A instabilidade marcou os negócios no mercado doméstico de câmbio na sessão desta quarta-feira (8). Após uma manhã e início da tarde de muitas trocas de sinal, o dólar se firmou em alta nas últimas horas dos negócios e fechou na casa de R$ 4,89, em meio à aceleração dos ganhos da moeda americana ante pares, sobretudo o iene, e à piora das Bolsa em Nova York.

Segundo operadores, o real segue pressionado pela reprecificação do risco fiscal doméstico, na esteira do plano do governo para reduzir os preços de combustíveis, e pela piora do apetite ao risco no exterior. Crescem os temores de que a economia global amargue um quadro de estagflação diante da disparada do petróleo e do aperto monetário em diversos países, em especial nos Estados Unidos. Na outra ponta, favoreceria a moeda brasileira a reabertura da economia chinesa, que tende a dar sustentação aos preços das commodities e, por tabela, contribuir para fluxo comercial. Além disso, a taxa de juros doméstica elevada torna muito custosas apostas contra o real e tende a atrair capitais de curto prazo.

Não por acaso, a mínima da moeda pela manhã, a R$ 4,8483 (-0,53%), foi atribuída a fluxo de capital externo pontual para ativos domésticos e a ajustes no mercado futuro. Na máxima, também na primeira etapa de negócios, o dólar chegou a superar o teto de R$ 4,90, ao atingir R$ 4,9078 (+0,69%). No fim da sessão, a divisa avançava 0,33%, cotada a R$ 4,8901. Com isso, o dólar já acumula valorização de 2,33% nesta semana e de 2,89% neste início de junho. No ano, as perdas são de 12,30%. A liquidez foi reduzida, com o contrato de dólar futuro para julho, principal termômetro do apetite por negócios, girando pouco mais de US$ 10 bilhões.

"Essa preocupação com a questão fiscal está se refletindo no câmbio. O pacote dos combustíveis parece uma manobra eleitoral. Os estados vão perder arrecadação e não se sabe como será ao certo a compensação", afirma a economista Bruno Centeno, especialista da Blue3.

Reunião hoje entre secretários de Fazenda dos Estados e o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), relator do projeto de lei (PLP 18) que fixa teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis e energia, terminou sem acordo. Os principais pontos de discordância são o nível de compensação da União aos Estados pela perda de receita e uma eventual "modulação" no corte da alíquota do tributo.

Apesar da falta de alinhamento com os governos estaduais, Bezerra apresentou seu parecer, mantendo basicamente os pontos do texto aprovado na Câmara dos Deputados. Entre os acréscimos e mudanças, houve inclusão da zeragem de PIS/Cofins sobre gasolina e álcool hidratado. Estados sem dívidas com a União serão contemplados com compensação. Já os estados endividados terão compensação via serviço da dívida (juros), e não pelo estoque.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, acredita que o "contexto político" e a inflação elevada devem levar o Congresso a aprovar o pacote de zeragem de tributos sobre combustíveis. Ele alerta que as fontes de compensação fiscal aos Estados ainda "dependem de receitas duvidosas", como recursos da privatização da Eletrobras e tamanho da arrecadação federal. "Privatização é para abater dívida e não para financiar gastos ou compensação para Estados. E ainda temos o risco grande de judicialização", afirma Velho.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - também teve um pregão instável, mas se firmou em alta ao longo da tarde, no patamar dos 102,500 pontos, com ganhos de mais de 1% em relação ao iene - que está no menor patamar frente a moeda americana desde 2002. O PIB japonês caiu 0,1% na margem no primeiro trimestre, reforçado a posição do Banco do Japão em manter a política monetária frouxa.

As taxas dos Treasuries subiram em bloco, com o yield da T-note de 10 anos acima de 3%, e as cotações do petróleo avançaram mais de 2%, superando a marca de US$ 120,00 o barril, o que aumenta as preocupações com a inflação global. O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou hoje a decisão de proibir importação de petróleo e gás russo.

Alertando para impactos da guerra entre Ucrânia e Rússia, ambos grandes exportadores de commodities, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) cortou a projeção para o crescimento global de 4,5% para 3%. Para 2023, a expectativa é de avanço de 2,8%. Ontem, o Banco Mundial havia cortado sua estimativa para o PIB global neste ano de 4,1% para 2,9%.

Amanhã, tem reunião de política monetária do Banco Central (BCE), seguida de entrevista da presidente da instituição, Christine Lagarde. A terceira leitura do PIB da zona do euro no primeiro trimestre (na margem) mostrou avanço de 0,6%, acima da anterior, que apontava expansão de 0,3%. Na sexta-feira, será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos em maio, o que pode mexer com as expectativas em relação ao ritmo e a intensidade do ajuste monetário capitaneado pelo Federal Reserve. (Antonio Perez - [email protected])

17:30

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.89010 0.3262 4.90780 4.84830

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 4922.000 0.36705 4940.000 4880.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4944.204 23/03    

JUROS

Os juros futuros fecharam a sessão regular com taxas de lado, após passarem o dia sem firmar tendência e com várias trocas de sinais. Após a forte reação negativa ontem ao pacote de combustíveis engendrado pelo governo, os investidores estiveram em compasso de espera pela divulgação do parecer do senador Fernando Bezerra (MDB-PE) e de olho na reunião com os Estados, que têm representado o grande entrave na discussão do pacote no Senado. O movimento do câmbio e fatores técnicos relacionados ao mercado de NTN-B também influenciaram a dinâmica do mercado. O relatório foi divulgado pouco antes do início da etapa estendida, mas, mantidas as linhas gerais do que foi aprovado na Câmara e ignorando boa parte das demandas dos governadores, não houve reação nas taxas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 ficou estável ante o ajuste de ontem, a 13,49%, e a do DI para janeiro de 2024 passou de 13,206% para 13,22%. O DI para janeiro de 2025 encerrou a etapa regular em 12,685%, de 12,66%, e a taxa do DI para janeiro de 2027 ficou em 12,60%, de 12,595%.

Com a agenda de indicadores e eventos esvaziada, o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier, afirma que o mercado não teve hoje um grande driver, e ainda digeria a "novela dos combustíveis" e o tamanho do impacto fiscal. "Petróleo e câmbio não ajudam muito. Temos de ver o que vai sair do parecer", disse. O projeto fixa um teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis, energia, telecomunicações e transporte público.

O relatório foi divulgado com a sessão regular já encerrada, mas durante a tarde já se sabia que não houve evolução na reunião com os secretários de Fazenda. Os principais pontos de discordância são o nível de compensação da União aos Estados pela perda de receita e uma eventual "modulação" no corte da alíquota do ICMS.

Pelo projeto aprovado na Câmara, os governos estaduais seriam compensados, por meio do abatimento da dívida com a União, quando as perdas fossem superiores a 5%, durante um período de transição de 6 meses. O presidente do Comsefaz, Décio Padilha, considera, contudo, que mesmo perda inferior a 5% pode inviabilizar políticas públicas. O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), chegou a propor a suspensão da dívida do Estado com a União por dois anos em troca de zerar o ICMS sobre diesel, etanol e gás de cozinha.

O parecer, de forma geral, manteve o que foi aprovado na Câmara. Uma das poucas mudanças foi a inclusão de uma compensação da perda de receitas para Estados sem dívida com a União. Para esses entes, a compensação será feita em 2023, com recursos da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) e com a priorização na contratação de empréstimos da União. Estados com dívida terão abatimento sobre os juros e não sobre o estoque. O senador incluiu ainda a proposta do Palácio do Planalto de zerar o PIS/Cofins e o PIS/Cofins-Importação sobre álcool hidratado combustível, álcool anidro e gasolina.

A resistência dos governadores traz risco de judicialização do processo e também nubla o cenário sobre o desenho final da proposta, assim como o timing para entrar em vigor. Para o economista-chefe da Neo Investimentos, Luciano Sobral, se no formato que saiu do Palácio do Planalto teria um possível impacto de até 3 pontos porcentuais a menos na inflação deste ano, a conta realista está mais próxima da metade disso.

A percepção sobre o alívio inflacionário embutido na proposta por ora parece estar fazendo preço mais nas NTN-B curtas do que no DI. Ontem, houve forte queda nas taxas de inflação implícita nos prazos até 2024, movimento que continuou nesta manhã, mas à tarde se sustentava mais na NTN-B 2022, segundo o gestor da Sicredi. "Olhando de 2025 adiante, o risco fiscal faz mais preço para a abertura das implícitas", disse.

O mercado está também no aguardo do IPCA, nesta quinta-feira. Para o economista-chefe da JR Trust, Eduardo Velho, a expectativa de desaceleração do índice de 1,62% de abril para 0,6% em maio deveria sancionar um viés pontual de realização no DI. "Por outro lado, o retorno do aumento dos impostos sobre os combustíveis em 2023 elevaria a inflação para uma faixa superior à 5,27% (nossa atual previsão teto do IPCA)", disse. A mediana das estimativas coletada pelo Projeções Broadcast é de 0,60%, com previsão de aceleração nos núcleos e alívio em preços administrados.

Velho lembra ainda que a pressão por reajustes pela dinâmica dos preços do petróleo e do câmbio tendem a reduzir o impacto da zeragem dos impostos sobre combustíveis. De acordo com dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a gasolina está com uma defasagem média de 17% na comparação com o preço praticado no Golfo do México. No final de maio, essa diferença era da ordem de 6%.

Os preços da commodity voltaram a subir hoje, com o barril do Brent, referência para a Petrobras, fechando a US$ 123,58, bastante além da marca de US$ 100 usada como premissa no cenário "com maior probabilidade de ocorrer" citado pelo Copom. A escalada nos preços do petróleo e o imbróglio na redução dos combustíveis são desafios ao que o mercado considerada como plano de voo do colegiado, de encerrar o ciclo de ajuste da Selic na semana que vem, contribuindo para postergar o início do processo de queda da taxa básica. (Denise Abarca - [email protected])

17:30

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