Declarações do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi, aumentaram a pressão no mercado doméstico. Já sensíveis ao risco fiscal, sob efeito da prorrogação da desoneração de combustíveis, os ativos pioraram com o reforço, por Galípolo, da perspectiva de ajuste fiscal com incremento das receitas. Adicionalmente, seguem as dúvidas em torno da política de preços da Petrobras sob novo comando. Já Lupi prometeu discutir uma "antirreforma da Previdência" a partir de uma comissão para rever as mudanças feitas durante o governo Jair Bolsonaro. Na Bolsa, a tensão elevada derrubou o Ibovespa aos 104 mil pontos - fechamento aos 104.165,74 pontos, em baixa de 2,08%, com -1,41% e -2,53% nas ações PN e ON de Petrobras. O dólar à vista fechou em alta de 1,72%, cotado a R$ 5,4521, após superar R$ 5,46 no pior momento da sessão. Foi a maior cotação no encerramento desde 22 de julho, a R$ 5,4988. E os juros futuros fecharam em alta firme, com as declarações turbinando a trajetória definida cedo pelo primeiro leilão do Tesouro do ano. No exterior, preocupações com aperto monetário e possível recessão recolocaram as bolsas de Nova York no vermelho, após tentativa de recuperação no começo do dia, a primeira sessão de 2023 para os índices americanos. Já na Europa, os principais índices avançaram, sustentados por indicadores como a inflação da Alemanha, que apresentou desaceleração em dezembro e ficou abaixo do esperado por analistas. As commodities caíram em meio a dados que indicaram desaceleração da atividade na China, enquanto temores pelo quadro da covid-19 no país persistem.
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BOLSA
Já em baixa firme desde a abertura dos negócios, o Ibovespa degringolou na reta final do pregão e emendou sucessivas mínimas, chegando até a perder momentaneamente a linha dos 104 mil pontos, em meio a declarações de autoridades do governo Lula, em especial do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo. Não bastasse a indefinição em torno do novo arcabouço fiscal e sinais de que o governo deseja sanar o rombo das contas públicas via incremento das receitas, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse que pretende rever a reforma da Previdência, pretextando que o sistema não seria deficitário.
Segundo analistas, avolumam-se sinais de que o governo se inclina à heterodoxia, com a ala política do Planalto, respaldada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abafando qualquer tentativa de esfriar os ânimos empreendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ainda ecoa no mercado a decisão de prorrogar em 60 dias a desoneração dos combustíveis (prazo que pode ser ampliado segundo debates dentro do governo), em oposição ao defendido por Haddad, e declarações que revelam a clara intenção de mudar a política de preços da Petrobras.
Embora não tenha amargado queda da magnitude da observada ontem, quando fechou em baixa de 3,06%, o Ibovespa sofreu novo tombo, encerrando a sessão com recuo de 2,08%, aos 104.165,74 pontos, com mínima aos 103.852,27 pontos registrada na última hora de negócios. Trata-se de um desempenho bem inferior aos de seus pares em Nova York, onde as quedas foram menores que 1%. Assim, o principal índice da B3 já acumula perda de 5,07% nos dois primeiros pregões de 2023.
"O Ibovespa desabou ontem e deu continuidade ao movimento de queda hoje. Existe uma grande aversão ao risco em razão do quadro fiscal, com os DIs subindo em todos os vértices e o dólar escalando", afirma Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos, ressaltando que o tom do discurso de posse de Lula ainda influencia a formação de preços dos ativos domésticos. "O Haddad reforçou hoje que vai ter nova âncora fiscal, mais o mercado quer ver algo prático."
Em entrevista a GloboNews, Galípolo disse que arcabouço fiscal é termo melhor que âncora e deu ênfase à reforma do sistema tributário brasileiro, que é "caótico" e "tributa de maneira igual os desiguais". Ele também afirmou que não acha factível uma regra fiscal que limite o crescimento de gastos por meio de gatilhos automáticos, como do nível da dívida pública, algo defendido pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes. Em relação à política de preços da Petrobras, o secretário-executivo da Fazenda afirmou que a pasta não tem modelo para reajuste de combustíveis e que as decisões serão tomadas pela nova diretoria da empresa.
Pela manhã, Haddad havia dito, em live promovida pelo Brasil 247, que pretende anunciar neste primeiro trimestre medidas "para colocar o País no rumo certo". Segundo apuração do Broadcast, Haddad recebeu de secretários da pasta avaliação de que é possível fazer um ajuste fiscal de até R$ 223,08 bilhões em 2023, equivalente a 2,08% do Produto Interno Bruto (PIB). As simulações apresentadas a Haddad, às quais o Broadcast teve acesso, incluem medidas de reversão de desonerações, busca por receitas extraordinárias e uma menor parte em cortes de gastos.
"Há preocupação com o risco fiscal, já que ninguém sabe o que vai substituir teto [de gastos], e com a possibilidade mudança de política de preços da Petrobras, que sugere possível intervencionismo do governo nas estatais", afirma a economista-chefe da B. Side Investimentos, Helena Veronese, ressaltando que a desoneração dos combustíveis por mais de 60 dias ainda reverbera no mercado. "Não dá para abrir mão de receita, especialmente com aumento de gastos públicos neste começo de governo. E especula-se que a desoneração possa ser maior [que 60 dias]."
Com o retorno das Bolsas em Nova York após o feriado de fim de ano, o volume negociado, que ontem foi de apenas R$ 15,5 bilhões, hoje saltou para R$ 25,8 bilhões. Na carteira teórica do Ibovespa, apenas cinco ações fecharam no campo positivo, com destaque para a alta de 7,61% dos papéis da Qualicorp, após a Rede d'Or anunciar que firmou acordo de transferência da gestão de ações representativas de 19,85% do capital votante e total da Qualicorp para a Prisma Capital. Também terminaram no azul exportadoras de grande porte como Klabin (+0,35%) e Suzano (+1,78), além das ações da Embraer (+1,89%) e PNs da Gerdau (+0,20%).
Entre as blue chips, observou-se um comportamento similar ao de ontem, com as ações da Vale tentando se livrar da maré negativa, embora tenham sucumbido no fim do dia (-0,18%) enquanto bancos e Petrobras afundavam. Papéis do Bradesco caíram mais de 4%. Banco do Brasil ON, a despeito do temor de ingerência das estatais, perdeu bem menos (-1,86%). A PN da Petrobras recuou 2,53%, e a ON, 1,41%. A cotação do petróleo tipo Brent para março, referência para a petroleira brasileira, fechou em baixa de 4,43%, a US$ 82,10 o barril. (Antonio Perez - [email protected])
18:33
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 105000 -2.22553
Máxima 108045 +0.61
Mínima 104900 -2.32
18:32
Ações Últ. Var.% Ações Últ. Var. %
TELEMAR PN VALE R DOCE PNA N1 33.36 24/11
PETROBRAS PN N2 22.34 -2.53054 BRADESCO PN EJ N1 14.00 -4.98085
EMBRATEL PAR PN * ELETROBRAS PNB N1 41.42 -1.42789
USIMINAS PNA N1 6.95 -1.13798 SID NACIONALON EJ 14.55 -1.15489
VIVO PN CEMIG PN EJ N1 10.65 -2.38313
CÂMBIO
As incertezas com relação à nova política econômica a ser adotada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aliado a um dia de fortalecimento no exterior, impulsionou o dólar pela segunda sessão consecutiva. A divisa atingiu a máxima de R$ 5,4626 (+1,92%) no spot perto do fechamento, em meio a declarações do secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, em torno da seara fiscal e encerrou o dia em alta de 1,72%, cotado a R$ 5,4521, o maior valor de fechamento desde 22 de julho.
Logo após a abertura, o real ainda encontrou, mesmo que brevemente, espaço para se valorizar, mas a cautela predominou e a partir daí passou o dia perdendo para o dólar.
"A área econômica do governo está tentando falar o que o mercado quer escutar, mas as atitudes estão sendo diferentes, como no caso dos combustíveis, onde eles estão abrindo mão de receitas. O mercado quer escutar sobre o controle fiscal, mas não há pista concreta que leve para isso, como de onde virão as receitas", avalia Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
Em reunião na manhã desta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recebeu dos secretários da Pasta uma avaliação inicial de que seria possível fazer um ajuste fiscal de até R$ 223,08 bilhões em 2023, equivalente a 2,08% do Produto Interno Bruto (PIB). As simulações apresentadas a Haddad, às quais o <b>Broadcast</b> teve acesso, incluem medidas de reversão de desonerações, busca por receitas extraordinárias e uma menor parte em cortes de gastos.
De acordo com análise dos repórteres Eduardo Rodrigues e Antonio Temóteo, o certo é que o ambicioso plano de ajuste de 2,08% do Produto Interno Bruto significa uma redução de gastos de apenas 0,37% do PIB. As demais medidas pelo lado da receita são ainda mais incertas e podem não ser suficientes para tranquilizar o mercado, que segue desconfiando da capacidade da nova equipe em evitar um rombo primário orçado em R$ 231,5 bilhões para este ano.
Agora à tarde, Galípolo disse que não seria factível uma regra fiscal que limite o crescimento de gastos por meio de gatilhos automáticos, mas que todas as propostas serão estudadas. Segundo ele, o problema de um gatilho, por exemplo, do nível da dívida pública, como era favorável o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, é que contamina a política monetária devido aos juros pagos. "Sinalizações da Fazenda virão com o tempo; perfil da reforma já é transparente".
O secretário-executivo ainda destacou que o presidente Lula deixou muito clara a diretriz formada por três elementos para toda a Esplanada dos Ministérios: a sustentabilidade ambiental, a sustentabilidade econômica e a sustentabilidade social. "Elas vão ter que andar juntas obrigatoriamente. Essa equação é que é o nosso desafio. Temos que ter com toda a clareza do mundo que não dá para fazer um sem ter que fazer o outro", disse em entrevista à GloboNews.
Para completar o quadro, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, prometeu discutir uma "antirreforma da Previdência" a partir de uma comissão para rever as mudanças feitas durante o governo Jair Bolsonaro.
Para Velloni, a leitura do mercado hoje é a dúvida de que essa política econômica que está sendo adotada será sustentável no longo prazo. "O grande ponto é: para onde vai? Enquanto o mercado não tiver uma visão mais clara, ficará em compasso de espera. E isso custa caro."
No exterior, o quadro de cautela também faz os investidores se refugiarem no dólar e este se fortalecer tanto frente a outras moedas fortes quanto a de emergentes pares do real. As perspectivas de alta de juros nos Estados Unidos e principais países da zona do euro segue. E, além da questão geopolítica, com vários focos de tensão para além da guerra entre Rússia e Ucrânia, atenção segue voltada para a China e as dúvidas em torno do controle da pandemia de Covid-19 que, em última instância, pode voltar a afetar a produção global. (Simone Cavalcanti - [email protected])
18:32
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.45210 1.724 5.46260 5.34090
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5504.500 1.93519 5517.500 5371.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5416.326 21/12
JUROS
Passada a pressão da manhã com o primeiro leilão do Tesouro do ano, os juros futuros mantiveram-se em alta firme nesta terça-feira, com avanços superiores a 30 pontos-base na maioria dos contratos. O movimento se dá ainda na esteira do mal-estar do mercado com medidas mais populistas do que o esperado, como a extensão da desoneração dos combustíveis, no começo do novo governo. Declarações do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi, também trouxeram incômodo.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 passou de 13,529% no ajuste de ontem para 13,79% no fim da sessão de hoje. O janeiro 2025 subiu de 12,913% para 13,30%. O janeiro 2027 avançou de 12,917% para 13,28%. O janeiro 2029 saltou de 12,956% para 13,28%. E o janeiro 2031 foi de 12,931% para 13,22%.
Em termos de liquidez, o dia foi agitado. Além do retorno do mercado externo nesta terça-feira, o primeiro leilão de 2023 depois de um super vencimento de papéis e pagamento de cupons, típico das viradas de ano, vitaminou o mercado de juros futuros. O janeiro de 2024, o mais negociado entre os principais vencimentos, movimentou 674 mil contratos, quase o triplo da terça-feira passada.
O mercado de juros trouxe resquícios da manhã e da véspera para a tarde desta terça-feira. Cedo, o investidor forçou por maiores taxas no leilão e o Tesouro não conseguiu vender a integralidade de papéis.
De uma oferta de 1 milhão de LFTs (Tesouro Selic), 850.850 foram absorvidas, em dois vencimentos - 317.950 em 1º/3/2026 (modalidade estreante) e 532.900 em 1º/3/2029. O volume financeiro dessa operação somou R$ 10,6 bilhões.
Já sobre a oferta de NTN-Bs (associadas ao IPCA), o volume financeiro somou R$ 2,56 bilhões. O Tesouro colocou toda a oferta de 500 mil títulos para 15/8/2026 a taxas máxima e média de 6,377% (cotação 101,1483), com taxa de corte de 70,00%; 101.800 NTN-B para 15/5/2033, das 150 mil ofertadas, a taxas máxima e média de 6,2564% (cotação 99,0769), sem taxa de corte; e 36.550 NTN-B para 15/8/2050, das 150 mil ofertadas, a taxas máxima e média de 6,330% (cotação 98,3434), sem taxa de corte.
Em relação ao leilão de NTN-B, o professor de assuntos ligados a Mercado Financeiro na B3, na Anbima e FIA Alexandre Cabral avaliou, no Twitter, que ele mostra o "mercado com medo de se alongar e apostando somente na curta".
A razão, segundo profissionais ouvidos pelo Broadcast, deriva ainda das ações do primeiro dia útil do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ontem, o mercado foi surpreendido com a extensão da Medida Provisória da desoneração dos combustíveis, tida como uma vitória da ala política ante o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Há incômodo ainda com o que será da política de preços da Petrobras e como se desenrolará o debate sobre o novo arcabouço fiscal a substituir o teto de gastos.
"Os riscos só se somam", resume o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima. "Na semana passada, o mercado até deu uma melhorada quando Haddad falou em reonerar os combustíveis depois de uma transição de governo com aumento de despesas de ao menos R$ 169 bilhões. Mas a virada do ano foi muito diferente, veio a desoneração. E o problema é que ninguém está acreditando que vai haver um ajuste na gasolina de uma só vez", acrescenta.
A Coluna do Estadão mostrou na noite de ontem que a ala política do governo Lula não ficou satisfeita com o prazo de dois meses concedido para a desoneração dos combustíveis e insiste por duração maior. O desejo é esticar a redução tributária por pelo menos seis meses, podendo chegar a um ano.
"Quando você põe tudo em perspectiva, há uma expectativa de gastos muito grande, que talvez vai ter de ser compensada com uma volta de tributos. O mercado fica questionando como vai ser um ajuste daqui para a frente, como serão as medidas de reoneração", prossegue Lima, da Western.
Para o profissional, a simulações apresentadas por secretários a Haddad de um ajuste fiscal de até R$ 223,08 bilhões em 2023 ainda carecem de um bom detalhamento. Como mostrou o Broadcast, elas incluem medidas de reversão de desonerações, busca por receitas extraordinárias e uma menor parte em cortes de gastos [Leia mais em matéria publicada às 14h13 e em análise das 15h31].
O mercado observou a proposta da equipe de Haddad, mas elas pouco fizeram preço. Mais para o fim da tarde, contudo, falas do secretário-executivo da pasta, Gabriel Galípolo, foram esmiuçadas. Ele disse que não acha factível uma regra fiscal que limite o crescimento de gastos por meio de gatilhos automáticos, como do nível da dívida pública, algo defendido pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes. E nem mesmo a ponderação dele de que é preciso harmonia entre a política monetária e fiscal conseguiu trazer alívio. Há, entre os agentes, a percepção de enfraquecimento do time da Fazenda depois da MP dos combustíveis.
Mais apreensão ainda foram as falas do ministro da Previdência, Carlos Lupi, que prometeu discutir uma "antirreforma da Previdência" a partir de uma comissão para rever as mudanças feitas durante o governo Jair Bolsonaro. Ele negou ainda que houvesse déficit na Previdência. (Mateus Fagundes - [email protected])
Volta
MERCADOS INTERNACIONAIS
A primeira sessão do ano começou com quedas para as bolsas de Nova York, que recuaram seguindo preocupações com uma possível recessão e a postura do Federal Reserve (Fed). Destaque foi a Tesla, que despencou mais de 10% após publicar números sugerindo uma queda na demanda por seus veículos. Já na Europa, os principais índices avançaram, sustentados por indicadores como a inflação alemã, que apresentou desaceleração em dezembro e ficou abaixo do esperado por analistas. Por sua vez, o movimento pressionou o euro, já que sugeriu um possível menor aperto monetário pelo Banco Central Europeu (BCE), o que deu impulso ao dólar. A força da moeda americana contribuiu para uma queda nas commodities, como no caso do petróleo, que recuou observando ainda a publicação de dados sobre a atividade desacelerando na China, enquanto temores pelo quadro da covid-19 no país persistem. Na renda fixa, os rendimentos dos Treasuries recuaram, em ajuste após um 2022 com fortes altas anuais.
As ações americanas não conseguiram manter os ganhos anteriores, uma vez que a política restritiva e os temores de recessão permaneceram no centro das atenções dos investidores, aponta Edward Moya, analista da Oanda. A compra de papéis com descontos desencadeou outra recuperação do mercado baixista que não durou muito, avalia. "É muito cedo para começar a apostar em um pivô do Fed este ano e isso deve tornar esse ambiente difícil para as ações", resume o analista. No caso da Tesla, que recuou xx,xx%, Moya destaca que a empresa está lutando contra o aumento da concorrência, um consumidor enfraquecido e os preços mais baixos da gasolina. "A Tesla pode ser uma reserva de longo prazo para muitos investidores, mas agora parece que o caminho de menor resistência é menor para o preço das ações da Tesla", aponta. Entre os índices, o Dow Jones caiu 0,03%, aos 33.136,37 pontos, o S&P 500 recuou 0,40%, aos 3.824,14 pontos e o Nasdaq teve queda de 0,76%, aos 10.386,98 pontos.
Na Europa, a inflação na Alemanha deu sinais de arrefecimento ao desacelerar de alta anual de 10,0% em novembro para 8,6% em dezembro, ficando ainda abaixo das expectativas de analistas. Em Frankfurt, o DAX subiu 0,80%, enquanto o CAC 40 avançou 0,44% em Paris. Na visão do ING, para o Banco Central Europeu (BCE), a queda de hoje na inflação geral alemã é outro lembrete de que um choque de preços de energia pode realmente se reverter quase tão rapidamente quanto surgiu. "Pelo menos com base nos preços atuais de energia, a inflação em toda a zona do euro pode cair mais rápido do que o BCE havia previsto em dezembro", avalia. Se os preços da energia permanecerem em seus níveis atuais até março, "o BCE terá que revisar para baixo suas próprias previsões de inflação, e os apelos por pelo menos uma pausa no atual ciclo de alta de juros aumentarão", avalia o banco. Neste cenário, o euro recuou perto de 1% ante o dólar, e era cotado a US$ 1,0558 ao final da tarde. Já a libra caía a US$ 1,1970. O DXY teve alta de 0,96%.
O movimento no câmbio pressionou petróleo, que contou ainda com dados da China "uniformemente pessimistas", de acordo com a Capital Economics. "Olhando para o futuro, esperamos que a demanda por commodities da China permaneça fraca no primeiro trimestre, dada a desaceleração contínua no setor imobiliário, a onda de infecções por coronavírus e a lenta demanda de exportação", afirma a consultoria. O WTI para fevereiro fechou em queda de 4,43% (US$ 3,81), a US$ 82,10 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para março recuou 4,15% (US$ 3,33), a US$ 76,93 o barril.
Já os rendimentos dos Treasuries recuaram, e, ao final da tarde, o juro da T-note de 2 anos tinha baixa a 4,369%, o da T-note de 10 anos caía a 3,780% e o do T-bond de 30 anos recuava a 3,878%. Para o Julius Baer, o aumento dos rendimentos dos títulos dos governos no final do ano passado mostra que os banqueiros centrais em todo o mundo conseguiram superar as expectativas do mercado já duras em sua comunicação. "Agora, à medida que a poeira baixa, os investidores podem se concentrar novamente nas realidades econômicas, que são as recessões contínuas entre as economias ocidentais e o nível mais baixo dos preços da energia, que reduzirá a inflação. Os investidores, portanto, olharão cada vez mais para além dos próximos um ou dois aumentos de juros e começarão a se posicionar para cortes de juros, que esperamos para o segundo semestre do ano", conclui o banco. (Matheus Andrade - [email protected])