Os sinais de ingerência do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras, bem como a renúncia fiscal que deve ser adotada para conter a alta do diesel, afetaram negativamente a Bolsa, sobretudo via papéis da Petrobras, e também os juros futuros. Depois de ter dito ontem que haveria novidades na Petrobras e que declarações do presidente da estatal, Roberto Castello Branco, sobre os caminhoneiros teriam consequência, hoje Bolsonaro reafirmou que haverá mudanças na petroleira, dando a entender que buscará mais previsibilidade na política de preços. "O povo não pode ser surpreendido com certos reajustes", declarou. Nada disso pegou bem e os papéis da Petrobras tombaram entre 6,63% e 7,92%, descolando o Ibovespa completamente dos pares externos, ao cair 0,64%, aos 118.430,53 pontos. Na semana mais curta devido ao carnaval, o saldo ficou negativo em 0,84%. Na renda fixa, com aumento da percepção de risco sobre o Brasil e sinalização oposta ao ajuste fiscal, uma vez que o governo ainda não explicou de onde vai tirar os recursos para desonerar o diesel, a curva de juros futuros ganhou inclinação. Nem mesmo a entrega da PEC para destravar o auxílio emergencial com gatilhos fiscais conseguiu impedir o movimento de alta firme das taxas longas. O estrago só não foi maior porque o dólar teve queda diante do Real, num comportamento que teve influência direta do exterior, onde as moedas emergentes ganharam espaço. E apesar do recuo de 1,02% da divisa americana hoje, a R$ 5,3854 no mercado à vista, a semana foi de valorização de 0,21%, com alta de quase 4% no ano. Afinal, o clima de desconfiança com a questão fiscal segue no radar dos investidores, que vinham aumentando, nos últimos dias, as apostas contra o real. Em Wall Street, enquanto as bolsas terminaram sem direção única, com os investidores monitorando as negociações pelo pacote de estímulos, novos sinais de retomada da economia dos EUA puxaram para cima os juros dos Treasuries de longo prazo.
- BOLSA
- JUROS
- CÂMBIO
- MERCADOS INTERNACIONAIS