BOLSA TEM MELHOR MÊS DESDE OUTUBRO, DI DESINCLINA E DÓLAR SOBE À ESPERA DE JURO MENOR

Cenário
As expectativas de que o início do corte de juros será em breve conduziram os ativos domésticos ao longo do mês de maio. Dados bem mais fracos de inflação no Brasil e aprovação célere do arcabouço fiscal na Câmara serviram de gatilho para que o mercado projetasse redução da Selic já em agosto, mesmo com sinais de atividade mais resiliente aqui. Neste ambiente, à exceção do câmbio, o investidor local pôde escapar dos sobressaltos externos, como o impasse da dívida dos Estados Unidos e a queda das commodities diante de sinais de enfraquecimento da economia da China. A despeito da queda de 0,58% hoje, aos 108.335,07 pontos, o Ibovespa brilhou no mês, com ganho de 3,74%. Foi a maior alta mensal desde outubro. Nos juros, houve desinclinação da curva, com uma queda bastante pronunciada nos vencimentos de longo prazo, de quase 1 ponto porcentual. No câmbio, o dólar à vista terminou o mês aos R$ 5,0730, valorização de 0,61% no dia e 1,72% no mês. Nesse mercado, a pressão aumentou nos últimos dias, à medida que o cenário externo apresentava deterioração. A chance de elevação de juros pelo Federal Reserve em junho chegou a ser predominante nos últimos dias, puxando para cima os juros dos Treasuries, embora hoje a aposta de estabilidade tenha voltado à mesa com força. No mês, a T-note de 2 anos subiu 38 pontos-base e o a de 10 anos, 20 pontos. •BOLSA •JUROS •CÂMBIO •MERCADOS INTERNACIONAIS BOLSA Apesar de ter se mantido em baixa nas últimas três sessões, aparando lucros que chegaram a superar 6% no mês, o Ibovespa encerrou maio com ganho de 3,74%, no que foi seu melhor desempenho desde outubro passado, quando havia avançado 5,45%. Foi também o segundo mês de retomada para a referência da B3, que havia subido 2,50% em abril, após perdas de 2,91% e 7,49%, respectivamente, em março e fevereiro. No ano, o Ibovespa fecha o quinto mês de 2023 ainda no negativo, em retração de 1,28%. Na semana, cede agora 2,32%, com as três perdas diárias. Nesta última sessão de maio, o giro financeiro se fortaleceu na B3, a R$ 34,2 bilhões. Hoje, o índice oscilou dos 108.193,41 aos 109.136,79, após abertura aos 108.967,03, e fechou em baixa de 0,58%, aos 108.335,07 pontos. Em Nova York, o dia também foi negativo, com recuo entre 0,41% (Dow Jones) e 0,63% (Nasdaq) na sessão. Em dólar, após ter chegado ao final do primeiro trimestre aos 20.100,65 pontos, com a moeda americana em baixa de 2,99% em março frente ao real, o Ibovespa concluiu abril perto dos 21 mil, aos 20.939,09 pontos, com recuo de 1,60% para o dólar ante a moeda brasileira no mês, na casa de R$ 4,98. Agora, um mês depois, está em 21.355,22 pontos, refletindo não apenas a recuperação do Ibovespa em maio, mas também o avanço do dólar frente ao real, na casa de R$ 5,07 (alta de 1,72% no mês). Esta última sessão de maio foi condicionada pela decepcionante leitura sobre o PMI industrial da China, ainda em terreno de contração, a 48,8, e abaixo do que se esperava para o mês. O resultado sobre o ritmo de atividade chega em momento no qual os preços de commodities, como o minério, já vinham refletindo incertezas quanto ao dinamismo da segunda maior economia do mundo, que não tem contado com estímulos do governo - um indutor tradicional no país - para mudar de marcha. Em relatório, a Pantheon Macroeconomics aponta que a leitura do PMI industrial da China em maio foi a menor desde abril de 2022, quando o país estava em lockdown, e que a retomada da economia está sendo dificultada pela falta de estímulos, na medida em que o governo tem optado por deixar que o consumo faça sua parte - sem interferir de forma ampla na indução da recuperação do ritmo de atividade. "As ações correlacionadas a commodities sofreram mais uma vez hoje desde a abertura, com o PMI chinês da noite anterior, um resultado [de maio] que contraria a tese do crescimento chinês. Na zona do euro, índices de preços na França e Alemanha, divulgados hoje, mostram que o aperto monetário começa a fazer efeito por lá. E, no Brasil, também pela manhã, a leitura sobre a taxa de desemprego veio acompanhada por queda na população ocupada, um sinal ruim sobre o mercado laboral", diz Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos. Ainda assim, o levantamento sobre o mercado de trabalho no trimestre até abril, do IBGE, trouxe aspectos positivos e importantes, observa Rafael Perez, economista da Suno Research. Houve queda de 0,3 ponto porcentual na taxa de desemprego, a 8,5%, mostrando "resiliência" do mercado de trabalho nos primeiros meses do ano, aponta Perez. "Vale ressaltar que o rendimento médio real está em R$ 2.891, apresentando estabilidade na variação trimestral e crescimento de 7,5% na anual", acrescenta o economista, que antevê que a perda de dinamismo do emprego ao longo do ano tende a ser "mais moderada". Nos Estados Unidos, por outro lado, o relatório Jolts, métrica mensal sobre o mercado de trabalho americano focada no giro da mão de obra, mostrou ritmo forte de contratações em abril, acima do esperado, o que sugere que o Federal Reserve possa manter o aperto da política monetária, diz Gabriel Felix, especialista da Blue3 Investimentos. De fato, logo depois do relatório desta quarta-feira, a chance de o Fed elevar em 25 pontos-base os juros de referência chegou a subir de 55% para 72%, na reunião de junho. "A ideia de que o Fed poderia estabilizar os juros no patamar atual volta a ficar distante, no momento", diz Felix. "As dúvidas sobre a demanda chinesa e a perspectiva de mais altas de juros nos Estados Unidos colocaram a maioria das bolsas no negativo na sessão de hoje, assim como as commodities, com o petróleo estendendo as perdas de ontem", quando já havia cedido mais de 4%, acrescenta o analista da Blue3. Hoje, o barril do WTI para julho, referência dos Estados Unidos, cedeu quase 2%, e o Brent de agosto, referência global, caiu 1,5%. Assim, Petrobras ON e PN encerraram a sessão, respectivamente, em baixa de 1,22% e 1,02%, enquanto Vale ON chegou a oscilar para cima à tarde, mas fechou ainda em baixa de 0,73% - cedendo 11,86% no mês, enquanto Petrobras ON e PN avançaram 9,52% e 10,21% no intervalo. Outro segmento de peso no Ibovespa, as ações de bancos também fecharam o dia no negativo (BB ON -0,18%, Bradesco PN -1,21%, Itaú PN -0,79% e Unit do Santander -0,94%). Na ponta do Ibovespa, destaque nesta quarta-feira para BRF (+11,83%), após a empresa ter comunicado aval do conselho de administração para realizar oferta primária de ações, considerando a distribuição de 500 milhões de novos papéis a R$ 9 por ação - ou seja, um prêmio de quase 24% em relação ao fechamento da ON da BRF, ontem, então a R$ 7,27 - hoje, fechou a R$ 8,13. A Marfrig e a Salic, fundo soberano da Arábia Saudita, vão injetar até R$ 4,5 bilhões na BRF, o que deve acelerar o processo de recuperação da empresa. A Salic e a Marfrig têm compromisso de subscrição de metade da oferta, cada uma. Assim, logo atrás de BRF na sessão, a ação da Marfrig fechou em alta de 6,24% - destaque também para CVC (+13,42%). No lado oposto do Ibovespa nesta quarta-feira, Assaí (-4,19%), TIM (-2,85%) e Locaweb (-2,54%). (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Caroline Aragaki e Gabriela Brumatti) 18:02 Índice Bovespa Pontos Var. % Último 108335.07 -0.57996 Máxima 109136.79 +0.16 Mínima 108193.41 -0.71 Volume (R$ Bilhões) 3.42B Volume (US$ Bilhões) 6.71B 18:04 Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. % Último 108800 -0.45746 Máxima 109665 +0.33 Mínima 108690 -0.56 Volta JUROS Os juros futuros fecharam a quarta-feira com viés de alta, mas em maio apuraram queda, mais pronunciada nos vencimentos de longo prazo, de quase 1 ponto porcentual, o que levou à perda expressiva de inclinação na curva no encerramento do mês. Apesar de terminarem o dia levemente pressionadas para cima, oscilaram com viés de baixa ao longo da sessão, novamente na contramão do desempenho fraco dos segmentos de ações e câmbio no Brasil. O comportamento dos juros também desafiou dados do mercado de trabalho acima do consenso, que poderiam servir de argumento para uma realização de lucros. O pano de fundo principal a explicar a resiliência das taxas segue sendo a melhora na perspectiva para a inflação, enquanto do exterior houve contribuição do novo do recuo dos preços das commodities e redução das apostas na alta de juros nos Estados Unidos. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,22%, de 13,19% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 11,43% para 11,52%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,94%, de 10,91% ontem, e o DI para janeiro de 2029, com taxa de 11,28%, de 11,24%. No fim de abril, estavam, respectivamente, em 13,25%, 11,98%, 11,79% e 12,10%. Após ter mostrado fechamento importante na última semana, o mercado de juros vem adiando um movimento de realização mais firme em meio aos sinais de melhora no cenário para preços, admitidos pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Na segunda-feira, ele frisou que a inflação cheia no Brasil foi a que mais caiu entre os emergentes, mas que as médias de núcleos, observadas pelo BC, caem lentamente, o que demanda cuidado. Mas, alertam os profissionais nas mesas de renda fixa, o mercado já dá sinais de cansaço, em busca de novos gatilhos que possam puxar outra onda de queda nos prêmios. O exterior tem contribuído via commodities agrícolas e principalmente o petróleo, que hoje voltou a cair, após ter tombado ontem mais de 4%, em meio a dados fracos da economia da China e dos Estados Unidos. "As notícias que vêm penalizando a Bolsa e o câmbio não afetam a curva. O mercado esteve de lado, ainda olhando a inflação, com expectativa positiva para o IPCA na semana que vem e para a reunião do CMN", afirma o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da MAG Investimentos. Segundo ele, vem crescendo no mercado a percepção de que as metas de inflação até 2026 devem ser mantidas em 3%. A reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) será no dia 29 de junho. Na agenda de indicadores, a taxa de desemprego na Pnad Contínua, de 8,5% no trimestre encerrado em abril, ficou abaixo da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 8,7%. E o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou geração de 180.005 vagas em abril, acima da mediana de 173.000. "Em tese, os números poderiam pressionar os DIs para cima pela leitura de uma atividade ainda resiliente pressionando a inflação de serviços, mas o mercado não reagiu", disse Oliveira. Ao otimismo com o cenário de inflação, a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, acrescenta a confiança dos agentes num desfecho rápido da tramitação do texto do arcabouço fiscal no Senado. "Sabemos que a proposta não é a ideal, mas acaba eliminando o risco de cauda de trajetória explosiva da dívida", disse. Nos últimos dias, a curva tem se descolado da piora do câmbio, até porque justamente o fechamento das taxas é considerado um dos principais fatores a pesar sobre o real. "Reduz a gordura do diferencial de juros ante as economias desenvolvidas, sobretudo a dos Estados Unidos", explicou Abdelmalack. O dia foi de queda também nas curvas no exterior. Os juros dos Treasuries renovaram mínimas à tarde, após dois dirigentes do Federal Reserve defenderem pausa no aperto monetário e o Livro Bege do Fed apontar crescimento mais lento do emprego nos Estados Unidos. A chance de manutenção dos juros na reunião monetária de junho voltou a ser majoritária, segundo plataforma de monitoramento do CME Group. O mercado de juro também se apega ao bom momento do quadro inflacionário para relativizar o aumento das tensões políticas, com a governabilidade do presidente Lula um pouco mais fragilizada, depois da aprovação do projeto de lei do marco temporal e dificuldades na votação da MP dos Ministérios, que precisa acontecer hoje, sob o risco de extinção de 17 pastas. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pediu que o presidente Lula entre em campo na articulação política para melhorar a relação do governo com o Parlamento. "O mercado tem deixado mais em segundo plano estas questões políticas, se apegando à pauta econômica, mais interessado no andamento do arcabouço no Senado e as discussões sobre a reforma tributária na Câmara", avaliou Oliveira, da MAG. No balanço do mês, a curva teve redução da inclinação, com taxas curtas praticamente estáveis apesar do IPCA-15 abaixo do consenso, e longas caindo mais do que as do trecho intermediário. A trajetória reflete principalmente a aprovação do novo arcabouço fiscal na Câmara e a redução das expectativas de aperto monetário pelo Federal Reserve, além das incertezas sobre o pulso da economia chinesa. (Denise Abarca - [email protected]) Volta CÂMBIO O dólar à vista emendou nesta quarta-feira, 31, a terceira sessão de alta firme no mercado doméstico de câmbio e encerrou maio com valorização de 1,72%, após queda de 1,60% em abril. Apesar da influência da disputa técnica pela formação da última Ptax do mês e da rolagem de posições no segmento futuro, o principal catalisador dos negócios foi o ambiente externo. O dia foi marcado por uma onda de fortalecimento da moeda americana e por queda das commodities, na esteira de dados aquém do esperado dos setores de serviços e indústria na China. Em alta desde a abertura, o dólar experimentou uma arrancada entre o fim da manhã e o início da tarde, quando superou o teto de R$ 5,10, considerado uma resistência técnica relevante, e correu até a máxima de R$ 5,1277 (+1,69%). Ao longo da tarde, à medida que a moeda americana reduzia seus ganhos tanto em relação ao euro quanto na comparação com pares do real, o dólar perdia parte do seu fôlego aqui. No fim do dia, a divisa subia 0,61%, cotada a R$ 5,0730 - maior valor de fechamento desde 19 de abril. Maio foi um mês de extremos para o comportamento da moeda americana no mercado local. Desde seu ponto mais baixo no dia 15, quando fechou a R$ 4,8882, até o encerramento do pregão de hoje, a divisa acumulou valorização de 3,78%. As perdas do dólar ante o real em 2023, que chegaram a superar 6%, agora são de 3,92%. A moeda brasileira apresenta desempenho inferior a seus pares, em especial os pesos colombiano e mexicano, tanto no mês quanto no ano. "Temos um movimento de dólar mais forte no mundo hoje. O real está um pouco pior que seus pares nos últimos dias. Isso tem um pouco a ver com a questão da articulação política do governo, com episódios mais ruidosos, o que acaba pesando sobre a moeda", afirma a economista-chefe e sócia da Armor Capital, Andrea Damico, em referência a derrotas recentes do governo Lula em votações no Congresso, como no esvaziamento da pasta do Meio Ambiente. Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - tocou máxima a 104,699 pontos no início da tarde, em meio ao enfraquecimento do euro diante da perspectiva de que o Banco Central Europeu (BCE) não levará o aperto monetário adiante. Houve desaceleração do índice inflação ao consumidor na Alemanha de 7,2% em abril para 6,1% em maio (taxa anualizada), ao passo que as expectativas eram de 6,4%. Nos EUA, sob impacto do relatório Jolts, que mostrou aumento da abertura de postos de trabalho acima do esperado em abril, as chances de elevação de juros em 25 pontos-base pelo Federal Reserve em junho chegaram a superar 70% pela manhã, segundo monitoramento do CME Group. Ao longo da tarde, houve uma reviravolta nas apostas dos investidores para a reunião de política monetária do BC americano no mês que vem, em meio a declarações mais amenas de dois dirigentes do Fed. As chances de manutenção dos Fed Funds na faixa entre 5,00% e 5,25% não apenas passaram a ser majoritárias como superaram os 70%. Foi a senha para que o índice DXY desacelerasse ganhos em mais de 300 pontos e passasse a trabalhar ao redor dos 104,250 pontos. Diretor do Fed e com voto nas decisões de política monetária, Philip Jefferson disse que eventual manutenção dos juros em junho não "devera ser interpretada" como fim do ciclo de alta e que "pular uma alta de juros" daria mais tempo para avaliação dos indicadores. Na mesma linha o presidente do Fed de Filadélfia, Patrick Harker, afirmou que poderia ser apropriado "pular uma reunião" para observar os efeitos do aperto monetário. "Os dados dos Jolts surpreenderam bastante para cima hoje. A economia americana ainda mostra uma resiliência muito grande, com mercado de trabalho muito forte, o que está por trás da força do dólar. Hoje, tivemos diretores reforçando que pode ter uma pausa na alta de juros em junho, mas que isso não necessariamente significa final do ciclo", afirma Damico, da Armor, para quem, se o Fed interromper o processo de aperto em junho, terá muita dificuldade para voltar a elevar os juros. Para o economista-chefe do Banco Fibra, Marco Maciel, a "principal força" que explica a alta do dólar por aqui da casa de R$ 4,95 para mais de 5,05 é "a queda dos preços das commodities a partir de fim de maio", em especial do petróleo. Hoje, o contrato do tipo Brent para agosto recuou 1,50%, a US$ 72,60 o barril. "A razão fundamental por trás disso reside na desconfiança (que renasceu) de desaceleração da economia chinesa, ainda mais quando as expectativas de crescimento para 2023 se situam no forte intervalo entre 5,5% e 6,0%", afirma Maciel, em relatório. (Antonio Perez - [email protected]) 18:02 Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima Dólar Comercial (AE) 5.07300 0.6088 5.12770 5.05580 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5095.500 0.68168 5097.000 5055.500 DOLAR COMERCIAL 5085.500 0.16742 5156.000 5080.000 Volta MERCADOS INTERNACIONAIS As apostas para a próxima reunião monetária do Federal Reserve (Fed) sofreram uma reviravolta nesta tarde, tornando novamente majoritária a chance de manutenção dos juros. O movimento ocorreu em meio a falas dos dirigentes Philip Jefferson e Patrick Harker (Filadélfia), indicando que o BC americano pode pausar o aperto monetário em junho. Os comentários somaram-se a constatação do Livro Bege do Fed de que o emprego e os preços estão crescendo em ritmo mais lento em diversos distritos americanos, ampliando a pressão sobre os juros dos Treasuries e reduzindo ganhos do dólar. As bolsas de Nova York se beneficiaram deste cenário e reduziram perdas, também monitorando o avanço do teto da dívida para votação na Câmara dos Representantes. No entanto, o petróleo continuou pressionado e caiu mais de 1%, diante de leituras fracas do setor industrial nos EUA e na China. A chance de manutenção dos juros do Fed na próxima reunião monetária passaram de 27,8% no fim da manhã para 70,2% no final desta tarde, segundo a plataforma de monitoramento do CME Group. A mudança voltou a colocar em segundo lugar (29,8%) a probabilidade de nova alta de 25 pontos-base (pb), que liderava nesta manhã, quando concentrava 72,2% das apostas do mercado. Esta inversão nas precificações aconteceu em meio a declarações simultâneas de Jefferson e Harker, ambos com direito a voto nas decisões monetárias do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) deste ano. Jefferson reiterou que uma decisão de manter os juros em junho não deveria ser interpretada como pico nas taxas e sim como um espaço para avaliar a necessidade de apertos monetários adicionais. Harker comentou que esta decisão seria como "pular" uma reunião do ciclo de aperto. "Podemos em algum momento pausar por um tempo, mas não sei se estamos prontos", afirmou Harker. O BMO analisa que os comentários confirmam o posicionamento do BC americano de "esperar" e considerar dados macroeconômicos, porém, aponta que dificilmente o Fed voltaria a apertar a política monetária se de fato pausar em junho. Para o banco, os dirigentes devem manter "pulos" nas decisões até setembro, somente para "ver que as taxas terminais foram atingidas em maio". Os comentários coincidiram com a divulgação do Livro Bege do Fed, sumário de opiniões que embasa as decisões de política monetária nos Estados Unidos. O documento constatou que os preços continuaram crescendo e o mercado de trabalho permanece apertado, embora com arrefecimento em algumas áreas e em ritmo menor na maior parte dos distritos, em comparação à publicações anteriores. Este cenário ajudou a ampliar a pressão sobre os rendimentos dos Treasuries e reduziram ganhos do dólar. Por volta das 17h (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos recuava a 4,402%, o da T-note de 10 anos tinha baixa a 3,629% e o do T-bond de 30 anos caía a 3,845%. No horário citado, o dólar caía a 139,34 ienes, o euro recuava a US$ 1,0683 e a libra tinha alta a US$ 1,2430. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou ganho de 0,15%, a 104,326 pontos, com ganho mensal de 2,62%. Antes, a moeda americana operava em forte alta durante a maior parte do pregão, beneficiada pelo clima de cautela dos mercados. Em relatório, a Oanda avalia que preocupações sobre uma recessão nos Estados Unidos - diante de possíveis travas nos gastos públicos e em meio ao aperto monetário do Fed - devem tornar o ambiente "difícil" para ativos de risco. Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em baixa de 0,41%, o S&P 500 fechou em queda de 0,61% e o Nasdaq recuou 0,63%. Entre as ações de destaque, a Nvidia caiu 5,68%, corrigindo dos ganhos acumulados nas últimas sessões, e a Tesla subiu 1,38%, acompanhando notícias sobre a viagem do CEO Elon Musk à China. Já o petróleo fechou em queda de mais de 1% e estendeu fortes perdas registradas ontem, abalado por leituras mais fracas do que o esperado no PMI industrial da China e dos Estados Unidos, o que renovou preocupações sobre a demanda do óleo. No fechamento, WTI para julho fechou em baixa de 1,97% (US$ 1,37), em US$ 68,09 o barril, na Nymex, e o Brent para agosto caiu 1,50% (US$ 1,11), a US$ 72,60 o barril, na ICE. No mês, o WTI derreteu 11,31% e o Brent perdeu 9,62%. A forte queda do petróleo pesou sobre o rublo russo, que recuou de forma acentuada ante o dólar nesta sessão e apagou ganhos recentes. A moeda da Rússia têm apresentado alta volatilidade, também com a guerra na Ucrânia no radar. No horário citado, o dólar subia a 81,585 rublos. Após o fechamento dos mercados, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou as regras que ditarão a tramitação do projeto de lei do teto da dívida no plenário, que deve ser votado às 20h15 (de Brasília). A legislação enfrenta crescente oposição democrata e é criticada por alas de extrema-direita do partido republicano, lançando incertezas sobre sua aprovação antes de 5 de junho, prazo estipulado pelo Departamento do Tesouro para esgotamento dos recursos financeiros americanos. Segundo a Oxford Economics, o acordo entre o presidente americano Joe Biden e o presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, teria um "modesto impacto negativo" sobre a economia, reduzindo cerca de 0,3 pontos percentuais do crescimento real do PIB em 2023 e 01 pontos porcentuais em 2024. Já o desemprego cresceria 0,2 pontos porcentuais e os payrolls caíram 375 mil até o final de 2024, de acordo com as projeções atuais da consultoria. (Laís Adriana - [email protected]","title_content":{"component":"hc_title_image","id":"title-image","image":"","full_screen":false,"full_screen_height":"","parallax":false,"bleed":"","ken_burn":"","overlay":"","breadcrumbs":false,"white":true,"position":""}},"section_5ZtkF":{"component":"hc_section","id":"section_5ZtkF","section_width":"","animation":"","animation_time":"","timeline_animation":"","timeline_delay":"","timeline_order":"","vertical_row":"","box_middle":"","css_classes":"","custom_css_classes":"","custom_css_styles":"","section_content":[{"component":"hc_column","id":"column_vtfQF","column_width":"col-md-12","animation":"","animation_time":"","timeline_animation":"","timeline_delay":"","timeline_order":"","css_classes":"","custom_css_classes":"","custom_css_styles":"","main_content":[{"component":"hc_wp_editor","id":"Xhugf","css_classes":"","custom_css_classes":"","custom_css_styles":"","editor_content":""}]}],"section_settings":""},"scripts":{},"css":{},"css_page":"","template_setting":{"settings":{"id":"settings"}},"template_setting_top":{},"page_setting":{"settings":["lock-mode-off"]},"post_type_setting":{"settings":{"image":"","excerpt":"","extra_1":"","extra_2":"","icon":{"icon":"","icon_style":"","icon_image":""}}}}
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