BOLSA TEM 4ª SEMANA SEGUIDA DE GANHO, MAS DÓLAR ENCOSTA EM R$ 5 COM EXTERIOR E FISCAL

Blog, Cenário

O Ibovespa computou nesta sexta-feira o 11º ganho em 12 sessões e a quarta semana seguida de alta, em meio ao otimismo do investidor em relação à atividade econômica brasileira. Dados divulgados nos últimos dias já vinham sinalizando uma expansão maior do que a esperada da economia brasileira no primeiro trimestre, o que havia levado algumas casas a elevar as projeções para o PIB. Hoje, com o IBC-Br, consolidou-se esse movimento, que acaba sendo positivo para setores mais intensivos de consumo, a despeito do juro alto. A pesquisa do Projeções Broadcast apontou uma elevação nas medianas das estimativas para o PIB do primeiro trimestre, de 0,8% a 1,2%, e de 2023, de 1,0% a 1,4%. Há uma percepção de fundo que os ativos listados na bolsa brasileira estão descontados em relação aos pares internacionais, o que dá suporte adicional aos papéis. Ao fim do pregão de hoje, o Ibovespa marcava 110.744,51 pontos, alta de 0,58% intradia e 2,10% ante a sexta-feira passada. A despeito desse movimento no mercado acionário, o dólar teve a primeira semana de alta em um mês. A moeda americana chegou a superar hoje a marca de R$ 5 e terminou no segmento à vista em R$ 4,9958, alta de 0,56% no dia e 1,47% na semana. A puxada na cotação do dólar no mercado doméstico, em especial nos últimos dois dias, é atribuída a um relativo desconforto com a configuração final da proposta de novo arcabouço fiscal e à perspectiva de taxa de juros elevada nos Estados Unidos por mais tempo, reforçada hoje por discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Houve ainda desconforto com falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a adoção de uma meta contínua para a inflação. Lá fora, pesa ainda o impasse em torno do teto da dívida dos EUA, com especial efeito de alta nos rendimentos dos Treasuries. As bolsas de Nova York caíram no pregão (Dow Jones -0,33%, S&P 500 -0,14% e Nasdaq -0,24%), mas subiram na semana (0,38%, 1,65% e 3,04%, respectivamente). Nos juros futuros, a pressão dos Treasuries, as dúvidas fiscais e a resiliência do crescimento doméstico elevaram as taxas futuras. A curva teve ganho de inclinação na semana.

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BOLSA

O Ibovespa emendou hoje terceiro ganho diário, tendo colhido apenas uma perda (-0,77%), no dia 16, na série que retrocede a 4 de maio, em que havia saído dos 101,8 mil na sessão anterior. No encerramento desta sexta-feira, colocou os ganhos da semana a 2,10% e os do mês até aqui a 6,04%, convergindo ao melhor desempenho desde agosto passado, quando subiu 6,16%. Assim, em 12 sessões desde o último dia 4, o Ibovespa andou para trás apenas em uma ocasião, em modesta realização de lucros. Hoje, voltou a se descolar do sinal negativo em Nova York, onde as perdas ficaram entre 0,14% (S&P 500) e 0,33% (Dow Jones) no fechamento, em meio ao impasse sobre o teto da dívida federal nos Estados Unidos.

Nesta sexta-feira, em dia de vencimento de opções sobre ações, a referência da B3 oscilou entre 109.786,92 e 111.211,29 para fechar aos 110.744,51 pontos, em alta de 0,58% na sessão, em que saiu de abertura aos 110.113,00 pontos. O ganho semanal de 2,10% sucede avanços de 3,15%, de 0,69% e de 0,06% nas três anteriores - série com início em 24 de abril. No ano, virou ontem para o positivo, acumulando agora ganho de 0,92% em 2023. Hoje, com vencimento de opções, o giro foi a R$ 31,7 bilhões.

A relativa redução de temores em torno do aumento do teto da dívida americana - mesmo com a falta de avanço real na discussão - e, por aqui, mais clareza quanto ao formato final do arcabouço fiscal, que deve ser votado na semana que vem na Câmara, além de dados positivos como o IBC-Br divulgado nesta sexta-feira, contribuem para a retomada do apetite dos investidores por ações, mesmo com a Selic ainda a 13,75% ao ano. Mais acomodado, o dólar, um indicador de ingresso de fluxo para Bolsa em momentos de apreciação do real - como o recente -, deu sinais hoje de que tende a convergir para R$ 5, em alta de 0,56% no fechamento, a R$ 4,9958.

"Otimismo tem ajudado na recuperação da Bolsa, e a leitura de hoje sobre o IBC-Br, considerado um dado antecedente do PIB, trouxe indicação positiva para o crescimento econômico", diz Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos, que vê espaço para o Ibovespa caminhar para 114 mil pontos, nível gráfico em que deve encontrar resistência mais forte.

"Veio melhor do que o esperado (IBC-Br), mostrando que o índice teve expansão de 2,41% no trimestre encerrado em março, indício de que devemos ter um bom desempenho do PIB no primeiro trimestre. Apesar do resultado negativo em março (-0,15%, na margem), a queda do IBC-Br no mês foi amenizada pelo crescimento acima do esperado nos setores de serviços (0,9%), indústria (1,1%) e varejo (0,8%)", aponta em nota Rafael Perez, economista da Suno Research. A leitura oficial sobre o PIB do primeiro trimestre será divulgada em 1º de junho pelo IBGE.

"Os dados de atividade vêm surpreendendo positivamente nos últimos meses, revelando maior resiliência dos principais setores. Além disso, o agronegócio e o consumo das famílias tiveram papel fundamental no crescimento acima do esperado, nesse início de ano", acrescenta o economista.

Assim, essencialmente, "o Ibovespa repercutiu hoje a melhora da perspectiva para o PIB, favorecendo em especial as ações dos setores de construção e varejo, mesmo em dia de elevação na curva de juros e também no câmbio", diz Felipe Leão, especialista do Valor Investimentos. Lá fora, hoje, se por um lado houve ruído em torno do teto da dívida - com os republicanos suspendendo as conversas, referindo-se aos democratas na Casa Branca como "irracionais" -, por outro a fala macia do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, quanto à possibilidade de pausa na elevação dos juros trouxe algum conforto, acrescenta o analista, em meio a restrições nas condições de crédito nos Estados Unidos.

Na B3, a sessão foi mista para as ações e os setores de maior peso e liquidez, como Petrobras (ON +0,48%, PN +0,43%) e Vale (ON -1,10%), além dos grandes bancos (Bradesco PN +2,42%, Itaú PN -0,81%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para MRV (+7,55%), Raízen (+6,34%) e Marfrig (+5,34%), com as aéreas Azul (-2,90%) e Gol (-2,63%) no lado oposto, à frente de Cogna (-3,11%).

Mesmo com a longa série de recuperação do Ibovespa, o otimismo se mantém forte entre os agentes do mercado financeiro, sem sinais de cansaço no Termômetro Broadcast Bolsa para a próxima semana. De acordo com a sondagem, 57,14% dos profissionais acreditam que o índice dará continuidade ao desempenho positivo desta semana e seguirá em alta na próxima.

No levantamento da semana passada, apenas 16,67% dos participantes acreditavam na alta do indicador. Já os que esperam estabilidade do Ibovespa foram 42,86% do total nesta semana, contra 33,33% na semana passada. Na edição de hoje, não houve estimativa de queda para o índice nos próximos pregões. Na última sexta-feira, metade dos profissionais esperava queda nesta semana, o que não aconteceu. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 110744.51 0.57766

Máxima 111211.29 +1.00

Mínima 109786.92 -0.29

Volume (R$ Bilhões) 3.17B

Volume (US$ Bilhões) 6.36B

18:04

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 111450 0.30149

Máxima 112105 +0.89

Mínima 110575 -0.49

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira em alta de 0,56%, cotado a R$ 4,9958. Na semana, a moeda apresentou ganhos de 1,47%, interrompendo uma sequência de três semanas de queda e passando a acumular leve valorização no mês (+0,17%). A puxada na cotação do dólar no mercado doméstico, em especial nos últimos dois dias, é atribuída à perspectiva de taxa de juros elevada nos Estados Unidos por mais tempo, reforçada hoje por discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e certo desconforto com o relatório do novo arcabouço fiscal do deputado Cláudio Cajado (PP-BA). Declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em defesa de mudança no regime de metas de inflação também teriam contribuído para postura mais cautelosa dos investidores.

Operadores ressaltam que, após o dólar ter fechado abaixo de R$ 4,90 na sessão de segunda-feira (15), no menor nível desde junho de 2022, havia espaço para movimento de realização de lucros e recomposição de posições defensivas. Hoje, na máxima do dia, a divisa chegou a romper o teto de R$ 5,00, correndo até R$ 5,0020 (+0,68%). Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para junho teve bom giro, acima de US$ 12 bilhões.

Investidores estrangeiros ainda carregam posições "compradas" ao redor de US$ 40 bilhões, nos maiores níveis desde 2018, enquanto os fundos locais seguem vendidos em cerca de US$ 6 bilhões. Esses dados consideram dólar futuro, mini contratos, cupom cambial e swaps cambiais. As maiores posições vendidas, da ordem de US$ 100 bilhões, são do Banco Central, em razão do estoque de swaps cambiais, cujos vencimentos vêm sendo rolados integralmente.

No exterior, com redução de temores de calote dos EUA diante de sinais de que está sendo encaminhada uma solução para o teto da dívida no país, o dólar perdeu força na comparação com moedas fortes, como euro e iene. Em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o dólar teve desempenho divergente. Moedas latino-americanas de países de juros altos que apresentam ganhos frente ao dólar no ano, como peso mexicano e chileno, também perderam força hoje e na semana, embora em menor magnitude que o real.

"O movimento do câmbio hoje está muito ligado ao cenário externo. O discurso do Powell foi hawkish, de que a política monetária deve ser manter restritiva nos próximos meses. Saíram dados fortes de atividade, como emprego e indústria nos EUA nos últimos dias, e a inflação permanece em patamar ainda elevado", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, para quem as incertezas em torno dos impactos do novo arcabouço fiscal provocam pressão adicional sobre o dólar.

Em conferência em Nova York, Powell disse que o Fed está "fortemente comprometido" em trazer a inflação de volta à meta (2% ao ano) e que permanecerá "firme" na busca de seu objetivo. Ele ponderou que, em razão do aperto das condições financeiras provocado pelos problemas de liquidez nos bancos regionais, a taxa básica de juros "pode não precisar subir tanto", embora a "extensão" do aperto monetário seja "altamente incerta" e dependente dos indicadores correntes. Na CME, as chances de manutenção dos juros em junho subiram para 80%. Em contrapartida, está em curso um rearranjo das expectativas para início e magnitude de eventual corte de juros nos EUA no segundo semestre.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, nota que há uma postergação da perspectiva de queda dos Fed Funds de setembro para novembro ou dezembro, o que limita a queda da moeda americana no exterior e respinga nas divisas emergentes. Ele atribui a alta do dólar por aqui em parte à desconfiança com o novo arcabouço fiscal, que considera mais flexível que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). "Mesmo com os ajustes sinalizados, a nova regra fiscal não aponta para o equilíbrio do resultado primário em 2024, porque é muito otimista com premissas de crescimento e arrecadação, em particular na obtenção de redução dos incentivos fiscais", afirma Velho.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, criticou o dispositivo inserido no arcabouço fiscal que permite ao governo aumentar as despesas em 2024 já no limite máximo da nova regra de crescimento de gastos, ou seja, em 2,5% acima da inflação. "Eu achava que o ponto de partida deveria ser o crescimento em 0,6%, e não em 2,5%. Para cumprir a meta fiscal, o governo ficará dependendo muito do crescimento forte da arrecadação", disse. (Antonio Perez - [email protected])

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.99580 0.5596 5.00200 4.94640

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5009.500 0.64289 5014.000 4956.500

DOLAR COMERCIAL 5004.000 18/05    

MERCADOS INTERNACIONAIS

As declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reforçaram apostas de manutenção de juros, nos mercados e também entre analistas, embora o presidente do banco central americano não tenha descartado novo aperto monetário, a depender dos indicadores, para conter a inflação. Nos mercados, os juros dos Treasuries avançaram, enquanto o dólar caiu ante outras moedas principais, com ajuste após ganhos recentes. As bolsas de Nova York exibiram sinal negativo, mas com avanço na semana. O petróleo tampouco mostrou impulso no dia, ainda com dúvidas sobre a perda de fôlego da atividade e o consequente peso disso na demanda.

Powell destacou a força da inflação, ainda bem acima da meta, com impulso sobretudo em serviços, mas também disse que o aperto no crédito poderia levar a uma postura menos dura na política monetária. O presidente do Fed considerou que a postura do Fed já está em nível restritivo e não se comprometeu sobre os próximos passos. Segundo ele, as próximas decisões dependerão dos dados por vir, a cada reunião.

No monitoramento do CME Group, a fala de Powell reforçou a expectativa de manutenção dos juros, que estava em cerca de 80% no fim desta tarde (de 64,4% ontem). Entre analistas, o Goldman Sachs considerou que as várias declarações de dirigentes do Fed nesta semana "são consistentes com nossa expectativa de uma pausa na reunião de junho" do BC americano. A Oanda avaliou que Powell "pavimentou o caminho para uma pausa", enquanto o BMO Capital concordava que a manutenção dos juros era mais provável em junho, mas também ponderava que ainda há muitos indicadores por vir até a decisão. Já a Oxford Economics diz que a tendência é de pausa, mas não descarta uma elevação nos juros. A mesma Oxford ainda aponta em outro relatório que os mercados parecem ajustar suas apostas, considerando que um relaxamento na política monetária do Fed neste ano "é improvável".

Na visão de Edward Moya, analista da Oanda, as ações dos EUA ficaram negativas depois que os principais negociadores do presidente da Câmara Kevin McCarthy deixaram uma reunião a portas fechadas sobre o teto da dívida com representantes da Casa Branca, observando que eles não estavam sendo "razoáveis". "Finalmente, estamos vendo postura e algum debate acalorado para este acordo de dívida", avalia. O Dow Jones fechou em queda de 0,33%, em 33.426,63 pontos, o S&P 500 caiu 0,14%, a 4.191,98 pontos, e o Nasdaq recuou 0,24%, a 12.657,90 pontos. Já na semana, houve altas de 0,38%, 1,65% e 3,04%, respectivamente. Já na Europa, a maioria dos principais índices avançou, como o DAX, que subiu 0,69% em Frankfurt, e o CAC 40, que avançou 0,61% em Paris.

Entre os Treasuries, houve perda de fôlego dos retornos à tarde, mas eles ainda confirmaram ganhos. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos avançava a 4,276%, o da T-note de 10 anos tinha alta a 3,696% e o do T-bond de 30 anos subia a 3,952%. Para a Oxford Economics, o movimento dos Treasuries nesta semana sinaliza que investidores "começam a entender que é improvável um relaxamento do Fed neste ano". A consultoria, porém, considerou os comentários de Powell como "menos hawkish", tirando um pouco de fôlego dos retornos hoje.

O dólar recuou ante outras moedas principais hoje, com ajuste após ganho mais forte visto ontem pela divisa americana e também em meio a declarações de Powell. No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 138,11 ienes, o euro avançava a US$ 1,0803 e a libra tinha alta a US$ 1,2441. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,37%, a 103,198 pontos, mas com ganho de 0,50% na comparação semanal.

Hoje, o petróleo, por sua vez, chegou a ser apoiado pelo dólar mais fraco, mas chegou ao fim do dia em baixa. Já na semana, nos EUA, o otimismo de que um acordo sobre o aumento do teto da dívida seria alcançado ajudou a impulsionar os preços. "Suspeitamos que um teto de endividamento mais alto esteja agora amplamente precificado nos mercados e os preços das commodities não se movam muito quando um acordo for finalmente alcançado", avalia a Capital Economics. Na próxima semana, os índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de maio para os EUA e a UE devem dar uma orientação sobre como a atividade econômica está se mantendo nessas regiões. Os preços do petróleo podem subir se parecer que a atividade continua forte diante de taxas de juros mais altas, avalia a consultoria. O WTI para julho fechou em baixa de 0,35% (US$ 0,25), em US$ 71,69 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês caiu 0,37% (US$ 0,28), a US$ 75,58 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Na comparação semanal, o WTI avançou 2,36% e o Brent teve alta de 1,90%.(Gabriel Bueno da Costa - [email protected]; Matheus Andrade - [email protected])

JUROS

As taxas de juros negociadas no mercado futuro terminaram em leve baixa em toda a curva nesta sexta-feira, depois de terem registrado inclinação na maior parte do dia, com os vencimentos curtos e intermediários em queda e os longos em alta. Apesar das oscilações contidas, vários fatores estiveram no radar do investidor, todos com algum potencial para influenciar as taxas futuras. Entre esses fatores esteve a volta do dólar para o patamar dos R$ 5, a cautela com o quadro fiscal doméstico e a série de revisões para a economia brasileira, a partir da leitura do IBC-Br de março.

O IBC-Br caiu 0,15% na margem. Apesar de menor do que a expectativa intermediária do mercado, de alta de 0,30%, de acordo com o Projeções Broadcast, o resultado consolidou crescimento de 2,41% para o índice no primeiro trimestre do ano, em relação ao quarto de 2022 - o terceiro maior para o período na série histórica do Banco Central. A percepção de que o cenário econômico é mais aquecido do que se previa levou a uma onda de avisos de revisão para o Produto Interno Bruto (PIB) e reforçou o discurso do presidente do Banco Central, Roberto Campos, que resiste à pressão do governo por um corte de juros.

"Na semana, houve uma pressão de alta na curva de juros, embora haja expectativa (positiva) em relação à celeridade com a tramitação do arcabouço fiscal, após o desdobramentos dessa semana. Por outro lado, há uma expectativa de uma expansão de gastos em 2024 acima do que era previsto", disse Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

A economista ressalta também o movimento de alta no rendimento Treasuries por causa do impasse do teto da dívida dos Estados Unidos, que exerceu pressão na ponta longa desde o período da manhã. Embora a expectativa seja de resolução do impasse nos EUA, diz, o mercado se mantém em posição cautelosa à espera do desfecho. "Nesse ambiente, hoje o real voltou a tocar os R$ 5,00 e esse movimento acaba trazendo alguma pressão de alta para a curva", completou.

Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, os mercados de câmbio e ações estiveram mais atrelados ao impasse nos Estados Unidos e, embora os juros também sejam influenciados pela alta do dólar, o mercado teve outros fatores para repercutir. Em sua avaliação, a aprovação do arcabouço fiscal já está em boa parte precificada no mercado, mas a cautela prevalece pela incerteza quanto ao atingimento dos parâmetros da proposta, que prevê, entre outros pontos, zerar o déficit fiscal em 2024, algo que o mercado considera pouco provável. "A percepção é de que é uma regra fiscal não tão rígida quanto a LRF. Uma regra na qual se aumenta a participação do setor público, coberto por um aumento de arrecadação. Não há certeza de que isso irá acontecer", explica.

O IBC-Br é outro fator ressaltado pelo economista, para quem o dado só reforça a linha do Banco Central de que há uma inflação de demanda e que a economia não está se desacelerando tanto quanto se esperava. "Antes se imaginava que 2023 seria um ano de recessão. Hoje vemos crescimento e revisões. Isso indica que no curto prazo o BC não só deverá manter os juros inalterados, como não deverá sinalizar dada à frente", afirma.

Ao final da sessão de negócios, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2024 teve taxa de 13,28%, contra 13,30% do ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2025 ficou em 11,66%, ante 11,70% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2026 ficou em 11,20%, de 11,22%. Na ponta longa, o vencimento de janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,28%, contra 11,32%. (Paula Dias - [email protected])

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