BOLSA FICA POSITIVA NO ANO, DÓLAR CAI A R$ 5,20 E DI LONGO RECUA DE OLHO EM BRASÍLIA

Blog, Cenário

A subida dos ativos domésticos ganhou tração na etapa da tarde desta terça-feira, à medida que o investidor segue recebendo bem a resposta dura das instituições aos atos golpistas de domingo. A reação enfática dos Três Poderes e a ação do Executivo de "seguir em frente" com os planos econômicos subsidiam a compra do chamado "pacote Brasil". Neste ambiente, o Ibovespa superou nas máximas o nível de 111 mil pontos e passou para o azul em 2023. O índice terminou o dia aos 110.816,71 pontos, ganho diário de 1,55% e de 0,99% no ano. As maiores altas foram concentradas no setor de varejo, particularmente muito descontado nas últimas semanas. O fluxo de recursos para ações levou o dólar a operar pontualmente na casa de R$ 5,19 no segmento à vista. Ao fim da sessão, a moeda americana marcava R$ 5,2020 (-1,06%), menor fechamento desde 23 de dezembro. O efeito do câmbio foi o gatilho para mais um dia de queima de prêmios na curva de juros, com baixa ao redor de 20 pontos-base nos vértices intermediários e longos. Na ponta de curtíssimo prazo houve um leve viés de alta, com incômodo dos agentes com os dados do IPCA de mais cedo, que mostraram uma composição ruim da inflação no fim de 2022 e colocam alguma dúvida sobre o plano de voo do Banco Central para a Selic. No exterior, o discurso protocolar do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, forneceu alívio para um dia de alta das bolsas em Nova York. Contudo, dólar e juros subiram lá fora, com o mercado já montando posições na expectativa pela inflação medida pelo CPI dos EUA, a ser divulgada na quinta-feira. Destaque ainda para a subida do petróleo, favorecido com a reabertura da China e o incentivo do governo para impulsionar a segunda maior economia do mundo. O barril do Brent para março voltou a fechar acima dos US$ 80, importante marca psicológica abandonada na semana passada.

•BOLSA

•JUROS

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

BOLSA

Mesmo com o desempenho tímido de Nova York na sessão, o Ibovespa estendeu hoje, pela quinta sessão, a sequência de retomada ante as perdas vistas na abertura de 2023, acumulando pela primeira vez ganho neste começo de ano (+0,99%) e chegando a recuperar o nível dos 111 mil pontos, não visto no intradia desde a última sessão de 2022 (111.177,53), no dia 29, e em fechamento desde 2 de dezembro (111.923,93).

Ao fim da sessão desta terça-feira, como ontem, perdeu parte do fôlego e encerrou em alta de 1,55%, aos 110.816,71 pontos, entre mínima de 108.478,19 e máxima de 111.193,43 pontos, maior marca intradia desde 5 de dezembro (112.149,58), saindo de abertura hoje aos 109.128,58. O giro financeiro ficou em R$ 27,4 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa sobe 1,70%.

O índice da B3 operou bem à frente dos índices de Nova York, sustentando-se em alta mesmo quando os de NY oscilaram para o negativo, pontualmente, no começo da tarde. Destaque para as ações do setor de consumo (ICON +2,05%), em dia também positivo para os materiais básicos (IMAT +1,31%). Na ponta do Ibovespa, Pão de Açúcar (+8,76%), Magazine Luiza (+7,77%), Americanas (+7,49%) e Via (+6,58%).

"Está tão barato que, não havendo notícias ruins, o índice acaba subindo", diz Francisco Levy, estrategista-chefe da Empiricus, observando que em geral as métricas P/L das ações na Bolsa estão ainda de 15% a 20% abaixo do que se via no pior momento do governo Dilma Rousseff (PT), em referência a outro período em que predominava incerteza e cautela sobre ativos de risco.

"Ainda há muito prêmio de risco também no câmbio e nos juros futuros, muita cautela quanto à dívida pública. As primeiras decisões do governo serão muito importantes como sinalização, após um começo desconectado e pouco pragmático, apesar do esforço isolado do Fernando Haddad (ministro da Fazenda) de soar 'Palocciano'", acrescenta o estrategista, em referência a outro político, Antonio Palocci, que, após desconfiança inicial do mercado, acabou sendo bem recebido como titular da Fazenda no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência.

"O mercado não gosta de ficar no escuro. O que gera mais desconfiança é a parte fiscal, mas não se tem como cobrar muito de um governo que começou não faz nem duas semanas. É preciso esperar a gestão fiscal para depois fazer uma avaliação. Há muita dificuldade de comunicação. Pode ser que venhamos a nos surpreender ainda com a execução, que pode ser boa, visto o desempenho de Haddad, na parte fiscal, na Prefeitura de São Paulo", diz Gustavo Neves, especialista em renda variável da Blue3.

Contribuindo para dar dinamismo maior ao Ibovespa nesta terça-feira, as ações da Petrobras, que cediam mais de 1% no começo da tarde apesar do avanço dos preços do petróleo, encerraram o dia com sinal único, positivo (ON +0,59%, PN +0,92%). A sessão foi amplamente favorável às demais ações de maior liquidez, como Vale (ON +1,23%) e as siderúrgicas (CSN ON +4,77%), assim como para os grandes bancos (Bradesco PN +3,71%, ON +2,09%; Itaú PN +1,93%; Unit do Santander +4,62%, na máxima do dia no fechamento).

Avançou nos últimos dias a articulação do governo federal para que Jean-Paul Prates assuma a presidência da Petrobras de forma interina com o aval do Conselho de Administração, reporta Gabriel Vasconcelos, do Broadcast no Rio. Duas fontes familiarizadas com as negociações informaram que o governo já tem sinalização positiva da maior parte do colegiado atual, seis de dez conselheiros, para avançar com o plano de antecipar a entrada de Prates na estatal.

No lado oposto do Ibovespa nesta terça-feira, destaque para ações do setor elétrico, como Eletrobras (PNB -1,63%, ON -0,97%), CPFL (-1,28%) e Copel (PNB -0,40%), além de empresas como Braskem (-1,45%) e Suzano (-1,24%). O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que está adotando medidas tradicionalmente implementadas em eventos especiais, como eleições, Copa do Mundo e Olimpíadas, depois da queda de três torres de transmissão nos últimos dias, em três locais diferentes.

O ONS observou que nesta época do ano, de condições climáticas severas, o incidente pode ser considerado normal. "Neste momento, as causas estão sendo investigadas pelos respectivos agentes", disse o operador em nota.

Mais cedo, o Broadcast Energia apurou que a empresa responsável por linha de transmissão em Rondônia encontrou indícios de sabotagem na derrubada do ativo, uma vez que a base de metal que sustenta a torre teria sido cortada. Em outro incidente, uma torre de energia situada a 50 quilômetros da hidrelétrica Itaipu, no Paraná, caiu. Também teria havido incidentes envolvendo tentativas de destruição em alguns ativos de transmissão, na mesma região.

No cenário externo, o foco permanece concentrado na reabertura da China em meio à reversão da política de Covid zero, bem como na progressão dos juros de referência nos Estados Unidos - hoje, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, durante participação em evento, não fez comentários sobre a política monetária americana.

"Na quinta-feira, os mercados globais estarão muito atentos à divulgação de novos dados sobre a inflação nos Estados Unidos", diz Bruno Madruga, sócio e head de renda variável da Monte Bravo Investimentos.

"No plano doméstico, a reação inicial do governo (aos ataques do fim de semana) contribuiu para fechamento da curva de juros, e observamos fortalecimento do real, com fluxo gringo aparentemente também chegando às ações na B3, pela redução do risco Brasil", acrescenta Madruga. Ele chama atenção em especial para o bom desempenho das ações de bancos na sessão, além das de commodities e mesmo das 'small caps', papéis de menor capitalização de mercado, ainda muito descontados. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:25

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 110816.71 1.546

Máxima 111193.43 +1.89

Mínima 108478.19 -0.60

Volume (R$ Bilhões) 2.74B

Volume (US$ Bilhões) 5.23B

18:25

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 112000 1.63339

Máxima 112500 +2.09

Mínima 109385 -0.74

JUROS

Os juros futuros tomaram caminhos distintos na sessão desta terça-feira, 10. Enquanto as taxas intermediárias e longas apresentaram baixa firme, em linha com o recuo do dólar e o arrefecimento da percepção de risco, as taxas curtas experimentaram leve viés de alta ao longo do pregão, escoradas no IPCA de dezembro acima do esperado.

Além de digerir os dados de inflação corrente, investidores operaram à espera de sinais sobre as medidas econômicas do novo governo prometidas para esta semana, após resposta enérgica dos Três Poderes aos atos golpistas de domingo, em Brasília. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acompanhando da ministra do Planejamento, Simone Tebet, se reuniu hoje à tarde com o presidente Lula. Na saída da reunião, Haddad se limitou a dizer, porém, que o encontro "foi bem".

Entre os curtos, o DI para janeiro de 2024 subiu de 13,584% para 13,60%. DI para de janeiro de 2025 passou de 12,78% para 12,695%. Entre intermediários e longos, DI para janeiro de 2027 desceu de 12,701% para 12,52%. Já o DI para janeiro de 2029 fechou a 12,62%, de 12,786%.

Segundo o economista da BlueLine Flávio Serrano, as apostas de alta residual da taxa Selic neste ano subiram um pouco no curtíssimo prazo. "O mercado coloca uma chance de uns 30% de alta [da Selic] em março", diz Serrano. "Mas para frente os cortes ficam mais fortes. Ontem tinha cerca de 200 pontos-base até o fim do ano que vem. Hoje, está em 230 pontos".

Casas ouvidas pelo Broadcast destacaram dinâmica ruim dos núcleos do IPCA e do índice de difusão, embora tenham atribuído parte do resultado surpreendente de dezembro ao efeito pós-Black Friday, em referência as promoções realizadas em novembro. Em todo caso, o indicador de inflação corrente acima do esperado se soma ao aumento das projeções para o IPCA para este ano, 2024 e 2025 reveladas pelo Boletim Focus de ontem.

"Com a perspectiva de mais gasto e fomento ao crédito, como vimos nos governo anteriores de Lula, o mercado já começa a projetar inflação maior", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.

Por ora, a despeito da piora das expectativas, a maioria dos analistas ainda trabalha com um ciclo de corte da taxa básica, hoje em 13,75% ao ano, ao longo do segundo semestre deste ano. A Rio Bravo Investimentos, por exemplo, prevê redução de juros a partir de junho, com taxa em 11,75% no fim de 2023, embora pondere que há riscos de aumento dos juros caso a inflação persista em nível elevado ou as expectativa sigam se deteriorando.

Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, o resultado do IPCA de dezembro pode desencadear novas previsões de alta da inflação pelo mercado. Ele estima IPCA de 6,24% neste ano, e com viés para cima. "Já projetamos inflação superior a 4% para 2024 e, por isso, a probabilidade de a Selic atingir um dígito até o final deste ano é mínima", afirma Velho, que não espera redução relevante de gastos no "ajuste fiscal de Haddad", mais voltado para corte de desonerações e subsídios.

Sichel observa que a média dos cinco núcleos acompanhados pelo BC "concretiza alta de 0,66%, o dobro da leitura de novembro". Além disso, o índice de difusão subiu 10 pontos-base, para 68,97%, maior valor desde o segundo trimestre de 2022. "O índice de inflação termina o ano com composição ruim e headline elevado", afirma Sichel, em relatório.

O economista do Modal ressalta, contudo, que "a dinâmica inflacionária perde relevância para a condução da política monetária" neste momento diante da alterações na gestão das contas públicas. "Simultaneamente, a taxa de juros real já elevada dá ao Banco Central graus de liberdade para aguardar os próximos desenvolvimentos da política fiscal", afirma.

Além do IPCA de dezembro, saíram mais dois índices de inflação pela manhã. A FGV informou que o IGP-M desacelerou a 0,32% na primeira prévia de janeiro, de alta de 0,35% no primeiro decênio de dezembro. Já o IPC-Fipe, que mede inflação na cidade de São Paulo, subiu de 0,61% na primeira quadrissemana de janeiro, após alta de 0,54% no fechamento de dezembro.

O Tesouro vendeu hoje 611.800 NTN-B de oferta de 800 mil. O risco para o mercado em DV01 ficou 31% maior em relação ao leilão da semana passada, segundo a Warren Renascença. O órgão também vendeu 821.450 de oferta de até 1 milhão de LFT. (Antonio Perez - [email protected])

CÂMBIO

O dólar à vista caiu 1,06% hoje, a R$ 5,2020, a menor cotação no fechamento desde 23 de dezembro (R$ 5,1662). Agentes do mercado atribuem o movimento à percepção de um Federal Reserve (Fed) menos hawkish, na esteira de falas protocolares do presidente do banco central americano, Jerome Powell, na manhã de hoje. A reação dos Três Poderes aos atos golpistas do último domingo, 8, também continua a ser recebida positivamente.

A moeda americana iniciou o dia em alta, mas firmou-se em queda no fim da manhã, durante as declarações de Powell. Sem reforçar uma postura austera do banco central americano, as falas do dirigente levaram a divisa a moderar a alta globalmente e favoreceram a recuperação do real a partir das 11 horas. Durante a tarde, o dólar teve mínima de R$ 5,1990 (-1,11%), às 16h33, em meio à recuperação do Ibovespa.

"O dólar devolveu ganhos após as declarações do presidente do Fed, Powell, não reiterarem uma postura hawkish", pontua o analista sênior de mercados da Oanda, Edward Moya, em relatório. Às 17h48, o índice DXY, que mede a força da divisa americana ante uma cesta de seis moedas desenvolvidas, avançava 0,27%, aos 103,274 pontos, em linha com o comportamento observado durante a sessão.

A chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Roberta Folgueral, afirma que o fortalecimento do real respondeu à percepção de um Fed menos hawkish e à reação do poder público aos atos de domingo, após Câmara e Senado terem aprovado a intervenção federal na segurança do Distrito Federal. "O Fed acabou 'surpreendendo' um pouco, enfraquecendo a moeda, e os juros de médio e longo prazo cederam", afirma.

A garantia do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), de que o cronograma de anúncios econômicos prometido na última semana não seria alterado pelos atos golpistas do último domingo, 8, também repercutiu positivamente no mercado. "Isso colaborou para a redução do dólar, porque o mercado tinha ficado receoso sobre se o governo iria manter essa agenda ou não", comenta o assessor de investimentos da SVN João Felipe Dias.

Na manhã, a Moody's afirmou, em relatório, não ver impacto significativo dos atos golpistas no perfil de crédito dos emissores brasileiros, inclusive no crédito soberano do País. Para a agência, a determinação das autoridades em controlar rapidamente a situação serviu como sinal de força institucional e reforçou a expectativa de que a estabilidade econômica prevaleça no Brasil.

Dias, da SVN, acrescenta que a alta de 1,51% Ibovespa ajudou o desempenho do real no curto prazo, devido ao fluxo financeiro. "A gente viu que 2022 foi um dos anos com mais entrada de fluxo estrangeiro na Bolsa e janeiro continua esse movimento. Um Ibovespa alto colabora para a nossa atração de capital e contribui para o câmbio por aqui", afirma o analista.

Hoje, o real se beneficiou ainda da alta das commodities no mercado internacional, com um aumento dos futuros do petróleo entre 0,56% (Brent) e 0,66% (WTI). A surpresa altista com o IPCA de dezembro - de 0,62%, 0,17 ponto porcentual acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcast (0,45%) - não alterou para o mercado a avaliação de que o processo de desinflação deve continuar no País.

Como resultado, o real encerra o dia com a maior valorização entre os principais pares emergentes e exportadores de commodities. Às 18h07, o dólar perdia 0,59% em relação à rúpia indiana e 0,35% ante o peso do México. No mesmo horário, a moeda americana subia 0,29% na comparação com o dólar australiano e 0,25% frente à moeda canadense. (Cícero Cotrim - [email protected])

18:25

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.20200 -1.0556 5.27690 5.19900

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5224.000 -1.07934 5299.500 5221.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5306.368 21/12    

MERCADOS INTERNACIONAIS

Comentários de membros do Federal Reserve (Fed) seguiram em foco nesta terça-feira, à medida que os temores de recessão estão presentes nas mesas de operação, após o Banco Mundial revisar em baixa a previsão para o crescimento global neste ano e projetar estagnação da zona do euro. Depois de o presidente do BC americano, Jerome Powell, fazer um discurso sem sinalizações mais hawkish, a diretora da instituição Michelle Bowman comentou que espera contínuo aperto da política monetária, mas sem impactos significativos na economia. Neste cenário, ativos de risco e seguros conseguiram se sustentar: as bolsas de Nova York, assim como o dólar e os juros dos Treasuries, avançaram. O petróleo também foi favorecido, com a reabertura da China e o incentivo do governo para impulsionar a segunda maior economia do mundo levantando perspectivas positivas do lado da demanda pela commodity.

"As ações dos EUA subiram, pois não recebemos uma dose de discurso hawkish do presidente do Fed, Powell, e à medida que aumentavam as expectativas de que as tendências de desinflação continuam. Wall Street parece estar ficando mais otimista com as ações", analisa o economista da Oanda Edward Moya. Powell afirmou hoje que o banco central americano não é, e não será, "um formulador de políticas climáticas". Além disso, ele destacou que aumentar a liquidez do setor não-bancário não é a resposta desejada.

Já Bowman reiterou que espera contínuo aperto da política monetária, mas ponderou que vê sinais de que é possível conter a inflação sem impacto significativo na economia. "A questão crítica na mente de todos agora é: quando veremos o pico de aperto do Fed?" disse Stephen Innes, sócio-gerente da SPI Asset Management, ao The Wall Street Journal. "Continuamos vendo o Fed sair e fazer esses comentários realmente agressivos, mas o mercado não está realmente precificando isso", acrescenta.

Além de discursos de membros do Fed, a iminente recessão continua em voga. "Dez dias após o início do Ano Novo, alguns traders já estão jogando suas expectativas de recessão da zona do euro pela janela. O sentimento está em uma montanha-russa, e o otimismo está crescendo de que a Europa não terá uma fase tão difícil à medida que a reabertura da China ganha impulso e porque não vimos os piores cenários se desenrolarem para os preços do gás natural", analisa Moya.

No entanto, hoje, o Banco Mundial reduziu sua perspectiva de crescimento global e alertou para o fato de que há desaceleração "de forma acentuada" e que qualquer novo acontecimento desfavorável, como inflação acima do esperado, altas abruptas nas taxas de juros para conter os preços, novas ondas da covid-19 ou o aumento das tensões geopolíticas, poderia levar a economia global à recessão. Para a zona do euro, em específico, o órgão espera a região sofrerá estagnação no ano atual.

Nesse contexto, o índice Dow Jones subiu 0,56%, a 33.704,10; o S&P 500 avançou 0,70%, a 3.919,25 pontos; e o Nasdaq teve alta de 1,01%, a 10.742,63 pontos. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,241%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,611% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,742%. O índice DXY, que mede a moeda americana ante uma cesta de seis rivais fortes, fechou a sessão com ganho de 0,23%, a 103,236 pontos. Já o euro recuava a US$ 1,0736 e a libra, a US$ 1,2154, enquanto o dólar avançava a 132,22 ienes.

Entre as commodities, o petróleo avançou, à medida que a reabertura da China e o esforço do governo asiático para levar liquidez para a economia criam um cenário positivo para demanda do óleo. Hoje, por exemplo, o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) orientou os grandes bancos do país a acelerar a concessão de empréstimos em 2023. De acordo com o Financial Times, Pequim está elaborando políticas destinadas a melhorar os laços diplomáticos que se deterioraram e impulsionar uma economia profundamente tensa.

Também do lado da demanda, o Departamento de Energia (DoE, da sigla em inglês) dos Estados Unidos prevê, em relatório divulgado hoje, que o consumo global de combustíveis líquidos, como gasolina e diesel, deve alcançar novos recordes em 2024. Entretanto, a instituição também indica que os preços do petróleo poderão ser menores, com o Brent indo a uma média de US$ 83 por barril em 2023 e para US$ 78 por barril em 2024. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para fevereiro de 2023 fechou em alta de 0,66% (US$ 0,49), a US$ 75,12 o barril, enquanto o Brent para março, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 0,56% (US$ 0,45), a US$ 80,10 o barril.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou hoje que a decisão do G7 de impor um teto aos preços do petróleo russo já tem cumprido dois objetivos: a estabilização dos mercados globais de energia e a redução das receitas russas, em meio à guerra na Ucrânia. (Letícia Simionato - [email protected])

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