O timing não poderia ser melhor: no dia em que o PIB do Brasil teve o maior tombo da história - até um pouco pior do que a mediana das estimativas -, o governo anunciou o envio da reforma administrativa, tão cobrada por diversos especialistas em contas públicas, e estendeu o auxílio emergencial até o fim do ano, mas num valor mais baixo, de R$ 300, emitindo sinais positivos sobre a responsabilidade fiscal. E a maneira como tudo foi feito também teve importância: um encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e líderes do Congresso, com a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes. De uma só vez, o presidente passou a ideia de aproximação com o Parlamento e de endosso ao seu "Posto Ipiranga", dois fatores fundamentais para levar o mercado a acreditar que a deterioração fiscal, desenhada recentemente, poderá ser estancada. Por fim, além do exterior positivo, com novos recordes em Nova York, a participação de Guedes em uma comissão no Congresso agradou, por reforçar a agenda de reformas e dizer que sente não estar "sozinho" dentro do governo. Tudo isso levou o Ibovespa a começar o mês com a maior alta diária desde 8 de junho (3,18%), ao subir hoje 2,82%, a 102.167,65 pontos, com praticamente todos os papéis no azul. A melhora do ambiente também abriu espaço para a desmontagem de posições defensivas no câmbio e na renda fixa. O real teve, de longe, a melhor performance do dia em uma cesta de 34 moedas e o dólar atingiu o menor valor em quase um mês diante da divisa brasileira, ao ceder 1,74%, a R$ 5,3852 no mercado à vista. Os juros futuros, bastante sensíveis à questão fiscal, tiveram queda em todos os vértices, mas a intensidade foi um pouco maior nos vencimentos longos. Ainda assim, permanecem apostas residuais de aperto monetário já em 2020. Em Wall Street, as bolsas ganharam ainda mais fôlego à tarde, com os setores de tecnologia e serviços de comunicação garantindo novo recorde histórico de fechamento para o Nasdaq e para o S&P 500. O otimismo foi direcionado, sobretudo, por indicadores positivos da economia americana e chinesa.
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