BOLSA SEGUE NY E SOBE APÓS ALÍVIO COM ÔMICRON, MAS DÓLAR DESCOLA COM FED E REMESSAS

Blog, Cenário

Os investidores se apegaram em declarações menos pessimistas de autoridades sobre a variante ômicron da covid-19 e tomaram risco nesta segunda-feira, o que resultou em bolsas no azul e juros futuros longos em queda. A exceção foi o real, que sofre de diversas maneiras, a começar por remessas de fim de ano, passando pela possibilidade de um Fed mais 'hawkish' até chegar à cautela em torno da questão fiscal, diante do debate sobre a promulgação da PEC dos Precatórios. Com isso, o dólar, que chegou a bater em R$ 5,70 pela manhã, teve valorização de +0,18%, a R$ 5,6903 no mercado à vista. O Ibovespa passou ao largo desse cenário e reagiu ao avanço dos pares externos e das commodities. Descontado ante outras bolsas, chegou a subir mais de 2%, até terminar com ganho um pouco mais comedido, de 1,70%, aos 106.858,87 pontos - maior nível desde 12 de novembro. Wall Street ajudou, e não foi pouco. Afinal, depois que o principal assessor infectologista da Casa Branca, Anthony Fauci, disse em uma entrevista que os sinais sobre a variante ômicron são "encorajadores", já que até agora a cepa mostrou potencial limitado de provocar quadros graves em pacientes após a infecção, houve certo alívio nas mesas de negócios. Com isso, o Dow Jones subiu quase 2%, enquanto S&P 500 e Nasdaq ganharam ao redor de 1%. Já o petróleo disparou perto de 5%. À espera do Copom, os juros curtos tiveram leve alta, com apostas residuais na intensificação do ritmo de aperto, mas o consenso indicando nova dose de 1,5 ponto porcentual para a Selic. Enquanto isso, diante do alívio externo, os vencimentos longos caíram de forma discreta.

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BOLSA

O Ibovespa consolidou hoje o terceiro dia consecutivo de alta e fechou o dia no melhor patamar em quase um mês, desde 12 de novembro. A percepção é de que, com os riscos que vinham impedindo uma alta nas últimas semanas minimizados - o imbróglio com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios e os riscos com a variante ômicron da covid-19 - a bolsa encontrou espaço para se equiparar aos mercados internacionais. A avaliação dos estrategistas ouvidos pelo Broadcast é de que o índice brasileiro estava subvalorizado e hoje encontrou no exterior positivo e na alta sustentada das commodities o impulso necessário para correr atrás do prejuízo. Assim, terminou o dia em alta de 1,70%, aos 106.858,87 pontos.

"Com cenário político mais ameno, agenda de indicadores mais esvaziada e o mercado brasileiro muito subavaliado, contando com cenário internacional positivo, isso faz com que a gente tenha, mesmo com dólar a quase R$ 5,70, um Ibovespa expressivamente positivo hoje", comenta Ariane Benedito, economista da CM Capital. Na máxima do dia, o índice chegou a tocar os 107.498,23 pontos, uma alta de 2,31% frente aos 105.069,69 pontos da abertura e também mínima do dia.

Para Flávio Aragão, sócio da 051 Capital, a resolução de boa parte do imbróglio em torno da PEC dos Precatórios retira uma pedra no sapato dos investidores. "Você tinha um mercado lá fora bem bom nos últimos meses e aqui muito travado com Brasília. A PEC está praticamente encerrada, tira um risco muito elevado do mercado. É um grande ponto de virada do mercado", aponta.

Na última quinta-feira, a PEC foi aprovada pelo Senado mas, como teve várias alterações por parte dos parlamentares, precisará passar pelo crivo da Câmara novamente. Ambas as casas avaliam hoje, em reunião de presidentes e lideranças, se vão promulgar trechos consensuais ou se tentarão votar toda a matéria - e, sobretudo, se isso será possível esse ano. O fatiamento da proposta não causa grande incômodo ao mercado, que acredita que o principal problema - no que diz respeito a abertura de espaço fiscal com a mudança no teto de gastos - parece ser um consenso e está resolvido dentro da PEC.

Com a retirada do risco doméstico, o Ibovespa encontrou espaço para seguir o bom humor externo. Com notícias de que a variante ômicron pode não ser tão letal quanto a delta, as bolsas americanas e europeias tiveram um dia de ganho robusto, com Dow Jones fechando em alta de 1,87%.

Para o banco singapuriano DBS Bank, essa semana será "crucial" para uma leitura melhor sobre a severidade da ômicron. "Até o momento, mortes e admissões hospitalares estão silenciosas em relação ao aumento de casos na África do Sul. Assumindo 1 a 2 semanas de defasagem (entre a contaminação e os efeitos mais graves), como esses dois itens vão se comportar vai direcionar o sentimento do mercado", aponta em análise publicada nesta segunda-feira.

Além disso, as commodities também deram impulso para o comportamento positivo do Ibovespa hoje. O petróleo fechou em forte alta nessa segunda-feira, com o WTI para janeiro em alta de 4,87% e o Brent para fevereiro, 4,58%, com a amenização do risco ômicron sobre a demanda global. Com isso, as ações da Petrobras, PetroRio e Braskem avançaram, com esta última entre as maiores altas do índice (9,75%).

A alta do minério também levou a Vale a uma alta de mais de 5%. O índice setorial de materiais básicos da bolsa fechou com avanço robusto de 3,68%.

Aragão, da 051 Capital, emenda que, com a curva de juros menos pressionada nos vencimentos mais longos, com os riscos ao ritmo de recuperação da atividade global, o investidor começa a ficar mais confortável na bolsa. "Começa a ter juros mais aceitáveis. E já começa a colocar em dúvida para o investidor se vai sacar de fundos, diminuir aportes. (...). Acredito que a grande diferença é que Brasília está permitindo que os juros tirem pressão da parte de equities", completou.

Após ter apanhado nos últimos meses, o varejo teve desempenho positivo nesta segunda-feira. Com a curva de juros fechando na ponta mais longa e uma expectativa menos pessimista em relação à variante ômicron do coronavírus, o índice de consumo teve desempenho de 1,06%. Destaque para Marisa Lojas que, após capitalização de R$ 249,99 milhões, chegou a ter ações negociadas em alta de mais de 15%.

As notícias melhores sobre o risco da nova variante também retiram pressão das aéreas, com Gol (+11,34%) e Azul (+10,57%) entre as principais altas do Ibovespa. "As aéreas foram muito subavaliadas com a expectativa sobre a ômicron na semana passada. Hoje, além da reprecificação, tem os ganhos do próprio papel, que entram no preço, a propensão a risco", explica Ariane, da CM Capital.

No mês, o Ibovespa acumula alta de 4,85%. O giro financeiro se manteve em R$ 27,6 bilhões. (Bárbara Nascimento - [email protected])

18:20

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 106858.87 1.70285

Máxima 107498.23 +2.31

Mínima 105069.69 0.00

Volume (R$ Bilhões) 2.77B

Volume (US$ Bilhões) 4.88B

18:20

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 107320 1.58069

Máxima 107850 +2.08

Mínima 105800 +0.14

MERCADOS INTERNACIONAIS

Em dia de avanço para os ativos de risco em meio à volatilidade causada pela variante ômicron do coronavírus, os principais índices das bolsas de Nova York tiveram ganhos e o petróleo teve forte alta. Já a menor busca pela renda fixa impulsionou os rendimentos dos Treasuries. No câmbio, o dólar operou em alta ante a maioria das moedas, em sessão na qual os mercados estão atentos a um possível aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed), e aguardam a publicação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA na próxima sexta-feira. Neste cenário, a Moody's alertou hoje que os fluxos de entrada de investimentos estrangeiros em mercados emergentes registraram uma forte queda recentemente, o que pode pesar ainda mais sobre uma atividade e perspectivas de crescimento. Já uma pesquisa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre impacto da pandemia nas receitas fiscais percebeu que o efeito foi menor do que durante crises anteriores, devido em grande parte às medidas de apoio governamental introduzidas para apoiar famílias e empresas.

Em meio à avaliação sobre os impactos da ômicron, a IHS Markit elevou hoje de 5,4% para 5,7% sua projeção de alta para o PIB dos EUA em 2021. A percepção da consultoria sobre a variante é de que "muito pouco se sabe ainda sobre a cepa para ajustar diretamente nossas projeções de crescimento e inflação. No entanto, a previsão incorpora valores de ativos e preços do petróleo que refletem as novas incertezas". Para o infectologista conselheiro da Casa Branca Anthony Fauci os efeitos da cepa nas pessoas contaminadas são "encorajadores", destacou à CNN. A maioria dos casos no momento indicam que as pessoas apresentam sintomas leves da doença.

Outro temor dos mercados, as tensões entre China e EUA, ganhou novos contornos hoje com o anúncio do boicote diplomático à Olimpíada de inverno de Pequim por supostas violações de direitos humanos. Na última sexta-feira, as disputas pesaram em Nova York, com forte queda das ações chinesas, especialmente da Didi, após a companhia anunciar que irá deixar o país. Hoje, suas ações recuperaram parte das perdas, e subiram 9,88%. As disputas podem pesar em mais mercados, e neste cenário, a Moody's projetou que "uma recuperação lenta e desigual, juntamente com a desglobalização e o crescente interesse em encurtar as cadeias de abastecimento para lidar com algumas das vulnerabilidades expostas pelas tensões comerciais entre os EUA e a China, apresentam desafios significativos para o crescimento dos fluxos de investimentos estrangeiros diretos de mercados emergentes".

Já a forte queda nas criptomoedas impactou as ações da Coinbase, que recuaram 0,91%, contrariando o Nasdaq, que avançou 0,93%. Os ganhos do petróleo deram impulso a companhias do setor, com Chevron (+1,59%) e ExxonMobil (+1,15%) subindo. O Dow Jones ganhou 1,87%, e o S&P 500 teve alta de 1,17%. Na Europa, os principais índices também avançaram, com o FTSE 100 subindo 1,54% em Londres, e o FTSE MIB avançando 2,16% em Milão.

Além da variante ômicron, no petróleo a Rystad Energy nota que os aumentos nos preços de venda oficiais para janeiro da Saudi Aramco também "pavimentaram o caminho" dos fortes ganhos hoje. "A alta no preço sinaliza um claro aumento na demanda física na Ásia", segundo a consultoria. De acordo com a S&P Global Platts, também houve aumento nos preços para o mercado dos EUA. O barril do petróleo WTI para janeiro teve alta de 4,87% (US$ 3,23), a US$ 69,49, enquanto o do Brent para o mês seguinte subiu 4,58% (US$ 3,20), a US$ 73,08.

As atenções se voltaram ainda para o aperto monetário nos EUA, e, de acordo com o BMO Capital Markets, o cenário está bem estabelecido para o Fed prosseguir com uma aceleração da redução dos estímulos, "embora o dado de inflação ao consumidor que sai na sexta-feira permaneça relevante". Entre os rendimentos dos Treasuries, no fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos subia a 0,631%, o da T-note de 10 anos tinha alta a 1,424% e o do T-bond de 30 anos avançava a 1,758%.

O dólar se fortaleceu ante a maioria das moedas e o índice DXY, que mede o ativo ante seis rivais, subiu 0,22%. No fim da tarde, o euro recuava a US$ 1,1284. Já a libra contrariou a tendência, a avançava a US$ 1,3259, em dia marcado pelas falas do vice-presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Ben Broadbent, de que a inflação no Reino Unido não é só sobre energia. "É mais amplo do que isso. A maior parte - até agora, pelo menos - tem se concentrado em bens comercializáveis em geral (não energéticos e também energéticos), e muito menos nas partes não comercializáveis da economia".

Em relatório, a OCDE avaliou que "embora as receitas fiscais nominais tenham caído na maioria dos países da OCDE, as quedas no PIB costumavam ser maiores, resultando em um pequeno aumento na proporção média de impostos em relação ao PIB". Segundo a publicação, muitas das medidas de política tributária implementadas tiveram um custo de receita direta por meio de reduções nas obrigações tributárias, aumento dos créditos, deduções fiscais e reduções nas taxas de impostos. (Matheus Andrade - [email protected])

CÂMBIO

Em um pregão de liquidez reduzida e certa instabilidade, sobretudo pela manhã, o dólar subiu mais um degrau, flertando novamente com o nível de R$ 5,70. Segundo operadores, o fortalecimento da moeda americana frente seus pares - ainda na esteira da expectativa de que o Federal Reserve acelere a retirada de estímulos monetários - e a pressão de remessas de fim de ano impedem uma apreciação do real, a despeito da perspectiva de que o Banco Central aumente a Selic em 1,5 ponto porcentual, para 9,25%, nesta semana.

Também contribui para a postura defensiva dos agentes a contínua deterioração das expectativas para a economia brasileira e certa cautela em torno da questão fiscal, à espera da promulgação da PEC dos Precatórios. Enquanto o Ibovespa se beneficia do apetite por risco no exterior com a diminuição das preocupações com a variante ômicron e recupera terreno por oferecer preços convidativos, o real não parece oferecer uma relação entre risco e retorno atraente no curto prazo.

Com mínima a R$ 5,6380 e máxima R$ 5,7020, o dólar à vista fechou em leve alta de 0,18%, a R$ 5,6903, depois de ter encerrado a semana passada com valorização de 1,50%. Na B3, às 18h13, o dólar futuro para janeiro avançava 0,65%, a R$ 5,72350, com giro bem reduzido, na casa de US$ 8,8 bilhões.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - trabalhou em alta durante todo o pregão, acima dos 96,300 pontos, com a moeda americana ganhando mais espaço em relação ao euro e ao iene. Em relação a divisas emergentes e de exportadores de commodities, o comportamento foi misto, com alta frente ao real e ao rublo e queda na comparação com o peso mexicano e o rand sul-africano.

Operadores afirmam que ainda ecoam no mercado as declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, dando conta de que o BC americano vai discutir em sua próxima reunião a possibilidade de acelerar a redução dos estímulos (tapering) - o que abre a porta para uma alta dos juros no EUA ainda no primeiro semestre de 2022. O comitê de política monetária do Fed anuncia sua decisão na quarta-feira da semana que vem, dia 15. Nesta sexta-feira (10), sai o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de novembro, que deve esquentar ainda mais a temperatura.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, afirma que os dados fracos do relatório de emprego (payroll) de novembro revelados na sexta-feira, com geração líquida de 210 mil vagas (ante previsão de 573 mil), não abalou a expectativa de aceleração do tapering e antecipação da alta de juros nos EUA. "É mais relevante para o Fed o aumento de 4,8% no rendimento/hora dos últimos doze meses e o recuo do desemprego para 4,2%, inclusive inferior à taxa neutra", afirma Velho, que estima no mínimo duas altas na taxa de juros dos EUA em 2022, para a faixa entre 0,50% e 0,75%.

Por aqui, Velho nota que, apesar do fluxo pontual de investidores estrangeiros para a Bolsa beneficiar pontualmente o real, há sinais de deterioração, embora moderada, das expectativas para a taxa de câmbio, como revela o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira.

A mediana das projeções do Focus para a taxa de câmbio no fim deste ano subiu de R$ 5,50 para R$ 5,56. A pesquisa revelou que continua em curso a piora das expectativas de inflação para este ano (de 10,15% para 10,18%) e para 2022 (de 5,00% para 5,02%). Já a expectativa de crescimento do PIB em 2022 caiu de 0,58% para 0,51%, segundo a mediana.

O head de câmbio da HCI Invest, Anilson Moretti, não vê espaço para uma rodada de apreciação do real mesmo com o Banco Central dando prosseguimento ao aperto monetário. Fatores técnicos locais, como remessas típicas de fim de ano e a compra de dólares dos bancos por causa do overhedge, mantêm o real vulnerável. Hoje pela manhã, o BC vendeu 14 mil contratos de swap cambial (US$ 700 milhões) para suprir a demanda provocada pelo overhedge.

"A taxa de juros poderia ajudar mais, atraindo investidores. Mas o risco Brasil ainda é muito elevado e não acredito em uma entrada mais forte de recursos", diz Moretti, acrescentando que, com a inflação nos Estados Unidos nos maiores níveis em 40 anos, o Fed terá de retirar mais rápido os estímulos e antecipar a alta de juros. "Eu vejo uma séria tendência de alta para o dólar, embora não acredite que a taxa vá ultrapassar a resistência de R$ 5,75 ainda neste ano", afirma.

No front doméstico, o mercado ainda monitora as negociações em torno da promulgação da PEC dos Precatórios, aprovada na semana passada no Senado, mas com alterações em relação ao texto que saiu da Câmara.

Segundo apuração do Broadcast, senadores estariam pressionando o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a não aceitar a aprovação fatiada da proposta e a forçar uma votação rápida na Câmara vinculando o espaço fiscal aberto pela medida em 2022. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por outro lado, quer adotar uma manobra para fatiar a promulgação garantindo a folga R$ 106,1 bilhões em 2022 sem a vinculação. (Antonio Perez - [email protected])

18:20

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.69030 0.1849 5.70200 5.63800

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5724.000 0.65946 5733.500 5667.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5723.775 26/11    

JUROS

Os juros futuros confirmaram no fechamento dos negócios o movimento já visto desde manhã, com taxas curtas em alta e as longas em baixa, mas reduzindo o ritmo depois das máximas renovadas pelos retornos dos Treasuries no meio da tarde. O mercado operou já de olho na decisão do Copom na quarta-feira, quando a Selic deverá subir para 9,25%; no clima de apetite ao risco no exterior com a redução dos temores sobre a variante ômicron; e na movimentação em Brasília em relação à PEC dos Precatórios.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) fechou a 11,39% (regular) e 11,395% (estendida), de 11,324% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou a 10,91% (regular) e 10,95% (estendida), de 10,894%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,94% (regular) e 10,99% (estendida), de 10,963%.

A trajetória altista da ponta curta nesta segunda-feira reverte a tendência vista na semana passada, de alívio de prêmios em função da redução das apostas num Copom mais agressivo, por sua vez, amparada nos dados fracos da atividade, na melhora do risco fiscal com a aprovação da PEC dos Precatórios e no risco desinflacionário da cepa ômicron. Ontem, porém, o conselheiro da Casa Branca para infectologia, Anthony Fauci, disse que a variante não parece ter um grande grau de severidade, ponderando que ainda é cedo para conclusões definitivas. Com isso, o apetite ao risco o exterior cresceu, recolocando a taxa da T-note de dez anos perto de 1,44%, reforçado o cenário de aperto monetário pelo Federal Reserve.

A expectativa de elevação da Selic em 1,5 ponto porcentual segue sendo consenso no mercado. Mas, como é uma praticamente uma aposta de graça, às vésperas da reunião é natural que o investidor busque por alguma aposta alternativa que, nesse caso, seria de um aperto maior. "As medianas da Focus vêm subindo há muitas semanas e o Top 5 está horroroso, então se houver surpresa é para mais, não para menos", explicou a estrategista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira.

No Boletim Focus desta segunda, a mediana para o IPCA do ano que vem rompeu formalmente o teto da meta de inflação, ainda que de forma marginal, passando de 5,0% para 5,02%. Para o IPCA em 2023 subiu de 3,42% para 3,50%, enquanto, para 2024, a mediana continuou em 3,10%.

Outro fator negativo para as expectativas foi a negativa da Petrobras em relação a cortes nos preços de combustíveis no curto prazo, algo que vinha no radar do mercado em função da redução da defasagem ante as cotações internacionais e que ganhou destaque após o presidente Jair Bolsonaro dizer ontem que a companhia começará a partir desta semana a anunciar a diminuição no preço. "A Petrobras não antecipa decisões de reajuste e reforça que não há nenhuma decisão tomada por seu Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP) que ainda não tenha sido anunciada ao mercado", afirmou a empresa, em nota. Somado a isso, os preços do petróleo hoje saltaram mais de 5%.

Para a JF Trust, a preocupação com a inflação dos combustíveis no IPCA demanda uma avaliação contínua desse mercado, com o câmbio ainda pressionado. O economista-chefe Eduardo Velho lembra que, a despeito da queda expressiva do preço do petróleo recentemente - puxada pelo impacto da nova cepa sobre a atividade e pelo uso de reservas estratégicas como nos Estados Unidos - o grupo que reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) manteve o seu cronograma de aumento da produção da commodity. "Além disso, a expectativa é de oferta excedente no primeiro trimestre de 2022", disse.

De Brasília, o noticiário da PEC não avançou muito, mas senadores estão resistentes à ideia de fatiamento do texto, para forçar a Câmara a aprovar a proposta com um todo, com a vinculação do espaço fiscal para o Auxílio Brasil e despesas obrigatórias. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se reuniriam nesta tarde com os líderes partidários para falar sobre o impasse. (Denise Abarca - [email protected])

18:20

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 8.99

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 7.65

Over Selic (%a.a) 7.65

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MERCADOS INTERNACIONAIS

Os mercados internacionais digeriram o relatório de empregos misto dos Estados Unidos ao longo do dia. Encerrando uma semana com o noticiário voltado para a variante ômicron, Wall Street fechou no vermelho, puxada pela queda nas ações de tecnologia e aéreas. Apesar do desempenho positivo no início do dia, os juros dos Treasuries viraram e terminaram em queda, de olho em comentários hawkish do Federal Reserve (Fed). Os contratos futuros do petróleo ficaram mistos, enquanto investidores absorvem notícias da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). No câmbio, o dólar recuou ante rivais. Além disso, o G7 reafirmou seu compromisso de US$ 100 bilhões a países de baixa renda para transição climática.

O Wells Fargo observa que esta semana foi marcada por preocupações com a cepa ômicron do coronavírus. Fora as recentes falas hawkish de Jerome Powell, presidente do Fed, o payroll divulgado hoje deixou a desejar no quesito "máximo emprego" do banco central americano. O resultado pode deter o Fed de acelerar o ritmo do tapering, como vem sendo sinalizado, diz o Wells Fargo.

Na avaliação da Stifell, porém, o recuo em um mês não deve prejudicar os planos do Fed de reduzir as compras de ativos e nem de acelerar tal processo. Ainda assim, a leitura "morna" do dado de hoje lembra os investidores e autoridades do banco central que, apesar de grandes avanços e melhorias, os riscos e a incerteza permanecem, diz a empresa.

Em novembro, os EUA tiveram criação de 210 mil postos de trabalho, bem abaixo do previsto por analistas. Por outro lado, a taxa de desempregou recuou de 4,6% a 4,2% e a participação na força de trabalho aumentou de 61,6% a 61,8%. O Conference Board avalia que o resultado demonstra uma perspectiva incerta para o mercado de trabalho, uma vez que há riscos crescentes com a nova cepa do coronavírus. Em entrevista ao Broadcast, publicada às 16h08, o economista-chefe da Moody's Analytics, Mark Zandi, prevê que os EUA devem registrar crescimento de 4% no Produto Interno Bruto de 2022, além de retomar o pleno emprego, apesar das preocupações com a ômicron.

Entre indicadores, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços nos EUA teve resultados contrastantes. Pela leitura do IHS Markit, o dado caiu de 68,7 para 58,0, mas ficou acima da previsão de analistas. Enquanto na do ISM, o índice subiu de 66,7 para 69,1 e contrariou expectativa de queda do mercado. Houve reação marginal dos investidores.

Em Nova York, os principais índices acionários caíram. O Dow Jones recuou 0,17%, a 34.580,08 pontos, o S&P 500, 0,84%, a 4.538,43 pontos, e o Nasdaq caiu 1,92%, a 15.085,47 pontos. As ações da Tesla caíram 6,42%%, depois do CEO Elon Musk anunciar que vendeu mais US$ 1 bilhão em ações. Apple (-1,17%), Facebook (-1,14%), Microsoft (-1,97%) e Amazon (-1,38%) também recuaram. A American Airlines cedeu 4,59% e foi acompanhada por outras aéreas. Os bancos também tiveram perda de cerca de 2%, como o Goldman Sachs (-1,24%).

Já na renda fixa, os retornos dos Treasuries aceleraram alta após o payroll. Ao longo da sessão, porém, com maior cautela entre os operadores, os juros viraram para o negativo. Próximo ao horário de fechamento, o juro da T-note de 2 anos caía 0,595%, o da de 10 anos recuava 1,364% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa de 1,692%. De acordo com o CME Group, as apostas de alta de juros pelo Fed na reunião de 04 de maio de 2022 se tornaram majoritárias.

O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, esteve no holofote entre os dirigentes hoje. Bullard defendeu uma política mais hawkish pela instituição e reforçou que é muito cedo para avaliar impacto da ômicron. O presidente Joe Biden reiterou acreditar que as medidas de restrições anunciadas ontem são suficientes para conter o avanço da covid-19.

Também de olho na nova cepa, os contratos do petróleo ficaram sem sinal único. Depois de operarem a maior parte da sessão no azul, os ativos perderam fôlego próximo ao horário de fechamento. O petróleo WTI para janeiro caiu 0,36% (US$ 0,24), a US$ 66,26 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mês seguinte subiu 0,30% (US$ 0,21), a US$ 69,88 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Na semana, os ativos acumularam perdas de 2,77% e 2,39%, respectivamente. Investidores ainda absorvem a decisão da Opep+ de manter aumento de oferta em 400 mil barris por dia. Para a Capital Economics, a Organização deixou aberta a oportunidade para alterar sua política no próximo encontro, no início de janeiro.

O dólar ficou misto ante rivais. No horário citado, o euro caía a US$ 1,1306 e a libra, a US$ 1,3230, enquanto o dólar cedia a 112,78 ienes. O índice DXY teve leve baixa de 0,04%, a 96,117 pontos.

Também hoje, o G7 reiterou seu compromisso com a iniciativa global <i>Build Back Better</i>, em US$ 100 bilhões para que países de baixa e média renda ampliem investimento em infraestrutura, visando resiliência climática e emissão líquida zero de gases efeito estufa. (Ilana Cardial - [email protected])

BOLSA

O Ibovespa conseguiu manter o sinal positivo e defender a linha dos 105 mil pontos na reta final mesmo com a queda forte dos índices da principal praça em que se espelha, Nova York. Durante a sessão desta sexta-feira, as ordens de compra dadas pelos investidores ainda refletiam um sentimento de alívio com o destravamento e aprovação, ontem no Senado, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios.

Logo pela manhã o indicador do mercado acionário da B3 subiu à máxima em direção aos 107 mil pontos, mas o movimento esfriou durante a tarde. A ampliação das incertezas com relação aos efeitos na economia pela variante ômicron do coronavírus, com grande impacto no mercado acionário externo hoje, acabou pesando localmente.

Ainda assim, o Ibovespa fechou em alta de 0,58%, aos 105.069,69 pontos e ganhos semanais de 2,78%. O giro financeiro ficou em R$ 33 bilhões.

Pedro Galdi, analista de investimentos Mirae Asset Corretora, ressalta que, no início desta semana, haviam "dois bodes na sala", sendo as negociações da PEC dos Precatórios e a variante ômicron. O primeiro, a resolução da fonte de financiamento para o Auxilio Brasil, que era a parte mais nervosa para o mercado, foi tirado da sala com a aprovação pelo Senado. "E isso abriu espaço para a recuperação local", diz. Mas o segundo, a incerteza a respeito da nova cepa do coronavírus, ainda está presente e tem pesado nos mercados, principalmente porque mostrou que tem poder de contágio grande, podendo se sobrepor à delta, que atualmente está afetando a Europa.

Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais, ressalta que o mercado já se ajustou à PEC e que agora as atenções recaem sobre o Orçamento de 2022. "O efeito da PEC positivo e sobrepujou até dados ruins de atividade, como PIB e a produção industrial". Hoje pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a produção industrial caiu 0,6% em outubro ante setembro.

Do lado negativo, Bandeira complementa que os investidores, hoje, principalmente externos, estão ressabiados de que essa possibilidade de alastramento do coronavírus traga consequências para as economias. Segundo ele, pesou notícia do Reino Unido, onde a área de infectologia é bem conceituada, de que o grupo de Conselho Científico para Emergências (Sage, na sigla em inglês)concluiu que a variante ômicron, identificada pela primeira vez na África do Sul, pode causar uma nova onda de infecções por coronavírus que pode ser ainda maior do que as anteriores.

"O mercado está muito volátil, mudando de direção com velocidade. O nível de incerteza é alto e isso leva às baixas. Por pior que seja a certeza de algo, pelo menos consegue se programar", diz. Na sessão de hoje o Ibovespa oscilou 2.800 pontos entre a mínima (104.090.02 pontos) e a máxima (106.813,73 pontos).

Entre as blue chips, as ações da Petrobras foram destaque na tarde desta sexta-feira, a despeito da indefinição de direção vista nos contratos futuros de petróleo. Os papéis preferenciais encerraram o pregão com ganhos de 1,41%, enquanto os ordinários avançaram 1,86%. Os contratos do petróleo fecharam sem direção única. Na semana, porém, tanto o WTI quanto o Brent acumularem perdas de quase 3%.

As ações mais líquidas do setor financeiro, porém, pesaram negativamente na segunda etapa da sessão de negócios. Bradesco ON recuou 0,29%, Itaú Unibanco PN desceu 0,35% enquanto as Units de Santander perderam 0,44%. Banco do Brasil ON conseguiu reverter a queda no fim do pregão para encerrar o dia em leve alta de 0,12%.(Simone Cavalcanti - [email protected])

18:18

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 105069.69 0.57765

Máxima 106813.73 +2.25

Mínima 104090.02 -0.36

Volume (R$ Bilhões) 3.36B

Volume (US$ Bilhões) 5.95B

CÂMBIO

A instabilidade marcou os negócios no mercado de câmbio doméstico nesta sexta-feira (3), com o dólar trocando de sinal ao longo de todo pregão, influenciado em grande medida pelo mau humor externo. A sessão foi marcada por tombo das Bolsas em Nova York e alta da moeda americana frente a divisas emergentes, em dia de divulgação de dados decepcionantes do mercado de trabalho dos EUA.

Com uma aceleração na reta final, diante da piora do Ibovespa, o dólar encerrou a sessão em alta de 0,35%, a R$ 5,6798, perto da máxima do dia (R$ 5,6828). A mínima, pela manhã, foi de R$ 5,6023. Com o avanço de hoje, a moeda americana encerra a semana em alta de 1,50%, acumulando valorização de 9,46% neste ano.

Analistas destacam que tanto hoje quanto no restante da semana, o real, apesar de ter se depreciado, apresentou desempenho melhor que seus pares entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com o peso mexicano, o rand sul-africano e o rublo.

Boa parte do enfraquecimento do real ao longo da semana se deu em razão, sobretudo, da força global da moeda americana, na esteira de falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, dando conta de que é preciso debater o aumento no ritmo do processo de redução de estímulos (tapering). O tom de Powell surpreendeu o mercado, que esperava um discurso mais ameno, ponderando os eventuais efeitos da variante ômicron sobre a economia americana.

Parte da pressão vinda de fora foi contrabalançada pela diminuição da percepção de risco na área fiscal, com a aprovação da PEC dos Precatórios no Senado, e também pela entrada de recursos para a renda fixa brasileira, como mostraram dados do fluxo cambial. Além de atraíram o investidor estrangeiro, os juros domésticos mais elevados tornam mais custosas as apostas contra o real no mercado futuro e estimulam exportadores a internalizar recursos.

O estrategista da Davos Investimentos, Mauro Morelli, observa que o real se mostra mais resistente aos ventos contrários externos, mas que ainda não é possível avaliar se isso se dá por conta dos juros altos ou é apenas uma recuperação natural, já que a moeda brasileira ainda está bastante desvalorizada.

"O mercado já está precificando pelo menos três aumentos de juros nos Estados Unidos do ano que vem. E o Fed deve efetivamente acelerar o processo de tapering, para ganhar espaço caso precise puxar os juros mais cedo", diz Morelli, ressaltando que o cenário desenhado tem como condicionante os eventuais impactos da variante ômicron sobre a economia global.

O payroll mostrou criação líquida de 210 mil vagas de emprego em novembro, bem abaixo da previsão dos analistas (de 573 mil). O salário médio por hora subiu 0,26%, também aquém das expectativas (0,4%). Já taxa de desemprego caiu de 4,6% em outubro para 4,2% no mês passado, abaixo do consenso do mercado (4,5%).

Houve revisão, porém, dos dados de geração de vagas em outubro (de 531 mil para 546 mil) e setembro (de 312 mil para 378 mil). Além disso, serviram de contrapeso ao payroll fraco de novembro os resultados acima do esperado do setor de serviços e das encomendas à indústria nos EUA.

Com a economia americana dando sinais de vitalidade e a inflação rodando em patamares elevados, a sensação é que o Fed vai mesmo acelerar o tapering, abrindo as portas para uma alta de juros já no primeiro semestre de 2022. Dados do CME Group mostram que é majoritária a aposta em elevação dos juros já em maio do ano que vem.

A presidente da distrital de Cleveland do Fed, Loretta Mester, advertiu que a variante ômicron pode alimentar ainda mais a inflação nos EUA, ao pressionar as cadeias de suprimento. Mester disse que apoiaria a aceleração do tapering, para que o BC americano tivesse mais flexibilidade no ajuste da taxa de juros. O presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, conhecido pelo tom mais duro, foi além e disse que, logo após o fim do tapering, o BC americano deveria reduzir seu balanço - o que significa reduzir a liquidez no mercado.

No front doméstico, chamou a atenção a queda de 0,6% da produção industrial em outubro ante setembro, um dia após a divulgação de queda de 0,1% do PIB na margem no terceiro trimestre. Esse quadro reforça a expectativa de que Banco Central mantenha o ritmo de aperto monetário e eleve a taxa Selic em 1,5 ponto porcentual na semana que vem.

O mercado monitora as negociações em torno da promulgação de trechos da PEC dos Precatórios, aprovada ontem pelo Senado com alterações em relação ao texto que saiu da Câmara dos Deputados. Fontes ouvidas pelo Broadcast disseram hoje que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) teria deixado a decisão sobre a promulgação para segunda-feira (6).

O dispositivo que muda o cálculo do teto e abre espaço de R$ 62,2 bilhões no próximo ano já poderá ser promulgado pelo Congresso. O limite no pagamento de precatórios, por sua vez, que abre uma folga de R$ 43,8 bilhões, foi alterado. A discussão é se a Câmara terá que fazer uma nova votação desse item.

Apesar do alívio com a aprovação da PEC dos Precatórios, Morelli, da Davos Investimentos, não vê arrefecimento significativo do risco fiscal. "Não há menor convicção de que o governo vai parar por aí. Quando o texto estava na Câmara, se falava em reajuste para o funcionalismo. Existe uma vontade de gastar mais em ano de eleição", afirma.

O head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, destaca que o real tem se comportado bem em comparação como uma cesta de moedas emergentes, que inclui o peso mexicano e o rand sul-africano. Weigt atribui boa parte da depreciação do real nos últimos tempos ao fato de o país ter convivido com juros reais negativos e ao aumento do risco fiscal, em meio a ameaça ao teto de gastos e o debate sobre o Auxílio Brasil.

"Com a redução desses riscos, e o aumento na taxa de juros para dois dígitos, a tendência é de valorização do real contra a cesta de moedas nos próximos meses", afirma Weigt, no Twitter.

Na B3, às 18h13, o dólar futuro para janeiro era negociado a R$ 5,68400, em alta de 0,11%, com giro de US$ 11,5 bilhões. (Antonio Perez - [email protected])

18:19

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.67980 0.3498 5.68280 5.60230

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5680.000 0.03522 5718.500 5633.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5723.424 26/11    

JUROS

Os juros futuros acentuaram o movimento de queda visto ontem, limpando exageros na precificação das apostas para a Selic, hoje mais no miolo da curva, onde algumas taxas terminaram com recuo perto de 40 pontos-base. Na esteira do PIB ruim, a produção industrial veio bem pior do que o esperado, reforçando percepção de que a fraqueza da economia deve inibir ajustes mais pesados na taxa básica. A precificação da curva de juros aponta agora 100% de chances de alta de 1,5 ponto porcentual nas próximas três reuniões do Copom. Esse movimento, que veio se consolidando nos últimos dias, levou a curva a ampliar a inclinação negativa desde a sexta-feira passada.

Com o alívio nos prêmios dos últimos dias, algumas taxas a partir de 2025 chegaram ao fim da semana abaixo da casa de 11%. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,89% (regular e estendida), de 11,265% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 em 10,96% (regular) e 10,94% (estendida), de 11,273% ontem. Novamente com giro de quase 1 milhão de contratos, a taxa do DI para janeiro de 2023 fechou em 11,31% (regular) e 11,29% (estendida), de 11,595% ontem. O spread entre os contratos de janeiro de 2027 e janeiro de 2023 fechou a semana em -35 pontos, ante -19 pontos na sexta passada.

Um dia depois da decepção com o PIB do terceiro trimestre, nas mesas de renda fixa a queda de 0,6% na produção industrial em outubro ante setembro, número perto do piso das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast (-0,7%), que tinha mediana de +0,7%, não deixou dúvidas de que, se o Copom fosse endossar as altas da Selic precificadas na curva, iria estrangular ainda mais a economia. "A ideia de um overkill do BC ganhou tração no mercado", disse um gestor.

A indústria vem acumulando quedas na margem há cinco meses, período em que a perda chega a 3,7%. Segundo o IBGE, os resultados negativos estão disseminados entre os setores pesquisados, com as indústrias extrativas (-8,6%) e produtos alimentícios (-4,2%) em destaque no mês passado.

Dado o retrato da economia e avaliação de que a meta de inflação de 2022 já está também praticamente perdida, o mercado se ajusta ao discurso do Banco Central, dado lá atrás, no comunicado da última reunião do Copom e reiterado desde então em declarações dos dirigentes. Para o Banco Fator, na próxima semana, o Copom deve elevar a Selic para 9,25%. "De fato, não há como a inflação desacelerar a tempo de as metas serem exequíveis, avaliação que a comunicação do Copom passou a incorporar, implicitamente, recentemente", afirma o economista-chefe José Francisco de Lima Gonçalves.

Nos cálculos da Greenbay Investimentos, a curva limpou totalmente apostas de aperto de mais de 1,5 ponto, indicando três aumentos desta magnitude nas reuniões de dezembro, fevereiro e março. Para o fim de 2022, projeta Selic entre 11% e 11,50%, de 12% e 12,50% ontem.

Para explicar o movimento da curva, que vinha abrindo muito e passou rapidamente a descontar prêmios, o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, cita o exemplo do jabuti em cima da árvore. "O noticiário vinha piorando na margem e foi assim que o jabuti subiu. Ninguém o colocou lá. E agora está descendo de forma rápida", disse. Para ele, é difícil dizer se a queda das taxas é ou não exagerada porque, mesmo com a PEC dos Precatórios andando, o cenário fiscal ainda é muito ruim, porque os efeitos "vão muito além de 2022". "Ninguém consegue cumprir uma meta de inflação de 3% com descalabro fiscal."

A PEC passou no Senado, onde o governo tem mais divergências do que na Câmara, mas a novela está longe de terminar. Fontes disseram ao Broadcast Político que o texto ainda provoca um impasse nos bastidores das duas Casas.

Com o texto de volta para a apreciação dos deputados, governo articulava o fatiamento da proposta, mas a redação contrariou a cúpula da Câmara por alterar um artigo essencial para a abertura de espaço fiscal em 2022. O Senado diminuiu a vigência do subteto de precatórios de 2036 para 2026 e vinculou os recursos ao Auxílio Brasil e despesas com seguridade social. A estratégia foi blindar a vinculação e forçar a Câmara a aprovar a mudança. (Denise Abarca - [email protected])

18:18

 Operação   Último 

CDB Prefixado dias (%a.a) 8.75

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 7.65

Over Selic (%a.a) 7.65

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