BOLSA IGNORA ALTA GLOBAL DE JUROS E RENOVA PICO DO ANO, AOS 115 MIL PONTOS

Cenário

CENÁRIO-2: BOLSA IGNORA ALTA GLOBAL DE JUROS E RENOVA PICO DO ANO, AOS 115 MIL PONTOS

O Ibovespa anotou nesta quarta-feira a quinta alta consecutiva, o que levou o índice aos 115.488,89 pontos (+0,77%), nova máxima de fechamento em 2023. O rali no mercado acionário local destoou da alta global de juros, derivada das decisões dos bancos centrais da Austrália e do Canadá em elevarem as taxas básicas, o que também contaminou os vencimentos mais longos da curva doméstica. Destaque mais uma vez para a Petrobras, alta de 3,11% na ON e de 2,92% da PN. O otimismo na Bolsa é explicado pela percepção cada vez mais latente que o Banco Central vai iniciar a redução da Selic em agosto. O IPCA de maio abaixo do piso na margem e dos 4% no acumulado em 12 meses corroborou essa aposta - que ganhou terreno também nos departamentos econômicos, até então mais resistentes a bancar essa mudança, em contraponto às mesas de operação do DI. Na renda fixa, as taxas curtas terminaram com viés de baixa. No exterior, os juros dos Treasuries subiram forte na expectativa de política monetária mais apertada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) por mais tempo. O rendimento da T-note de 2 anos subiu a 4,571% e o da T-note de 10 anos avançou a 3,788%. Nas bolsas, a rotação de papéis de tecnologia para setor financeiro penalizou o Nasdaq (-1,29%) e ajudou o Dow Jones (+0,27%). Já o dólar ficou perto da estabilidade, com alta discreta do DXY a 104,169 pontos (+0,04%). No Brasil, a moeda americana subiu aos R$ 4,9240, alta de 0,24%. A liquidez foi baixa, em parte devido ao Dia de Corpus Christi, em que os mercados brasileiros não funcionam.

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•CÂMBIO

BOLSA

O Ibovespa renovou o maior nível do ano no pregão desta quarta-feira, 7, amparado pelo fortalecimento das apostas em um corte da taxa Selic a partir de agosto após o IPCA ter mostrado inflação menor do que o esperado em maio. Puxados pelo noticiário corporativo e pelos preços de commodities, os papéis da Petrobras e Vale também anotaram fortes ganhos na sessão e contribuíram para a alta da referência da B3.

Essa combinação de fatores levou à quinta alta seguida do Ibovespa, que encerrou o dia com ganho de 0,77%, a 115.488,16 pontos - superando os 114.610,10 da véspera, até então o maior nível do ano. Assim, foi além da marca de 115 mil pontos pela primeira vez desde 8 de novembro. O índice sustentou alta durante todo o dia, mesmo na mínima (114.610,22). Na máxima (115.978,12), ficou a apenas 21,88 pontos de romper a barreira dos 116 mil.

Assim como na véspera, o fortalecimento das apostas em cortes da taxa Selic em breve direcionou os ganhos do Ibovespa nesta sessão. Essa perspectiva foi favorecida pelo IPCA, que mostrou alívio da inflação de 0,61% em abril para 0,23% em maio, abaixo do consenso do mercado (0,33%). Em 12 meses, cedeu de 4,18% para 3,94%, aquém de 4% pela primeira vez desde outubro de 2020.

Após o resultado, instituições do mercado anunciaram revisões nas projeções para a inflação de 2023 - algumas para baixo na linha de 5%, a exemplo de UBS BB (5,0% para 4,9%), Warren Rena (5,0% para 4,8%) e Garde Asset (5,1% para 4,9%). Outras, como Credit Suisse e Nova Futura Investimentos, fizeram revisões mais modestas, mas anteciparam a projeção de início do ciclo de cortes da taxa Selic de setembro para agosto.

"São fortes as apostas de que os juros devem cair e isso acaba catalisando o movimento das ações", diz o sócio e analista da Finacap Investimentos Felipe Moura. "Como o Ibovespa estava em um nível de valuation muito deprimido, só faltava uma faísca para o mercado reagir, e essas leituras favoráveis foram essa faísca que levou o mercado a reagir, alinhado a uma percepção de melhora macroeconômica."

A renovação das apostas em cortes de juros permitiu que a referência da B3 se mantivesse descolada de Nova York, onde os índices anotaram desde queda de 1,29% (Nasdaq) até alta de 0,27% (Dow Jones) em meio aos temores de que o Federal Reserve (Fed) pode ser mais duro na condução da política monetária, sobretudo após um aumento inesperado dos juros pelo Banco Central do Canadá nesta quarta-feira, 7, a 4,75%.

Assim, apesar das altas dos rendimentos dos Treasuries, o contrato doméstico de juros futuros para janeiro de 2024 - que reflete as apostas na condução da Selic no curto prazo - encerrou o dia em baixa de 3 pontos-base, favorecendo o desempenho de setores da Bolsa como consumo (0,52%) e imobiliário (0,50%). As taxas dos demais DIs avançaram, mas refletindo também uma realização após a forte queda das últimas semanas.

O desempenho das bluechips Petrobras, com alta de 3,11% (ON) e 2,92% (PN) , e Vale (1,58% ON) também favoreceu o desempenho do índice, em um dia de altas firmes dos preços de petróleo (1,10% WTI e 0,87% Brent) e de minério de ferro praticamente estável na Dalian Commodity Exchange, na China (0,06%). Ambos os papéis foram favorecidos pelo noticiário corporativo.

No caso da Petrobras, a elevação de recomendação dos American Depositary Receipts (ADRs) da empresa pelo Morgan Stanley, de "equalweight" (equivalente a neutro) para "overweight" (equivalente a compra), ajudou a sustentar os movimentos. E o Broadcast apurou que a demanda por novos bonds de 10 anos da Vale atingiu US$ 4,6 bilhões, enquanto a companhia esperava captar US$ 1 bilhão. "A Vale mostra para o mercado que tem espaço para explorar uma demanda ainda maior do que ela almeja de benchmark, que tem saúde financeira para isso e potencial", diz o especialista em investimentos da B3 Investimentos Felipe Castro.

Nesta véspera de Corpus Christi, quando não o mercado não funcionará, o Ibovespa atingiu giro financeiro de R$ 28,7 bilhões. A referência da B3 acumula alta de 6,60% no mês de junho e de 5,24% no ano.

As principais altas do índice ficaram com Eneva ON (4,75%), Yduqs ON (3,91%), Carrefour ON (3,46%) e Via ON (3,32%), além de Petrobrás ON. Na ponta negativa, figuram IRB Brasil ON (-6,24%), Azul PN (-3,51%), CSN Mineração ON (-3,35%), Magazine Luiza ON (-2,76%) e Hapvida ON (-2,53%). (Cícero Cotrim - [email protected]).

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 115488.16 0.76613

Máxima 115978.12 +1.19

Mínima 114610.22 0.00

Volume (R$ Bilhões) 2.87B

Volume (US$ Bilhões) 5.85B

18:03

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 116035 0.63747

Máxima 116270 +0.84

Mínima 114870 -0.37

MERCADOS INTERNACIONAIS

A maior expectativa por aperto monetário do Federal Reserve (Fed), após surpreendentes aumentos de juros no Canadá e na Austrália, promoveu uma rotação nas bolsas de Nova York, com venda de papéis de tecnologia e compra de bancos. Assim, o índice Dow Jones fechou em alta, mas o Nasdaq recuou mais de 1%. A perspectiva de compromisso com a estabilidade de preços impulsionou os rendimentos de títulos de governo mundo afora, entre eles os dos Treasuries. O cenário também reduziu as perdas do dólar ante rivais, enquanto a moeda americana avançou frente a emergentes, inclusive com máxima histórica da lira turca. O petróleo, por sua vez, subiu cerca de 1%, apoiado por sinais de demanda nos EUA e na China.

A decisão do Banco do Canadá (BoC, na sigla em inglês) de elevar suas taxas de juros em 25 pontos-base (pb), a 4,75% ao ano, surpreendeu o mercado e deflagrou especulações sobre os próximos passos de bancos centrais de economias desenvolvidas, em especial, o Fed. Para a Capital Economics, o BC americano pode seguir o exemplo dos bancos centrais do Canadá e da Austrália e pausar seu aperto monetário em junho e retomá-lo nos próximos meses, dependendo de como a inflação se comportar. A consultoria ainda acrescenta que o Fed pode manter os juros "mais altos por mais tempo" do que antes havia projetado.

Em relatório de perspectivas econômicas globais, divulgado hoje, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) avalia que o Fed deve elevar os juros mais uma vez nos próximos meses, em 25 pb, e manter o pico nas taxas até o segundo semestre de 2024.

No final da tarde, a ferramenta de monitoramento do CME Group demonstrava a probabilidade majoritária de manutenção dos juros em junho (69,0%) e, em julho, chance majoritária de aperto de até 50 pb (66,9%). Além disso, os mercados reduziram a precificação de cortes nos juros até dezembro, mantendo em primeiro lugar (37,1%) estimativas de que as taxas devem encerrar o ano no intervalo atual, de 5,00% a 5,25%.

A consolidação das expectativas de maior aperto monetário do Fed e por tempo prolongado promoveram uma rotação nos investimentos do mercado acionário em Wall Street, com fuga dos papéis de tecnologia e compra de papéis do setor financeiro. Sobre ações de tecnologia, também pesou um aparente movimento de realização dos lucros, após ganhos robustos nas últimas semanas diante da "euforia" sobre novidades de inteligência artificial. Este ambiente voltou a descolar os índices acionários, beneficiando o Dow Jones contra seus pares. No horário citado, o índice Dow Jones subiu 0,27%, o S&P 500 caiu 0,38% e o Nasdaq cedeu 1,29%.

Entre as ações de destaque, a Amazon caiu 4,25%, a Microsoft recuou 3,09%, a Alphabet perdeu 3,78%, a Meta 2,77% e a Apple perdeu 0,78%. A Netflix apagou boa parte dos ganhos registrados na abertura, depois de ter o preço-alvo de sua ação elevado por JPMorgan e Wells Fargo, e encerrou o pregão regular em leve alta de 0,12%. Já a Tesla avançou 1,47%, após a empresa anunciar que os modelos de carros elétricos 3 e Y são elegíveis a créditos fiscais nos EUA.

No setor financeiro, os bancos americanos subiram de modo generalizado. Entre os de grande porte, Goldman Sachs (+2,74%), Citigroup (+1,67%) e Wells Fargo (+1,96%) lideraram os ganhos, enquanto PacWest (+14,38%), Western Alliance Bank (+2,56%) e Metropolitan Bank (+7,44%) se destacaram entre os regionais.

Petroleiras também registraram alta forte, acompanhando o avanço do petróleo no mercado de commodities. Investidores de energia monitoraram sinais de demanda dos Estados Unidos, com recuo nos estoques semanais de petróleo bruto do país, e da China, com avanço de 12% nas importações do óleo, analisou a Oanda. Assim, o petróleo WTI para julho fechou em alta de 1,10% (US$ 0,79), a US$ 72,53 o barril, na Nymex, e o Brent para agosto avançou 0,87% (US$ 0,66), a US$ 76,95 o barril, na ICE. Em Nova York, os papéis da ExxonMobil subiram 2,24% e da Chevron avançaram 2,59%.

A probabilidade de aperto prolongado nos EUA e nas principais economias para combater a inflação ainda impulsionou o mercado de títulos, em especial, os rendimentos americanos. No horário citado, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,571%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,788% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,943%.

Já o dólar reduziu perdas contra boa parte das moedas rivais e ampliou vantagem sobre algumas emergentes. Por volta das 17h (de Brasília), o dólar subia a 140,18 ienes, o euro subia a US$ 1,0701 e a libra tinha alta a US$ 1,2439. O DXY registrou alta de 0,04%, a 104,169 pontos. Seguindo o aperto monetário do BoC, o dólar americano encerrou o dia caindo a 1,3375 dólares canadenses.

Entre emergentes, a lira turca chegou a renovar mínimas ante o dólar ao longo do dia, à medida em que o presidente Recep Tayyip Erdogan indica uma mudança na sua abordagem para a política econômica. No horário citado, o dólar subia a 23,2263 liras turcas. (Laís Adriana - [email protected])

JUROS

O mercado de juros adotou uma postura mais cautelosa no período da tarde, quando as taxas curtas reduziram e quase zeraram o sinal de queda, as intermediárias passaram a subir e as longas aceleraram o avanço já visto pela manhã. Com o impacto do IPCA de maio abaixo do esperado sendo absorvido no decorrer da segunda etapa, o clima externo começou a pesar mais sobre os negócios, considerando ainda que o forte fechamento da curva nos últimos dias abriu espaço para uma realização de lucros. A correção, no entanto, foi moderada e puxada ainda pelo leilão grande de prefixados do Tesouro.

Numa sessão com giro acima da média padrão nos principais vencimentos, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,08%, de 13,12% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 11,23% para 11,24%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,64%, ante 10,51%, e a do DI para janeiro de 2029 avançou a 10,93%, de 10,82%.

Principal vetor do dia para os negócios em termos locais, o IPCA de maio teve impacto moderado sobre as taxas, uma vez que o cenário benigno para a inflação já vinha sendo incorporado aos ativos com os recentes IGPs de maio. O IPCA de 0,23% ficou muito aquém da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 0,33%, e ligeiramente abaixo do piso de 0,24%. Na abertura, destaque para a expressiva desaceleração da média dos núcleos e a deflação em serviços, variáveis que vinham apresentando certa rigidez em ceder, o que servia de alerta para o Banco Central. Em 12 meses, a taxa acumulada caiu de 4,18% para 3,94%. Alguns players já projetam IPCA zero em junho ou até deflação.

O indicador detonou uma onda de revisões para o IPCA em 2023 e 2024, com algumas instituições já com expectativas abaixo de 5% e de 4%, respectivamente. A Warren Rena reviu seus números de 5% para 4,8% e de 4,2% para 3,9%. Pesquisa relâmpago produzida pelo Projeções Broadcast após o dado apontou redução na mediana para 2023, de 5,65% para 5,40%, e 2024, de 4,10% para 4,00%.

Movimento que já vinha se consolidando na curva a termo, o IPCA também fez convergirem nos Departamentos Econômicos as projeções para o início do ciclo de cortes da Selic em agosto. A probabilidade de uma redução de 25 pontos-base é de 80% nos DIs, que indicam taxa fechando 2023 em 12,00%. Para o Copom de junho, a expectativa segue sendo de estabilidade nos atuais 13,75%.

A economista-chefe do TC, Marianna Costa, afirma que a curva já vinha precificando a partir de agosto duas quedas de 25 pontos e outras duas de 50 pontos nas reuniões até o fim do ano, mas acredita que a tendência é que a aposta de 50 em agosto se torne majoritária, sobretudo se o Conselho Monetário Nacional (CMN), a reunião do fim deste mês confirmar os 3% para as metas de inflação. "Isso tende a fortalecer a credibilidade e abre espaço para uma queda maior", diz.

Ela atribuiu a alta das taxas longas a um ajuste ao ambiente externo, amplificado pelo fato de que os mercados no Brasil não abrem amanhã e na sexta-feira cravada entre o Corpus Christi e o fim de semana a tendência é de que as mesas de operação estejam esvaziadas. "O Federal Reserve terá uma decisão difícil na semana que vem e a expectativa para a reunião não está totalmente formada porque ainda temos o CPI na segunda-feira", comentou.

As decisões inesperadas de aumento de juros pela Austrália ontem e pelo Canadá hoje ampliaram a cautela com relação ao Fed na próxima semana e a curvas globais subiram. A taxa da T-Note de dez anos abriu 10 pontos-base, para 3,78%. A aposta de manutenção da taxa dos fed funds ainda é majoritária, mas a de alta cresceu. Para os economistas da MCM, a atividade econômica nos Estados Unidos tem perdido força, mas é debatível se a velocidade da desaceleração está em linha com o cenário do Fed. "O mercado está correto ao precificar a possibilidade de que o ciclo de alta da taxa de juros não tenha ainda acabado. Por outro lado, parece equivocada a precificação de cortes da taxa já a partir do fim deste ano", avaliam.

Outra pressão sobre a ponta longa veio do leilão do Tesouro, que vendeu integralmente os lotes de 25 milhões de LTN e de 3,5 milhões de NTN-F, com US$ 1,15 milhão em risco para o mercado (DV01), ante US$ 896 mil na semana passada. O tamanho do leilão acaba influenciado a curva do DI em função da montagem das operações de hedge contra o risco prefixado.

O especialista em renda fixa Alexandre Cabral destaca a taxa abaixo de 11% da LTN 1/7/2026 (10,67%) e o volume financeiro, "maior em muito tempo", de R$ 19,6 bilhões.

"Só vejo uma explicação: mercado acreditando em forte queda nos juros nos próximos meses", resumiu.

Segundo a Necton Investimentos, o ritmo atual de emissão do Tesouro nesta semana equivale a uma rolagem de 103% da dívida. "Para manter essa rolagem seria necessária a emissão de R$ 28,5 bilhões por semana e com isso o colchão de liquidez terminaria o ano com R$ 1,215 trilhão e 10,3 meses de nível prudencial", afirma Fernando Cervi Ferez, estrategista de renda fixa. (Denise Abarca - [email protected])

CÂMBIO

Em sessão marcada por instabilidade e troca de sinais, o dólar à vista encerrou cotado a R$ 4,9240, em alta de 0,24%, interrompendo uma sequência de quatro pregões consecutivos de queda. Na semana, a divisa apresenta recuo de 0,58%, levando a desvalorização em junho para 2,94%. Embora a desaceleração do IPCA em maio tenha surpreendido e reforçado as apostas em corte da taxa Selic a partir de agosto, o mercado de câmbio trabalhou em ritmo lento, sem disposição para apostas mais contundentes na véspera do dia de Corpus Christi, quando não haverá negócios. As oscilações foram contidas, de pouco mais de três centavos entre a mínima (R$ 4,9010) e a máxima (R$ 4,9321).

No exterior, o índice DXY operou ao redor da estabilidade ao longo da tarde, por volta dos 104,100 pontos. Os retornos dos Treasuries subiram em meio a ajuste nas apostas para os próximos passos do Federal Reserve, com parte do mercado diminuindo as fichas em pausa no aperto monetário em junho. Taxas de títulos europeus, como Gilts (Grã-Bretanha) e Bunds (Alemanha), também avançaram. A tese de mais aperto monetário nos países desenvolvidos voltou à baila após o Banco Central do Canadá surpreender com elevação da taxa básica do país em 25 pontos-base, para 4,75%. Ontem, houve surpresa com a decisão do BC da Austrália de aumentar os juros em 25 pontos-base, para 4,10%.

Apesar da rodada de aumento dos juros globais, em especial dos Treasuries, ser negativa para ativos emergentes, as três divisas latino-americanas pares do real (peso chileno, mexicano e colombiano) ganharam força em relação ao dólar. O fôlego curto da moeda brasileira hoje foi atribuído a um movimento já esperado de pausa para ajuste de posições e realização de lucros, dada a rodada recente de forte apreciação.

Pela manhã, o IBGE divulgou que o IPCA desacelerou de 0,61% em abril para 0,23% em maio, ligeiramente abaixo do piso das estimativas de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, de 0,24%. A mediana era positiva em 0,33%. O índice de difusão, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, passou de 66% em abril para 56% em maio - o menor desde agosto de 2022. Houve também desaceleração de núcleos e de preços de serviços, em geral mais resistentes aos efeitos do aperto da política monetária.

Foi a senha para que diversas casas revisassem as estimativas de inflação para 2023 e 2024. Parte dos economistas também mudou a projeção de início do ciclo de corte da Selic de setembro para agosto. As taxas de juros futuros no mercado doméstico mostram chances de cerca de 80% de redução em 0,25 ponto porcentual da Selic em agosto.

Para o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, a combinação de corte de juros no Brasil ao longo do segundo semestre com perspectiva de manutenção de FedFunds acima de 5,00% até o fim do ano não tende a abalar o real e seus pares. "Não vejo o real sofrendo muito nesse processo de corte a Selic. O diferencial de juros ainda vai continuar bem elevado, mesmo que o Fed não corte as taxas neste ano", afirma Jolig, ressaltando que a taxa Selic teria que descer até 8% para tirar atratividade do real, o que não é considerado nem pelas previsões mais otimistas.

Jolig ressalta que houve diminuição dos ruídos em Brasília, com redução da artilharia do presidente Lula contra o Banco Central, e andamento rápido do novo arcabouço fiscal no Congresso, que tende a "melhorar as propostas" que saem do Palácio do Planalto.

"O governo pelo menos deixou de atrapalhar. O saldo comercial continua forte e a volatilidade da taxa de câmbio tem caído, o que estimula o 'carry trade'. Bancos estrangeiros têm notado aumento de posições especulativas a favor do real via derivativos no exterior", diz o gestor, acrescentando que há espaço para "os gringos aumentarem sua posição" em renda fixa e variável no Brasil.

À tarde, o BC informou que o fluxo cambial foi positivo em US$ 2,389 bilhões na semana passada (de 29 de maio a 2 de junho), com entrada líquida de US$ 2,739 bilhões via comércio exterior e de US$ 350 milhões pelo canal financeiro. Dados prévios mostram que em maio o fluxo total foi negativo em US$ 1,505 bilhão.

A Tendências Consultoria reduziu hoje suas projeções para a taxa de câmbio no fechamento de 2023 (de R$ 5,25 para R$ 5,05) e de 2024 (de R$ 5,44 para R$ 5,20), citando a diminuição do risco fiscal com o andamento da nova proposta de novo arcabouço fiscal no Congresso.

"Cabe destacar que os modelos ainda indicam níveis mais valorizados para o real, quando são considerados os principais condicionantes. A média dos principais modelos aponta para um 'câmbio justo' entre R$ 4,70/US$ e R$ 4,80/US$ neste momento, de onde surge o alerta de que novas quedas de curto prazo não podem ser descartadas", afirma a consultoria, em nota. (Antonio Perez - [email protected])

18:02

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