O Ibovespa começou a semana com alta firme, superando em muitos momentos o nível dos 102 mil pontos, mesmo em um dia de fraqueza nas bolsas americanas e sem a referência dos mercados europeus, ainda fechados por causa da Páscoa. O investidor aproveitou o dia de agenda mais enxuta para realinhar os preços locais aos dos pares internacionais. Há a percepção de que empresas brasileiras seguem descontadas quando comparadas às concorrentes de fora, o que ajudou no movimento de hoje. O Ibovespa terminou em 101.846,64 pontos, alta de 1,02%. Em Wall Street, o mercado também passou por uma reprecificação, mas neste caso, menos favorável à tomada de risco. Os dados do relatório de emprego nos Estados Unidos, divulgados no feriado da Sexta-Feira da Paixão, ainda reverberam, especialmente devido à queda do desemprego. Tensões entre a China e EUA por causa de Taiwan também estiveram no radar. As bolsas de Nova York terminaram sem sinal único (Dow Jones subiu 0,30% e S&P 500 ganhou 0,10% e Nasdaq caiu 0,03%) enquanto a T-note de 2 anos voltou à marca de 4%. Na CME, as apostas de alta de 25 pontos-base dos Fed funds em maio se tornaram majoritárias ainda pela manhã. O DXY, que mede o dólar ante seis divisas fortes, subiu a 102,578 pontos (+0,74%). No Brasil, a moeda americana à vista subiu a R$ 5,0661 (+0,16%), refletindo a cautela externa. De todo modo, o volume de negócios foi fraco - notado também na Bolsa e nos juros futuros. Esses, por sua vez, tiveram movimento distinto hoje. No trecho curto e intermediário, os DIs caíram com alívio maior que o esperado no IGP-DI e estabilidade nas projeções do Focus. Os longos acompanharam o câmbio. A semana, vale lembrar, é recheada tanto no Brasil quanto no exterior. Aqui, saem dados do IPCA amanhã, do varejo depois de amanhã e de serviços na sexta-feira. O governo também deve enviar o projeto do arcabouço fiscal ao Congresso, junto com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Nos EUA, o destaque fica para quarta-feira, quando são divulgados dados de inflação (CPI) e a ata do Fed. O Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial fazem a Reunião de Primavera em Washington. E a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita a China.
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•MERCADOS INTERNACIONAIS
•CÂMBIO
•JUROS
BOLSA
Vindo de duas perdas, o Ibovespa sustentou ganho em torno de 1% em boa parte desta abertura de semana, com liquidez também contida desde o exterior, em meio ao prosseguimento do feriado de Páscoa nos principais mercados europeus. Nos Estados Unidos, as bolsas se ajustaram ao payroll de sexta-feira e fecharam a sessão de hoje em variação estreita, entre leve ganho de 0,30% (Dow Jones) e perda de 0,03% (Nasdaq). Os mercados americanos refletiram também a cautela sobre a geopolítica, com a realização de exercícios militares com munição real pela China em torno de Taiwan, em reação à visita da líder política da ilha aos Estados Unidos.
Aqui, a referência da B3 subiu 1,02%, aos 101.846,64 pontos, entre mínima de 100.819,10 e máxima de 102.195,62, saindo de abertura aos 100.821,82 pontos. O giro desta segunda-feira ficou em R$ 20,3 bilhões na B3. Em abril, o Ibovespa quase zera perdas do mês (-0,03%) neste dia 10, ainda recuando 7,19% no ano.
Das últimas seis sessões, desde 31 de março, foi apenas o segundo ganho para o índice da B3. Em fechamento, a linha dos 102 mil pontos ainda não foi vista neste começo de abril, após o Ibovespa ter encerrado a sessão do último dia 30 aos 103,7 mil pontos. A faixa dos 100 aos 101 mil pontos predomina nos fechamentos desde 17 de março, tendo o Ibovespa resvalado para baixo dos seis dígitos em três ocasiões, nos encerramentos entre 23 e 27 de março.
Hoje, "com liquidez limitada, o Ibovespa teve um 'catch up' [realinhamento] de preços. Com as ações de commodities e de bancos avançando, mesmo sem a contribuição do petróleo e do minério de ferro na sessão, o índice acaba vindo junto. A sessão foi positiva também entre as ações de menor liquidez, as small caps", o que mostra uma busca generalizada por ativos na B3 nesta abertura de semana, observa Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Assim, apesar do recuo em torno de 1% para o petróleo à tarde, Petrobras ON e PN fecharam o dia em alta, respectivamente, de 2,66% e 2,13%. Vale ON, por sua vez, subiu 1,93%, em dia de recuo de 1,83% para o minério de ferro em Dalian, na China. Entre as ações de grandes bancos, os ganhos chegaram a 1,15% (Bradesco PN) no encerramento da sessão. Na ponta do Ibovespa, destaque para 3R Petroleum (+5,65%), Alpargatas (+4,27%), Locaweb (+4,24%) e Braskem (+3,99%). No lado oposto, Hypera (-3,41%), Méliuz (-3,37%), Petz (-3,33%), Taesa (-3,14%) e Rede D´Or (-2,38%).
Também entre as maiores perdedoras do dia, Sabesp caiu 1,85%. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou hoje que a possível privatização da Sabesp não implica venda total da participação societária do Estado, o que desanimou parte dos investidores nas ações da empresa de saneamento.
No quadro mais amplo, a semana reserva dados como o IPCA (amanhã), no Brasil, e também novas leituras sobre a inflação americana, tanto ao consumidor (CPI) como ao produtor (PPI). Nos Estados Unidos, atenção também para o início da temporada de resultados corporativos do primeiro trimestre, a começar pelos números dos bancos, que entraram no foco de atenção em março após dificuldades em instituições regionais, de menor porte.
"Nesta sexta-feira, saem os primeiros balanços corporativos nos Estados Unidos, com destaque para os bancos (Morgan Chase, Wells Fargo e Citigroup). Os balanços nesta temporada serão importantes para entender qual é o estrago no sistema financeiro após os problemas de liquidez nos bancos regionais", aponta em nota a Guide Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 101846.64 1.01656
Máxima 102195.62 +1.36
Mínima 100819.10 -0.00
Volume (R$ Bilhões) 2.02B
Volume (US$ Bilhões) 3.98B
18:04
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 102100 0.78973
Máxima 102325 +1.01
Mínima 100850 -0.44
MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas de Nova York esboçaram reação ao longo da tarde e terminaram o pregão sem direção única, perto da estabilidade. Os ganhos de bancos e fabricantes de chips ajudaram a atenuar parte da pressão, mas a queda de ações de tecnologia impediu uma recuperação mais sustentada, particularmente para o Nasdaq. Afinal, as incertezas sobre a trajetória de juros, reforçadas em relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), mantiveram um rastro de cautela por diversos setores no mercado. Como resultado, o dólar se fortaleceu consideravelmente ante pares globais e pesou sobre o petróleo, com o barril do WTI mais líquido abaixo de US$ 80. Já os rendimentos dos Treasuries avançaram e o da T-note de 2 anos tocou a marca de 4%, à medida que se consolida aposta por mais aperto monetário do Federal Reserve (Fed) em maio, no início de uma semana que será marcada por ata do BC americano e dado de inflação ao consumidor americano.
Os papéis dos principais bancos dos Estados Unidos se beneficiaram do arrefecimento nas preocupações com o setor bancário. Em relatório, o Citi aponta que as saídas de depósitos se estabilizaram substancialmente nos EUA até o final de março, avaliando que o estresse bancário parece estar cada vez mais contido e que suas implicações serão "limitadas". Já as fabricantes de chips ganharam fôlego após a Taiwan Semiconductor Manufacturing informar vendas abaixo do esperado no primeiro trimestre deste ano, o que favoreceu suas concorrentes. Também no radar, a Samsung informou que cortará a oferta do produto.
No fechamento, as ações do JP Morgan, Citi, Bank of America e Wells Fargo subiram 0,33%, 1,44%, 0,36% e 1,93%, respectivamente. Entre as empresas de chips, a Qualcomm avançou 1,05% e a Nvidia teve alta de 2,0%. O índice Dow Jones teve ganho de 0,30%, o S&P 500 subiu 0,10% e o Nasdaq recuou 0,03%, pressionado pelos papéis da Alphabet (-1,83%) e Apple (-1,6%). No caso da fabricante do iPhone, as ações foram prejudicadas após a International Data Corporation (IDC) informar que as vendas globais de computadores pessoais da Apple caíram no primeiro trimestre em ritmo mais forte do que as rivais.
Entre os Treasuries, a sessão ocorreu "exatamente como o esperado", influenciada pelo forte relatório do payroll, avalia o BMO. A resiliência do mercado de trabalho nos EUA reforçou as expectativas por maior aperto monetário e ofereceu suporte principalmente para os juros da ponta curta, levando a T-note de 2 anos à marca de 4%. "Vale notar o fato de que cada dia sem renovadores temores sobre o setor bancário regional aumenta a probabilidade de alta de juros [pelo Fed]", analisa o BMO. No final da tarde, a plataforma de monitoramento do CME Group apontava 71,7% de probabilidade de nova alta dos juros em 25 pontos-base na reunião maio, contra 28,3% de chance de manutenção.
A perspectiva de maior aperto monetário também fortaleceu o dólar no exterior, em dia de mercados fechados na Europa devido ao feriado prolongado. Por volta das 17 horas (de Brasília), o dólar subia a 133,57 ienes, o euro tinha baixa a US$ 1,0865 e a libra caía a US$ 1,2386. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,74%, a 102,578 pontos.
Na visão da Oanda, esta semana deve demonstrar se o consumidor americano ainda está demonstrando resiliência, tendo em vista a divulgação do relatório do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) dos EUA, vendas no varejo e balanços corporativos de bancos. "As perspectivas para a economia vão ficar muito feias no terceiro e quarto trimestres, já que as pequenas empresas estão prestes a ser esmagadas à medida que os empréstimos secam", projeta a consultoria.
Em relatório, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que a dívida pública dos países como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) deve continuar elevada em razão das altas taxas de juros no mundo e do dólar forte, trazendo riscos para crescimento e estabilidade financeira. Além disso, o FMI afirmou que a condução da política fiscal é crucial para o rumo dos juros no Brasil e a volta aos níveis pré-pandemia, enquanto no mundo a queda de taxas estaria condicionada a redução da inflação.
Temores sobre a perspectiva do crescimento econômico global e demanda por petróleo levaram os contratos mais líquidos da commodity a recuarem cerca de 1% nesta sessão, com o WTI encerrando as negociações no menor nível desde o corte na produção da Opep+, na semana passada. O petróleo WTI para maio fechou em queda de 1,19% (US$ 0,96), a US$ 79,74 o barril, enquanto o Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou com perda de 1,10% (US$ 0,94), a US$ 84,18 o barril.
Nesta tarde, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby afirmou que EUA e China mantém comunicação aberta mesmo em meio às tensões entre ambos e discutem a possibilidade de uma visita da equipe econômica à Pequim. (Laís Adriana - [email protected]; André Marinho - [email protected])
CÂMBIO
O dólar à vista iniciou a semana em leve alta no mercado de câmbio doméstico, em sintonia com a onda de fortalecimento da moeda americana no exterior. Após dados do relatório de emprego (payroll) nos EUA em março, na sexta-feira, mostrarem que o mercado de trabalho americano segue apertado, voltaram a ser majoritárias as apostas em alta de 25 pontos-base da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) em maio.
Segundo analistas, a busca pela moeda americana também é alimentada pela expectativa do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA, que sai na quarta-feira, 12, e pelo aumento das tensões políticas entre EUA e China em relacionadas a Taiwan. Ao quadro externo de baixo apetite ao risco somam-se ajustes técnicos, em meio à expectativa sobre o envio Câmara dos Deputados do texto final da nova proposta de arcabouço fiscal. Declarações de Lula em reunião ministerial para marcar 100 dias de governo foram monitoradas, mas não tiveram papel relevante na formação da taxa de câmbio.
Tirando uma queda bem pontual nos primeiros minutos do pregão, o dólar operou com sinal positivo ao longo do dia. Com máxima a R$ 5,0934 (+0,70%), a moeda encerrou a sessão cotada a R$ 5,0661, em alta de 0,16%. A divisa acumula ligeira baixa em abril (-0,5%) e desvalorização de 4,05% no ano. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato futuro de dólar para maio teve giro baixo, inferior a US$ 10 bilhões.
Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em alta firme, superando a linha dos 102,500 pontos. O iene caiu mais de 1% ante à moeda americana, após o novo presidente do Banco do Japão (BoJ), Kazuo Ueda, afirmar que não pretende alterar no curto prazo a política monetária extremamente frouxa.
Segundo o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, os dados do payroll, embora em linha com o esperado, mostram que o mercado de trabalho segue apertado, o que lança dúvidas sobre o espaço para o Fed interromper o aperto monetário. "O emprego é a ponta final de um processo de desaceleração econômica. Vamos ver como vem o CPI, mas ainda acredito que não haverá novo aumento dos juros nos EUA", diz Velloni.
Monitoramento do CME Group mostra que as chances de uma elevação dos FedFunds em 25 pontos-base em maio se tornaram majoritárias, superando 70%. Na semana passada, o quadro era praticamente de divisão entre nova alta de 25 pontos e manutenção da taxa básica em maio. Na sexta-feira, 7, o payroll trouxe criação de 236 mil vagas em março, levemente abaixo das expectativas (240 mil). A taxa de desemprego, contudo, caiu de 3,6% para 3,5%.
O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, observa que os problemas no sistema financeiro americano, apesar de sanados rapidamente pelas autoridades, aumentaram os temores de recessão nos EUA - o que, ao lado de indicadores fracos de atividade, sustenta parte das apostas em manutenção dos juros em maio. "Mas o mercado de trabalho americano mostra resiliência, com forte geração de empregos e taxa de desemprego caindo para 3,5%. Se o CPI desacelerar novamente, pode cair um pouco a chance de alta de 25 pontos dos juros em maio", afirma Velho.
Por aqui, o mercado espera pelo texto do novo arcabouço fiscal. Pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a proposta será enviada ao Congresso junto com o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), que precisa chegar ao Legislativo até o dia 15. Líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) disse que, após aterrissar na Casa, o texto da nova regra fiscal pode ir à votação em um mês. Em reunião ministerial, Lula defendeu Haddad, ao dizer que quando se trata de economia nunca haverá "100% de solidariedade" e afirmou que o "arcabouço fiscal traz soluções realistas e seguras para o equilíbrio das contas públicas".
Para Velloni, da Frente Corretora, se não houver "novidades positivas" no texto do novo arcabouço fiscal, o dólar tem pouco espaço para nova rodada de queda no mercado doméstico. "Sem nada novo, vejo o dólar na faixa entre R$ 5,08 e R$ 5,20. O mercado agora vai acompanhar a tramitação do texto. O novo arcabouço vai ser o grande teste do governo no Congresso", afirma. (Antonio Perez - [email protected])
Volta
JUROS
Numa sessão de oscilações limitadas e baixa liquidez, os juros futuros de curto prazo terminaram o dia em queda, enquanto os longos ficaram perto da estabilidade. O IGP-DI de março abaixo do estimado, somado a mais uma pesquisa Focus apontando relativa estabilidade nas medianas de inflação, influenciou as taxas até o miolo da curva e as longas estiveram à deriva, atreladas ao ambiente externo. Chegaram a subir na primeira parte da sessão, mas zeraram a alta, acompanhando a desaceleração do avanço dos yields dos Treasuries e do dólar. A pouca inspiração para os negócios teve como pano de fundo a cautela com a agenda da semana, com destaque para o IPCA amanhã e, na quarta-feira, inflação nos Estados Unidos e ata do Federal Reserve.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,21%, de 13,25% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 recuou de 12,03% para 11,97%. A do DI para janeiro de 2027 fechou em 11,97%, de 11,98%, e a do DI para janeiro de 2029 em 12,38%, de 12,36%. O DI para janeiro de 2025, o mais líquido e que nos últimos 30 dias girou em média 879,2 mil contratos por dia, hoje movimentou menos de 400 mil.
Com o desempenho das taxas hoje, a curva teve ganho de inclinação, na contramão do "flattening" visto no fim da semana passada, marcada pela percepção de que o fim do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos estava próximo. Mas os dados do payroll que saíram na sexta-feira, quando os mercados estavam fechados, não autorizaram otimismo sobre a manutenção dos juros por lá, elevando as apostas de alta de 25 pontos-base em maio, antes do índice de inflação ao consumidor dos Estados Unidos (CPI, em inglês) e da ata do Fed. A curva dos Treasuries teve abertura moderada e o dólar ganhou força, impondo um viés de alta aos DIs longos em boa parte da sessão.
O desenho da curva também reflete as reservas quanto ao cenário fiscal. O bônus da apresentação do arcabouço para os ativos parece ter se esgotado e agora a proposta precisa avançar para gerar uma nova leva de alívio nos prêmios. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o texto não terá alteração, está em fase de trabalho de redação e deve ser enviado até sexta-feira ao Congresso, junto com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que tem de ser mandada até o dia 15. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) previu que o novo arcabouço fiscal deve ser votado em um mês na Casa.
Nos DIs curtos, a dinâmica foi ditada pela agenda local. "O IGP-DI abaixo do piso ajuda a reduzir as taxas curtas, além da relativa estabilidade das medianas de IPCA na pesquisa Focus", comentou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. A deflação de 0,34% do índice em março foi maior do que apontava o piso das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 0,26%. Em fevereiro, havia mostrado variação de +0,04%. Ainda que puxado pelos preços do atacado - o IPA caiu 0,71% e o IPC subiu 0,74% -, o IGP-DI favoreceu o clima de espera pelo IPCA amanhã.
A mediana das estimativas para o IPCA de março é de 0,77%, o que representaria um arrefecimento ante fevereiro (0,84%). No acumulado em 12 meses, o índice deve ficar em 4,71% (mediana), o que representaria forte alívio ante os 5,60% em fevereiro.
Rostagno, porém, alerta que do ponto de vista do futuro da Selic os núcleos e os preços de serviços é que serão os "drivers". "O BC tem sido bem claro quanto a isso, chamando a atenção para o fato de que a desinflação até agora tem sido puxada por bens", complementou. Com a saída da pressão de Educação, ambos devem mostrar desaceleração importante. As medianas são de 0,23% para serviços (1,41% em fevereiro) e 0,40% na média para os núcleos (0,72% em fevereiro).
No Boletim Focus, as mediana de IPCA de curto prazo oscilaram marginalmente, com a de 2023 passando de 5,96% para 5,98% e a de 2024, de 4,13% para 4,14%. As de longo prazo, às quais o BC têm chamado a atenção, permaneceram em 4%, tanto para 2025 quanto para 2026. As medianas para a Selic seguiram em 12,75% (fim de 2023) e 10,00% (fim de 2024). (Denise Abarca - [email protected])