A semana termina com desvalorização de ativos brasileiros, à medida que o investidor sente a pressão interna e externa, ambas cada vez mais crescentes. No front doméstico, o mercado não gostou do plano do governo para garantir o lançamento do Bolsa Família repaginado, batizado de Auxílio Brasil. Embora tenha afastado o risco de um novo crédito extraordinário - tal qual usado para bancar o Auxílio Emergencial -, a solução de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi muito mal recebida. A visão de analistas é a de que a gestão Jair Bolsonaro pode entrar no modo 'tudo ou nada' para garantir a reeleição no ano que vem - cenário ainda difícil, pela fotografia do momento mostrada pelo Datafolha desta madrugada, mostrando liderança folgada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Auxílio Brasil de 2022, aliás, ainda depende da resolução do impasse dos precatórios pela via congressual, porque a tensão do presidente com o Judiciário afastou a hipótese do arranjo "Fux-Dantas" (sublimite para essas despesas, com referência no gasto em 2016, corrigido pela inflação que reajusta o teto de gastos). Na cena externa, o foco de preocupação está nas duas maiores economias do mundo. Na China, cresce o temor do colapso da Evergrande, o que levou à injeção bilionária de liquidez no sistema pelo PBoC hoje. Ainda que observadores descartem um risco semelhante ao Lehman Brothers em 2008, o medo é que a crise da companhia arraste o gigantesco setor imobiliário chinês em um momento de desaceleração da economia do país como um todo. Nos Estados Unidos, dados mistos impõem cautela sobre efeitos da variante delta na recuperação da atividade. Com esse cenário, o Ibovespa mergulhou aos 111.439,37 pontos na sessão (-2,07%), o menor nível de fechamento desde 9 de março e uma queda semanal de 2,49%. O recuo do minério penalizou em especial a Vale, que cedeu 2,02% hoje e 12,70% na semana. Na renda fixa, a curva inclinou, computando ainda a preparação para a reunião do Copom, na esteira da correção de apostas mais ousadas de aperto monetário depois de declaração na terça-feira do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, indicando manutenção do plano de voo. No dólar, depois de um salto a R$ 5,34 na máxima, o mercado voltou à moderação de movimentos vistos nos últimos dias. A moeda à vista subiu a R$ 5,2821 hoje (+0,32%), ganho de 0,28% ante sexta-feira passada. Em Nova York, onde os investidores também se preparam para a decisão do Federal Reserve, o vencimento quádruplo de contratos de derivativos ligados a ações gerou volatilidade.
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